terça-feira, abril 28, 2009

Entenda um pouco da gripe suína

Compilei um pouco de informações sobre o tema em alguns sites da net que encontram-se abaixo.

O primeiro deles do G1 explica o funcionamento da doença, o segundo do AviSite comenta sobre a influência dela no comércio de carnes, o terceiro do Notícias Agrícolas que fala sobre como podemos afetar a crise global ,o quarto é um post do Blog da Galileu que fala sobre o site da Google Maps que posiciona os casos e o último é do Valor, mas encontrei no AviSite, que comenta sobre as oscilações de preço em Kansas e Chicago dos grãos.

Entenda como a gripe suína se espalha entre humanos

Segundo especialistas, vírus não passa facilmente de humano a humano. Contato com porcos aumenta risco, mas consumo de carne suína é seguro.

Do G1, com informações da Reuters

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) divulgou algumas informações sobre o vírus H1N1, a chamada gripe suína , que está causando preocupação mundial após casos confirmados em México, EUA, Canadá e Espanha.

A análise do vírus sugere que ele tem uma combinação de características das gripes suína, aviária e humana. Essa versão, especificamente, não havia sido descoberta antes pelos cientistas. Mas, felizmente, a conclusão inicial é a de que o vírus se espalha mais facilmente entre os porcos, e o contágio de humano para humano não é tão comum e simples quanto o da gripe comum.

A maioria dos casos ocorre quando pessoas têm contato com porcos infectados ou objetos contaminados circulando entre pessoas e porcos. Não há contaminação pelo consumo de carne ou produtos suínos. Cozinhar a carne de porco a 71 graus Celsius mata o vírus da gripe suína, assim como outros vírus e bactérias.

Os sintomas da gripe suína em humanos são similares àqueles da gripe convencional -- febre repentina, tosse, dores musculares e cansaço extremo. Esse novo surto, aparentemente, também causa mais diarreia e vômitos que a gripe convencional.

Vacinas estão disponíveis aos porcos para a prevenção da gripe suína. Não há vacina para humanos, embora o CDC esteja formulando uma. A vacina contra a gripe convencional pode ajudar a prover proteção parcial contra o vírus suíno H3N2, mas não contra o H1N1, como o que está circulando agora.

Reservatório e misturador

Os porcos têm uma constituição que os permite serem infectados por gripes humanas ou aviárias. Quando um vírus da gripe de diferentes espécies infecta porcos, eles podem se misturar dentro do animal e novos vírus mutantes podem ser criados -- como a cepa do H1N1 vista agora.

Esse vírus pode ser retransmitido dos porcos de volta para os humanos, que até podem se contaminar entre si, mas num processo bem mais difícil do que em uma gripe convencional.

Ameaça da gripe suína aumenta incerteza sobre evolução da crise global

Washington, - A assembleia semestral conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM) terminou hoje em Washington com a ameaça da gripe suína agravando o já incerto panorama enfrentado pela economia mundial.

O surto da doença já matou 22 pessoas no México, onde cerca de outras 60 mortes estão sob investigação por causa da suspeita de que também teriam sido causadas pelo vírus.

O secretário de Fazenda mexicano, Agustín Carstens, reconheceu hoje em entrevista coletiva a gravidade da situação ao afirmar que "este assunto pode ter um grande impacto econômico, mas o maior impacto agora é sobre as vidas e o bem-estar humano".

"Sem querer ignorar que se trata de um assunto muito sério e que tem um alto potencial de produzir transtornos, acho que é muito cedo para dar uma opinião mais concreta", insistiu Carstens.

Já o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, não hesitou em dizer durante entrevista coletiva que o surto é "um desastre muito grande" para o México.

O Banco Mundial (BM), que emprestará US$ 205 milhões ao México para ajudar o país a combater a gripe suína, avaliará "rapidamente" o impacto econômico da epidemia.

A gripe suína dominou grande parte da entrevista coletiva conjunta de Strauss-Kahn, Carstens e do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, que encerrou a reunião semestral dos organismos multilaterais.

A entrevista foi concedida no final da reunião ministerial do Comitê de Desenvolvimento, um órgão executivo conjunto do FMI e o BM, da qual participaram representantes dos 185 países-membros de ambas as instituições.

A reunião terminou hoje com o compromisso de acelerar os trâmites para dar mais voz aos países em desenvolvimento e emergentes no BM, a fim de conseguir um acordo no início de 2010.

"A crise e a necessidade de uma enérgica resposta multilateral destacaram ainda mais a necessidade de uma maior participação dos países em desenvolvimento na direção do BM", disse o Comitê de Desenvolvimento em comunicado.

O compromisso alcançado por todos os acionistas prevê que o processo, segundo o comunicado, deve ser "transparente, consultivo e inclusivo".

Os ministros reconheceram no texto a "dramática" deterioração da economia mundial desde sua última reunião, em outubro de 2008.

Segundo os presentes, os países em desenvolvimento enfrentam consequências "especialmente sérias" na medida em que a crise financeira e econômica se torna uma calamidade humana.

Além disso, os representantes lembraram que a crise já arrastou "mais de 50 milhões de pessoas, principalmente mulheres e crianças", para a extrema pobreza.

A reunião ministerial reconheceu o papel dos organismos multilaterais na luta contra a crise e louvou os compromissos dos países-membros de aumentar consideravelmente os recursos para o FMI.

O fundo, que tinha acesso a US$ 250 milhões em recursos antes da reunião do Grupo dos Vinte (G20, países ricos e principais emergentes) em Londres, no início de abril, terá US$ 1 trilhão para lutar contra a crise graças ao apoio recebido no encontro.

Desse montante, US$ 750 bilhões são diretamente para empréstimos.

Os outros US$ 250 bilhões serão distribuídos nos próximos seis meses para fortalecer as reservas dos países-membros, segundo anunciou ontem o FMI.

O BM prevê, por sua vez, disponibilizará até US$ 100 bilhões em empréstimos durante os próximos três anos.

Gripe suína: efeitos sobre suinocultura serão tão nefastos quanto o da gripe aviária?

Campinas, 27 de Abril - Ainda está na memória de toda a avicultura o efeito dominó que alguns poucos casos humanos de Influenza Aviária causaram sobre o setor quando a doença bateu às portas da Europa no início de 2006: queda vertiginosa no consumo de frangos e, sobretudo, uma semi-paralisação das exportações do produto, com maiores consequências sobre o principal exportador mundial do produto, o Brasil.

Note-se que, então, a Influenza Aviária vinha causando vítimas humanas há pelo menos dois anos, com o registro de quase 80 mortes acumuladas entre o final de 2003 e o de 2005. Mas foi só a partir da ocorrência de quatro mortes na “vizinha” Turquia (candidata a membro da União Européia) que o mundo dito “civilizado” tomou consciência da doença. Com uma abordagem de comunicação que quase levou à falência a avicultura de vários países.

Há possibilidades disso se repetir na suinocultura?

Aparentemente, não. Pois o mundo aprendeu com a Influenza Aviária. Tanto que nos primeiros comunicados agora expedidos – da OMS, do governo norte-americano, de órgãos internacionais e dos governos de inúmeros países – já se menciona a inexistência de qualquer risco no consumo de carne suína e/ou de seus derivados, devendo-se apenas manter as medidas de higiene de praxe no seu preparo e cozê-la em temperatura adequada (70º C) – algo que no caso da Influenza Aviária se demorou a fazer.É quase inevitável, no entanto, que em um primeiro momento haja queda no consumo de carne suína que, entretanto, deve ser passageira.

A demanda internacional também deve ser afetada (já há notícias de embargo à carne suína do México) e a questão que surge, neste instante, é se o Brasil também pode ser afetado por esse processo?

Como, neste instante, a questão afeta México e EUA é muito provável que os embargos se estendam aos dois países. E isso pode criar brechas para o produto de países como o Brasil. No que tange ao México, não há muito a vislumbrar (gráfico abaixo). Mas os EUA – é impossível esquecer – são o primeiro exportador mundial de carne suína e, segundo o USDA, negociaram externamente, em 2008, 2,313 milhões de toneladas de carne suína, quase 40% do comércio internacional. É de onde podem surgir novas oportunidades de mercado.

Ah! Sim: a eventual queda na demanda de carne suína também deve criar oportunidades de mercado para a carne de frango. Mas isso, por ora, não passa de mera especulação.

Mapa da Gripe suína
Ter, 28/04/09 por Denise Dalla Colletta


Mais uma vez o Google adiantou-se e coloca um mapa atualizado dos casos gripe suína no mundo. Confira uma parte do mapa aqui:

Para ver o mapa completo clique aqui.

A Galileu está preparando para você uma matéria sobre a gripe, quais são suas dúvidas?


Gripe contamina preços de grãos em Chicago e Kansas


São Paulo, SP, 28 de Abril - A crise causada pelos casos de gripe suína - como a doença vinha sendo chamada até ontem, apesar dos protestos dos suinocultores - na América do Norte e na Europa foi o principal fator a pesar sobre os preços de soja, milho e trigo ontem, em dia de baixas dos preços dessas commodities. Teme-se que a doença diminua a demanda por esses produtos, base para a produção de ração para animais de criação, mas há receio que a demanda por outros produtos agrícolas também seja afetada.


Na bolsa de Chicago, principal referência internacional para a formação dos preços das commodities agrícolas, os contratos de soja com vencimento em julho recuaram 37 centavos de dólar, para US$ 9,97 por bushel. Os fundos especulativos acumularam um bom lucro nas últimas seis semanas, marcada pela valorização da soja, mas, com o temor causada pela gripe suína abriu as portas para a liquidação dos contratos futuros da commodity, disse à Dow Jones Newswires Tim Hannagan, analista da Alaron Trading, em Chicago.


No fim de semana, a Rússia já havia suspendido as importações de carne suína de pelo menos uma dúzia de Estados americanos como resposta ao temor causado pela disseminação da doença. Medidas como essa mostram o medo de que a gripe diminua a produção e o consumo de carne suína e, como consequência, a produção de ração, o que tende a afetar diretamente a demanda pelos grãos.


Foi expressiva também a desvalorização do trigo. Na bolsa de Chicago, os contratos com vencimento em julho fecharam em baixa de 23,75 centavos de dólar, aos US$ 5,1950 por bushel. Em Kansas, os papéis que também vencem em julho caíram 22 cents, para US$ 5,7150 por bushel.


