Apesar da crise financeira mundial, o Brasil passou em 2009 por um turbilhão de fusões e aquisições e o agronegócio teve papel fundamental neste processo. Abaixo duas notícias do Canal Rural que comentam estes acontecimentos, porém vale a pena ressaltar as fusões da VCP com a Aracruz e da Louis Dreyfuss com a Santelisa VAle que passaram desapercebidas pelas notícias abaixo:
Fusões e aquisições movimentam mais de R$ 100 bilhões no Brasil em 2009
Segmento responde por 45,5% do volume financeiro
Sebastião Garcia
Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital (Anbima) mostrou que transações envolvendo fusões e aquisições ultrapassaram os R$ 100 bilhões este ano, grande parte no setor de alimentos, como o de carne bovina. O segmento de papel e celulose ficou em segundo lugar. As negociações envolvendo os dois segmentos é o tema da segunda reportagem da série especial produzida pelo Canal Rural.
Este foi um ano em que as empresas fecharam grandes negócios. Em transações comerciais entre elas, foram R$ 116 bilhões de janeiro a setembro. Um terço a mais que no mesmo período do ano passado. O setor de alimentos liderou os negócios, respondendo por 45,5% do volume financeiro.
O presidente da Associação que representa as indústrias de exportação de carnes do Brasil diz que isso pode ser traduzido como uma estratégia de segurança das empresas.
– As empresas mais robustas, com melhor gestão e capacidade financeira tiveram oportunidade de adquirir, fundir ou até alugar a capacidade industrial das outras. Isso dá a eles uma segurança do ponto de vista econômico muito grande, pois não dependem mais de um país ou um produto. Eles estão bem diversificados nesta área – diz o presidente da Abiec, Roberto Gianetti da Fonseca
É uma estratégia que envolve não só os grandes, afirma o advogado Mario Nogueira, especialista no assunto.
– No momento em que você consolida na parte industrial você tem alguns reflexos para trás. Um reflexo importante é a formalização. Você vai espalhando-a no campo.
Marco Mariani, produtor de frangos e suínos no oeste de Santa Catarina, está preparado pra esta formalização. Ele mantém duzentas matrizes no plantel e é integrado a uma cooperativa que recebe os animais que cria. Ele só espera agora que a união de grandes empresas seja boa também pra ele.
– Se fosse possível abrir os mercados no exterior, se conseguissem se unir e vender esse excesso que tem no mercado, seria uma boa – disse o suinocultor
É essa a intenção das empresas, Ainda mais em tempos pós-crise como agora, como afirma o ex-ministro Pratini de Moraes, que dá assessoria a um grande grupo do setor de carnes também.
– Todos os momentos de crise que nós passamos como final de 2007 e em 2008 são períodos que muitas empresas saem do mercado, vem alguém e as absorve. Isso é normal em todos os setores.
O grupo no qual Pratini de Moraes trabalha foi responsável por uma grande transação que mexeu com o mercado este ano. Em setembro, a maior empresa do setor de carne bovina do Brasil, a JBS-Friboi, negociou a fusão com a sua rival Bertin. Nasceu aí uma sociedade formada pelas ações da primeira, mais 73,1% do capital social da segunda. E surgiu também um dos maiores conglomerados do setor de carnes, com presença em 23 países e faturamento de US$ 30 bilhões por ano. Quem diria que este pequeno açougue aberto em 1953 em Anápolis, no Estado de Goiás, se transformaria na terceira empresa brasileira em receita, atrás apenas da Petrobras e da Vale do Rio Doce. Com a incorporação do Bertin, a JBS tem capacidade agora para abater 90 mil cabeças de gado por dia. Nada menos que 8% de todo o rebanho bovino do mundo.
Outra transação comercial fortaleceu ainda mais o grupo este ano. Com oferta de US$ 2,5 bilhões a JBS comprou 64% da Pilgrim’s Pride, um dos ícones do capitalismo agropecuário americano, com sede no Texas. A maior empresa do setor de aves nos Estados Unidos foi uma das vítimas da crise, e se viu obrigada a pedir concordata um ano atrás e aceitar a sociedade com quem tivesse capital, no caso, a brasileira JBS.
– Com isso, nós vamos ingressar com pé direito no mercado de frango que, junto com boi, carneiro e suíno, abrange as principais proteínas de animais – afirma Pratini de Moraes.
