domingo, dezembro 27, 2009

Fazendo negócios na África - o caso da Nestlé em Zimbábue

Muitos grupos estão buscando na África a solução para seus problemas de escassez de terras para a produção agrícola, algo que já comentei no passado no post "Importar alimentos não basta, tem que ter controle da produção" e voltarei a falar em breve com mais informações, mas parece que está solução pode ser tornar um grande problema devido à instabilidade política do continente.

Semana passada, conforme podem ver na notícias abaixo da Folha Online que encontrei no Notícias Agrícolas e no Brasil Econômico, a Nestlé foi obrigada a fechar uma unidade de processamento de leite no Zimbábue devido às pressões por deixar de comprar leite da fazenda do ditador local. Mais detalhes nas notícias na íntegra a seguir:

Após ameaças, Nestlé fecha fábricas no Zimbábue

A multinacional Nestlé suspendeu suas atividades no Zimbábue após ter recebido ameaças pela decisão de deixar de comprar leite da fazenda da mulher do ditador Robert Mugabe, informou nesta quarta-feira a imprensa local.

A Nestlé-Zimbábue decidiu fechar temporariamente suas fábricas", anunciou ao jornal zimbabuano "The Herald" um porta-voz da empresa no Quênia.

A Nestlé parou de comprar o leite da fazenda de Grace Mugabe em outubro passado, depois que organizações de defesa dos direitos humanos disseram que promoveriam um boicote internacional aos produtos da multinacional caso ela mantivesse seus negócios com a primeira-dama.

A propriedade de Grace Mugabe, localizada no distrito de Mazowe, ao norte da capital Harare, pertencia a fazendeiros brancos e foi ocupada em 2001, após a reforma agrária imposta pelo presidente zimbabuano --e responsabilizada pela crise econômica na qual o país vive.

Os ativistas se referem ao leite das fazendas de Grace como "o leite de sangue", dadas as incontáveis violações aos direitos humanos cometidas por Mugabe desde que chegou ao poder, há 29 anos.

Os seguidores de Mugabe, por sua vez, reagiram à decisão da Nestlé de fechar suas fábricas acusando a multinacional de impor sanções contra "a primeira família do Zimbábue".

Segundo vários relatos, pessoas ligadas a Mugabe e ao Grupo Ação Afirmativa, vinculado ao partido do presidente, estiveram nos escritórios da Nestlé no Zimbábue para tentar forçar a empresa a continuar comprando o leite produzido pela fazenda da primeira-dama.

"Se não querem apoiar as empresas locais, azar o deles", chegou a declarar o ministro Saviour Kasukuwere. (Fonte: Folha Online com dados da EFE)

Nestlé fecha "temporariamente" fábrica no Zimbábue

A Nestlé anunciou nesta quarta-feira (23) que fechou "temporariamente" sua fábrica de tratamento de leite no Zimbábue depois de ter sido pressionada por autoridades a comprar leite de alguns fornecedores.

Em 19 de dezembro, o grupo recebeu "uma visita imprevista de dirigentes do governo e da polícia, que trouxeram um caminhão-tanque cheio de leite procedente de produtores sem contrato com a empresa", informou a Nestlé em comunicado.

Ante a recusa da Nestlé em comprar e tratar este leite, dois dirigentes locais da companhia "foram interrogados pela polícia, e libertados no mesmo dia".

"Em tais circunstâncias, as atividades normais e a segurança dos funcionários não podem ser garantidas. Assim sendo, a Nestlé decidiu fechar temporariamente a fábrica", explicou a empresa suíça.

Em 1º de outubro, o grupo avisou que não compraria mais leite de fornecedores sem contrato, uma medida que já havia adotado antes de forma temporária.

"Desde então, a Nestlé Zimbábue tem sido pressionada para comprar e tratar o leite fresco de alguns fornecedores sem contrato, uma demanda que a empresa sempre rejeitou", explicou.

A Nestlé possui cerca de 200 funcionários em sua fábrica no Zimbábue, onde está presente há 50 anos. (Por AFP)

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