Como no caso da soja, o receio com os efeitos da gripe suína sobre as commodities agrícolas deu o tom dos negócios. "É um jogo emocional. Os argumentos são exagerados, mas isso é normal quando você está em meio a algo desconhecido", disse Dale Durchholz, analista da AgriVisor.


A cotação do milho também encerrou o dia em baixa. Os contratos para julho caíram 5 centavos de dólar em Chicago, negociados por US$ 3,8075 o bushel.

domingo, abril 26, 2009

Já não se fazem mais animais como antigamente!!!

Parece que esta semana foi a semana dos eventos bizarros no agronegócio. Na sexta-feira postei o post anterior que fala do roubo de lavouras de soja aqui em SP e no mesmo dia encontro, no blog da Globo Rural, uma notícia sobre uma impressionante fuga de porcos que encontra-se abaixo na íntegra. Na mesma notícia, encontrei outro lance bizarro relacionado à pecuária: vaca que fugiu durante 9 meses, consegue liberdade (que também encontra-se na íntegra na sequência do texto).

Parece que até os animais são mais rebeldes atualmente...

Fuga em massa!

Sex, 24/04/09 por Mariana Caetano

Cerca de 200 porcos aproveitaram para dar no pé, depois que o caminhão que os transportava sofreu um acidente na cidade de York, na Inglaterra. O veículo tombou poucos metros antes de chegar ao portão do frigorífico especializado em fazer bacon, para onde os animais estavam sendo levados.


Apesar de terem se esforçado para copiar os “Tamworth Two” (uma dupla de porquinhos que ficou famosa ao fugir do abate por quase duas semanas naquele país, em 1998), os animais não tiveram tanta sorte, segundo o diário britânico Daily Mail.


Bombeiros contiveram o avanço do grupo, utilizando a água das mangueiras, o que possibilitou aos funcionários do frigorífico reencaminhar os porquinhos fugidos para o interior da indústria. Os bombeiros também ajudaram a liberar os animais que haviam ficado presos no caminhão acidentado – mas em torno de 30 deles, seriamente feridos, tiveram que ser sacrificados por veterinários.




Vaca fugitiva consegue liberdade

Seg, 30/03/09 por Mariana Caetano

Uma vaca ficou vagando durante nove meses, depois de ter fugido de um abatedouro na Inglaterra. Segundo o diário britânico Telegraph, o animal, chamado Floss, perambulou por cerca de 95 quilômetros até Ealand, uma pequena vila ao norte do país.

Floss, da raça Highland, havia sido comprada em um mercado da cidade de Thirsk, mas escapou de seus donos quando o gado estava sendo desembarcado. Durante a jornada de nove meses, a vaca costumava se alimentar na calada da noite e se esconder aos primeiros raios de sol.

Ao chegar a Ealand, Floss virou motivo de piada na região e foi apelidada de “A besta de Ealand”. Ela foi caçada e quase morta por pessoas que atiravam balas de chumbo contra ela. Com pena do animal, duas mulheres resolveram levá-la a um lugar mais seguro. Sue McAuley e Tracey Jaine pagaram 500 libras (o que equivale a pouco mais de 1.600 reais) ao então proprietário da vaca para que pudessem encaminhá-la ao Hillside Animal Sanctuary, um santuário no condado de Norfolk, que se dedica a proteger animais da indústria pecuarista.

“Será maravilhoso ver Floss juntando-se às outras vacas do santuário. O fato de ter fugido por tanto tempo demonstra como ele queria viver”, afirma a senhora McAuley.

Por enquanto, o animal está em quarentena e deverá se juntar ao rebanho do santuário em um mês. “Floss é uma vaca amável, serena e feliz. Agora, ela ficará no santuário pelo resto de seus dias”, diz Wendy Valentine, fundadora do santuário.

sexta-feira, abril 24, 2009

Até plantações estão roubando hoje!!!!!!!!

A violência é algo comum mesmo em nosso país. Para minha surpresa, encontrei no portal de notícias da globo.com, o G1, uma notícia de furto de uma lavoura de soja. Os ladrões colheram cerca de 9 alqueires de soja!!!!

Somente lendo a notícia abaixo e vendo reportagem de TV clicando aqui para acreditar:

Plantação de soja é furtada no interior de SP

O prejuízo é de aproximadamente R$ 40 mil. A polícia investiga o caso, mas ainda não tem pistas dos ladrões.

Uma plantação inteira de soja desapareceu do campo no interior de São Paulo. O roubo inusitado aconteceu em Ibirarema, a 395 km de São Paulo.

Depois de 120 dias de espera já era hora da colheita. Mas nos nove alqueires e meio só restava capim. A soja desapareceu.

A propriedade na zona rural de Ibirarema é de difícil acesso, fica entre canaviais e mata fechada. Não há caseiro. Os vizinhos mais próximos moram a dois quilômetros do sítio.

Jorge é um deles. O produtor rural conta que em 47 anos de atividade nunca viu um crime como este na região.

Os bandidos entraram na propriedade com maquinários agrícolas e colheram cerca de 800 sacos do grão. O proprietário não soube precisar quando ocorreu o assalto já que não visitava o sítio há 12 dias. Ele disse apenas que para levar essa quantidade de soja os criminosos precisariam de pelo menos dois dias.

O prejuízo é de quase R$ 40 mil. A polícia investiga o caso, mas ainda não tem pistas dos ladrões.

China nega interesse em produzir no exterior

Nem bem coloquei o post anterior, encontrei no site Notícias Agrícolas uma notícia do Valor Econômico que nega o interesse da China em produzir alimentos no exterior. Abaixo a notícia na íntegra:

China descarta interesse por terras na África

A China declarou que não vai aderir à crescente tendência de terceirização da produção de alimentos por meio de investimento em terras agrícolas no estrangeiro, particularmente na África, manifestando dúvidas de que esses acordos possam melhorar a sua segurança alimentar.

Niu Dun, vice-ministro da Agricultura da China, disse anteontem que Pequim prefere depender da sua própria terra para manter sua autossuficiência em grãos, distanciando o país de nações como a Arábia Saudita e a Coreia do Sul, que estão investindo em terras no exterior.

"Não podemos depender de [investimentos em] outros países para a nossa própria segurança alimentar", afirmou Niu ao "Financial Times", em entrevista concedida durante o primeiro encontro do G-8 sobre agricultura, que terminou na segunda-feira, na Itália. "Precisamos depender de nós mesmos", disse ele, nos primeiros comentários sobre o assunto feitos por um graduado formulador de política chinês.

Na condição de maior economia agrícola do mundo e de maior país consumidor e produtor de cereais, qualquer decisão tomada pela China sobre investimento em terras aráveis africanas teria vastas implicações. Niu rejeitou, porém, qualquer iniciativa nessa direção. "Estamos numa situação diferente da de outros países, como, por exemplo, a Coreia do Sul", ele disse.

A procura por terras agrícolas no exterior sinaliza a forma como alguns países estão buscando reforçar a sua segurança alimentar, depois da forte alta ocorrida nos preços das principais commodities agrícolas no ano passado. Além disso, restrições impostas ao comércio exterior os levaram a acreditar que não poderiam depender do mercado mundial de alimentos.

Os comentários da China foram feitos no momento em que o Banco Mundial dizia ao "Financial Times", à margem da conferência, que a instituição de fomento planeja divulgar um código de conduta para investimento em terras agrícolas no estrangeiro já no próximo mês.

O banco quer "evitar perigos imprevistos", no que uma autoridade do alto escalão do banco descreveu como uma nova tendência de investimento "bastante significativa".

Ao mesmo tempo, o braço das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (a FAO, na sigla em inglês), informou que convocará uma reunião para discutir o tema ainda este ano, possivelmente em julho.

Juergen Voegele, diretor do Banco Mundial para assuntos de Agricultura, disse à margem do encontro que o objetivo do banco ao publicar as diretrizes não é endossar ou criticar os acordos, mas "tentar ajudar os países [anfitriões] e os investidores a obterem os melhores benefícios".

Ele acrescentou que o Banco Mundial oferecerá orientação em sustentabilidade de longo prazo e sobre as implicações ambientais e sociais desses investimentos. "Este não é um tema preto e branco", disse ele, acrescentando que os acordos poderão servir de benefício mútuo para investidores e anfitriões.

Apesar de o tema não ter sido abordado no comunicado do final do G-8 agrícola, Hilary Benn, o secretário de Estado (ministro) do Reino Unido para assuntos de Ambiente, Alimentos e Questões Rurais, disse no encontro que a tendência constitui um sinal claro da gravidade da crise alimentar mundial.

segunda-feira, abril 20, 2009

Importar alimentos não basta, tem que ter controle da produção

Na edição de 15 de abril do Valor Econômico sairam duas reportagens sobre o mesmo tema: países procurando local para produção agrícola em outros países. Este tema também está presente em uma reportagem da edição de abril da Dinheiro Rural.

Nas reportagens do Valor, que encontrei no BrasilAgro e estão abaixo na íntegra, são comentados os projetos da Arábia Saudita e da Hyundai e na revista temos ainda o projeto de um grupo também sul-coreano que está investindo em Madagascar, o projeto do Catar em 40 mil hectares no Quênia, projeto chinês no Sudão e um dos Emirados Árabes Unidos na Indonésia. A figura abaixo resume estes projetos:


No fundo, o que todos buscam é a segurança na produção de alimentos. Isto só reforça a importância de nossa área agriculturável.

Arábia Saudita cria estatal para produção agrícola no exterior

A Arábia Saudita está alocando US$ 800 milhões numa nova companhia pública que investirá em projetos agrícolas no exterior, sinalizando um grande avanço nas tentativas sauditas de terceirizar o abastecimento das necessidades alimentares do país.

A provisão de recursos públicos, que se somam aos esforços do setor privado, para assegurar o suprimento de alimentos ocorre no rastro da crise dos alimentos do ano passado e da decisão saudita de reduzir progressivamente a produção interna de trigo para conservar recursos hídricos.

Abdullah al-Obaid, vice-ministro da Agricultura, disse que a nova estatal apoiará as empresas privadas sauditas investindo no exterior por meio de parcerias, com o propósito de reduzir a dependência do país nas importações.

"Alguns dizem: ´Porque vocês estão fazendo isso se já veem importando há muito tempo?´ Mas nós gostaríamos de assegurar [o suprimento de alimentos] por nós mesmos, esta é a questão", disse Al-Obaid ao "Financial Times".