Seguindo o caminho dos frigoríficos, também o setor de leite mexeu no mercado apostando na concentração e na consolidação neste último ano.
– Nós temos de 4% a 5% do leite brasileiro, então é um setor ainda bastante diluído que, com certeza tenderá a concentrar no futuro – explica o presidente do Grupo Bom Gosto, Wilson Zanatta.
Ano de 2009 é caracterizado por fusões e aquisições entre empresas do agronegócio no Brasil
Fusão entre Sadia e Perdigão foi um dos negócios que criou uma gigante no setor de alimentos
Sebastião Garcia
O ano de 2009 promete entrar para a história das grandes empresas do Brasil pela participação no mundo das corporações globais. Foi um período de muitas fusões e aquisições em empresas do agronegócio. Segundo os especialistas, estas transações comerciais estão em crescimento no país, especialmente nos setores de bebidas, finanças, e principalmente no de alimentos.
Entre elas, a fusão das companhias que criaram uma gigante do setor de alimentos no mundo: a Brasil Foods.
O ex-ministro do desenvolvimento e empresário Luiz Fernando Furlan compara a fusão entre as empresas ao casamento, pra justificar a união da empresa da família dele, a Sadia, à outra historicamente rival, a Perdigão. Elas se uniram em maio deste ano.
– Você, ao mesmo tempo em que agrega valores, faz concessões em troca de frutos que vão surgir, que é uma família, que são os descendentes – afirmou o empresário.
A descendente da fusão entre as gigantes do setor de alimentos ganhou um nome meio estrangeiro, Brasil Foods, e nasce como uma das maiores do segmento na América Latina. Vai ocupar o terceiro lugar em abate de aves e será uma das dez maiores do mundo em abate de suínos, com capacidade para exportar para 110 países.
– No fundo, a minha sensação pessoal não é de perda, é uma sensação de ter ajudado a construir algo maior que vai, com o tempo, ser orgulho de todos nós brasileiros – disse Luiz Fernando Furlan.
O endividamento da Sadia foi fator decisivo nas negociações para chegar ao casamento. A Sadia registrou no ano passado perdas de R$ 2,6 bilhões, resultado de operações com derivativos de alto risco. No início deste ano as dívidas da empresa com instituições financeiras chegavam a R$ 8 bilhões. Parte da dívida está sendo paga agora pela Brasil Foods. E marca o início de outra história.
Geograficamente, entre as duas gigantes do setor de alimentos há uma distância de mais de 200 quilômetros. A Sadia fica em Concórdia (SC) e a Perdigão em Videira (SC). Por mais de 50 anos o que separou as duas empresas também foi a concorrência, a disputa no mercado. Com a fusão, esta distância fica só na história.
Para o mercado interno não haverá mudanças significativas, pelo menos não de momento. O foco com a fusão é o mercado externo.
– Nós estamos autorizados a operar o mercado externo juntos e já estamos fazendo isso desde o mês passado, mas o interno nós operamos absolutamente separados. A Sadia mantém o diretor-presidente, um conselho de administração, mas tem sua atividade comercial e administrativa absolutamente separadas – explicou o Presidente da Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay.
Outras grandes no segmento de carnes de frango e de suíno também se uniram este ano com propósito semelhante. Com a intenção de aumentar as exportações de carne in natura e de produtos industrializados, o grupo Marfrig comprou a catarinense Seara, já bastante conhecida no mercado consumidor, e se fortaleceu. A união dá agora à empresa uma capacidade de abate de quase 3 milhões de cabeças de frango por dia, 70% a mais do que antes. O aumento será ainda maior no abate de suínos, chegando a 10 mil cabeças diariamente, com 148% de crescimento.
O negócio eleva também a capacidade de exportação do Marfrig, que assume agora o segundo lugar no ranking, atrás apenas da Brasil Foods.
O advogado, especialista em transações comerciais, como as fusões, diz que estes negócios, somados ao aumento da demanda mundial por alimentos, justificam grandes mudanças nas empresas este ano. Os casamentos, diz ele, são só uma conseqüência e uma tendência.
– Eu diria que o nosso agronegócio está mais profissional, sem nenhuma ofensa a nenhum produtor rural. Ele está mais preparado a competir internacionalmente, com mais qualidade e produtividade. E você não vai mais conseguir fazer isso com uma produção absolutamente diluída com milhares de pequenos produtores, cada um por si. Era um movimento que necessariamente tinha que ocorrer pra você entrar num estágio de produção realmente industrial – analisou o avogado Mario Nogueira.
