sexta-feira, dezembro 21, 2007

EUA sanciona lei de estímulo aos biocombustíveis

O governo americano sancionou lei que pretende modificar o cenário energético, estimulando o uso de biocombustíveis. A notícia abaixo foi publicada no DCI:

Bush sanciona lei que estimula maior uso do biocombustível

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sancionou a lei de energia que eleva os padrões de economia no consumo de energia por automóveis e caminhões leves pela primeira vez em mais de três décadas e demanda um significativo aumento na produção de biocombustíveis no país. A Lei de Segurança e Independência Energética, que tem como objetivo mudar fundamentalmente a forma como o país usa energia, estabelece um mandato para elevar o uso de energia renovável em cerca de 136 bilhões de litros por ano até 2022 e estabelece padrões mais altos de economia no consumo de combustíveis para carros e caminhões leves.

Boa notícia para o algodão brasileiro

Nesta semana, a OMC decidiu a favor do Brasil na disputa com os EUA com relação aos subsídios à produção de algodão. A nota abaixo publicada na Folha Online descreve a decisão e suas consequeências:

OMC anuncia decisão favorável ao Brasil na disputa com EUA

A OMC (Organização Mundial do Comércio) anunciou oficialmente nesta terça-feira (18-12) sua decisão a favor do Brasil na disputa com os EUA sobre os subsídios pagos aos produtores americanos de algodão.

"Os EUA falharam em observar" as regras sobre concessão de subsídios, diz o documento com a decisão do painel que arbitrou a disputa e que dá aos EUA seis meses para que reforme seus programas de subsídios aos produtores de algodão e comunique as mudanças à OMC.

O governo americano alega que reformou de modo suficiente as regras para subsídios ao algodão ao eliminar dois programas de garantia de crédito às exportações e ao eliminar, no ano passado, o chamado "Step-2" programa do governo dos EUA para compra do algodão norte-americano a preços mais altos que os de mercado.

O Brasil alega que os EUA conseguiram manter a posição de segundo maior produtor de algodão do mundo (atrás da China) devido aos US$ 12,5 bilhões em subsídios pagos aos produtores entre 1999 e 2003.

Em julho, a organização já havia decidido contra os EUA, em caráter preliminar, na questão do algodão. Em outubro, o painel da OMC manteve a decisão. Com a decisão favorável, o Brasil tem o direito de impor aos EUA sanções anuais de até US$ 4 bilhões.

O USTr (United States Trade Representative, espécie de Ministério de Comércio Exterior dos EUA) ainda não informou se irá apelar da decisão.

Ontem a OMC abriu uma investigação para apurar se os EUA estão violando as regras do comércio internacional sobre limites de concessões de subsídios a produtores agrícolas decisão tomada após o Senado americano ter aprovado na sexta-feira (14-12) a nova lei agrícola ("farm bill") de 2007, com um orçamento de US$ 286 bilhões.

A OMC abriu um painel para arbitrar a disputa sobre subsídios depois de Brasil e Canadá terem solicitado a investigação com a nova lei são mantidos os subsídios agrícolas e ampliados os recursos para a produção de álcool.

A queixa nesse caso é que os EUA ultrapassaram, entre 1999 e 2002 e em 2005, o teto de US$ 19,1 bilhões em subsídios permitido. O governo americano alega que os programas citados como canais para as concessões de subsídios deixaram de existir há mais de cinco anos.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Usina de biodiesel dos plantadores de cana

A integração soja-cana é, do ponto de vista da agroenergia, algo muito interessante, pois podemos aproveitar, com algumas restrições agronômicas e climáticas, as áreas de reforma de canaviais para plantio da soja que é uma leguminosa que fixa no solo o nitrogênio do ar.

Além disso, no processo utiliza-se etanol e temos como subproduto, o farelo de soja, componente nobre para rações animais.