O capital inicial de US$ 800 milhões seria um "primeiro estágio" e poderia ser incrementado. Richard Warburton, responsável pelo setor de agronegócios na consultoria britânica Bidwells, disse que esse fundo é "enorme no mercado atual de agro-investimento". "Conseguir efetivar as operações será extremamente desafiador nesta escala", disse.

A nova companhia pertencerá ao estatal Fundo de Investimento Público e será chamada Companhia Saudita para Investimento Agrícola e Produção Animal.

Rica em petróleo, a Arábia Saudita importa quase todos os alimentos que consome. O país estabeleceu um programa no ano passado para investir em agricultura no exterior, depois que importantes países exportadores de alimentos restringiram suas exportações. Segundo Obaid, o objetivo é acumular reservas estratégicas de arroz e trigo equivalentes a no mínimo três a seis meses de consumo.

A Arábia Saudita espera que o setor privado seja o principal investidor nos projetos no exterior, com o governo facilitando os acordos, oferecendo crédito, negociando acordos bilaterais e ajudando com infraestrutura.

O governo está elaborando uma "lista final" de pelo menos 20 países que recomendará às empresas sauditas, disse Obaid. As autoridades têm mantido contato com países da África, Ásia e Leste Europeu, bem como com Austrália e, recentemente, Argentina. O tamanho mínimo de cada empreitada seria de 50 mil hectares, disse.

O governo já havia decidido reduzir gradualmente a produção interna de trigo até 2016, depois de concluir que seu programa de cultivo, implantado no fim da década de 70, não era mais sustentável, considerando-se as finitas reservas de água do país desértico. A Arábia Saudita vinha produzindo 2,5 milhões de toneladas de trigo ao ano antes de começar a reduzir o plantio. Especialistas avaliam que neste ano o país importará aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de trigo, tornando-se um participante expressivo no mercado mundial de cereais.

Algumas empresas sauditas, que haviam começado a cultivar trigo no país, disseram que estão interessadas em produzir no exterior. Observadores, porém, questionaram o apetite do setor privado em se envolver, e o dinheiro do governo é considerado fundamental para o sucesso do programa.

O plano suscita o temor de que a Arábia Saudita e outros ricos países do Golfo Pérsico exportem a partir de países pobres na África, que sofrem escassez crônica de alimentos. Obaid tentou dissipar esse temor dizendo que, apesar de "grande parcela" da colheita ser exportada, os sauditas deixarão parte dos alimentos que produzirem no mercado local.

Hyundai compra terra para plantar na Rússia


O grupo de indústria pesada sul-coreano Hyundai anunciou ontem que planeja arrendar 50 mil hectares no extremo leste da Rússia, em mais um sinal de que Seul pretende assegurar o fornecimento de alimentos ao país com a produção agrícola no exterior.


Uma tentativa anterior dos sul-coreanos de fazer algo parecido - um plano da Daewoo de arrendar 1,3 milhão de hectares em Madagascar - naufragou recentemente depois que o governo da ilha foi derrubado e o novo presidente cancelou o projeto.


País densamente povoado, mas pobre em recursos naturais, a Coreia do Sul é o quarto maior importador de milho do mundo e um dos dez maiores compradores de soja. A Hyundai disse que pretende plantar milho e soja em terras russas e "ajudar os pecuaristas sul-coreanos a se livrar das repentinas variações de preços e da escassez de fornecimento".


A Hyundai disse que, como primeiro passo, adquiriu uma participação majoritária de 67,6% na Khorol Zerno, uma empresa agrícola russa que explora 10 mil hectares no extremo leste do país, por US$ 6,5 milhões. O conglomerado sul-coreano vai investir mais US$ 9 milhões para expandir a fazenda para 50 mil hectares até 2012. E planeja gerenciar o projeto diretamente, "mandado uma equipe permanente para o local".


A procura por investimentos em fazendas no exterior é um claro sinal de como os países estão tentando melhorar a segurança alimentar doméstica, depois da crise do ano passado, quando commodities como trigo e arroz alcançaram preços recordes e foram criadas barreiras comerciais criadas pelos países exportadores para garantir o abastecimento de seus próprios mercados domésticos.

domingo, abril 19, 2009

Comércio Mundial de Carnes tem queda devido à crise

A notícia abaixo publicada no Avisite mostra como a crise está afetando o comércio mundial de carnes. O que impressiona é a queda da carne bovina, setor muito importante para o Brasil:

Em 2009 caem as exportações mundiais das três carnes, diz USDA

Campinas, 17 de Abril - Pela primeira vez em mais de uma década, as importações mundiais das carnes suína, bovina, de peru e de frango apresentam, em um único ano, a mesma tendência: de declínio em relação ao ano anterior. A deterioração da situação econômica mundial, políticas restritivas de comércio, fortalecimento do dólar e mudanças nas condições de mercado estão entre as razões que devem determinar a queda de demanda em alguns dos principais países importadores de carnes.

A previsão é do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e sugere que em 2009 as importações mundiais de carnes podem ficar abaixo dos 20 milhões de toneladas (o estimado para 2008, entre os principais países importadores, foi 20,975 milhões de toneladas), recuando no ano cerca de 5,5% e mantendo-se ligeiramente acima dos 19,715 milhões de toneladas estimados para 2007.

A carne mais afetada pelo problema será a bovina, cujas importações podem decrescer mais de 13%. Para a carne suína está sendo previsto um recuo de 2,96%. Mas como as importações do produto já haviam caído também em 2008, a queda em dois anos pode chegar aos 6,87%, o que corresponderia ao menor volume negociado nos últimos cinco anos.

Influenciadas sobretudo pela Rússia (cujas importações representam 15% das importações mundiais), as compras de carne de frango pode recuar mais de 2%. Isso significa que o volume adquirido internacionalmente, da ordem de 7,732 milhões de toneladas em 2008, pode ficar em torno dos 7,555 milhões de toneladas, o que ainda significará acréscimo de 7,5% sobre os 7,025 milhões de toneladas de 2007.

A queda nas importações implica, naturalmente, na concomitante queda das exportações. Mas – detalhe importantíssimo – enquanto prevê que nos EUA as exportações recuarão mais de 10%, o USDA sugere que as exportações de carne do frango do Brasil podem aumentar cerca de 2%. É pouco, sem dúvida, mas é (na visão do USDA) o único País exportador em que as vendas externas de carne de frango tendem a crescer. Em um nível que elevaria a participação brasileira de 38,61% (2008) para 42,23% das exportações mundiais.

Algumas notícias sobre o milho

O milho é um dos cereais mais presentes em nossa vida, apesar de representar pouco nas exportações brasileiras, conforme pode ser visto no gráfico do post anterior.

Encontrei nos últimos dias, duas notícias interessantes sobre o milho. A primeira dela, encontrada no AviSite, dá conta que cerca de 80% do milho no Brasil vira carne, a segunda, do Portal do Agronegócio, é que a crise mundial vai favorecer o milho brasileiro.

Abaixo as duas notícias na íntegra:

No Brasil, 80% do milho vira carne

Curitiba, PR, 15 de Abril - Com base em informações da Associação Brasileira das Indústrias do Milho (Abimilho), os pesquisadores apontam que cerca de 80% de todo o milho produzido no Brasil foi consumido sob a forma de ração nos últimos anos, com pouco mais de 10% da produção total sendo destinada para uso industrial e para consumo humano direto, proporção que segue estável desde o início da década de 80. Mais da metade do milho destinado à alimentação animal vai para a criação de suínos e aves, que representam cerca de 30% da disponibilidade total de carnes no país. No período de 2001/02 a 2005/06, a avicultura consumiu, em média, 55% do total de milho destinado à alimentação animal, enquanto a suinocultura 37,1% e a pecuária bovina mais os outros animais apenas 9,3%.
(UBA / Jornal Gazeta do Povo).

Crise Mundial favorece milho brasileiro

Entre os principais produtores de milho mundiais, o Brasil é o que apresenta as melhores condições de aumentar as exportações.

Entre os principais produtores de milho mundiais, o Brasil é o que apresenta as melhores condições de aumentar as exportações e, consequentemente, sua participação no abastecimento internacional do grão. Esse foi o balanço do debate entre autoridades internacionais no assunto, que se reuniram no I Fórum Internacional da Economia do Milho, que aconteceu ontem (16) na AgroBrasília 2009.

Responsáveis por 40% do volume de milho produzido no mundo, os Estados Unidos não têm mais área livre para aumentar a produção, segundo dados do USDA apresentados no Fórum e já estão próximos ao pico de produtividade. A China, por sua vez, segundo produtor mundial, consome tudo o que produz e já começa a importar. Milhocultores da Argentina, outro tradicional exportador do grão, no momento, veem mais vantagens no cultivo da soja, o que está dificultando a ampliação da área cultivada com milho.

"Sobra o Brasil, que possui área, tecnologia e vontade do produtor", analisa Odacir Klein, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho). Segundo ele, falta apenas incentivo ao produtor brasileiro. "O produtor precisa de financiamento para plantar milho, e isso é resultado de políticas públicas que estimulem a milhocultura", defende.

Ao lado da entidade, estiveram presentes no Fórum a adido agrícola Estados Unidos na embaixada americana, Julie Morin, o pesquisador João Carlos Garcia, da Embrapa Milho e Sorgo, e Pablo Adriani, da AgriPAC Consultores SRL, da Argentina. De acordo com Morin, apenas entre 15% e 20% do milho americano são destinados à exportação, e esse cenário deve assim permanecer devido à crise.

Segundo Adriani, a crise mundial não afetou o consumo de alimentos. "O que diminuiu foi o consumo de automóveis, de petróleo e combustíveis, de telefones, de imóveis e de tecnologia. A necessidade de alimentos permaneceu, se não aumentou" , raciocinou. Em relação ao mercado de milho, segundo ele, a tendência foi a mesma, puxada sobretudo pela produção de etanol (especialmente nos EUA) e proteína animal.

João Carlos Garcia seguiu argumentação semelhante para explicar os principais destinos do milho brasileiro: frangos e suínos. Para ele, o país precisa integrar o que há de melhor em logística, armazenamento, distribuição e tecnologia para garantir a qualidade do milho e custos competitivos. "O próximo passo da produtividade é a tecnologia", afirmou.