Fusões e aquisições movimentam mais de R$ 100 bilhões no Brasil em 2009
Segmento responde por 45,5% do volume financeiro
Sebastião Garcia
Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital (Anbima) mostrou que transações envolvendo fusões e aquisições ultrapassaram os R$ 100 bilhões este ano, grande parte no setor de alimentos, como o de carne bovina. O segmento de papel e celulose ficou em segundo lugar. As negociações envolvendo os dois segmentos é o tema da segunda reportagem da série especial produzida pelo Canal Rural.
Este foi um ano em que as empresas fecharam grandes negócios. Em transações comerciais entre elas, foram R$ 116 bilhões de janeiro a setembro. Um terço a mais que no mesmo período do ano passado. O setor de alimentos liderou os negócios, respondendo por 45,5% do volume financeiro.
O presidente da Associação que representa as indústrias de exportação de carnes do Brasil diz que isso pode ser traduzido como uma estratégia de segurança das empresas.
– As empresas mais robustas, com melhor gestão e capacidade financeira tiveram oportunidade de adquirir, fundir ou até alugar a capacidade industrial das outras. Isso dá a eles uma segurança do ponto de vista econômico muito grande, pois não dependem mais de um país ou um produto. Eles estão bem diversificados nesta área – diz o presidente da Abiec, Roberto Gianetti da Fonseca
É uma estratégia que envolve não só os grandes, afirma o advogado Mario Nogueira, especialista no assunto.
– No momento em que você consolida na parte industrial você tem alguns reflexos para trás. Um reflexo importante é a formalização. Você vai espalhando-a no campo.
Marco Mariani, produtor de frangos e suínos no oeste de Santa Catarina, está preparado pra esta formalização. Ele mantém duzentas matrizes no plantel e é integrado a uma cooperativa que recebe os animais que cria. Ele só espera agora que a união de grandes empresas seja boa também pra ele.
– Se fosse possível abrir os mercados no exterior, se conseguissem se unir e vender esse excesso que tem no mercado, seria uma boa – disse o suinocultor
É essa a intenção das empresas, Ainda mais em tempos pós-crise como agora, como afirma o ex-ministro Pratini de Moraes, que dá assessoria a um grande grupo do setor de carnes também.
– Todos os momentos de crise que nós passamos como final de 2007 e em 2008 são períodos que muitas empresas saem do mercado, vem alguém e as absorve. Isso é normal em todos os setores.
O grupo no qual Pratini de Moraes trabalha foi responsável por uma grande transação que mexeu com o mercado este ano. Em setembro, a maior empresa do setor de carne bovina do Brasil, a JBS-Friboi, negociou a fusão com a sua rival Bertin. Nasceu aí uma sociedade formada pelas ações da primeira, mais 73,1% do capital social da segunda. E surgiu também um dos maiores conglomerados do setor de carnes, com presença em 23 países e faturamento de US$ 30 bilhões por ano. Quem diria que este pequeno açougue aberto em 1953 em Anápolis, no Estado de Goiás, se transformaria na terceira empresa brasileira em receita, atrás apenas da Petrobras e da Vale do Rio Doce. Com a incorporação do Bertin, a JBS tem capacidade agora para abater 90 mil cabeças de gado por dia. Nada menos que 8% de todo o rebanho bovino do mundo.
Outra transação comercial fortaleceu ainda mais o grupo este ano. Com oferta de US$ 2,5 bilhões a JBS comprou 64% da Pilgrim’s Pride, um dos ícones do capitalismo agropecuário americano, com sede no Texas. A maior empresa do setor de aves nos Estados Unidos foi uma das vítimas da crise, e se viu obrigada a pedir concordata um ano atrás e aceitar a sociedade com quem tivesse capital, no caso, a brasileira JBS.
– Com isso, nós vamos ingressar com pé direito no mercado de frango que, junto com boi, carneiro e suíno, abrange as principais proteínas de animais – afirma Pratini de Moraes.
Seguindo o caminho dos frigoríficos, também o setor de leite mexeu no mercado apostando na concentração e na consolidação neste último ano.
