domingo, novembro 29, 2009

Terras se valorizam no Brasil

Parece que a crise não atingiu o mercado imobiliário rural. A notícia do DCI de quinta-feira comenta o assunto e mostra como o valor subiu em cada região apesar da tendência de queda no valor das commodities. Acredito que isso só indica o potencial de crescimento do agronegócio brasileiro.

Complementando esta notícia, na edição atual da Exame saiu uma reportagem sobre o fundo de investimentos Brookfield que tem US$ 6 bilhões para investir por estas bandas, sendo que 850 milhões só para o plantio de cana, florestas e pastagens adicionando terra aos 220.000 hectares que já possuem.

Preço de terras sobe 5% em um ano, mesmo com a crise

Após um ano do início da crise financeira mundial, os preços das terras agrícolas no Brasil voltam a se valorizar mesmo com as cotações estagnadas para a maioria das commodities. O efeito cambial não deverá ser um fator inibidor da tendência já que grande parte da liquidez do mercado de terras no País tem vindo de fora, com os investimentos de grupos estrangeiros.

Um levantamento feito pela AgraFNP revelou que o preço médio das terras no Brasil no bimestre setembro-outubro de 2009 foi de R$ 4.548 por hectare, valor 5,04% acima daqueles praticados há 12 meses (R$ 4.330 em novembro-dezembro de 2008). Em relação ao bimestre julho-agosto de 2009, a alta é de 1,25%. Já na comparação com o início da safra 2006/2007, quando o setor de grãos saía da sua última grande crise, a valorização média das terras no País foi de 43,9%, o que com uma inflação de 17,54% acumulada no período, refletiu em um ganho real de 8,1%.

As áreas de maior expansão continuam sendo as de fronteira agrícola, especialmente a região conhecida como Mapito - Maranhão, Piauí e Tocantins.

De acordo com Jacqueline Bierhals, analista do mercado de terras na AgraFNP, a maior demanda tem sido de produtores de grãos que buscam terras que já tenham um bom potencial produtivo. "Além do centro-oeste, que sempre tem mercado, a procura agora é por regiões de fronteira agrícola", disse. Segundo a analista, a crise havia esfriado a procura no Maranhão e Tocantins, mas com a retomada, as vantagens competitivas que a região tinha continuam valendo e a valorização tem se mostrado constante e fundamentada.

Bierhals destacou, no entanto, que a Bahia, que comumente era citada junto com outros estados promissores, dá sinais de já ter encontrado um teto para os preços praticados na região. "De forma geral, a gente conseguiu perceber o mercado voltando a ficar aquecido, isso se concentra em algumas regiões, não é um movimento homogênio", avaliou a analista da AgraFNP.

A Região Sul continua apresentando as maiores cotações para as terras agrícolas. Nos últimos 12 meses, o preço do hectare na região saltou de R$ 8.495 para R$ 9.275. Em termos de valorização, os três estados do sul do País também apresentam o maior percentual, mesmo com os efeitos climáticos danosos nas duas últimas safras. "A questão do clima ainda tem um impacto muito marginal. Apesar da recorrência dos problemas climáticos, isso não é novidade para o mercado. O produtor conhece as regiões de risco e, de maneira geral, isto já está muito bem precificado", explica Bierhals.

Seguindo a Região Sul, os maiores preços por hectare estão no sudeste (R$ 7.853), centro-oeste (R$ 3.424), nordeste (R$ 2.020) e norte (R$ 1.418). Apesar do bom desempenho no sudeste, a analista da AgraFNP alertou para o fato de que o Estado de São Paulo poderá ter um crescimento limitado. Isso porque a procura por terras para o cultivo da cana-de-açúcar dá sinais de desaceleração na região.

Do lado dos grãos, o movimento altista nos preços das terras é visto com surpresa uma vez que as cotações de commodities como milho e soja, principais sinalizadoras de preços para as terras, seguiram estagnados nos últimos meses. A AgraFNP destaca que é época de entressafra de soja no Brasil, mas os preços do grão estão mais baixos que há alguns meses, uma vez que tradings e esmagadoras têm seus estoques compostos. O Indicador Cepea/Esalq (média de cinco regiões do Paraná) da soja em grão teve queda de 2,13% na última semana, fechando a R$ 43,5 por saca. Este Indicador é o menor valor deste ano.

O milho, por sua vez, também continua dependente das intervenções governamentais para escoamento da produção. Os preços do grão voltaram a cair nos últimos dias, pressionados pelo menor interesse comprador. Além disso, de acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os prazos de pagamento nos negócios efetivos também aumentaram. Especialmente em outubro, compradores adquiriram maiores volumes de milho para atendimento das necessidades até final do ano

Brasil Foods e Marfrig brigam pelo mercado de peru

As grandes Brasil Foods e Marfrig já começaram a se degladiar aqui no Brasil. A batalha da vez é por causa do peru. Abaixo notícia do Valor que encontrei no AviSite comenta esta questão:

Por mercado de peru, Sadia e Marfrig brigam na Justiça

São Paulo, SP, 26 de Novembro de 2009 - O peru da Marfrig, comercializado com a marca Mabella, levou a Sadia à Justiça, no que se tornou a primeira disputa por mercado, ainda que indireta, entre a Brasil Foods e a sua hoje maior concorrente em aves e suínos no país.

Em outubro, a Sadia, já uma empresa incorporada pela Perdigão, entrou no Tribunal de Justiça João Mendes, em São Paulo, com uma ação de "abstenção de uso e concorrência desleal", contra o Frigorífico Mabella, empresa da Marfrig responsável pelo segmento de aves e suínos.

A alegação da Sadia é que a embalagem do peru temperado congelado com a marca Mabella é semelhante a do peru que leva a sua marca. A Sadia indica seis pontos coincidentes: a cor da embalagem (vermelha), as cores das letras (preta e sombreadas com dourado), a figura do termômetro localizada no mesmo lado da embalagem, abaixo da palavra "temperado" e a utilização de estrelas.

Acusando concorrência desleal, a Sadia solicitou que a Mabella fosse proibida de usar a embalagem em questão e também que a divulgação do produto nesssa embalagem fosse proibida. No dia 13 deste mês, a Justiça paulista atendeu, em decisão liminar, o pedido da Sadia. A Marfrig recorreu, e em sua defesa afirmou que as cores vermelha, dourada e preta são "notoriamente conhecidas como natalinas". Alegou ainda que essas cores são as mesmas usadas "há muitos anos" na linha de produtos Mabella.

Na última segunda-feira, a Marfrig conseguiu suspender a liminar que a Sadia havia obtido. Por meio de sua assessoria, a Marfrig disse que "acredita em vitórias em instâncias superiores" e acrescentou que a "decisão mostra que a Justiça é favorável à livre concorrência". Já a Sadia, também via assessoria, afirmou ontem que vai adotar "todas as medidas judiciais cabíveis" para manter a decisão de retirar o peru com a embalagem questionada do mercado.

O peru da Marfrig não chegou a ser retirado do mercado porque a empresa só foi notificada pela Justiça sobre a liminar no dia 16 de novembro. No dia 18, entrou com a ação de efeito suspensivo da liminar e obteve vitória na segunda-feira passada.

Como a empresa teria 10 dias, a partir da notificação, para retirar o produto do mercado, a Marfrig ganhou tempo e conseguiu manter o produto nas gôndolas.

A Marfrig entrou no segmento de perus em junho deste ano após a aquisição da operação de peru da francesa Doux Frangosul, por R$ 65 milhões. O produto passou a ser comercializado com a marca Mabella, a divisão de aves e suínos da Marfrig.

A Sadia é a mais tradicional no segmento de perus e sempre teve a maior fatia do mercado nacional. Com a união com a Perdigão, quase 90% do mercado de peru do país ficou nas mãos de apenas uma empresa, a Brasil Foods, segundo estimativas do setor.