"Milho é um insumo fundamental praticamente em todo o mundo", completou João Carlos Werlang, presidente institucional da Abramilho e um dos idealizadores da feira. "Existe demanda interna e externa para o milho brasileiro. A crise não afetou essa demanda, mas trouxe a dificuldade de financiamento, e é isso o que devemos solucionar", concluiu. As informações são da assessoria de imprensa da Abramilho.
(Agrolink)

Análise das principais commodities - 1º Trimestre

Para entender um pouco mais o comportamento das principais commodities do agronegócio brasileiro, será realizado um procedimento muito semelhante ao realizado com as ações das empresas, porém a idéia é monitorar algumas commodities (açúcar e álcool, boi, café, milho e soja) e criar um índice Commodity.

Os dados referentes ao final do ano passado são tomados como índice igual a 100, e todos os demais valores coletados diariamente são calculados a partir deste índice.

Para obter um valor para o chamado Índice Commodity, foi obedecido o valor relativo de cada commodity nas exportações brasileiras, valores relativos ao fechamento do ano passado e obtidos no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:


IC = 0,48* Média Soja + 0,21 * Média Sucro + 0,14* Média Boi + 0,13* Média Café + 0,04* Média Milho

O gráfico abaixo mostra os valores absolutos das exportações de cada setor em bilhões de dólares:

As características dos mercados considerados para cada uma das commodities encontram-se abaixo:

Soja

As duas cotações da soja são da BM&F, contrato cotado em US$/saco 60 kg e da Chicago Board of Trade (CBOT) cotado em US$ por bushel. A ponderação adotada é 50% para cada cotação.

Sucro

O indicador Sucro é composto por açúcar e álcool. A ponderação entre açúcar e álcool é de 30% para álcool e 70% para o açúcar.

Açúcar

O mercado do açúcar é dividido em mercado interno e externo. As cotações do mercado interno são formadas pelo contrato da BM&F açúcar cristal 150 cotado em US$/saca de 50 kg e cotação CEPEA de açúcar cristal em R$/saca de 50 kg com imposto posto usina, enquanto que no mercado externo temos o contrato Sugar #5 da London Futures Exchange cotado em U$ por tonelada e pelo contrato Sugar#11 da ICE (IntercontinentalExchange) em Nova Iorque (antiga NYBOT) cotado em centavos de U$ por libra peso. A ponderação adotada foi de 1/3 para o mercado interno e 2/3 para o mercado externo

Álcool

O álcool será avaliado apenas pela cotação ESALQ de álcool hidratado em R$ por litro posto usina. Estes valores são semanais e não diários.

Boi

As cotações do mercado de boi foram obtidos, devido ao entendimento de que bois são diferentes em mercados diferentes, somente nos mercados internos. Os valores adotados foram do contrato da BM&F cotados em R$ por arroba e os dois indicadores ESALQ/BM&F referentes ao setor: Indicador Boi cotado também em R$ por arroba e o Indicador Bezerro cotado em R$ por unidade. Como valor médio, considerou-se a média simples entre eles, ou seja, 1/3 para cada ítem.

Café

O café foi analisado no mercado interno e nos mercados internacionais, sendo que a cotação interna obtida foi da BM&F cotada em US$ por saca de 60 kg. Nos mercados internacionais foram considerados a London Futures Exchange com cotação em US$ por tonelada e em Nova Iorque no ICE (IntercontinentalExchange - antiga NYBOT) cotado em centavos de U$ por libra. Assim como no caso do boi, a média será média simples.

Milho

As duas cotações do milho são as mesmas da soja, ou seja, BM&F, contrato cotado em R$/saco 60 kg e da Chicago Board of Trade (CBOT) cotado em US$ por bushel. A ponderação adotada também é a de 50% para cada cotação.


A seguir o gráfico com os valores médios diários para cada commodity e o Índice Commodity durante os meses de janeiro a março:

Analisando o gráfico acima, podemos verificar que somente o setor sucro teve crescimento, apesar de mostrar queda no final do mês de março. O café teve um pico em janeiro com grande queda e uma recuperação no final do período, o mercado de boi manteve-se estável, a soja teve um crescimento no início seguido por uma queda, mas fechando o período próximo de 100 e o milho teve o pior desempenho de todos, sempre com valores muito menores que os demais, por isso o indice commodity teve desempenho positivo na 1ª metade do período seguido por desempenho negativo na 2ª metade, fechando próximo de 100.

Tomando-se como base os valores da médias mensais, gráficos a seguir, podemos entender o comportamento descrito no parágrafo anterior.



No setor sucro, o açúcar teve um crescimento que não impactou de maneira mais forte na média do setor devido à queda do álcool. A maior recuperação entre todas os mercados encontra-se no setor sucro e trata-se das cotações de açúcar do CEPEA, que recuperaram os baixos valores do ano passado,

Para o boi, verificou-se pouca variação, sempre permanecendo abaixo dos valores do início do ano.

O milho e soja tiveram comportamento semelhantes nos dois mercados, BM&F começa melhor que a CBOT mas ambos tem queda durante os meses, porém com o milho sempre com valores inferiores ao da soja.

No café, o mercado que teve mais variação foi o mercado de Londres que teve um pico em janeiro porém com grande queda nos outros meses. Tanto Nova Iorque quanto São Paulo tiveram desempenho muito próximo.

Com relação ao Índice Commodity, podemos verificar que teve uma queda durante os três meses e apesar disso manteve-se ligeiramenteo positivo, fechando o trimestre em 103,2.

terça-feira, abril 14, 2009

Jogo online de colhedoras

No site Agriculture Online, encontrei um divertido, porém simples, jogo online onde você simula a operação de colheita. O jogo chama-se Combine Combat e pode ser acessado clicando aqui.

Apesar de bem simples é interessante. Consiste em realizar a colheita de vários campos concorrendo contra outra colhedora. Abaixo uma tela do game:

domingo, abril 12, 2009

Ações do Agronegócio - Análise do 1º Trimestre

Dando continuidade á comparação das ações recomendadas pela Exame com outras escolhidas por mim devido à sua importância ao agronegócio brasileiro (ver postagens Ações do agronegócio recomendadas pela Exame e Ações recomendadas pela Exame - Análise Final, resolvi incrementar a análise e compará-las com o desempenho das dez principais empresas do agronegócio americano citadas na postagem Ações do agronegócio também caem em Wall Street .

Assim como realizado no ano passado, a comparação é feita tomando-se como base os valores de fechamento de cada ação no final do ano passado. Este valor foi adotado como sendo igual a 100.

A partir daí, coleta-se diariamente os valores de fechamento das ações e dos índices (Índices Bovespa e Dow Jones Industrial Médio (DJIA)) e calcula-se o valor relativo ao valor inicial.

A análise é feita por mercado, ou seja, as ações da Bovespa serão comparadas ao Ibovespa enquanto que as ações americanas ao Dow Jones.

O valor médio de cada grupo de ações, Exame, Agronegócio Brasil e Agronegócio NY é dividido pelo índice correspondente ao mercado, obtendo-se assim os índices IExameAgro, IAgroBovespa e IAgriNy.

As ações foram divididas segundo os grupos:

  • ExameAgro - Ações recomendadas pela Exame no início do ano passado (Aracruz, Perdigão, Sadia e SLC Agrícola);

  • AgroBovespa - com as demais da Bovespa (Cosan, São Martinho, Souza Cruz, JBS Friboi, Marfrig, Klabin, Suzano e VCP);

  • AgriNY - com as 10 principais empresas americanas (ADM, PepsiCo, Kraft Foods, International Paper, Weyerhaueser, Sara Lee, ConAgra, General Mills, Smithfield Foods e Dean Foods).

O indicador expressa o comportamento relativo das ações de cada grupo perante o seu mercado de referência. Quanto o valor é maior que 100, o conjunto de ações teve desempenho superior ao mercado. Em situações de pior desempenho, o resultado é menor do que 100.

Além disso, será realizada uma análise do valor médio mensal de cada ação.

A análise será realizada de forma trimestralmente e para o primeiro trimestre verificamos que o único índice que manteve-se perto de 100 foi o IAgriNY, enquanto que o IExameAgro apresentou queda constante chegando a valores perto de 77 no final do período. O IAgroBovespa também teve queda constante, porém o valor no final do período foi próximo à 85.

Isso aconteceu devido ao melhor desempenho do Ibovespa quando comparado ao Dow Jones. O Ibovespa sempre se manteve acima de 100 e terminou o período com quase 10% de ganho, chegando a 15% em alguns momentos. O Dow Jones apresentou queda chegando a um valor mínimo de 75, mas recuperou-se e fechou próximo de 87.

Considerando o desempenho absoluto, o AgroBovespa foi o melhor dos três, conforme podemos verificar nas figuras abaixo:


Analisando o desempenho das ações na Bovespa (figura abaixo), podemos verificar que a São Martinho obteve desempenho superior ao Ibovespa (ver notícia abaixo publicada na Gazeta Mercantil de 07 de abril) enquanto que a Sadia, Aracruz e Klabin encontram-se em queda.
Para o mercado americano (figura abaixo), a International Paper (IP) e Smithfield Foods (SFD) perderam parte considerável do seu valor enquanto que as demais tiveram desempenho muito semelhante ao Índice Dow Jones Industrial Médio. Vale a pena comentar o desempenho da Dean Foods (DF) que teve crescimento de seu valor em todo o trimestre.
Portanto, como conclusão geral, podemos comentar que no mercado brasileiro, a melhor ação do agronegócio foi a São Martinho e que o Ibovespa teve um desempenho superior à média das ações dos dois grupos (ExameAgro e AgroBovespa), porém as ações do AgroBovespa tiveram rendimento superior ao outro grupo (veja notícia na sequência). Com relação ao mercado americano, o Dow Jones Industrial Médio teve um desempenho negativo que foi seguido de perto pelas ações do agronegócio e a única excecão, com crescimento, foi a Dean Foods.

São Martinho e Fosfertil subiram mais na Bolsa

A São Martinho e a Fosfertil foram as únicas empresas do agronegócio listadas na BM&F Bovespa a ter valorização acima do Ibovespa em 2009. Os papéis da usina sucroalcooleira tiveram alta de 38% até ontem, e a de fertilizantes, de 33,84%. O índice da bolsa (que mede o desempenho das empresas que somam cerca de 80% dos negócios na BM&F Bovespa) teve valorização de 17,62%. De forma geral, as que estão com desempenho mais positivo, apresentaram, ou redução do endividamento, ou têm menor compromissos no curto prazo.

A perspectiva de que neste ano os produtores de grãos devem compensar a economia que fizeram em fertilizantes na safra passada está ajudando a sustentar os papéis dessas empresas. De acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), no ano passado os produtores brasileiros consumiram 8,9% menos adubo em suas lavouras por conta do alto custo do insumo, que chegou a dobrar de preço, puxado pela elevação das cotações do petróleo em 2008. Foram 22,4 milhões de toneladas vendidas no ano passado, ante 24,6 milhões de toneladas do ciclo anterior, segundo a Anda. "Agora, os preços recuaram, assim como os do petróleo, e o menor uso de 2008 deve ser compensado em 2009", diz Peter Ping Ho, da Corretora Planner. Isto indica, segundo ele, um cenário favorável para as indústrias deste setor, que também devem ser beneficiadas com o recuo do dólar.

A Fosfertil reportou em 2008 um lucro líquido de US$ 436 milhões, ante os US$ 234 milhões de 2007. A companhia também ostenta uma relação de dívida com geração de caixa favorável neste momento de falta de liquidez no mercado. No ano, o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,4 bilhão em 2008, enquanto a dívida total bruta é de R$ 25 milhões. A outra companhia do setor listada na bolsa, a Fertilizantes Heringer, também apresenta valorização em seus papéis neste ano (1,12%), mas bem abaixo dos níveis da concorrente.

A estimativa de preços mais altos para açúcar neste ano, com o déficit na produção indiana, e a perspectiva de continuidade de investimentos em energia renovável reforçada no último encontro do G-20, também reanimou o interesse dos investidores pelas ações desse setor. Além da São Martinho, cujas ações sairam de R$ 9,16 no último dia de dezembro, para R$ 12,65 ontem, também tiveram bom desempenho os papéis da Cosan. A alta no período foi de 14,23%.

As empresas do setor sucroalcooleiro ainda não divulgaram seus balanços referentes ao quarto trimestre da safra 2008/09. Mas, ao final do terceiro trimestre, a Cosan tinha uma dívida líquida de R$ 4,2 bilhões, dos quais 35% no curto prazo. A São Martinho, que somava no mesmo trimestre uma dívida líquida de R$ 998 milhões, tinha R$ 403 milhões (40%) de curto prazo.Já as ações da Açúcar Guarani, a única do setor a acumular desvalorização (- 3,9%), apresentou em seu terceiro trimestre, uma dívida líquida de R$ 1,2 bilhões (incluindo os US$ 220 milhões aportados por seu controlador), sendo 49% (R$ 588 milhões) de curto prazo, o maior percentual entre as suas concorrentes listadas na bolsa. "Este setor vem sendo bem sustentado pela menor produção na Índia que deve deixar os preços entre 12 centavos e 14 centavos de dólar por libra-peso. Isso deve trazer mais equilíbrio ao mercado de álcool, uma vez que a tendência é de as usinas aumentarem a produção de açúcar", diz Ping Ho.

Apesar da queda nas exportações de carnes, algumas empresas deste setor conseguiram se destacar. Entre as indústrias de proteína animal, a maior alta ficou com o JBS Friboi, cujos papéis acumulam valorização de 12,9% e o Marfrig (4,26%). Já o Minerva, que divulgou prejuízo de R$ 215 milhões em 2008 - teve queda de 1,62%. O Minerva apresentou estar no quatro trimestre com uma dívida líquida equivalente a seis vezes seu Ebitda, relação que era de 3,2 vezes no trimestre anterior.

Denise Messer, da Corretora Brascan, explica que é evidente que o setor todo vem apresentando dificuldades por conta do cenário internacional recessivo, mas que o mercado conseguiu olhar para cada uma das empresas e diferenciar. "O JBS fez um bom trabalho ao reduzir seu endividamento. Isso foi muito positivo. Acredito que o mercado está dando mais importância para o nível de dívidas na hora de avaliar uma companhia, do que antes da crise", acrescenta Denise.

No balanço do quatro trimestre de 2008, a JBS informou que conseguiu reduzir a relação dívida líquida com ebitda de 3,74 vezes em 2007 para 1,95 vezes em 2008.

Além disso, segundo Ping Ho, o mercado avalia que o efeito positivo do câmbio sobre a receita da JBS, que é 80% gerada em dólar, será maior do que em outras empresas do setor. "As outras empresas têm mais foco no mercado interno e estão sendo penalizadas com o direcionamento da produção ao mercado doméstico e essa consequente redução nos preços", avalia Ping Ho.

quinta-feira, abril 09, 2009

Petrobras desmente interesse na Cosan

Vejam abaixo a resposta dada pela Assessoria de Comunicação da Petrobras ontem sobre o interesse da empresa na Cosan publicado no site da empresa:

Esclarecimentos sobre Cosan

Rio de Janeiro, 08 de abril de 2009 – PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS, [Bovespa: PETR3/PETR4, NYSE: PBR/PBRA, Latibex: XPBR/XPBRA, BCBA: APBR/APBRA], uma companhia brasileira de energia com atuação internacional, em esclarecimentos às matérias veiculadas nos últimos dias na imprensa sobre a possibilidade de compra da Cosan, esclarece que não existe nenhuma negociação em curso para aquisição da Cosan pela Petrobras.

Seguindo sua política de divulgação de informações e respeitando a legislação vigente, a Petrobras irá comunicar ao mercado decisões que são do interesse dos acionistas e investidores.

quarta-feira, abril 08, 2009

Petróleo e Etanol, onde isso irá chegar?

Aproveitando o tema da postagem anterior, encontrei na Edição nº 100 do IdeaNews, duas reportagens sobre o tema. A primeira é sobre este relacionamento e a segunda é sobre a compra da Esso pela Cosan. As duas reportagens podem ser obitdas na íntegra clicando aqui e aqui.

Vale a pena lembrar que a BP já iniciou suas atividades no etanol e que a Petrobras também produz biodiesel.




Mudanças climáticas, proximidade do fim das reservas de petróleo, baixa dos preços do barril. Observados pelo mundo, como convivem o óleo negro e o combustível que vem da cana? Cosan, Petrobras e outras petrolíferas já marcam posição nesse jogo de estratégias.

Clivonei Roberto

No Brasil existe uma falácia de que tudo entra nos eixos depois do Carnaval. Só depois da Quarta-Feira de Cinzas que as coisas começam a acontecer. É difícil dizer se é bem assim. Tanto que se as usinas de açúcar e álcool começassem a se mexer depois do feriado carnavalesco, o que seria da fase de plantio dos canaviais, da manutenção da indústria, dos cálculos e conjecturas para a próxima safra? Na Segunda-Feira de Carnaval, dia 23 de fevereiro, enquanto a folia corria solta pelo Brasil afora, a crise econômica continuava fazendo seus estragos ao redor do globo.

A Bolsa de Nova York caía 3,41%, jogando o índice Dow Jones ao seu pior nível em doze anos. É que pairavam no ar as dúvidas sobre o sistema bancário norte-americano. Tanto na Bolsa de Nova York como na de Londres, depois de uma leve recuperação nos dias anteriores, a cotação do barril de petróleo registrou queda: US$ 38,44 e US$ 40,99 respectivamente. Reflexo da preocupação com uma superoferta, decorrente da crise, e de uma eventual redução da produção da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo).

O setor sucroalcooleiro também não teve muitos motivos para cair na folia. Para o empresário Maurílio Biagi Filho, da Maubisa, a crise que aflige a agroindústria canavieira vai depurar e trará consequências. Motivo de preocupação. Mas, para ele, essa fase é passageira. “É que os fundamentos do setor são excelentes. Uma empresa entra em crise por falta de demanda, mas não temos problema de demanda. Nossos produtos são muito demandados. O consumo do etanol está em alta.” Apesar disso, “a única coisa negativa são os preços do petróleo”, diz Biagi.

A queda do preço do barril de petróleo tem exigido atenção dos empresários, executivos e analistas do setor. No entanto, o empresário da Maubisa acredita que o atual patamar do barril não se sustente e o preço tende a subir. Mas até que ponto o petróleo influencia o setor sucroalcooleiro, mais especificamente o etanol? A desvalorização do petróleo, segundo o economista Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado, está causando um certo adiamento dos investimentos em etanol.

Parece haver algum consenso no meio industrial de que a crise econômica atual e os baixos preços do petróleo são temporários. “Tão logo ela passe, a demanda por commodities voltará e isso implicará em aumento da demanda de etanol novamente. Dessa forma, ninguém está cancelando projetos ou investimentos de forma definitiva. Ficou quase tudo em modo stand by ou sendo tocado de forma lenta.” Biegai lembra que alguns casos são mais complicados porque certos agentes financiadores de base desses projetos simplesmente desapareceram do mercado.

“Eram engrenagens importantes no mercado de crédito internacional e evaporaram. Mas estas engrenagens serão trocadas por outras e a máquina de crédito voltará a liberar recursos mais à frente. É só a poeira baixar nos próximos meses.” A crise internacional e a baixa do preço do petróleo tende a atrasar um pouco o processo de commoditização do etanol. “Não é segredo que o etanol tem grande apelo quando o preço do petróleo está alto.

Com petróleo perto de US$ 40,00/barril, a motivação para comprar etanol é menor no mercado externo. Mas isso é um problema mais de curto prazo.” Para ele, a recuperação da economia fará com que o etanol volte a ser lembrado com mais ênfase do que antes. “O processo de commoditização é irreversível. Vai acontecer. Só resta saber sobre quais moldes.”

Os preços

Ao falar sobre o comportamento dos preços do barril do petróleo nos últimos doze meses, Biegai destaca que o óleo negro, por ser uma commodity cotada em bolsa de mercadorias (como a NYMEX, de Nova York, ou a ICE, de Londres), tem seus valores definidos por contratos futuros que representam uma expectativa de oferta e demanda para determinados vencimentos. Portanto, as cotações são antecipadas pelo mercado.

“A expectativa vigente no primeiro semestre de 2008 era de forte consumo e demanda insuficiente. Além disso, o dólar valia 30% a menos do que hoje. Então, lá em maio de 2008 o barril chegou a ser cotado a US$ 150,00 para o vencimento em março de 2009. Depois disso, as projeções de consumo desabaram por conta da crise econômica e o dólar valorizou muito (30%), jogando o barril para cerca de US$ 40,00.” Portanto, pode-se dizer que nos últimos doze meses o preço do barril do petróleo acompanhou a variação do dólar.