A Coplaca está investindo em uma planta de biodiesel para esmagamento de soja em Piracicaba, conforme descrito na nota publicada no Jornal Cana, que pode ser encontrada abaixo na íntegra:

Coplacana terá usina de biodiesel em 2008

A Coplacana - Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo vai inaugurar uma usina de biodiesel em abril do ano que vem, na região do bairro Taquaral, em Piracicaba, SP. A unidade, que produzirá 45 mil litros de biodiesel de soja por dia, exigiu investimentos de R$ 8 milhões. O biocombustível produzido na primeira fase de operação da usina não será suficiente para venda no mercado. A produção será destinada à movimentação das máquinas e equipamentos das frotas da Coplacana e dos cooperados. A demanda estimada para a oleaginosa é de 300 toneladas por dia, o que corresponde a uma área plantada de 35 mil hectares. A usina utilizará a rota de álcool no processo de produção do biodiesel, além de um catalisador de quarta geração. A análise da produção será feita em laboratório próprio para atender às normas da ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis. O plano de negócios da usina foi elaborado por uma equipe do pólo, localizado na Esalq/USP - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

Ração

A soja é uma oleaginosa que tem custo acessível para o agricultor e facilidades para utilização das sobras após o processo de moagem. O excedente será transformado em farelo, cerca de 240 toneladas por dia. Pelo menos metade desta sobra será encaminhada para a fábrica de ração animal da cooperativa. O restante será armazenado para utilização em uma “hospedaria de boi”, prevista para ser construída no segundo semestre de 2008. O investimento no projeto será de R$ 1 milhão.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Soja em Chicago bate recorde

A soja bateu recorde de preços em Chicago, conforme nota publicado pelo Estado de São Paulo no dia 13 de dezembro e disponível abaixo:

SOJA ATINGE MAIOR PREÇO EM 34 ANOS EM CHICAGO

Os preços da soja atingiram ontem o nível mais alto desde julho de 1973 na Bolsa de Chicago. Impulsionado por compras especulativas, o contrato para entrega em janeiro teve ganho de 1,41%, cotado a US$ 11,5150/bushel. Analistas disseram que a forte demanda internacional, liderada pela China, e as incertezas sobre a produção na América do Sul mantiveram o mercado na mão dos compradores. A necessidade de incentivar o aumento do plantio norte-americano de soja em 2008 também contribuiu para o resultado.


Começam as ações para reverter imagem do agrronegócio

O agronegócio brasileiro está tomando atitudes que visam melhorar sua imagem perante à opinião pública internacional, principalmente no que diz respeito ao meio-ambiente e condições de trabalho.

A primeira atitude foi a criação do Ares (Instituto do Agronegócio Responsável) em setembro passado por 19 entidades importantes do agronegócio brasileiro: Abag, AbagRP, Abef, Abia, Abiec, Abimilho, Abiove, Abipecs, Abrasem, Anda, Andef, Aprosoja, BSC, CNA, CNPC, Ícone, OCB, SRB e Unica.

Nesta semana, o governador do Mato Grosso lança em Bali durante a onferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, um grande programa ambiental, conforme podemos verificar na reportagem publicada ontem no Valor Econômico e que pode ser encontrada na íntegra abaixo:

MAGGI LANÇA 'SOJA MAIS VERDE' EM BALI

O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), deve ter surpreendido empresários e políticos europeus presentes em Bali, onde ocorre a 13ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-13). Ele anunciou, durante jantar ontem para cerca de 70 pessoas, a disponibilidade de US$ 1 milhão para a regularização ambiental de cerca de 5 mil propriedades de soja do Estado.

O dinheiro foi recolhido pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso), com quem o governo firmou um pacto, na tentativa de reverter a imagem do Estado que mais desmata em todo o país. A The Nature Conservancy (TNC), organização não-governamental com forte atuação na região, aderiu ao movimento e entrará com US$ 1 para cada US$ 10 arrecadados, até US$ 1 milhão. A ONG fará ainda o mapeamento das propriedades, o primeiro passo para a regularização ambiental.

A expectativa é que o projeto, nomeado "Soja Mais Verde", consiga regularizar cerca de 3,5 mil propriedades. A partir daí, o Estado terá em mãos dados concretos sobre os passivos ambientais para que, juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), proponha soluções. Os principais problemas são a falta de Reserva Legal e de mata ciliar, exigidos por lei.

Segundo a TNC, dos 5,4 milhões de hectares com soja no Mato Grosso, espera-se assegurar 2 milhões em áreas protegidas. "É histórico", disse Marli Santos, coordenadora de recursos da informação da TNC. "Nunca um setor e um Estado inteiro concordaram em regularizar sua situação ambiental".

Com a recuperação dos preços do grão no mercado internacional, a área de soja voltou a crescer no Mato Grosso. Segundo dados da Conab, o aumento foi de 6,2% entre as safras 2006/07 e 2007/08.

O cenário favorável ao grão é visto por especialistas como o principal fator para a retomada do desmatamento entre julho e setembro deste ano na Amazônia, além da falha fiscalização do Ibama.

O Mato Grosso foi catapultado ao mundo em 2005 com a Operação Curupira, a maior operação da história contra a máfia do desmatamento na Amazônia. Maggi ganhou de ambientalistas o troféu "Moto-Serra de Ouro". Em 2006, a União Européia criou moratória contra soja em área da Amazônia.

Em seu segundo mandato, o governador Maggi, que também é um dos maiores sojicultores do país, parece tentar provar ao público externo que o passado, passou.


quarta-feira, dezembro 12, 2007

Commodities agrícolas atraem investidores

O comportamento altista das principais commodities agrícolas e a tendência destes valores permanecerem por algum tempo tem feito os investidores a voltarem seus olhos e bolsos para fundos de commodities.

O artigo abaixo foi traduzido da edição de 11 de dezembro da Commodity News for Tomorrow, publicação da CBOT (Chicago Board of Trade) que pode ser encontrada em www.cbot.com/commoditynews :

Commodities agrícolas voltam à moda entre os investidores

Os preços futuros de grãos e oleaginosas têm crescido constantemente no último ano, mas muitos analistas dizem que o setor ainda tem condições ir além.

O setor, antes fora de moda, está ganhando força com os investidores graças ao aumento da demanda de alimentos, o uso de matérias-primas agrícolas na produção de biocombustíveis e ao nervosismo nos mercados mais tradicionais como petróleo e metais.

Muitos analistas esperam esta tendência para, pelo menos, os próximos cinco anos, quando as commodities agrícolas seguirão o petróleo e os metais no atual ciclo de alta (“Bull”) de commodities.

“A agricultura é uma das áreas mais fortes para tendências altistas”, disse Michael Lewis, principal analista global de pesquisa de commodities do Deustche Bank.

Interesse nos mercados futuros agrícolas tem crescido devido ao nervosismo em outros mercados de commodities, especialmente nos metais devido à turbulência no mercado global, disse Lewis. Existem também incertezas em comprar petróleo após os preços recentemente subirem para cerca de US$ 100 o barril.

O Sub-Índice Dow Jones – AIG Grains subiu 25,5% em um ano no final de Novembro e o Sub-Íìndice Agrícola subiu 15,5%. Mas o Índice de Commodities Dow Jones – AIG subiu apenas 10,7% no mesmo período.

Como ouro e petróleo, os mercados agrícolas estão agora sendo vistos como “portos seguros” para as preocupações com inflação e aversão ao risco dos investidores que tem tido pouco impacto ao setor, conforme disseram analistas do Commerzbank.

Somente os fundos agrícolas da Schoroders alcançaram US$ 1,65 bilhões em ativos no primeiro ano de funcionamento, no final de outubro. Os ativos então aumentaram outros 21% alcançando US$ 2 bilhões no final de novembro.

“Os preços agrícolas têm estado estáveis por 25 anos e somente começaram a subir no ultimo ano”, disse o gerente de fundo Rodolphe Roche. “Nós acreditamos que estamos no inicio de uma alta no mercado agrícola que pode continuar pelos próximos 20 anos”.
Nem todos no mercado compartilham deste entusiasmo.

Alguns traders observaram que em 2006 os preços futuros do açúcar em Nova Iorque atingiram seu maior valor nos últimos 25 anos e somente pela produção recorde de excedentes nas duas safras posteriores, seus preços caíram cerca de 58%.

“As commodities agrícolas têm também passado por um histórico de expansão e contração de preços”, disse um analista londrino. Ele disse que os mercados irão se estabilizar dentro de um ou dois anos conforme a demanda de grãos para produzir etanol ficar menor do que a produção.

Lewis também disse que a corrida por produtos agrícolas pode ser menor do que a por metais e petróleo, porque os produtores podem responder aos sinais de mercado mais rapidamente.

A maioria dos produtores de grãos somente precisa de um ano para reagir aos preços quando tomam decisões sobre que cultura plantar, enquanto que ajustar minas e refinarias toma muito mais tempo. A área mundial de trigo espera-se que cresça 4% na próxima safra em responda aos altos preços.

Entretanto, a maioria dos investidores está confiante que a corrida altista dos produtos agrícolas irá durar pelo menos outros cinco anos.

A empresa inglesa Close Investments Ltd está planejando lançar neste mês um fundo de investimentos de duração de seis anos investindo igualmente em mercados futuros de trigo, soja e milho em Chicago, trigo em Kansas City e açúcar em Nova Iorque. O objetivo deste fundo é captar 20 milhões de libras em capital.

“Nós sentimos que é uma hora apropriada no mercado e não está diretamente relacionado aos demais mercados financeiros”, disse Roland Kitson, diretor da Close Investments. O entusiasmo renovado por commodities agrícolas está refletindo no apetite por conhecimento sobre o setor.

Em contraste com este problema de oferta que alavancou os preços globais do trigo aos seus maiores níveis neste ano, analistas esperam que os preços sejam suportados no longo prazo pelo aumento das necessidades globais de alimentos.

“É um caso de demanda”, disse Hussei Allidina do Morgan Stanley. Disse também que os preços futuros do trigo em Chicago podem cair a um mínimo de US$ 6,50 o bushel em 2008-09, de uma média de US$ 8,00 em 2007-08, devido ao aumento da área plantada pelos agricultores. Mas devido à forte demanda por alimentos, ele não espera que volte a US$ 2,80 – 3,80, intervalo da década passada.

“É um caso muito claro de demanda”, com o crescimento da população e o rápido crescimento da riqueza nos mercados emergentes como China e Índia, disse Patrick Armstrong, analista do Insight Investments. E conforme a receita aumenta, mais pessoas incluem leite e carne em suas dietas, disse Armstrong.

Espera-se que as importações chinesas de soja cresçam 18% em 2007-08 para 34 milhões de toneladas, de acordo com projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

“O setor agrícola está pronto para impulsionar as commodities e pronto para durar pelo menos seis ou sete anos”, disse Armstrong.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Plásticos de fontes renováveis

O agronegócio pode ser transformado quando os polímeros agregando valor às commodities agrícolas. O artigo abaixo explica estes polímeros publicado na Revista Pesquisa Fapesp de dezembro:

PLÁSTICO RENOVÁVEL

O forte aquecimento do mercado consumidor e a pressão nos custos das matérias-primas originadas do petróleo têm levado as indústrias de plástico a buscar, em fontes renováveis, matérias-primas substitutas para seus produtos. Plásticos feitos a partir do etanol de cana-de-açúcar, que podem ser reutilizados num processo de reciclagem, além de polímeros biodegradáveis produzidos por bactérias alimentadas por sacarose e outras substâncias estão na linha de frente de pesquisas e investimentos anunciados por gigantes petroquímicas como Dow Química, Braskem e Oxiteno, fabricantes de resinas plásticas feitas a partir da nafta e de outras matérias-primas derivadas do petróleo. A Braskem, líder latino-americana em produção de resinas, investiu US$ 5 milhões em pesquisa e desenvolvimento para chegar a um polietileno certificado a partir de álcool da cana, chamado de “polímero verde”.

As pesquisas que resultaram no novo produto tiveram início em 2005, embora desde 1998 a empresa já avaliasse as propriedades de outros polímeros de matérias-primas renováveis existentes no mercado. Como naquela época não havia ainda um mercado efetivo interessado em um produto desse tipo, o assunto não prosperou. “Ao retomar as discussões, avaliamos as opções existentes e começamos a trabalhar com o polietileno verde a partir do álcool de cana”, relata Antônio Morschbacker, gerente de tecnologia de Polímeros Verdes do Pólo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, responsável pelo desenvolvimento do projeto.

As informações disponíveis apontavam que a empresa poderia chegar a um produto competitivo. “Ao longo de 2005, depois de estimativas de custos, vimos que seria viável fabricá-lo e, em 2006, decidimos construir a planta piloto e paralelamente fizemos um estudo mais aprofundado do mercado mundial”, diz Morschbacker. “O processo, bastante eficiente, transforma 99% do carbono contido no álcool em etileno, matéria-prima do polietileno.” O principal subproduto é a água, que pode ser purificada e reaproveitada.

Desidratação do etanol - Na planta piloto, que começou a funcionar em junho de 2007, é feita a transformação do etanol – obtido por um processo bioquímico de fermentação do caldo, centrifugação e destilação – em etileno. A conversão ocorre por meio de um processo de desidratação, no qual são adicionados catalisadores – compostos que aceleram as reações químicas – ao etanol aquecido, que permitem a sua transformação em gás etileno. A partir daí, para chegar ao polietileno, o plástico de maior utilização no mundo, o processo de fabricação é igual ao empregado para as matérias-primas provenientes de fontes fósseis, ou seja, o etileno polimerizado resulta no polietileno. A polimerização é uma reação em que as moléculas menores (monômeros) se combinam quimicamente para formar moléculas longas e ramificadas.

Com o etileno produzido por essa tecnologia é possível fazer qualquer tipo de polietileno. Inicialmente a Braskem pretende produzir resinas de alta densidade e de baixa densidade, para aplicações rígidas e flexíveis em setores como o automotivo, empacotamento de alimentos, embalagem de cosméticos e artigos de higiene pessoal. Alguns clientes, do Brasil e do exterior, já estão recebendo amostras do polímero verde produzido em escala piloto. O início da produção em escala industrial, que deverá chegar a 200 mil toneladas anuais, está previsto para o final de 2009. Por enquanto a empresa ainda não definiu onde será instalada a fábrica destinada à produção do novo polímero, que deverá demandar investimentos de cerca de US$ 150 milhões.

O produto, que deverá custar entre 15% e 20% a mais do que os polímeros tradicionais, será destinado, principalmente, aos mercados asiático, europeu e norte-americano. Antes mesmo de ser lançado em escala comercial, o polietileno verde já faz sucesso. Na Feira Internacional do Plástico e da Borracha - K 2007, o maior evento da indústria petroquímica, realizada no final de outubro em Düsseldorf, na Alemanha, Morschbacker fez dez concorridas apresentações do produto em oito dias e atendeu um grande número de interessados no produto e no projeto.

O polietileno de etanol foi certificado pelo laboratório Beta Analytic, dos Estados Unidos, pela técnica do carbono-14, como um produto feito com 100% de matéria-prima renovável. A matéria-prima utilizada, no caso o etanol, é renovável, mas o produto final não é biodegradável. “O produto possui propriedades idênticas aos polietilenos produzidos a partir do petróleo. Como é um plástico bastante resistente e estável, ele pode ser reciclado e reutilizado várias vezes e, no final da vida útil, pode ser incinerado sem causar nenhum problema ambiental”, diz Morschbacker. A grande vantagem ambiental do polietileno do álcool é que, para cada quilo de polímero produzido, são absorvidos em torno de 2,5 quilos de gás carbônico, o dióxido de carbono, da atmosfera pela fotossíntese da cana.

Pólo alcoolquímico - A Dow Química também prepara-se para produzir polietileno a partir do etanol. Em julho, a empresa anunciou uma joint-venture com a brasileira Crystalsev, trading brasileira de açúcar e álcool controlada pelas usinas Vale do Rosário, de Morro Agudo, e Santa Elisa, de Sertãozinho, ambas no interior paulista, para criação de um pólo alcoolquímico integrado, que deverá iniciar suas operações em 2011 e terá capacidade para produzir 350 mil toneladas por ano de polietileno de baixa densidade, chamado comercialmente de Dowlex, destinado à fabricação de embalagens flexíveis, filmes industriais e artigos injetados. A princípio, o produto será vendido no mercado interno, que tem crescido de 6% a 7% ao ano. O material já é produzido pela Dow a partir da nafta de origem petrolífera em unidades industriais localizadas na Ásia e na Europa.

Para transformar o etanol em polietileno, a Dow também utiliza o processo de desidratação. Modernos catalisadores permitem obter um etileno tão puro quanto o produzido a partir do petróleo. A água liberada durante o processo de transformação do etanol em etileno será utilizada no sistema de produção de vapor para geração de energia elétrica. As estimativas são de que o empreendimento gere cerca de 3.200 empregos diretos, além de centenas de indiretos nos setores agrícola, industrial e de manufatura. A fábrica de polietileno vai consumir 700 milhões de litros de álcool por ano, o que corresponde a 8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

As duas empresas participarão como sócias em todas as etapas, a começar pela formação de um canavial de 120 mil hectares até a fabricação e comercialização do plástico. A integração completa do ciclo fará com que o pólo seja auto-suficiente do ponto de vista energético e gere excedente de energia suficiente, proveniente do bagaço da cana, para atender a uma cidade de 500 mil habitantes. Por enquanto ainda não foi definido o local em que o pólo petroquímico será instalado, mas estão sendo analisadas localidades na região centro-sul do país. “O preço do polietileno produzido a partir do etanol será estabelecido levando-se em consideração as mesmas forças de oferta e demanda que afetam o preço do polietileno produzido a partir da nafta”, diz Diego Donoso, diretor de Plásticos da Dow para a América Latina. “O cliente final irá receber um produto com as mesmas características técnicas e de performance do polietileno convencional, mas irá ganhar no valor agregado da produção.”

Hidrólise ácida - A Oxiteno, do Grupo Ultra, tem projeto similar ao da Dow para construir uma biorrefinaria que produzirá açúcar e álcool a partir de bagaço, palha e pontas da cana-de-açúcar, por meio de uma tecnologia chamada de hidrólise ácida, ainda não dominada em escala comercial e cujo fundamento é a quebra das moléculas de celulose por meio da adição de ácido sulfúrico aos resíduos. A futura unidade vai fabricar também produtos alcoolquímicos a partir de tecnologias não-convencionais.

Desde novembro de 2006 a empresa tem parceria com a FAPESP para desenvolvimento de projetos de pesquisa na área de tecnologia de produção de açúcares, álcool e derivados. Na primeira fase, em janeiro de 2007, foram escolhidos 23 projetos em parcerias com institutos de pesquisa e universidades, dos quais foram aprovados sete na segunda fase, em julho.

Enquanto as petroquímicas apostam nos plásticos a partir do etanol, a PHB Industrial, pertencente ao Grupo Pedra Agroindustrial, de Serrana, e ao Grupo Balbo, de Sertãozinho, ambos no interior paulista, tem fabricado desde dezembro de 2000, em uma planta piloto, um plástico biodegradável produzido por bactérias naturais, que está sendo vendido em pequenas quantidades, com o nome comercial de Biocycle, para Estados Unidos, Japão e países da Europa. A matéria-prima tem sido empregada principalmente na fabricação de plásticos rígidos produzidos pelo processo de injeção e também em espumas para substituição do isopor. O Biocycle também se aplica à produção de substitutos de poliuretanos, além de chapas bioplásticas e produtos termoformados.

A planta industrial para produção em grande escala, prevista para ficar pronta em 2010, será instalada na região de Ribeirão Preto. “A produção do plástico biodegradável deverá ficar entre 10 mil e 30 mil toneladas por ano”, diz o físico Sylvio Ortega Filho, diretor executivo do desenvolvimento do plástico biodegradável na PHB, que teve participação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo e financiamento do Programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe) da FAPESP (leia em Pesquisa Fapesp nº 80).

Poliéster natural - A produção do polímero é feita pelo cultivo da bactéria Alcaligenes eutrophus, atualmente chamada de Cupriavidus necator, em um meio de cultura com a sacarose presente no açúcar. A sacarose é transformada em glicose para alimentar as bactérias. “A cadeia de carbono da glicose é transformada pela bactéria no polihidroxibutirato (PHB)”, explica a professora Elisabete José Vicente, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, que participou dos estudos que resultaram no plástico biodegradável e atualmente orienta algumas linhas de pesquisa para a produção de polímeros a partir de bactérias. O PHB pertence ao grupo de polímeros denominados polihidroxialcanoatos (PHA), que são poliésteres acumulados por microorganismos na forma de grânulos intracelulares.

Suas propriedades termoplásticas permitem que, depois de extraídos do interior da célula produtora com o uso de solventes orgânicos, sejam purificados e processados, gerando um produto biodegradável, compostável e biocompatível. Esses polímeros podem ter aplicações diversas, como produção de filmes ou estruturas rígidas, além de usos médicos e veterinários, como confecção de suturas, suportes para cultura de tecidos, implantes, encapsulação de fármacos para liberação controlada e outras, utilizando-se da nanotecnologia.