A decisão da Sadia de questionar a Marfrig pela embalagem do peru mostra, na verdade, a preocupação da Brasil Foods com a concorrência no mercado de aves de uma maneira geral. E pode soar de forma positiva para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que analisa a união Perdigão e Sadia.

Mas de fato, a Marfrig se tornou uma concorrente de peso para a Brasil Foods recentemente, após a aquisição da Seara, que pertencia à americana Cargill.

Tragédias na cotonicultura indiana

Já tinha lido um pouco sobre isso no livro Planeta Índia, minha leitura atual, mas nesta reportagem que encontrei no Notícias Agrícolas escrita pelo site EuroNews os detalhes são maiores. E ainda querem comparar a Índia ao Brasil....

Índia: O suicídio da indústria do algodão

A indústria de algodão é uma das mais poluentes do mundo. A Índia é o segundo maior produtor mundial, depois da Turquia. O algodão ocupa 5% da terra cultivada, mas é responsável por mais de metade do total de pesticidas usados.

A revolução verde, nos anos 60, introduziu novas sementes híbridas, muito dependentes de fertilizantes e pesticidas. O uso excessivo de químicos diminuiu os lençóis freáticos, envenenou as nascentes e afectou a fertilidade da terra.

“Os agricultores que cultivam algodão transgénico pedem dinheiro emprestado, para comprar fertilizantes químicos, pesticidas e sementes. No caso de uma quebra na colheita, devido a condições adversas, como chuvas e pestes, o agricultor não pode devolver o dinheiro. Muitos sentem-se forçados a suicidar-se”, explica Bojju Bai.

Alguns especialistas dizem que mais de 17 mil e 500 agricultores se suicidaram entre 2002 e 2006. A maioria bebeu pesticidas. A agricultora Bojju Bai, da aldeia de Belgaum, encontrou outra resposta. Converteu-se ao algodão orgânico: “Antes do orgânico, pedi um empréstimo a um privado: 10 mil rupias por estação e ficava sem nada depois de pagar o empréstimo e os juros. Agora, tenho alguns benefícios”.

Em 2004, as organizações não-governamentais holandesas Solidaridad e ICCO lançaram o projecto Chetna, uma experiência-piloto na área do comércio justo e biológico. Três anos depois, a Chetna criou uma associação para ajudar os agricultores a tornarem-se orgânicos. Os produtores aprendem, por exemplo, a produzir fertilizantes e pesticidas biológicos.

“Estamos a tentar melhorar as opções de subsistência dos agricultores mais pequenos, tornando os seus sistemas agrícolas mais sustentáveis, mais rentáveis, e começou como uma iniciativa da cadeia de abastecimento”, conta Siddharth Tripathy.

Os agricultores aprendem que é possível ter uma boa colheita sem químicos.“Há imensos remédios ecológicos como os agricultores lavrarem a terra no Verão, plantarem espécies que atraem as pestes, que, de outro modo, atacariam o algodão. Temos também imensos sprays botânicos, que não são mais do que extractos de algumas folhas de plantas. E depois temos vários métodos de controlo biológico, como alguns insectos na natureza que se alimentam das pestes”, enumera Mahesh, o responsável pelo programa da Chetna.

A alternativa biológica é suportada por práticas integradas, de forma a obter rendimentos noutros sectores que não o algodão. Kohinur é uma das seis aldeias que implementaram um sistema de retenção de água. Há dois anos, este lago não existia. Agora, os agricultores podem vender e consumir peixe, e regar as plantações.

“Estamos a conservar a água para aumentar a produtividade: usamos esta estrutura para controlar a erosão do solo e manter a fertilidade dele”, sublinha Pendur Sungu do grupo responsável pelo sistema.

Os agricultores não podem depender apenas de uma cultura, porque se ela falhar estão arruinados. Eles precisam de culturas alimentares, gado e centrais de biomassa. Em Kohinur, dez mulheres sem terra tiveram a oportunidade de criar um horto para plantas e frutas. Nesta estação, vão ter uma receita de 10 mil rupias.

Cada vez mais agricultores estão a converter-se à agricultura biológica na Índia. Mais de cinco mil e quinhentos juntaram-se à Chetna desde 2004. A associação proporciona-lhes acesso aos mercados e negoceia melhores preços.

“Em algumas aldeias verificámos que todos os elementos estão a aderir ao orgânico e que todos os campos são orgânicos. Não produzem apenas algodão, mas também soja e outros milhetes. Identificámos 1520 aldeias como esta, o que é uma grande conquista”, realça Bhaskar Chandra Adhikari da Chetna.

A produção sustentável de algodão vai directamente para os consumidores. A qualidade é verificada, o algodão orgânico é rastreado e certificado internacionalmente. (Euronews)

segunda-feira, novembro 23, 2009

Demanda por soja deve aumentar muito nos próximos 10 anos

Segundo notícia publicado no site Notícias Agrícolas baseada em reportagem publicada no Canal Rural, executivo da Aprojosa, Associação dos Produtores de Soja, diz que, após passar pelos mercados americanos e chineses, que a demanda mundial de soja nos próximos 10 anos poderá aumentar cerca de 100 milhões de toneladas. Só por curiosidade, este volume é o valor total da produção brasileira somada com a argentina, ou seja, os valores são de grande monta.

Abaixo segue notícia na íntegra e o vídeo com a entrevista pode ser acessado clicando aqui:

Demanda por soja deve aumentar em 100 milhões de toneladas e Brasil quer suprir essa demanda

forte demanda chinesa por soja deve continuar forte, elevando o preço da commodity no mercado internacional e beneficiando mercados produtores, como o brasileiro. Marcelo Duarte, diretor executivo da Aprosoja, afirma que a perspectiva de médio prazo aponta para um aumento significativo nas compras da China, que devem saltar de 40 para 60 milhões de toneladas em dez anos. “Nesse mesmo horizonte de dez anos nós vamos ter a demanda mundial de soja aumentada em aproximadamente 100 milhões de toneladas”. O volume, que é igual ao que o Brasil e a Argentina produzem hoje.

“Certamente a gente vai trabalhar para que essa soja saia do Brasil. A gente está fazendo um grande movimento de fundos para que esse dinheiro (da China) venha para cá. Está provado que os ganhos de tecnologia realmente vão ser responsáveis por somente um terço desses 100 milhões, ou seja, 66 milhões vão ter que vir de um aumento de área plantada. E a gente vai ter que ser competente para converter as áreas de pastagens em lavouras”. Duarte afirma que, para se fazer isso, teremos que investir em infra-estrutura e dar condições para atrair esse investimento, seja interno ou externo.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Embrapa abre centro de pesquisa em MT

Apesar de toda a importância do estado do Mato Grosso ao agronegócio brasileiro, a Embrapa ainda não possuía nenhuma unidade no estado. Agora finalmente ela corrigiu este erro histórico e abriu uma unidade em Sinop conforme notícia do Portal Exame postada abaixo:

Embrapa lança primeira unidade de pesquisa em MT
Por Venilson Ferreira


Cuiabá - O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Antônio Arraes Pereira, e o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, participaram ontem do lançamento da pedra fundamental para construção da primeira unidade de pesquisa da instituição no Estado. A Embrapa Mato Grosso será instalada em Sinop, a 500 km ao norte de Cuiabá.

A Embrapa Mato Grosso terá como principal foco de pesquisa os sistemas integrados de produção, incluindo lavouras, florestas e pecuária. Também terão prioridade questões relacionadas à sustentabilidade ambiental, social e econômica da produção agropecuária da região. A dinâmica de matéria orgânica no solo e o sequestro de carbono serão objeto de pesquisa, forma de garantir a competitividade do Estado no cenário nacional e internacional.

Segundo Arraes, a importância agrícola que Mato Grosso tem no País vai fazer com que o centro de pesquisa tenha uma transversalidade muito grande com outros Estados. "Não vai ser só este centro, as outras 41 unidades da Embrapa estarão presentes aqui. Tamanho é o desafio deste Estado", disse Arraes.