– Nós temos de 4% a 5% do leite brasileiro, então é um setor ainda bastante diluído que, com certeza tenderá a concentrar no futuro – explica o presidente do Grupo Bom Gosto, Wilson Zanatta.
Ano de 2009 é caracterizado por fusões e aquisições entre empresas do agronegócio no Brasil
Fusão entre Sadia e Perdigão foi um dos negócios que criou uma gigante no setor de alimentos
Sebastião Garcia
O ano de 2009 promete entrar para a história das grandes empresas do Brasil pela participação no mundo das corporações globais. Foi um período de muitas fusões e aquisições em empresas do agronegócio. Segundo os especialistas, estas transações comerciais estão em crescimento no país, especialmente nos setores de bebidas, finanças, e principalmente no de alimentos.
Entre elas, a fusão das companhias que criaram uma gigante do setor de alimentos no mundo: a Brasil Foods.
O ex-ministro do desenvolvimento e empresário Luiz Fernando Furlan compara a fusão entre as empresas ao casamento, pra justificar a união da empresa da família dele, a Sadia, à outra historicamente rival, a Perdigão. Elas se uniram em maio deste ano.
– Você, ao mesmo tempo em que agrega valores, faz concessões em troca de frutos que vão surgir, que é uma família, que são os descendentes – afirmou o empresário.
A descendente da fusão entre as gigantes do setor de alimentos ganhou um nome meio estrangeiro, Brasil Foods, e nasce como uma das maiores do segmento na América Latina. Vai ocupar o terceiro lugar em abate de aves e será uma das dez maiores do mundo em abate de suínos, com capacidade para exportar para 110 países.
– No fundo, a minha sensação pessoal não é de perda, é uma sensação de ter ajudado a construir algo maior que vai, com o tempo, ser orgulho de todos nós brasileiros – disse Luiz Fernando Furlan.
O endividamento da Sadia foi fator decisivo nas negociações para chegar ao casamento. A Sadia registrou no ano passado perdas de R$ 2,6 bilhões, resultado de operações com derivativos de alto risco. No início deste ano as dívidas da empresa com instituições financeiras chegavam a R$ 8 bilhões. Parte da dívida está sendo paga agora pela Brasil Foods. E marca o início de outra história.
Geograficamente, entre as duas gigantes do setor de alimentos há uma distância de mais de 200 quilômetros. A Sadia fica em Concórdia (SC) e a Perdigão em Videira (SC). Por mais de 50 anos o que separou as duas empresas também foi a concorrência, a disputa no mercado. Com a fusão, esta distância fica só na história.
Para o mercado interno não haverá mudanças significativas, pelo menos não de momento. O foco com a fusão é o mercado externo.
– Nós estamos autorizados a operar o mercado externo juntos e já estamos fazendo isso desde o mês passado, mas o interno nós operamos absolutamente separados. A Sadia mantém o diretor-presidente, um conselho de administração, mas tem sua atividade comercial e administrativa absolutamente separadas – explicou o Presidente da Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay.
Outras grandes no segmento de carnes de frango e de suíno também se uniram este ano com propósito semelhante. Com a intenção de aumentar as exportações de carne in natura e de produtos industrializados, o grupo Marfrig comprou a catarinense Seara, já bastante conhecida no mercado consumidor, e se fortaleceu. A união dá agora à empresa uma capacidade de abate de quase 3 milhões de cabeças de frango por dia, 70% a mais do que antes. O aumento será ainda maior no abate de suínos, chegando a 10 mil cabeças diariamente, com 148% de crescimento.
O negócio eleva também a capacidade de exportação do Marfrig, que assume agora o segundo lugar no ranking, atrás apenas da Brasil Foods.
O advogado, especialista em transações comerciais, como as fusões, diz que estes negócios, somados ao aumento da demanda mundial por alimentos, justificam grandes mudanças nas empresas este ano. Os casamentos, diz ele, são só uma conseqüência e uma tendência.
– Eu diria que o nosso agronegócio está mais profissional, sem nenhuma ofensa a nenhum produtor rural. Ele está mais preparado a competir internacionalmente, com mais qualidade e produtividade. E você não vai mais conseguir fazer isso com uma produção absolutamente diluída com milhares de pequenos produtores, cada um por si. Era um movimento que necessariamente tinha que ocorrer pra você entrar num estágio de produção realmente industrial – analisou o avogado Mario Nogueira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário