Em virtude do protecionismo europeu, a indústria do café solúvel brasileira passa por maus momentos. Na contramão do movimento de agregação de valor, existe grande pressão externa para que o Brasil diminuia suas exportações de café solúvel e continue somente exportando grãos. Enquanto isso no mercado interno observamos um movimento de sofisticação do consumo de café.
O artigo abaixo, que encontrei no Notícias Agrícolas, é de autoria de Ruy Barreto Filho, CEO do Café Solúvel Brasília, publicado no Estado de São Paulo comenta a situação e propões algumas ações para reverter este quadro:
O desmanche da indústria do café solúvel
A indústria brasileira do café solúvel amargou uma queda de 20% em suas exportações somente no período de janeiro a outubro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2008. O dado é alarmante, sobretudo se considerarmos que o setor já vinha perdendo mercado ano a ano, na contramão do aumento do consumo do produto em todo o mundo.
O paradoxo dessa contínua perda de mercado está no fato de a indústria brasileira operar com alta produtividade e a qualidade de seu solúvel ser reconhecida por consumidores das dezenas de países para os quais é exportado. Cabe ressaltar que o produto nacional se distingue como o mais competitivo em preço entre os seus concorrentes mundiais, especialmente os europeus.
Qual a razão, então, para a débâcle que, caso perdure, significará a erradicação da indústria de solúvel nacional?
A explicação está na omissão do governo brasileiro, que tem se esquivado de tomar medidas para garantir que o solúvel brasileiro possa competir no mercado exterior em igualdade de condições com os seus principais concorrentes.
Inexplicavelmente, o governo brasileiro tem aceitado passivamente uma sobretaxa de 9% imposta pela União Europeia ao solúvel nacional. Justamente a União Europeia, que é o maior consumidor do produto em todo o mundo.
O Ministério da Agricultura brasileiro, seguidamente alertado sobre o problema, afirma que nada pode fazer diante das pressões internacionais. A afirmação é de estarrecer, pois cabe ao governo brasileiro defender o produtor nacional de práticas abusivas e anticoncorrenciais.
A União Europeia impõe a barreira tarifária usando o discurso falacioso de que é preciso proteger nações produtoras de solúvel que são mais pobres do que o Brasil. Assim, a sobretaxa de 9%, que já vigorara na década de 1990, foi ressuscitada em 2006 sem que o governo brasileiro nada fizesse. O Ministério das Relações Exteriores, tão zeloso quanto a assuntos que não são necessariamente do interesse direto dos brasileiros, como a crise política em Honduras, no embate sobre o café permanece silente.
As autoridades brasileiras, tanto na Agricultura quanto no Itamaraty, não percebem ou fingem não perceber, por comodidade, que os beneficiados com a sobretaxa da União Europeia são os nossos concorrentes diretos, ou seja, indústrias europeias com fábricas de solúvel em países da África, Ásia e da América do Sul, livres da sobretaxa imposta ao Brasil.
Enquanto isso, a indústria brasileira de solúvel caminha célere para a erradicação completa, diante da estarrecedora inação de um governo que, na propaganda oficial, incentiva o produtor nacional a ser mais competitivo e conquistar novos mercados.
Não bastasse a deslealdade da União Europeia - cuja postura fere todos os princípios liberais que deveriam reger as relações comerciais no mundo contemporâneo -, o governo brasileiro ainda impõe à indústria de solúvel brasileiro mais um obstáculo, ao impedir que o setor importe café em grão dentro do regime de drawback (importação de matéria-prima visando à exportação de manufaturado).
Ressalte-se que nossos concorrentes se beneficiam do drawback importando café inclusive do Vietnã, hoje o segundo maior produtor de grão do mundo graças à visão estratégica de seus governantes.
Não há razões técnicas ou mesmo políticas que sustentem tais condutas por parte do Ministério da Agricultura, em particular, e do governo Lula, de modo geral.
Cabe lembrar que o quadro de desmanche da indústria do solúvel ganha uma dimensão mais grave, tendo em vista a sua repercussão em toda a chamada "cadeia do café", segmento que engloba a lavoura, a moagem e a torrefação, empregando cerca de 5 milhões de brasileiros. O solúvel mobiliza essa cadeia. Tanto que, quando se fala em drawback, o mecanismo é discutido como fonte suplementar, sem prejuízo para a lavoura nacional.
Somente o solúvel pode agregar valor às exportações de café e abrir novos mercados, além daqueles tradicionalmente - há mais de 100 anos - ocupados pelo produto em grão. O mercado em expansão em todo o planeta é o mercado do solúvel. O produto em grão já alcançou todas as suas fronteiras. Mas, pelo visto, o governo prefere que o País, neste setor, permaneça como mero fornecedor de matéria-prima, não se importando com o fechamento de suas indústrias.
Ainda há tempo para reverter o quadro. Mas para tanto é preciso ação! Com a palavra, o governo brasileiro.
O artigo abaixo, que encontrei no Notícias Agrícolas, é de autoria de Ruy Barreto Filho, CEO do Café Solúvel Brasília, publicado no Estado de São Paulo comenta a situação e propões algumas ações para reverter este quadro:
O desmanche da indústria do café solúvel
A indústria brasileira do café solúvel amargou uma queda de 20% em suas exportações somente no período de janeiro a outubro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2008. O dado é alarmante, sobretudo se considerarmos que o setor já vinha perdendo mercado ano a ano, na contramão do aumento do consumo do produto em todo o mundo.
O paradoxo dessa contínua perda de mercado está no fato de a indústria brasileira operar com alta produtividade e a qualidade de seu solúvel ser reconhecida por consumidores das dezenas de países para os quais é exportado. Cabe ressaltar que o produto nacional se distingue como o mais competitivo em preço entre os seus concorrentes mundiais, especialmente os europeus.
Qual a razão, então, para a débâcle que, caso perdure, significará a erradicação da indústria de solúvel nacional?
A explicação está na omissão do governo brasileiro, que tem se esquivado de tomar medidas para garantir que o solúvel brasileiro possa competir no mercado exterior em igualdade de condições com os seus principais concorrentes.
Inexplicavelmente, o governo brasileiro tem aceitado passivamente uma sobretaxa de 9% imposta pela União Europeia ao solúvel nacional. Justamente a União Europeia, que é o maior consumidor do produto em todo o mundo.
O Ministério da Agricultura brasileiro, seguidamente alertado sobre o problema, afirma que nada pode fazer diante das pressões internacionais. A afirmação é de estarrecer, pois cabe ao governo brasileiro defender o produtor nacional de práticas abusivas e anticoncorrenciais.
A União Europeia impõe a barreira tarifária usando o discurso falacioso de que é preciso proteger nações produtoras de solúvel que são mais pobres do que o Brasil. Assim, a sobretaxa de 9%, que já vigorara na década de 1990, foi ressuscitada em 2006 sem que o governo brasileiro nada fizesse. O Ministério das Relações Exteriores, tão zeloso quanto a assuntos que não são necessariamente do interesse direto dos brasileiros, como a crise política em Honduras, no embate sobre o café permanece silente.
As autoridades brasileiras, tanto na Agricultura quanto no Itamaraty, não percebem ou fingem não perceber, por comodidade, que os beneficiados com a sobretaxa da União Europeia são os nossos concorrentes diretos, ou seja, indústrias europeias com fábricas de solúvel em países da África, Ásia e da América do Sul, livres da sobretaxa imposta ao Brasil.
Enquanto isso, a indústria brasileira de solúvel caminha célere para a erradicação completa, diante da estarrecedora inação de um governo que, na propaganda oficial, incentiva o produtor nacional a ser mais competitivo e conquistar novos mercados.
Não bastasse a deslealdade da União Europeia - cuja postura fere todos os princípios liberais que deveriam reger as relações comerciais no mundo contemporâneo -, o governo brasileiro ainda impõe à indústria de solúvel brasileiro mais um obstáculo, ao impedir que o setor importe café em grão dentro do regime de drawback (importação de matéria-prima visando à exportação de manufaturado).
Ressalte-se que nossos concorrentes se beneficiam do drawback importando café inclusive do Vietnã, hoje o segundo maior produtor de grão do mundo graças à visão estratégica de seus governantes.
Não há razões técnicas ou mesmo políticas que sustentem tais condutas por parte do Ministério da Agricultura, em particular, e do governo Lula, de modo geral.
Cabe lembrar que o quadro de desmanche da indústria do solúvel ganha uma dimensão mais grave, tendo em vista a sua repercussão em toda a chamada "cadeia do café", segmento que engloba a lavoura, a moagem e a torrefação, empregando cerca de 5 milhões de brasileiros. O solúvel mobiliza essa cadeia. Tanto que, quando se fala em drawback, o mecanismo é discutido como fonte suplementar, sem prejuízo para a lavoura nacional.
Somente o solúvel pode agregar valor às exportações de café e abrir novos mercados, além daqueles tradicionalmente - há mais de 100 anos - ocupados pelo produto em grão. O mercado em expansão em todo o planeta é o mercado do solúvel. O produto em grão já alcançou todas as suas fronteiras. Mas, pelo visto, o governo prefere que o País, neste setor, permaneça como mero fornecedor de matéria-prima, não se importando com o fechamento de suas indústrias.
Ainda há tempo para reverter o quadro. Mas para tanto é preciso ação! Com a palavra, o governo brasileiro.
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