Blairo Maggi afirmou que há 20 anos já se observava que o desenvolvimento do Estado só será possível com a presença da Embrapa, para o melhoramento da pesquisa e produtividade. O governador destacou a verticalização da economia estadual, lembrando que a instalação do centro representa um momento de transformação, "da passagem da agropecuária para a industrialização".

O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, informou que a Embrapa em Mato Grosso é fundamental, principalmente pelo desenvolvimento sustentável. "Nós produtores temos alta capacidade, mas também temos a preocupação em ter grandes tecnologias para produzir em menor área e com o menor custo possível no aumento da produtividade, fazendo a conversão da produção primária", disse. (Agência Estado)

O Apagão e a Bioeletricidade

Aproveitando o apagão acontecido na semana passada, eu como fã incondicional da bioeletricidade a partir do bagaço e em um futuro muito próximo, da palha de cana-de-açúcar, encontrei farto material para discussão.

O material foi totalmente encontrado no BrasilAgro e consiste de uma matérias mostrando a importância da bioeletricidade, seu custo que torna-se cada dia mais barato e a importância para tornar o sistema menos vulnerável.

Além do material encontrado na imprensa, resolvi colocar no final alguns gráficos de uma publicação recente da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) intitulada “Etanol e Bioeletricidade: A Cana-de-Açúcar na Matriz Energética Brasileira”, que é o resumo de nove estudos apresentados no dia 14 de outubro na Câmara Federal no seminário “O Setor Sucroenergético e o Congresso Nacional: Construindo uma Agenda Positiva". O material pode ser acessado na íntegra clicando aqui.

Nestas figuras podemos verificar que o potencial teórico para 2020/21 é cerca de 1,5 vezes a capacidade de Itaipu, ou seja, 16 GW médio, além disso dentre os principais benefícios temos que a geração é distribuída que minimiza perdas por transmissão e também riscos de queda das grandes linhas de transmissão, tempos de construção menores e menores investimentos, além da complementaridade com relação à hidroeletricidade. Para complementar a última figura mostra que apenas 5% da energia elétrica em 2008 foi gerada a partir da biomassa.

Termoelétricas podem responder por 20% da energia no Brasil

As termoelétricas, que produzem energia através do bagaço da cana-de-açúcar, poderão gerar 20% da energia consumida no Brasil até 2017, segundo a União da Indústria da Cana-de-Áçucar (Única). Esse é o mesmo número que a usina hidrelétrica de Itaipu produz atualmente no país.

Hoje, já são 88 termoelétricas no Brasil, 54 somente no estado de São Paulo. Juntas, elas produziram três mil gigawatts, o equivalente a 3% da produção de Itaipu e menos de 10% do que poderiam produzir. Atualmente, o bagaço de cana é responsável por 4% de toda a energia elétrica produzida no país.

O bagaço é queimado em fornalhas para aquecer as caldeiras de vapor, que movem turbinas e geram eletricidade. Como produzem mais do que consomem, as usinas vendem o excedente para as companhias de eletricidade. A primeira a entrar no esquema foi uma termoelétrica de Sertãozinho, em 1987.

Em 2001, uma termoelétrica de queima de bagaço da cana foi construída em Ribeirão Preto como emergência para casos de apagão. Ela começou a funcionar em 2006, mas, em julho deste ano, foi desligada porque os reservatórios do sistema de furnas estão superlotados. "O problema é que a turbina não se liga de uma hora para a outra. Ela demanda um mínimo de 12 horas para aquecimento de seu sistema para entrar em operação", afirma o diretor da usina, Hilário Cavalheiro.

Como a produção se concentra em São Paulo, os especialistas acreditam que esta energia do bagaço da cana pode ser uma importante reserva para o sistema elétrico nacional, inclusive nos casos de quebra de fornecimento. "Nós temos alguns gargalos. Os principais são os custos de conexão, porque geralmente a usina está distante do ponto de conexão com o sistema elétrico. Isso torna muito caro o investimento em cogeração, em venda de energia para a rede elétrica. Este potencial não pode deixar de ser aproveitado", diz o professor de agroenergia da Fundação Getúlio Vargas Zilmar José de Souza (EPTV, 12/11/09)

Custo de energia renovável é cada vez mais similar ao das termoelétricas

Em tempos de apagão, o tema energia volta a circular com força nas principais rodas de debate. Como o consumo só tende a aumentar, está na hora de pensar em outras possibilidades, como fontes de energia renovável, uma alternativa cada vez mais viável.

O livro "Como Combater o Aquecimento Global", de Joanna Yarrow, explica o que é energia renovável, oriunda de diversas fontes naturais diversas, como o sol, o mar e o solo. Ainda mostra como evitar o desperdício e reduzir a pegada de carbono com sugestões práticas e acessíveis, que não prejudicam o meio ambiente.

Já no primeiro capítulo, a autora analisa a energia solar, de custo cada vez mais similar ao das termelétricas e do carvão. Você sabia que pode utilizar a energia gerada pelas ondas do mar? Saiba mais no trecho a seguir:

Por mais que você reduza seu gasto de energia, ainda vai precisar dela. Ao aproveitar a crescente quantidade disponível de energia renovável, você manterá sua pegada de carbono a menor possível com o consumo de energia.

A tecnologia fotovoltaica (FV) utiliza energia dos raios solares para gerar eletricidade. Os painéis FV precisam apenas da luz do dia (não necessariamente da luz do sol direta) para gerar eletricidade e, portanto, podem gerar energia mesmo em um dia nublado. Os preços dos painéis estão caindo rapidamente: prevê-se que a energia solar terá custo similar ao da energia das termelétricas e carvão em 2010. A instalação de painéis fotovoltaicos no telhado fornecerá energia elétrica gratuita às casas. Se for um investimento muito alto, experimente equipamentos que funcionam com energia solar - de carregadores de celulares a aparelhos de rádio - que já estão no mercado.

O preço da energia eólica caiu cerca de 90% nas duas últimas décadas, e em algumas regiões essa tecnologia está progredindo muito. Por exemplo, no norte da Alemanha, a energia eólica é responsável por mais de 20% da energia utilizada, e sua capacidade instalada de geração vem crescendo 28% ao ano. Você pode usar uma pequena turbina para recarregar um sistema de baterias em sua casa, o que reduziria sua conta de eletricidade em um terço e a sua pegada de carbono doméstica em até metade de 1 tonelada de CO2 por ano. No Reino Unido, se você gerar eletricidade excedente, poderá inclusive vendê-la para a rede elétrica nacional.

A energia contida nas ondas, correntes, marés e diferenciais de temperatura dos oceanos pode ser utilizada pelo homem. A maioria das tecnologias nessas áreas ainda está em estágio experimental, mas algumas instalações importantes e bem-sucedidas de energia das marés já estão funcionando. Austrália, Portugal e Escócia fazem parte de uma crescente lista de países que investem em tecnologias de energia oceânica - a Escócia concluía a maior "fazenda de ondas" em 2008, capaz de fornecer energia a 2 mil lares. Descubra mais a respeito e, se você for favorável a essa fonte de energia neutralizadora de carbono, apóie propostas de instalações em seu país.

O solo absorve e armazena o calor solar. A troca de calor geotérmico inclui uma série de canos embutidos no solo para utilizar o calor natural, que pode ser usado para aquecer ou resfriar prédios.

A biomassa produzida de materiais orgânicos, seja diretamente das plantas, de produtos oriundos da indústria ou da agricultura, tem enorme potencial como fonte de energia renovável. Por exemplo, ela pode ser usada para aquecer as casas ou como combustível de motor, embora haja limitações em matéria de terras disponíveis para o cultivo de novas plantações.

A forma de energia renovável mais utilizada é a hidrelétrica. Mas nos países desenvolvidos quase todos os locais passíveis de extração de energia hidrelétrica já foram explorados, portanto chegou a vez da energia solar e da eólica.

POR QUE PRECISAMOS DE ENERGIA RENOVÁVEL?