“Ocorre que o barril é cotado em moeda norte-americana. Assim, o barril tem que sofrer aumentos nominais no seu preço em dólares para manter equilibrada a oferta e a demanda mundial. O mesmo é válido quando ocorre uma valorização generalizada do dólar”, relatam a economista Amaryllis Romano e o analista Walter de Vitto, da Tendências Consultoria. Explicam ainda que, em 2008, o dólar apresentou dois movimentos distintos.

Até julho, o dólar sofreu fortes desvalorizações frente à maioria das moedas, causando o forte aumento do petróleo observado no período. A partir de julho, ocorreu a reversão do comportamento da moeda norte-americana, que passou a sofrer fortes valorizações frente às demais moedas. Com isso, desde então, o barril apresentou quedas consecutivas.

A oferta de petróleo foi recuada artificialmente pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), mas mesmo assim isso não foi suficiente para manter os preços em patamares acima de US$ 60,00/barril. “Ou seja, a queda forte é explicada na maior parte pela retração da demanda, e em menor parte pela valorização do dólar”, diz Biegai.

O consultor da Safras & Mercado lembra que os preços das commodities têm natureza cíclica. O preço alto desestimula o consumo e expande a oferta. “Em algum momento a balança inverte, derrubando os preços. Mais à frente, os preços baixos estimulam a demanda e inibem a oferta, o que causa a reversão da tendência. Sempre foi assim”, explica. Amaryllis e Vitto lembram que, até meados do ano passado, a perspectiva era de manutenção de fortes taxas de crescimento econômico.

Porém, a quebra do Banco Lehman Brothers em setembro precipitou a reversão de expectativas quanto ao futuro da economia global e à demanda por petróleo. “Atualmente, com a moeda norte-americana estável, o mercado de petróleo vem refletindo a perspectiva de fraco desempenho econômico mundial em 2009.”

Quanto ao petróleo, há uma agravante de longo prazo que é a disponibilidade limitada. As reservas não são renováveis. Isso quer dizer que o preço do petróleo terá novos ciclos de alta e novos ciclos de baixa. No entanto, os fundos de preço tendem a ser ascendentes. Biegai lembra que, nas últimas décadas, o “fundo do poço” do preço do petróleo sempre tem sido mais alto do que o anterior.

O comportamento continuará sendo cíclico, com altos e baixos, mas numa linha mestre de longo prazo apontando pra cima. Para Amaryllis e Vitto, o mais provável é que o barril continue operando em patamares baixos nos próximos meses. “Alguma recuperação é esperada até o final do ano com o início, em julho, do período de maior demanda sazonal pela commodity. Nossas projeções para 2009 apontam para um preço médio de US$ 55 o barril.”

Retorno à normalidade

Em julho de 2008 a cotação do barril de petróleo chegava perto dos US$ 150,00. Mas despencou com a crise, oscilando na casa dos US$ 30,00 desde dezembro do ano passado. Segundo Biegai, mesmo com a turbulência financeira internacional, o preço do petróleo vem se mantendo em uma linha ligeiramente superior àquela que teoricamente viabiliza a competitividade da produção de etanol a partir da cana-de-açúcar frente à gasolina.

Esta linha estaria entre US$ 35,00 e US$ 40,00/barril para o petróleo. “Ao menos dentro do Brasil, onde a produção de etanol ainda tem um imenso potencial de aumento de consumo a preços competitivos.” Em entrevista para a Revista Idea News, Alan Kardec, Presidente da Petrobras Biocombustível, frisa que a produção do etanol a partir da cana-de-açúcar é compatível com o preço do barril de petróleo a US$ 40.

“O preço do petróleo somente está nesses patamares em função da crise econômica pela qual o mundo está passando. No momento em que a economia mundial retornar à situação de normalidade, o preço do petróleo voltará a subir e se estabilizará em patamares superiores aos de hoje.” Já para o etanol de milho ser viável, o valor do barril precisa ser cotado por, no mínimo, US$ 60,00.

“Se a perspectiva de cotação do barril manter-se na faixa de US$ 50, podemos considerar que em termos de viabilidade econômica o etanol de cana é o único sobrevivente”, diz Marco Antônio Conejero, economista, especialista em marketing industrial e agroenergia, e analista do Centro de Pesquisa e Projetos em Mar-keting e Estratégia (Markestrat). Nesse cenário, Biegai ressalta que a queda do preço do petróleo tem efeitos mais visíveis e imediatos na exportação de etanol, que é um componente importantíssimo do quadro de demanda.

Mas não é o mais importante. “O item mais importante no quadro de demanda é o consumo interno, principalmente no potencial existente na alcoolquímica e nos veículos pesados. Sem esquecer os veículos leves.” O atual patamar do petróleo, com o agravante da crise, deve segurar um pouco o etanol, mas a médio e longo prazo, na opinião de Conejero, a situação deve mudar.

“No contrário, não teria motivos para a Petrobras criar sua própria subsidiária especializada em biocombustíveis. Ou mesmo a joint venture da BP (Beyond Petroleum, Grupo Maeda e Santelisa Vale) ou o investimento global que vem sendo feito pela Shell no desenvolvimento do etanol celulósico”, dispara.

O que também conta na hora de dizer se vale a pena continuar investindo nos biocombustíveis, mesmo com a baixa dos preços do óleo negro, é a questão ambiental. Campo em que as rápidas mudanças climáticas têm ganhado cada vez mais peso, na avaliação dos analistas da Tendências Consultoria.

Petrobras

No final de janeiro deste ano, o presidente da Petrobras Biocombustível anunciou que a empresa, criada em 2008, vai investir pesado no ramo. O novo plano da empresa prevê investimentos de US$ 2,8 bilhões para o período 2009/2013, dos quais destinará US$ 2,4 bilhões para produção e US$ 4 bilhões para infraestrutura, mais especificamente para a construção de alcooldutos. O plano anterior, apresentado em meados do ano passado, previa investimentos totais de US$ 1,5 bilhão até 2012.

Do novo plano, 9% dos investimentos irão para o exterior, especialmente para América do Sul, África e Portugal. Mas a Petrobras não é uma empresa do ramo petrolífero? Por que anuncia investimentos em biocombustíveis, ainda mais em tempos de crise? Para Conejero, o mercado precisa de diversidade, competição e benefícios ao consumidor final. O etanol, seja ele do caldo ou do bagaço da cana, é o combustível do futuro, junto com a energia solar e eólica. Mas isso requer investimentos.

Se a Petrobras Biocombustível vem somar no intuito de aumentar a base de produção de etanol no Brasil, qual é o problema?” Para Biegai, o petróleo é e continuará sendo o principal nicho da Petrobras. Mas ela precisa se precaver para mudanças estruturais do mercado nos próximos anos ou décadas. “No futuro, talvez a Petrobras não retire mais nenhuma gota de petróleo e seja uma fornecedora de hidrogênio.

E antes disso pode ser que seja uma fornecedora de gás natural, biocombustíveis de terceira geração e energia eólica. Isso só saberemos no futuro, mas é fundamental que todos os caminhos estejam abertos.” O analista da Safras & Mercado lembra que, antes do advento do “Pré-sal”, a Petrobras tinha petróleo suficiente para atender a demanda brasileira por mais 18 anos.

Agora essa conta pode ser multiplicada caso encontrem formas economicamente viáveis de extrair esse petróleo leve, que está a vários quilômetros de profundidade. Mas é bem mais provável que a tecnologia avance de forma mais rápida na formação de melhorias genéticas em cultivares que possibilitem produção de biocombustíveis mais baratos. O Brasil pode até exportar razoáveis volumes de petróleo daqui a uns dez anos.

Mas haverá uma grande demanda de biocombustíveis no Brasil e no mundo nos próximos anos. “E a Petrobras é talvez a única empresa petroleira do mundo que tem conhecimento real, efetivo e prático de produção e distribuição de grandes quantidades de biocombustíveis e de todos os seus canais de comercialização, inclusive com alcooldutos. Esse background precisa ser aproveitado”, analisa Biegai.

Para Conejero, assim como é positiva a entrada de petrolíferas no negócio biocombustíveis, também se pode falar o mesmo quando é feito o caminho contrário: usinas buscando espaço na distribuição de etanol. Sob esse ponto de vista, a aquisição da Esso do Brasil pela Cosan é um avanço importante, mas o setor precisa de modificações estruturais.

Na avaliação de Conejero, o governo deve rever as regras que amarram a distribuição de combustíveis e facilitar a vida das usinas que querem vender o seu etanol, evitando bitributação e passeio do produto. “Pode-se pensar que isso até melhoraria o preço da tonelada de cana que é oferecida ao produtor rural, melhorando a sua renda final.” (Análise sobre o assunto na matéria Tacada de Mestre)

Empresa de energia

O Presidente da Petrobras Biocombustível salienta que a Petrobras não produz etanol hoje, embora comercialize e já seja grande exportadora. “O projeto da companhia com a criação da Petrobras Biocombustível é participar em toda a cadeia produtiva do etanol. É de participar em projetos de produção de etanol com produtores nacionais e empresas internacionais que ofereçam mercado exportador.”

Segundo ele, esses projetos também preveem a produção de eletricidade a partir do bagaço da cana-de-açúcar. “A Petrobras Biocombustível, assim como o parceiro internacional, terá participação minoritária relevante no empreendimento. Caberá ao parceiro nacional, que será majoritário, a condução e a operação dos projetos”, diz Kardec. “A Petrobras é uma empresa de energia”, resume o presidente da Petrobras Biocombustível.

“O petróleo é um recurso finito. Há uma necessidade mundial de diversificação da matriz energética altamente dependente do petróleo por questões de segurança energética e ambiental”, diz Kardec, reforçando que os biocombustíveis são hoje uma das melhores alternativas nesse movimento de diversificação da matriz energética e contribuem com a redução dos gases causadores do efeito estufa. “É também uma maneira de a Petrobras cumprir com a sua responsabilidade social e ambiental.”

Interesse das petrolíferas

Mas se os biocombustívieis são um bom negócio para a Petrobras, onde estão as outras petrolíferas? As grandes companhias de petróleo ainda não anunciaram investimentos maciços na atividade porque o negócio petróleo ainda é muito mais lucrativo do que o negócio etanol. “Qual é o negócio que tem um custo unitário de produção de US$ 10 na média e cuja unidade era vendida a US$ 140 alguns meses atrás?”, indaga Conejero.