“Até hoje já foram identificadas mais de 150 diferentes bactérias que acumulam naturalmente esse grânulo citoplasmático”, diz Elisabete. A bactéria C. necator se destaca porque consegue acumular grande quantidade de polímero, entre 80% e 90% do seu peso seco. Para crescer, ela precisa de frutose ou glicose. “O primeiro melhoramento genético da bactéria, realizado há muitos anos, obteve um mutante capaz de crescer em glicose, matéria-prima mais barata que a frutose”, diz Elisabete. No Brasil, as pesquisas iniciadas em 1992 pela pesquisadora em parceria com a professora Ana Clara Guerrini Schenberg, também do ICB, resultaram em uma nova bactéria mutante capaz de crescer em sacarose da cana e em outra bactéria recombinante com melhor rendimento de produção do co-polímero PHB-V, que é mais maleável

Modificações genéticas - A bactéria fabrica naturalmente o polímero, mas os melhoramentos genéticos permitem que ocorra um aumento considerável da produção. No projeto desenvolvido entre a empresa PHB e as instituições parceiras foram desenvolvidas e patenteadas algumas bactérias geneticamente modificadas. “Estamos usando apenas a bactéria natural para produzir o biopolímero, porque a Europa proíbe organismos geneticamente modificados”, diz Ortega. A demanda para os polímeros de fontes renováveis concentra-se basicamente em três grandes aplicações no mercado mundial. A primeira é o mercado de embalagens. A segunda é a indústria automobilística, que está em busca de substitutos para os produtos utilizados nos carros por outros que não contribuam para o aquecimento global, exigência dos mercados europeus. E a terceira aplicação é na área médica.

A parceria com a PHB resultou não apenas em um produto que já está no mercado como também na continuidade das pesquisas na universidade. O grupo coordenado pela professora Elisabete, do ICB da USP, trabalha em duas frentes. Em uma delas, os pesquisadores procuram bactérias que consigam produzir polímeros a partir de outras fontes de carbono que não a sacarose, como os resíduos produzidos pela indústria. “Essa seria uma forma de baixar o custo da produção do biomaterial, que chega a três vezes o do plástico derivado do petróleo”, diz Elisabete. Paralelamente, o grupo estuda aplicações do biopolímero, depois de purificado, como substrato para o crescimento de células-tronco, linha de pesquisa conduzida em parceria com o professor Radovan Borojevic, diretor do programa avançado de Biologia Celular Aplicada à Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Outra linha estuda o emprego do biopolímero para a imobilização de enzimas e fármacos, numa parceria com os professores Mário Politi, do Instituto de Química da USP e coordenador do Grupo de Pesquisas em Nanotecnologia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e Carlos Alberto Brandt, integrante do mesmo centro de pesquisa.

O Projeto - Obtenção e caracterização de polímeros ambientalmente degradáveis (PAD) a partir de fontes renováveis: cana-de-açúcar

Modalidade - Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe)

Coordenador - Jefter Fernandes do Nascimento – PHB Industrial

Investimento - R$ 338.686,30 (FAPESP)




Biodiesel aumenta esmagamento de soja

Parece que o biodiesel já está saindo do papel. A reportagem abaixo publicada na Gazeta Mercantil e encontrada no Portal do Agronegócio mostra a importância do biodiesel no esmagamento de soja:

Biodiesel incrementa esmagamento de soja

A indústria brasileira de óleos vegetais prevê processar volume recorde de soja na safra 2008/09. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais confirmou neste mês a expectativa de que o setor industrializará 31,5 milhões de toneladas de soja no ano que vem.