Em 2030, o consumo de energia global deve ser pelos menos duas vezes maior do que hoje. A Agência Internacional de Energia acredita que 80% desse novo crescimento será atingido pelos combustíveis fósseis - 52% de aumento na emissão de gases-estufa ao redor do mundo.

Enquanto isso, conforme o estoque de combustíveis fósseis se torna cada vez mais escasso, as contas de energia irão aumentar a níveis estrondosos - no Reino Unido elas aumentaram 30% em apenas um ano -, e o estoque de energia deve se tornar uma fonte crescente de tensão política.

As fontes de energia renovável estão se tornando cada vez mais uma alternativa viável. Elas não apenas neutralizam o carbono, emitindo quantidades insignificantes de CO2 na atmosfera, mas apresentam numerosas outras vantagens. Elas dependem de combustíveis gratuitos, por isso seus custos operacionais são baixos e previsíveis, evitando o caos econômico das flutuações de preço dos combustíveis. Há uma grande quantidade de fontes de energia renovável no mundo, e elas estão bem menos suscetíveis a ataques terroristas que as fontes de combustíveis convencionais.

Os recursos renováveis com frequência fornecem apenas uma pequena parte da produção de energia global, mas a energia eólica e a solar são as fontes energéticas que crescem mais rapidamente no mundo. Os custos dessas e de outras fontes de energia renovável estão caindo rapidamente com o desenvolvimento da tecnologia, a automatização da manufatura e a consolidação das economias de escala.

Se o progresso nesse setor continuar com as taxas atuais, até 1 bilhão de pessoas poderão usar energia renovável na próxima década, e as fontes de energia renovável poderão ser responsáveis por até metade da produção de energia em 2050.

OPTE PELA ENERGIA RENOVÁVEL

Mesmo que você não possa gerar sua própria energia em casa, no Reino Unido já se podem preencher as necessidades de eletricidade doméstica usando energia renovável por meio das companhias fornecedoras de energia renovável. Cidadãos de outros países podem pressionar seus governos para que invistam em ampliar a capacidade de energia renovável, diminuindo - ou pelo menos não aumentando - a parcela de energia elétrica gerada com a queima de combustíveis fósseis. Existem muitas maneiras de participar do movimento global por mais energia renovável.

Os combustíveis fósseis estão se esgotando 100 mil vezes mais rápido do que são gerados (Folha Online, 11/11/09)

Bioeletricidade e a sua contribuição para tornar o sistema menos vulnerável
Zilmar Souza

Somente no Estado de São Paulo há 54 usinas sucroenergéticas vendendo energia elétrica, contribuindo para fortalecer o sistema e mitigar eventos como o blecaute.

O blecaute ocorrido na noite de terça-feira, dia 10/11, aparentemente mostra a vulnerabilidade do sistema elétrico brasileiro, independentemente das causas a serem apontadas como responsáveis pelo desabastecimento de energia elétrica. Futuros eventos no Brasil, como a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas em 2016, indicam a necessidade de os órgãos planejadores do setor elétrico adotar ações que torne o sistema mais robusto, menos suscetíveis a acontecimentos como o blecaute, mesmo que acidentais. Nesta linha, com certeza a bioeletricidade sucroenergética (energia advinda da queima de resíduos da cana), principalmente por ser caracterizada como uma geração distribuída será uma fonte de grande auxílio ao planejamento setorial.

A bioeletricidade, mesmo sem uma política setorial dedicada e com participação restrita nos atuais leilões regulados, já representa significativos 5% da capacidade instalada no país. Em termos somente de venda de energia elétrica, dados do Ministério de Minas e Energia apontam que há mais de 80 usinas sucroenergéticas exportando energia elétrica para a rede, fornecendo uma energia complementar à fonte hídrica e de qualidade ambiental ímpar. Em 2008, somente no Estado de São Paulo, 54 usinas estavam conectadas ao sistema elétrico nacional, ajudando no abastecimento ao principal centro consumidor do país.

Considerando que temos 434 usinas sucroenergéticas, o pequeno número de usinas que atualmente comercializam energia elétrica mostra o potencial que tem esse setor, sendo capaz de, obviamente, não evitar eventos como o último blecaute, mas mitigar seus efeitos danosos sobre a sociedade civil. Estimativas apontam que a bioeletricidade sucroenergética poderá atingir 10.158 MW médios exportados até a safra 2017/18, o que sinalizaria uma reserva de energia para o sistema elétrico superior ao produzido por ano em Itaipu.

Tirar do papel toda essa reserva de bioeletricidade sucroenergética requer adotarmos iniciativas que sejam consolidadas em uma política setorial adequada. Entre essas iniciativas está a regularidade nos leilões específicos para a fonte bioeletricidade no ambiente regulado (ACR), com atenção aos projetos de modernização das instalações térmicas (chamados retrofits) em usinas mais antigas, que, em sua maioria estão localizados no Estado de São Paulo, principal estado produtor do setor sucroenergético, responsável por 60% da cana-de-açúcar moída no país.

O Estado de São Paulo é o “coração” do mercado consumidor de energia elétrica no Brasil, e a bioeletricidade representa uma oportunidade única para o Estado de São Paulo. Somente naquele estado, o potencial da bioeletricidade atinge aproximadamente o equivalente a duas vezes a capacidade de geração do Complexo da CESP, maior empresa de produção de energia elétrica do Estado de São Paulo e terceira maior do país.

No entanto, para aproveitamento desse potencial, há dificuldades com a conexão e o reforço das redes de transmissão e seria necessário adotar um preço-teto nos leilões regulados que incorpore os benefícios da bioeletricidade, sobretudo a complementaridade com a geração hidrelétrica e o balanço ambiental positivo, pois a bioeletricidade proporciona um considerável volume evitado de emissões de gases causadores do efeito estufa na matriz de energia elétrica.

Esses entraves têm para um desempenho tímido da bioeletricidade nos leilões regulados, promovidos no âmbito do ACR. Exemplo disto é o ocorrido no último leilão de energia nova A-3, realizado no fim de agosto deste ano, quando foram comercializados 10 MW médios provenientes de apenas um empreendimento de bioeletricidade, apesar de o setor sucroenergético ter cadastrado 20 projetos, totalizando 995 MW em potência.

Um dos principais fatores para ocorrer essa diferença entre o cadastrado e o efetivamente comercializado em leilão teria sido a divulgação do preço-teto admitido, posteriormente à etapa do cadastramento.

Apesar do esforço do setor sucroenergético em cadastrar uma oferta significativa, a posterior divulgação de um preço-teto, relativamente baixo, tem provocado desestímulos aos investidores em bioeletricidade. O que aconteceu no último leilão mostra que o setor tem condições de contribuir significativamente para a garantia de suprimento energético limpo para a sociedade, mas há necessidade de discutirmos uma política setorial que inclua um preço remunerador e condições adequadas para a expansão da bioeletricidade.

As qualidades da bioeletricidade sucroenergética, complementar à fonte hidráulica – já lhe conferem posição de destaque no Sistema Interligado Nacional e em seu planejamento: proveniente de fonte renovável contribui com a matriz energética limpa; sendo geração distribuída, proporciona economias na estrutura de transporte e confiabilidade na segurança do suprimento; seus projetos, com prazos para instalação e operação reduzidos, prontamente acompanham o desenvolvimento econômico e a oferta, proveniente de diversos pequenos e médios produtores, portanto, contribuindo com a competição no setor elétrico. Certamente, o aproveitamento desse potencial de geração distribuída contribuirá para tornar nosso sistema elétrico menos vulnerável e na consecução de cenários otimistas de expansão econômica para nosso país, que estão sendo delineados, ajudando tanto no planejamento do setor elétrico quanto na condução das políticas macroeconômicas brasileiras (Zilmar José de Souza é assessor em bioeletricidade da Unica e professor de pós-graduação em Agronegócios da FGV-SP; CanalEnergia, 11/11/09)



quarta-feira, novembro 18, 2009

Crise faz americanos terem galinheiro e chiqueiro em casa

Parece que a crise está fazendo com que alguns americanos moradores de cidades grandes volte a ter hábitos comuns nas pequenas cidades brasileiras até a década de 1970. A nota abaixo publicadano Blog da Globo Rural de autoria de Mariana Caetano comenta este assunto, ilustrando-o com as três fotos:

Minifazendas na cidade grande

A crise financeira que se iniciou nos Estados Unidos em setembro de 2008 – e que logo se espalhou pelo mundo – produziu um efeito curioso naquele país. Muitos norte-americanos iniciaram uma pequena criação de galinhas e de outros animais de porte reduzido, como cabras, nos fundos de suas casas, em meio à cidade grande. O objetivo é tentar economizar nos gastos com alimentação, durante o período de vacas magras.