“As petrolíferas veem ensaiando a entrada no negócio dos biocombustíveis, mas ainda não conseguem tirar o pé e investimentos do ramo do petróleo”, acrescenta. Na avaliação de José Dirlei Marcello, gerente de Planejamento e Mercado da Sociedade Corretora de Álcool, os biocombustíveis são uma parte ínfima do negócio e não geram lucros como os combustíveis fósseis, mas isso deverá mudar no futuro, pois o fator meio-ambiente prevalecerá.

“Não sei se elas entrarão no negócio produzindo porque não dominam a técnica ou se entrarão somente na área de distribuição. Para as grandes companhias é necessário escala e se ficarem apenas na distribuição podem ficar refém do fornecedor”, sublinha Marcello. Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), não acredita que as companhias petrolíferas estejam adiando seu ingresso nesse segmento.

“Já existe uma movimentação grande.” Segundo ele, existe desconfiança e falta conhecimento. “O pessoal escolhe a melhor hora para entrar, mas já teve o investimento do Grupo Cosan em distribuição, da ABB com o Grupo Santelisa, entre outros exemplos”, pontua Jank, revelando, no entanto, que tem dúvida até que ponto uma petrolífera pode ser eficiente na produção de cana por não ser este o business clássico dela.

“Mas a parceria e a cooperação vão acabar existindo.” Executivo do Grupo USJ, Igor Montenegro Celestino Otto ressalta que o segmento em que as companhias petrolíferas atua é muito bom. “Você produz petróleo no Oriente Médio a US$ 4,00/barril e vende a U$ 40,00. No Brasil, o custo é mais caro porque o petróleo está em águas profundas. Mesmo assim, o custo de produção está em torno de US$ 16,00/ barril.

A margem de lucro da companhia brasileira de petróleo continua sendo muito boa.” Portanto, o petróleo é um negócio excelente e que já é inteiramente dominado por estas companhias – da extração do óleo até a bomba de combustível. No entanto, com o etanol é diferente. “As petrolíferas terão muito mais trabalho, mais exposição, mais riscos e menos lucros.” Destaca ainda que, na média histórica, as margens de lucro do etanol são muito apertadas, o que gera um ambiente de negócios muito diferente para as petrolíferas.

“Então, enquanto as companhias de petróleo estiverem tranquilas em sua zona de conforto, vão continuar fazendo discursos e campanhas de marketing a favor da mudança da matriz energética para as energias renováveis, mas continuarão reinvestindo seus lucros no negócio principal e originário que é o petróleo.” Para Amaryllis e Vitto, a indisponibilidade de matéria-prima e de expertise locais na produção de biocombustíveis são os maiores entraves a uma maior adesão das empresas de petróleo ao ramo de biocombustíveis.

“A viabilidade econômica também é um problema em vários países.” Diferente é o caso da Petrobras que é amplamente beneficiada pelo cenário nacional, “pois o etanol já é realidade brasileira há décadas, onde há know-how e condições propícias de produção de cana-de-açúcar”.

Da parte das companhias petrolíferas internacionais, para as quais teoricamente o combustível renovável seria um concorrente do petróleo, “não existe no mundo um ‘complô’ contra o etanol brasileiro, mas sim uma preocupação das outras nações em substituir o monopólio dos produtores de petróleo pelo monopólio brasileiro na produção de etanol”, afirmam Amaryllis e Vitto.

“A commoditização do etanol certamente passa por uma diversificação de origens do produto, que atualmente só conta com produções em larga escala no Brasil e nos EUA, onde é feito de milho.” Mas as grandes companhias de petróleo já estão olhando para os biocombustíveis ao redor do mundo. Antes da crise, algumas das petrolíferas internacionais anunciaram investimentos na área.

Principalmente as petrolíferas europeias e notadamente quando o petróleo estava a mais de US$ 100,00/barril. “Estes projetos estão em marcha lenta ou em stand by, esperando algumas engrenagens do setor voltarem a rodar. Mas certamente não estão esquecidos”, afirma Biegai. A possibilidade de investimento da Shell em uma usina que a Cosan está construindo em Jataí, GO, é prova disso.

E movimentos como esse podem tornar-se uma tendência. “É questão de tempo. Este processo só não está acelerado porque o segundo semestre de 2008 desestimulou muitos investimentos”, comenta Biegai. Mas ele não tem dúvida que o setor sucroalcooleiro verá muita movimentação em breve.

“Ouço falar em comentários entre operadores e traders que um grande grupo internacional deve fazer aquisições agressivas no mercado brasileiro nos próximos meses.” Agora que o Carnaval passou e vamos chegando a março, tomara que de fato a economia global volte ao compasso do crescimento sustentável. E essa última palavra merece ser grifada. Que a crise deixe os holofotes de lado, saia da passarela e dê lugar à normalidade. Isso vale inclusive para a cotação do petróleo e o entusiasmo acerca dos biocombustíveis.



A aquisição da Esso pela Cosan marca o avanço do setor sucroalcooleiro em direção ao segmento de distribuição. Embora traga desafios, esta estratégia pode trazer benefícios na cadeia de valor. Afinal quem não reclama que as maiores margens são das distribuidoras?
Clivonei Roberto


Em abril de 2008, um anúncio de compra gerou muito interesse do setor sucroalcooleiro. Já em dezembro do ano passado, a negociação se consolidou. A Cosan concluiu a aquisição da Esso Brasileira de Petróleo (Essobrás) e suas afiliadas. A aquisição foi efetivada com o pagamento de US$ 715 milhões à Exxon Mobil no Brasil e à assunção da dívida de US$ 175 milhões.

A Esso tem uma rede de distribuição superior a 1,5 mil postos em todas as regiões do Brasil e comercializa anualmente 5 bilhões de l de etanol, gasolina e diesel e 160 milhões de m3 de GNV (Gás Natural Veicular). A Esso opera em 40 bases de distribuição de combustíveis no País. Para o economista e consultor da Safras & Mercado, Miguel Biegai, a negociação da Cosan representa um salto estratégico.

Já na avaliação de Marco Antônio Conejero, economista, mestre em Administração de Organizações e especialista em Marketing Industrial e Agroenergia, o passo da Cosan rumo à distribuição de combustíveis é um marco importante na história do setor sucroalcooleiro. “Isso significa um avanço na cadeia de valor e deve trazer inicialmente desafios à empresa, mas, se bem administrados, muitos benefícios no médio e longo prazo.”

Para o consultor da Safras & Mercado, poder controlar quase toda a cadeia, que vai da produção de cana-de-açúcar no campo até a venda final em um posto de combustível, representa uma enorme vantagem no que tange ao mercado. “Se a vantagem for bem aproveitada, dará à Cosan condições para se tornar uma potência muito maior do que já é.”

Para a economista Amaryllis Romano e o analista Walter de Vitto, da Tendências Consultoria, pelo lado da distribuição de etanol foi um movimento bem-vindo por ter sido o primeiro no sentido de unificação destas duas distribuições. “Sabe-se que vários problemas do mercado de etanol estão ligados a uma elevada informalidade na sua distribuição.” No entanto, salientam: “esta aquisição pouco altera a estrutura do mercado de distribuição de combustíveis fósseis no País.”

Distribuição

Ao analisar a aquisição da Esso pela Cosan, Conejero se lembra de dois aspectos desse mercado. Um deles é o tamanho do mercado de combustíveis no Brasil. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2007 o volume consumido de Gasolina C (com 25% de etanol anidro) foi de 24,3 bilhões de l (sendo 6 bilhões de l de etanol anidro).

Ao mesmo tempo, o consumo de álcool hidratado, impulsionado pela expansão das vendas de carros com tecnologia flex fuel, pela queda dos preços reais do etanol, pelo aumento da renda e pela redução do mercado informal, cresceu vertiginosamente, chegando a 9,2 bilhões de l (45% dos combustíveis leves). Somente no primeiro semestre de 2008, o volume consumido de hidratado foi de 6 bilhões de l. “Como a Cosan é a maior empresa de etanol do mundo, ela tem uma fonte segura e barata desse combustível para vender via postos da Esso”, diz o especialista em Marketing e Agroenergia.

Ao mesmo tempo, ele destaca a diferença de concentração industrial entre o elo das usinas e o elo das distribuidoras. No primeiro semestre de 2008, existiam 410 usinas cadastradas na ANP e 232 distribuidoras associadas. “Apesar de quantitativamente menor, o controle dos preços ao consumidor e as maiores margens obtidas pela comercialização são das distribuidoras.” No primeiro semestre de 2008, o etanol hidratado era vendido pela usina por R$ 0,72/l.

A distribuidora, por sua vez, repassava o produto ao revendedor por R$ 1,24, chegando ao consumidor final na bomba por R$ 1,50/l. “Ou seja, a distribuidora, que só transporta o etanol, aumentou o preço do produto em 72%. Tal margem não se verifica na atividade da usina. Outra razão para a entrada da Cosan nesse mercado.” Assim, segundo Conejero, a distribuição de combustíveis aparece para as usinas como uma oportunidade de crescimento integrado à cadeia produtiva dos biocombustíveis, aproveitando a tendência de crescimento da frota flex fuel e o maior uso do etanol como combustível.

Sinergia

Para Biegai, a compra talvez tenha sido em um momento um pouco errado. Depois da aquisição da Esso, o dólar disparou e o preço de tudo caiu. “Se a Cosan fosse comprar a Esso agora em fevereiro de 2009 provavelmente pagaria bem mais barato. Mas quem preveria o que aconteceu de meados de 2008 até agora? Duvido que alguém tenha previsto. Não tinha como saber.

E certos negócios têm que ser feitos na hora. Não dá pra esperar. Era uma oportunidade que surgiu e a Cosan tinha que bater o martelo na hora. Não podia ficar esperando”, analisa Biegai. Segundo Conejero, agora sob o comando da Cosan, a Esso terá que aumentar sua participação no mercado brasileiro, já bastante competitivo. “Para isso, a Cosan vai ter que investir pesado em bases de distribuição e assim aumentar os postos de combustíveis com a bandeira Esso.”

Ele explica que uma forma de se fazer isso talvez seja sacrificando margens com o etanol e assim atrair os postos de bandeira branca, oferecendo preços mais agressivos. Para tanto, deve-se explorar ao máximo a sinergia entre a Cosan e a Esso para assim obter uma redução de custos para as duas. “O mesmo caminhão que distribui o etanol pode também voltar às usinas do grupo com diesel.