É o caso de Heidi Kooy, moradora de São Francisco, na Califórnia. Ela mantém no quintal dos fundos de sua casa uma pequena criação. “As galinhas põem ovos e também ajudam a produzir um fertilizante natural com seus excrementos. Além disso, comem insetos que poderiam danificar a pequena plantação que também mantenho”, diz Heidi.

É a zona rural cada vez mais próxima da urbana, até mesmo no país que possui algumas maiores cidades do planeta



Para aqules que não sabem o que é Chester

Para aqueles que sempre se questionam o que é o "Chester", segue abaixo notícia do Valor Econômico que fala sobre este "frangão". Como complemento ao post, encontrei no site Como Tudo Funciona, uma foto do chester cedida pela Perdigão que encontra-se logo abaixo:


A origem dos "frangões"

São Paulo, 18 de Novembro de 2009 - Lançada em 1982, Chester é uma marca registrada da Perdigão, ou BRF - Brasil Foods. O frigorífico foi o criador do produto, que caiu no gosto do brasileiro, por ser mais tenro, úmido e menor que o peru. "O peru não cabe nem no freezer nem no fogão de boa parte dos consumidores", diz Wilson Barquilla, diretor comercial de carnes, aves e peixes do Grupo Pão de Açúcar.

A ave surgiu de melhoramentos genéticos feitos no Brasil, na época pela Perdigão, a partir de matrizes de frango escocesas. O Fiesta, da Sadia (também BRF) foi desenvolvido mais tarde, também por meio de matrizes vindas da Escócia.

Os dois produtos são aves muito semelhantes ao frango, mas concentram 70% de sua carne no peito e coxas. O frango comum tem só 45% de sua carne nessas partes.

Mas nem todos os "frangões" do mercado têm origens escocesas. Alguns frigoríficos, para baratear o produto, usam frangos comuns. A diferença está em sua alimentação, que é mais completa e rica que a dos outros galináceos. O tempo de engorda também é mais longo que a do frango comum, que geralmente pesa cerca de dois quilos. A ave natalina mais vendida no Brasil pesa entre 3,8 quilos e 4,5 quilos, segundo os varejistas. Já o peru pesa mais de cinco quilos. "Nos Estados Unidos, diferentemente daqui, eles preferem os maiores perus, de sete a oito quilos, para mais", diz Sérgio Mobaier, diretor de marketing da Marfrig. (Valor Econômico)

domingo, novembro 15, 2009

Visão do Financial Times sobre o setor sucroenergético brasileiro

Concluindo a promessa realizada no post Financial Times acredita no agronegócio brasileiro, segue abaixo a tradução da reportagem do Financial Times sobre o setor sucroenergético publicada no suplemento "Investing in Brazil". No artigo a situação pelo qual o setor passou nos últimos tempos é muito bem descrita:

Uma perfeita tempestade de problemas

Entre 2014 e 2017, a colheita manual será eliminada completamente de forma gradativa no estado de São Paulo, responsável por grande parte da produção de açúcar e álcool.

Isto devido ao fato do governo banir a queimada dos canaviais – uma prática necessária quando a colheita é feita manualmente. É uma das ultimas tentativas do maior produtor mundial de açúcar de repelir sua reputação de práticas trabalhistas antiquadas e conter a crescente oposição dos ambientalistas.

Francelino Lamy de Miranda Grando, secretário de tecnologia industrial, diz que a maior ameaça a indústria está relacionado aos ”mitos que rondam a produção de energia e alimentos”.

“Existe o mito de que os produtores estão desmatando a Amazônia, o mito de que as condições de trabalho na produção da cana-de-açúcar são degradantes, mas não existe substância nestas reclamações,” diz.

Em Araras, uma cidade à duas horas de carro da cidade de São Paulo, o grupo familiar USJ tem assumido com entusiasmo o desafio da transformação do setor.

Um cinema foi construído na beira dos canaviais para entreter os trabalhadores; o médico explica que ele conduz sessões de alongamento todas as manhãs; e um dos diretores da empresa agora passa seus dias em estufas, produzindo arvores frutíferas para embelezar as bordas dos canaviais.

Mas ao longo do ano passado, o setor precisou transformar-se com uma urgência ainda maior, conforme as usinas tentavam desesperadamente atrair capital.

“O setor do açúcar e álcool entrou na crise de Setembro de 2008, já em um estado de crise,“ explica André Berenguer, um diretor do Banco Santander no Brasil.

Em 2006, uma combinação de altos preços do açúcar, expectativas positivas superestimadas para a demanda de álcool e uma expansão realizada pelos produtores brasileiros através da farra do credito, levou a um excedente global de açúcar sem precedentes.

Os fazendeiros indianos também aumentaram sua produção em resposta aos altos preços, inundando ainda mais o mercado. Como resultado, o preço caiu em 2007 para abaixo dos custos de produção e uma desfavorável taxa cambial deixou um ainda rombo ainda maior nos lucros das companhias.

Em seguida, a milhares de quilômetros de distância, em Nova York, o Lehman Brothers declarou falência. O tumulto que se seguiu forçou as indústrias altamente endividadas a fechar, provocando uma onda de consolidação no setor. O maior banco privado do Brasil Itaú-Unibanco diz que, dos 70 produtores com os quais trabalha, cerca de um quarto estão em processos de reestruturação formal.

A maioria dos produtores, incluindo o grupo USJ, tiveram que colocar seus planos de expansão em espera. O grupo estava pronto para construir sua terceira usina em 2008, que agora não será terminada até 2011, e quando começar a funcionar somente produzirá álcool que é mais barato de produzir do que o açúcar.

Este situação difícil do setor inteiro significa que a recuperação da indústria do açúcar poderá ser mais lenta que em outros países, de acordo com a Organização Internacional do Açúcar (ISO).

Então em agosto, logo depois do país oficialmente emergir da recessão, as maiores chuvas dos últimos 30 anos encharcaram o estado de São Paulo, reduzindo tanto o conteúdo de açúcar da cana quanto atrasando a colheita.

“Tudo o que temíamos acontecer, aconteceu,” diz Plínio Nastari, presidente da Datagro, principal pais de analistas do mercado de açúcar do país.

Enquanto que a produção de açúcar nesta safra na importante região centro-sul é ainda esperada ser maior que a da safra passada, as pesadas chuvas têm provocado Datagro continuamente reduzir as suas projeções. De forma geral, a ISO acredita que até 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar serão deixadas sem colher nos canaviais brasileiros nesta safra – uma quantidade equivalente à produção anual da Austrália.

A seca na Índia tem intensificado a escassez global, enquanto que a demanda por açúcar continua a crescer apesar da desaceleração global. O preço do açúcar está pairando perto do maior valor nos últimos 28 anos, levando grupos como o Grupo USJ a alterar a produção de suas fabricas de etanol para o açúcar.

A maioria das usinas direciona pouco menos da metade do caldo da cana para o açúcar e o restante para a destilação do etanol. Mas a sua capacidade de alternar entre as duas é limitada sem a realização de novos investimentos.

E as perspectivas para o mercado de etanol também são incertas, porque, embora o combustível não esteja sujeito à volatilidade dos preços como o açúcar, tornou-se objeto de um debate igualmente explosivo global sobre energia e meio ambiente.

Na Conferência bienal de açúcar e etanol da Datagro em São Paulo no mês passado, Prasert Tapaneeyangkul, do Ministério da Indústria da Tailândia, levou a platéia a risos nervosos quando pediu aos países emergentes para a criação de uma “OPEP do etanol”. Ele perguntou: "Por que temos de continuar a depender do ocidente?"

Os produtores brasileiros também estão pedindo ao seu próprio governo, maiores garantias sobre o papel do etanol. Embora o país seja considerado um pioneiro da fonte de energia, alguns estão preocupados com a recente descoberta de grandes reservas de petróleo nacionais poderiam ser uma distração perigosa.

A demanda interna também é vital, conforme as tarifas americanas sobre as importações de etanol têm limitado o acesso dos produtores brasileiros a esse mercado.

Como uma fonte alternativa de energia, o etanol também vem sendo intenso questionamento ambiental. O governo anunciou zoneamento agrícola para ajudar a proteger áreas como a Amazônia e o Pantanal, embora os fatos apontem que a cana de açúcar não pode ser cultivada nessas áreas por causa do excesso de chuva.

As plantações do Centro-Sul não seriam tecnicamente afetadas, mas os produtores não temem ter que mudar para regiões com restrições ecológicas maiores caso desejarem se expandir.

"Em alguns aspectos, a nossa riqueza natural acabou trazendo-nos a pobreza", diz Igor Montenegro Celestino Otto, um dos gerentes do USJ, conforme olha para fora onde as plantações de cana-de-açúcar em Araras forradas com arbustos cuidadosamente cultivado e árvores frutíferas.

Reportagem adicional por Javier Blas em Londres

sexta-feira, novembro 13, 2009

Mecanização do corte acaba com 23 mil empregos em SP

A eliminação das queimadas nos canaviais ocorrida por causa do aumento da mecanização na colheita está ocasionando um efeito negativo no nível de emprego dos cortadores de cana.

A notícia abaixo da Folha de São Paulo de ontem e publicada no BrasilAgro, comenta um estudo realizado pela UNESP de Jaboticabal que fala sobre as consequências disso e as possíveis soluções:

CORTE DA CANA FECHA 23 MIL VAGAS, DIZ ESTUDO

Pesquisa da Unesp de Jaboticabal aponta que o número de vagas caiu 12,7% no Estado num período de apenas dois anos. Segundo pesquisador, a queda já era esperada por causa da mecanização da colheita, mas não em volume tão grande.

A mecanização do corte da cana-de-açúcar tem reduzido significativamente o número de vagas para trabalhadores nos canaviais do Estado. É o que mostra pesquisa da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Jaboticabal, de junho de 2007 a junho deste ano, que diz que o total de boias-frias caiu 12,7%.

Em números absolutos, são quase 23 mil postos de trabalho a menos. A pesquisa avaliou os números que compõem a Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo o professor José Giacomo Baccarin, do Departamento de Economia Rural da faculdade, em junho de 2007 eram 179.561 trabalhadores contratados para o corte da cana no Estado. O número de registrados no ano seguinte, em junho de 2008, caiu 2,19%, para um total de 175.662.

Já em junho deste ano, a queda foi ainda maior (10,84%) e o total de boias-frias contratados para atuar no Estado de São Paulo foi de 156.627.

Segundo Baccarin, a queda no número de contratados para o corte da cana já era esperada por causa do aumento da mecanização da colheita, mas não em volume tão grande.

Apesar disso, de acordo com ele, os boias-frias continuam representando a principal força de trabalho do setor sucroalcooleiro e significam cerca de 50% do total dos empregados na atividade no país.

O pesquisador disse que o levantamento mostrou que os cortadores de cana vêm sendo substituídos por operadores de máquinas agrícolas, mas a abertura de vagas é inferior ao fechamento de postos de trabalho no campo. De 2007 a 2009, o total de operadores de máquinas contratados cresceu 14%, mas em números absolutos a alta é de 3.700, bem menor que os 23 mil boias-frias demitidos.

Para Baccarin, a falta de qualificação entre a maior parte dos cortadores de cana dificulta a recolocação profissional, como a migração dos trabalhadores do corte manual para a operação de colheitadeiras, por exemplo. "As máquinas são sofisticadas, o que dificulta."

Para amenizar o problema de fechamento de vagas, o professor afirma que uma das alternativas mais importantes é a criação de programas de qualificação profissional, para permitir a migração dos trabalhadores que perderam espaço no corte da cana para outras atividades produtivas.

Outra alternativa, segundo ele, seria o fortalecimento de ações de apoio à agricultura familiar nas regiões de origem dos migrantes que se dirigem ao corte da cana em São Paulo.

Segundo Baccarin, isso ajudaria a criar oportunidades de trabalho para os boias-frias em suas próprias regiões de origem, principalmente o Vale do Jequitinhonha (MG) e os Estados do Maranhão e Piauí.

Para a Pastoral do Migrante de Guariba, o trabalho feito pela entidade com os cortadores de cana reflete o fechamento das vagas, mas não tão "dramático" como a pesquisa da Unesp.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Texto sobre a agricultura brasileira do Financial Times

Conforme prometido, segue a tradução do texto do Financial Times sobre a agricultura brasileira publicado na semana passada e citado no post Financial Times acredita no agronegócio brasileiro:

Superpotência está pronta para alimentar o mundo

Os maltusianos que se aborrecem com a habilidade do mundo em se suprir de alimentos devem ouvir Roberto Rodrigues, um consultor de agronegócio e ex-ministro brasileiro da agricultura.

“A idéia de que ocorrerá escassez de alimento é algo claramente errado”, diz o ex-ministro. “A produção no Brasil está crescendo em todas as áreas.”

De um medíocre país agrícola, Brasil está se transformando em uma superpotência nas últimas duas décadas, tornando-se o maior exportador de carne, frango, suco de laranja, café verde, açúcar, etanol, tabaco e do complexo soja (grãos, farelo e óleo) bem como o quarto maior exportador de milho e porco.

Ao contrário de grande parte da economia do Brasil, onde a produtividade tem crescido de forma menos espetacular, a agricultura atingiu seu novo status quase que inteiramente baseado em uma gestão mais eficiente e o desenvolvimento e aplicação de tecnologia.

Entre as safras 1990-91 e 2008-09, por exemplo, a produção de grãos subiu de 58 milhões de toneladas para 144 milhões. No mesmo período, a quantidade de terra cultivada com grãos aumentou apenas 26%, de 37,9 milhões de hectares para 47,7 milhões. A produtividade, medida em toneladas por hectare, quase dobrou.

Entre 1980 e 2008, o numero de vacas leiteiras aumentou de 16,5 milhões para 21,5 milhões, enquanto que a produção de leite aumentou de 11,2 bilhões de litros para 27 bilhões – um ganho de produtividade de 86%. Entre 1994 e 2009, a produção de carne aumentou 77%, de porco 133% e de frango 217%.

Ainda que a importância do Brasil como fornecedor global baseie-se mais em seu potencial do que em desempenhos passados. De seu território de 851 milhões de hectares, cerca de 340 milhões são adequados à agricultura. Deste, 72 milhões estão com culturas e 172 milhões com pastagens. Isto deixa 96 milhões de hectares com terras agrícolas disponíveis sem tocar em uma arvore da floresta amazônica ou avançar em outras áreas sensíveis.

No entanto, os fazendeiros e pecuaristas têm cortado as florestas brasileiras a uma taxa alarmante. Embora a taxa de desmatamento na Amazônia diminuiu de 27000 km2 em 2004 para 11.200 km2 em 2007, tem tido um ligeiro aumento ultimamente.

O governo diz que o declínio total foi causado pelo melhor monitoramento e controle, embora muitos cientistas digam que os preços oscilantes das commodities tiveram um papel maior na queda e subseqüente aumento.

Muito da terra agrícola disponível está em regiões do país onde o titulo de posse da terra é relativamente bem estabelecido e a lei relativamente bem cumprida. Na maior parte da Amazônia, isso não é o caso. É mais fácil aos pequenos fazendeiros, por exemplo, limpar uma área de floresta, usá-la para pecuária de baixa intensidade por poucos anos até que seus nutrientes sejam exauridos e depois mudar-se.

Melhor monitoramento e iniciativas lideradas pelo mercado oferecem alguma esperança que a taxa de desmatamento seja menor. Enquanto isso, os fazendeiros estão concentrados em aumentar a produtividade.

O tamanho do rebanho aumentou de 78,6 milhões em 1970 para 169,9 milhões atualmente, enquanto que a terra para a pastagem aumentou muito menos, de 154,1 milhões de ha para 172 milhões.

No Estado de São Paulo, existem 1,55 cabeças de gado por hectare no pasto: se esta relação, por si só baixa segundo padrões internacionais, for repetida nacionalmente, outros 62 milhões de ha tornarão-se disponíveis para outras culturas.

Uma maior densidade das pastagens é um dos avanços tornado possível graças aos pesquisadores dos centros de pesquisa agrícola do país, que tem desenvolvido melhores variedades de capins, por exemplo. O Brasil é também ajudado por seu clima tropical, com quantidades geralmente previsíveis de radiação solar e chuva.

Maior eficiência tem levado à monocultura, especialmente de cana-de-açúcar e soja. Grandes áreas são cobertas com amplos mares de campos, pontuados por pivôs de irrigação.

Rodrigues, que vem de uma antiga geração de fazendeiros, disse que recentemente visitou a fazenda de um de seus filhos no estado do Maranhão no norte do país.

Quando ele pediu ovos frescos e salada de sua horta, seu filho disse-lhe que poderia obte-los do supermercado.

“Este é o jeito que tem ser atualmente,” ele disse. “Concentração no sistema mais eficiente de produção.” O conhecimento dos fazendeiros tem avançado significativamente, mas eles ainda enfrentam problemas externos. Péssimas rodovias e outros problemas logísticos aumentam consideravelmente os custos de levar a produção ao mercado.

Ao contrário de muitas outras nações agrícolas, o Brasil quase não possui seguro rural para proteger os agricultores contras os fatores fora de seu controle, além do clima, eles também estão à mercê das taxas de juros, taxas de cambio, negociações comerciais entre outras.

Rodrigues diz que não é verdade, como muitos no setor reclamam, que o Brasil não tem política agrícola. O que falta, segundo ele, é uma estratégia global para o setor, coordenado por mais de um ministério.

Apesar de tais problemas, Rodrigues diz que o status do Brasil como uma superpotência agrícola somente pode crescer. Ele diz saber de 22 fundos de investimentos internacionais procurando por oportunidades.

“Se eu fosse um investidor, eu colocaria meu dinheiro em logística e fertilizantes,” ele diz. “As oportunidades são fantásticas. E as pessoas estão vindo sem fazermos nada para convidá-las.”

domingo, novembro 08, 2009

Alguns números da fusão JBS/Bertin e dos maiores da proteína animal

Na edição de outubro da Dinheiro Rural foram publicados alguns números sobre a fusão da JBS-Friboi com o Bertin e também um ranking das nove maiores empresas do setor de proteínas animal. As duas figuras abaixo mostram estes números expressivos.

Com relação aos números da capacidade de processamento da nova empresa o que mais impressiona é a capacidade de abate diário de bois.

No gráfico do ranking, podemos ver que a liderança da JBS/Bertin é bem apertada, porém o faturamento do terceiro é menos da metade do faturamento da JBS/Bertin e da Tyson. Entre as nove empresa, temos três empresas nacionais: JBS/Bertin, Brasil Foods e Marfrig/Seara.

Para o Valor, câmbio será vilão do agronegócio

Em notícia publicada na sexta-feira pelo Valor Econômico, parece que o câmbio será o grande vilão para o agronegócio na próxima safra. E a coisa fica um pouco mais preta para a soja. Veja todo o cenário a seguir na íntegra, em material que encontrei no portal Notícias Agrícolas:

Câmbio, a pedra no caminho do campo brasileiro em 2010

São nebulosas as perspectivas para o agronegócio brasileiro em 2010. Não por causa da demanda pelos produtos do setor, que mesmo depois do aprofundamento da crise financeira irradiada a partir dos Estados Unidos, em setembro de 2008, mostrou-se relativamente firme nos mercados doméstico e externo e tende a continuar assim no ano que vem.

As incertezas vêm dos preços de algumas commodities, que poderão recuar com a recomposição da oferta, e, sobretudo, do câmbio, que coloca a manutenção da rentabilidade das atividades produtivas como o grande desafio no país, superando até mesmo as regras ambientais mais restritivas que estão em discussão no Congresso Nacional.

"O câmbio e as restrições ambientais são as 'paredes' que estão esmagando o setor", afirmou André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult, em reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizada ontem na sede da entidade, na Avenida Paulista. Se a "parede" ambiental tem pela frente algumas camadas de reboco político antes de ser concluída - e há espaço suficiente no Brasil para comportar uma expansão ordenada e sustentável da agropecuária -, a cambial já provoca estragos e não há sinais concretos de refresco no curto prazo, ainda que a taxa de juros em algum momento tenha que voltar a subir nos Estados Unidos.

Nesse contexto geral, a cadeia que mais preocupa os especialistas é a da soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro tanto em renda agrícola ("da porteira para dentro") quanto na exportação. E preocupa porque, dos principais grãos negociados no mundo, a soja é aquele que deverá apresentar a maior elevação da oferta mundial na safra 2009/10, em fase de colheita no Hemisfério Norte e de plantio no Hemisfério Sul. Em relatório divulgado em outubro, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) previu uma produção global de soja de 246,07 milhões de toneladas em 2009/10, 35,4 milhões a mais que em 2008/09. De acordo com o USDA, os estoques finais globais aumentarão 30,3%, para 54,8 milhões de toneladas.

"Os EUA deverão ter uma produção recorde de 88,5 milhões de toneladas, segundo o USDA, e o volume só não vai superar 90 milhões pelos atuais problemas na colheita do país, provocados pelas chuvas", disse Pessôa. Além disso, lembrou, a Argentina, que amargou séria quebra climática em 2008/09, deverá produzir mais de 50 milhões de toneladas pela primeira vez na história no ciclo atual, e no Brasil as projeções também apontam para um crescimento de 5 milhões de toneladas, para cerca de 62 milhões. "Mas é um ano de El Niño, e existe a possibilidade de os aumentos na Argentina e no Brasil ficarem comprometidos pelo excesso de chuvas".

Trata-se de um quadro considerado "baixista" para os preços, apesar de as perspectivas apontarem para um aumento da demanda mundial em 2009/10 - de menos de 12 milhões de toneladas, conforme o USDA. Nada capaz de devolver as cotações à média histórica na bolsa de Chicago, mas capaz, sim, de prejudicar bastante a rentabilidade dos produtores. Hoje em torno de US$ 10 por bushel na bolsa de Chicago, os contratos futuros do grão deverão cair para entre US$ 8,50 e US$ 9 no cenário mais provável traçado por Pessôa, ante uma média histórica de US$ 6.

Em Mato Grosso, por exemplo, esta queda, em um ambiente de contínua depreciação do dólar em relação ao real - o setor projeta a moeda americana entre R$ 1,60 e R$ 1,70 em 2010 -, pode reduzir a rentabilidade dos sojicultores para menos de R$ 160 por hectare, em média, sendo que em 2008/09, segundo a Agroconsult, o valor foi três vezes maior. É verdade que os custos da nova temporada agrícola estão 20% menores, de acordo com a consultoria, mas é uma margem considerada pequena para encarar um cenário de incertezas.