De qualquer forma, pode-se apostar na capacidade de crescimento da companhia.” A Cosan não respondeu as perguntas encaminhadas pela Revista IDEANews sobre esse assunto, especialmente a respeito da estratégia a ser adotada pela corporação sucroalcooleira no mercado de distribuição após a compra da Esso. A assessoria de imprensa da empresa brasileira revelou que a Cosan não está divulgando informações sobre isso. Afirmou ainda que a Esso está em fase de transição depois da negociação, e novidades podem ser divulgadas já em março.

Capilaridade da rede e tradings

A chegada do setor ao segmento de distribuição, através da tacada da Cosan, pode fortalecer os biocombustíveis? Na avaliação de Conejero, isso depende da capacidade do setor em crescer nesse campo. “É importante dizer que o sucesso no negócio da produção de etanol depende da capacidade agrícola da unidade, da capacidade de moagem do grupo econômico e da logística de distribuição para manter os custos de produção baixos.

Já o sucesso do negócio distribuição de combustíveis depende da capilaridade da rede de revendedores e também da capacidade de atração de novos pontos de venda para a bandeira.” Ele continua, lembrando que, considerando os mais de 36 mil postos no Brasil, a BR fica com 19,2%; a Shell 12,7%; a Ipiranga (propriedade da BR no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e do Grupo Ultra no Sul e Sudeste) 11,6%; a Texaco/Chevron 6,9% (hoje do Grupo Ultra); a Esso (hoje da Cosan) 4,9%; e os postos de bandeira branca e outras cem distribuidoras 44,7%.

“Por isso, vale a pena lembrar que o peso da BR distribuidora e do Grupo Ultra é muito grande em termos de número de postos de venda frente à concorrência. Logo, a melhoria do relacionamento com essas grandes, com contratos de longo prazo e melhor controle de fluxo de caixa, é vital para o sucesso do setor de biocombustíveis”, aconselha Conejero. Ele acredita que novos negócios semelhantes à aquisição da Esso pela Cosan podem ocorrer, mas não em curto prazo.

“Acho que a crise mundial de crédito e confiança veio afetar planos ousados de crescimento integrado.” No entanto, segundo ele, o que pode crescer de imediato é o aumento da formação de grupos de comercialização, como tradings, para aumentar o poder de barganha das usinas no mercado de combustíveis. “Além disso, algumas usinas vêm focando sua estratégia de comercialização do etanol nas distribuidoras de bandeira branca para fugir da pressão das grandes distribuidoras.”

Alternativas para o modelo atual de distribuição também são defendidas pelo empresário Maurílio Biagi Filho, da Maubisa. Segundo ele, o setor sucroalcooleiro não é bom da porteira pra fora. “Temos que comercializar conjuntamente, centralizar a comercialização. Não podemos ter 400 players comercializando, esse modelo tem que ser revisto. Falta interlocução do setor com o setor.”

Para Ângelo Bressan, assessor técnico da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o setor tem que ser capaz de participar do processo de distribuição, entrar na comercialização. Afirma ainda que é preciso fazer um trabalho para que não se veja mais o etanol como um mero substituto da gasolina. “É preciso valorizar o etanol na cabeça do consumidor. O álcool é produto com muitas vantagens que vão além da questão econômica.”

“Na verdade, hoje quando o consumidor opta pelo etanol na hora de abastecer só vê a questão preço. Teria que comprar este combustível considerando a procedência, a qualidade, o balanço ambiental. É preciso mostrar que não é um produto de segunda classe, ajudando a quebrar os cartéis que existem em torno da gasolina”, conclui.

terça-feira, abril 07, 2009

Petrobras no Etanol? Vamos esperar...

Em um dia cheio de notícias de impacto no setor, começando pelo anúncio do acordo entre Santelisa Vale e Louis Dreyfus na ordem de 3 bilhões de reais e passando por especulações de que a ADM anunciará em 10 dias a compra da Unialco, a notícia do interesse da Petrobras na COSAN agitou o mercado.

Abaixo seguem as notícias na íntegra referentes aos três acontecimentos:

Ações da Cosan acumulam alta

As ações da Cosan subiram 4,05% ontem na Bovespa, depois de terem registrado uma alta de 27,13% na semana passada. Segundo analistas do mercado e fontes do setor sucroalcooleiro, o fortalecimento das ações deve-se às estratégias que estão sendo adotadas pelo novo diretor vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores da empresa, Marcelo Martins.

Em conversas reservadas com usineiros e com analistas, Martins tem afirmado que está "arrumando a casa" e que vai priorizar a geração de caixa da Cosan por meio da venda de ativos, e não pela contratação de novas dívidas. Segundo essas fontes, Martins pretende vender pequenas participações que a Cosan possui em outras empresas e mesmo buscar aporte de recursos de terceiros, por meio de parcerias.

Para alguns analistas, estas afirmações deixaram o mercado mais tranquilo em relação ao futuro imediato da Cosan, que recém adquiriu a NovAmérica e apresenta uma alta alavancagem. A Cosan também estava na disputa para a compra de ativos da Santelisa Vale, mas sua proposta não foi aceita.Diante dessa expectativa de maior geração de valor, alguns bancos, como o Citibank, reforçaram a recomendação de compra de ações da Cosan, o que teria levado à forte alta dos papéis nos últimos dias (O Estado de S.Paulo, 7/04/09)


ADM anuncia em 10 dias compra da Unialco

A norte-americana ADM vai anunciar em até 10 dias a compra do controle da indústria sucroalcooleira Unialco.(Relatório Reservado, 7/04/09)


Louis Dreyfus Commodities é a nova sócia da Santelisa Vale

A empresa francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC) vai assinar entre hoje e amanhã acordo para formalizar sociedade com a Santelisa Vale, de Sertãozinho (SP). O processo de "due dilligence" (auditoria) está em fase adiantada, mas a participação da multinacional francesa na segunda maior companhia sucroalcooleira do Brasil ainda está em discussão.

A sociedade prevê aumento de capital, com injeção de recursos na Santelisa, e a gestão da companhia deverá ser compartilhada, segundo apurou o Valor. Procuradas, as duas companhias não se pronunciaram. O BNDESPar, braço de participações do BNDES, também poderá elevar sua fatia na companhia paulista.

Santelisa e Louis Dreyfus têm capacidade conjunta para processar 40 milhões de toneladas de cana por safra. Mesmo juntas, perdem para a Cosan, líder brasileira e mundial do segmento, que tem capacidade para moer 60 milhões de toneladas de cana.

Para firmar sociedade com a Santelisa, o grupo francês desbancou seis grandes companhias de peso que cobiçavam os ativos da Santelisa: Cosan, Bunge, São Martinho e GP Investimentos, ETH, controlada pelo Odebrecht, e BTG, do empresário André Esteves). O grupo Cosan foi preterido desde o início pela família Biagi, controladora da Santelisa Vale.

urante as negociações, São Martinho e GP Investimentos se uniram para fazer uma proposta conjunta para fechar sociedade com a Santelisa, mas a família preferiu firmar acordo de exclusividade com a Louis Dreyfus.

Discreta, a companhia francesa fez sua estreia no setor sucroalcooleiro em 2000, com a compra da usina Cresciumal, de Leme (SP). Depois, adquiriu outras duas usinas, a paulista São Carlos, e a Luciânia, em Lagoa da Prata (MG). No início de 2007, comprou de uma só tacada os ativos do grupo Tavares de Melo, com cinco unidades produtoras, o que tornou o grupo um dos maiores do setor. Com esse salto, o grupo francês, um dos maiores processadores de grãos do mundo, passou a ser respeitado no setor de açúcar e álcool.

Um dos tradicionais grupos de açúcar e álcool do país, a Santelisa Vale é resultado da fusão entre as usinas Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP), e outras três usinas paulistas, com capacidade de moagem superior a 20 milhões de toneladas de cana por safra. Controlador da Crystalsev, na qual tem cerca de 70% de participação e participação minoritária na CNAA (Companhia Nacional do Açúcar e do Álcool), com duas usinas em operação e dois projetos em construção, a Santelisa firmou parcerias importantes nesses últimos meses para promover sua expansão no país.

No ano passado, acertou uma sociedade com a companhia petrolífera British Petroleum (BP) e grupo Maeda na usina Tropical Bionergia, em Edéia (GO). Também associou-se à Amyris para produzir diesel à base de cana-de-açúcar. Com a Dow Chemical, a empresa firmou o compromisso de investir em um polo alcoolquímico em Santa Vitória, na região do Triângulo Mineiro.

Fontes familiarizadas com a negociação afirmam que a Santelisa Vale deverá puxar o freio em projetos que ainda não saíram do papel, como é o caso do polo de Santa Vitória. Parcerias minoritárias em outras companhias também deverão ser revistas. "Não foi uma negociação fácil. O mais importante foi ter preservado os empregos", afirmou.

O forte movimento de expansão do grupo colocou a empresa em situação financeira delicada. As dívidas da Santelisa giram em torno de R$ 3 bilhões e boa parte dela foi contraída durante o processo de fusão entre a Santa Elisa e Vale do Rosário, com os bancos Bradesco e Itaú.

A escolha de um sócio forte era considerada vital para evitar a falência do grupo sucroalcooleiro. Um pedido de recuperação judicial era uma das alternativas estudadas pela empresa, mas essa estratégia não agradava aos Biagi. O grupo, de acordo com fontes do segmento, vivia uma espécie de "concordata branca". Com a entrada do novo sócio, as renegociações das dívidas começam a ser feitas e o endividamento de curto prazo da empresa deverá ser alongado.

No fim do ano passado, a Santelisa contratou os executivos Luiz Kauffmann, ex-Medial Saúde, para ocupar a presidência consultiva da companhia, e André Mastrobuono, ex-Parmalat, como CEO da companhia. Kauffmann conduziu as negociações com a Louis Dreyfus. Já Mastrobuono está repensando as estratégias de expansão da empresa. Cabe também ao executivo estudar quais os ativos que a Santelisa poderá se desfazer - entre eles fazendas e participações minoritárias em empresas.

As usinas de açúcar e álcool dos dois grupos deverão iniciar a moagem da próxima safra, a 2009/10, nas próximas semanas (Valor, 7/04/09)