Para o milho, cujo o aumento da produção global tende a ser tímido (1,26 milhão de toneladas, para 792,5 milhões, segundo o USDA), o horizonte é menos sombrio, até porque o consumo deverá superar um pouco a demanda, fator "altista" para os preços internacionais. Mas a produtividade dos EUA, maior produtor mundial, é crescente na última década, tem compensado a demanda adicional para a produção de biocombustíveis e qualquer valorização enfrenta limites. E o Brasil, que poderia voltar a incrementar as exportações depois de dois anos de volumes apenas razoáveis, dificilmente terá um câmbio atraente para aproveitar eventuais "janelas" no exterior.

Também por isso, o Brasil começa a plantar sua menor área de milho no verão desde a década de 60, como destacou André Pessôa, e jogou para a safrinha de inverno do ano que vem a responsabilidade de evitar escassez no abastecimento doméstico, sempre com a ressalva de que se trata de um ano de El Niño. Segundo a Agroconsult, 2009 começou com estoques de milho suficientes para 76 dias de consumo doméstico; em 2010, o "colchão" deve cair para 57 dias, ainda um intervalo razoável.

O nó cambial que aperta o agronegócio brasileiro não é tão fácil de ser desatado porque reflete movimentos macroeconômicos globais bem maiores que o setor, que também se refletem nos preços das commodities. É um pouco do velho "buy commodities, buy Brazil", como realçou Alexandre Mendonça de Barros, pesquisador dos núcleos de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (GVagro) e da MB Associados (MB Agro).

Grandes fundos de investimentos elevaram suas apostas nas commodities para fugir dos riscos derivados das incertezas globais, em um movimento - "altista", como se viu, por exemplo, no balanço de preços internacionais de outubro - que também privilegia o Brasil, grande produtor de commodities e onde o debacle financeiro causou problemas bem mais modestos do que nos Estados Unidos ou na Europa. (Fonte: Valor Econômico)

sábado, novembro 07, 2009

Financial Times acredita no agronegócio brasileiro

Aproveitando a presença do Lula em Londres e seu encontro com a Rainha Elizabeth, o jornal FInancial Times publicou um caderno especial chamado Investing in Brazil onde, entre outros notícias, comenta sobre o potencial do agronegócio brasileiro. No encarte também existe outra reportagem sobre o setor sucroalcooleiro.

A notícia abaixo resumindo o texto é do Canal Rural e espero em breve colocar as traduções para o português no blog. Para aqueles que quiserem ler em inglês, basta entrar em www.ft.com e se cadastrar gratuitamente para ter acesso por 30 dias.

Jornal britânico considera Brasil uma superpotência agrícola pronta para alimentar o mundo
Financial Times traz caderno especial dedicado a oportunidades de investimento no país

O jornal britânico Financial Times traz nesta quinta, dia 5, um caderno especial dedicado a oportunidades de investimento no Brasil. Na edição, o Brasil é considerado uma superpotência agrícola pronta para alimentar o mundo. O jornal lembra que o país é o maior exportador mundial de carne, frango, suco de laranja, açúcar, etanol, tabaco e soja.

O Financial Times destaca que nas últimas duas décadas, o Brasil se consolidou como superpotência agrícola, resultado da modernização e dos ganhos em eficiência. O diário elogia os setores de agricultura, bancos, mercado de capitais e ainda o Programa Bolsa Família, do governo federal.

Dentre os pontos negativos apontados pelo periódico, estão as deficiências nos setores de infraestrutura e educação. Para o jornal, os investidores estão atentos a mudanças no país, e casos recentes de intervenção do estado na economia podem ser vistos como motivo de preocupação.

terça-feira, novembro 03, 2009

Perdas pós-colheita são enormes segundo a FAO

A FAO (Organização de Alimentação e Agricultura da ONU) publicou em seu site, uma notícia, com o título Perdas pós-colheita podem agravar a fome e subtítulo Tecnologias aprimoradas e treinamento mostram sucesso na redução das perdas, que diz que as perdas pós-colheitas podem variar de 15 a até mesmo mais de 50% do que é produzido e incluem perdas por colheita no estágio inadequado, exposição à chuva, seca ou temperaturas excessivas, contaminações por microorganismos, danos físicos, contaminação quimíca,perdas na colheita, transporte e armazenamento, entre outros problemas.

Tudo isso indica que a tecnologia adequada,desenvolvida por profissionais da área, poderá fazer com o mundo produza significativamente mais alimento sem necessidade de de aumento da área cultivada ou aumento da degradação das áreas produtivas, conforme mostram alguns exemplos no texto.

Para os que querem ler o texto na íntegra em inglês, clique aqui e em espanhol, clique aqui:

Brasil tem tudo para ser o grande fornecedor da demanda de soja

Segundo o Goldman Sachs, o Brasil tem todas as chances de ser o principal fornecedor da demanda crescente de soja nos próximos anos. Vamos esperar para ver se isso ocorre mesmo:

Brasil tem maior potencial de expandir produção de soja, diz Goldman

O chefe de pesquisa em commodities do Goldman Sachs, Jeffrey Currie, afirmou hoje esperar que a soja corresponda à "maior parte" do crescimento da demanda global por grãos nos próximos anos, por causa do aumento da demanda por carnes. Ele acredita que o Brasil é o país que tem maior potencial para expandir a produção.

Os Estados Unidos, a China, o Brasil e a Argentina produzem cerca de 95% da soja de todo o mundo, mas Currie avalia que o Brasil é o país que tem maior potencial para aumentar a produção. "O Brasil é a grande potência global para elevação da oferta mundial de commodities", disse. "O principal problema no Brasil é a infraestrutura; a capacidade das terras não produtivas."

Nos corredores da Conferência para Segurança Alimentar, em Londres, Currie disse que a expectativa é de que o crescimento anual da demanda por soja seja de 3,5%, ante 2,5% para o milho e 1% para o trigo. "A produtividade não pode mais atender à demanda. Teremos de expandir a área plantada", observou. Segundo ele, a utilização de grãos para alimentação animal será o principal fator de aumento da demanda e a soja é a maior fonte de proteína para produção de carnes.

A projeção para 12 meses do banco referente aos preços futuros de soja dos Estados Unidos é de níveis próximos a US$ 10 por bushel. Por volta das 15h50 de hoje, o contrato mais negociado operava a US$ 10,1750 por bushel. "Mas, olhando para 2011 e depois, vemos um significativo avanço", avaliou Currie. As informações são da Dow Jones. (Fonte: Último Segundo)

domingo, novembro 01, 2009

Alguns números da agricultura brasileira e sua evolução

Na edição atual da Revista Exame (nº 955) foram apresentados na Seção Grandes Números, alguns números retirados do Censo Agropecuário 1996-2006 publicado recentemente. Estes números referem-se ao aumento das produtividades do milho, soja e pecuária bovina e também do aumento da quantidade de mata nas propriedades rurais. Os números encontram-se na figura abaixo:

Com relação à produtividade dos grãos, podemos verificar que ocorreu um aumento idêntico da produtividade do milho e soja no período entre 1970 e 2006. Este aumento foi de incríveis 201%. Entretanto, quando olhamos somente a última década, 1996 a 2006 verifica-se um aumento de 14% para a soja e 50% para o milho. Ao olharmos as produtividades americanas, podemos especular que existe ainda potencial para o milho, enquanto que a soja irá crescer menos daqui para a frente.

Com relação a pecuária, a lotação dos pastos deve um aumento de 112% no período de 1970 a 2006 e de 25% na última década. Acredito que também existe potencial e necessidade de aumento desta lotação, visto que será crescente a demanda por áreas agrícolas, obrigando a melhoria da eficiência nas pastagens.

Para finalizar, para minha surpresa, os dados de aumento da área de mata nas propriedades rurais aumentou 70% no período de 1970 a 2006, porém na última década o aumento foi muito tímido, cerca de 4%. Vamos esperar todo o desenrolar da novela do Código Florestal para ver para qual lado isso vai.

Porém ao analisarmos somente os números absolutos, podemos verificar que existem cerca de 100 milhões de hectares com matas em propriedades rurais, ou seja, praticamente a área ocupada no país inteiro com pastagens ou mais de 12 vezes a área ocupada com cana-de-açúcar,