Se confirmado, o número representará um aumento de 9,7% nos últimos dois anos, quando o setor esmagou 28,7 milhões de toneladas. O mercado de biodiesel que ainda usa óleo de soja em mais de 90% de sua produção, é o principal responsável pelo incremento no biênio. O aquecimento já estimulou novos investimentos no setor, tais como o da Cargill, que anunciou que construirá nova fábrica de processamento de soja em Mato Grosso, elevando em 25% sua capacidade instalada no País. E a Bunge, que deve investir em nova unidade também em Mato Grosso, mas ainda sem cronograma e investimentos definidos. O consumo interno de óleo de soja já teve um incremento nesta safra de 8%, saindo dos 3,2 milhões de toneladas na 2006/07 para 3,5 milhões de toneladas na 2007/08. Para o próximo período, a Abiove estima um incremento de mais 14,2%, com consumo de 4 milhões de toneladas, também o maior da história. "A partir do ano que vem, teremos a mistura obrigatória do biodiesel no diesel", justifica Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove. Ele diz ainda que o maior uso de farelo de soja para produção de carnes no Brasil também deve contribuir para aumentar o processamento do grão. O consumo interno de farelo cresceu 7% nesta safra para 12,9 milhões de toneladas e deve avançar para 13,1 milhões de toneladas em 2008.

Indianos vêm conhecer a indústria do etanol do Brasil

Os indianos, principais causadores do turbilhão que passa o mercado de açúcar devido à sua superprodução, vieram conhecer a indústria do etanol no nosso país, conforme reportagem publicada no Mercado Carbono do Terra.

Desta forma, quem sabe eles destinam parte de sua produção de cana-de-açúcar para o etanol, ajudando a criar um mercado global de etanol e estabilizando a oferta de açúcar.

A reportagem completa encontra-se abaixo e pode ser encontrada originalmente aqui:

Segunda, 10 de dezembro de 2007, 18h47

Indianos conhecem indústria brasileira do etanol

Carlos Rangel

Representantes do setor privado e da imprensa indiana estiveram no Brasil para conhecer a experiência do País na cadeia produtiva de biocombustíveis. O diretor do Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Alexandre Strapasson, deu informações também sobre a produção brasileira de carros flex, que representa hoje 90% dos veículos fabricados no País.

Os indianos querem conhecer a experiência de mais de 30 anos do Brasil na utilização do álcool misturado à gasolina, que atualmente chega a 26%. A Índia pretende usar uma mistura de até 5%. Participaram do encontro o editor-executivo do grupo The Business Índia, Daksesh Parikh, e o chefe-geral da Pressman Advertising - Marketing Limited, Niren Suchanti.

Strapasson explicou que a Índia considera a produção doméstica de álcool uma alternativa aos períodos de preços ruins para o açúcar, informa a assessoria do ministério. A medida ajudaria também o país a não depender somente de combustíveis fósseis como a gasolina.

domingo, dezembro 09, 2007

Guia para Plano de Negócios

Aproveitando o tema da postagem anterior, o Instituto de Minnesota para Agricultura Sustentável, desenvolveu um guia para desenvolvimento de plano de negócios para a agricultura e pecuária chamado: "Building a Sustainable Business: A Guide to Developing a Business Plan for Farms and Rural Businesses".

Este guia está em inglês e espanhol e consiste em 4 tarefas:

1 - Identificar Valores - O que é importante para você?
2 - História da empresa e situação atual - O que temos?
3 - Visão, Missão e Objetivos - Onde queremos chegar?
4 - Planejamento Estratégico e Avaliação - Que caminhos tomaremos para chegar onde queremos?

O texto é de leitura muito simples e através de questões é possível analisar o cenário interno e externo e entender suas potencialidades e fraquezas e as ameaças e oportunidades do mercado.

O material em inglês e espanhol para download pode ser obtido clicando os respectivos links.

Assentamentos economicamente viáveis

A edição de 5 de dezembro da Revista Exame traz um artigo interessante sobre como sem-terras têm conseguido desenvolver-se economicamente em pequenas propriedades.

Os resultados aparecem devido à forma que a propriedade é gerenciada, de forma eficiente e com agregação de valor. A reportagem completada publicada no Portal Exame pode ser lida abaixo:

Convertidos ao capitalismo

Eles entraram para os movimentos sociais em busca da terra, mas foi na parceria com a iniciativa privada que ex-sem-terra conquistaram renda.

Por Fabiane Stefano


O agricultor Donizete Francisco de Lima, de 44 anos, está preocupado com o preço da cana-de-açúcar. Assim como a totalidade dos produtores de cana do Brasil, Lima reclama da queda de 30% dos preços pagos pela matéria-prima na safra atual, o que irá afetar o faturamento de sua propriedade rural em Teodoro Sampaio, na região do Pontal do Paranapanema, no sudoeste de São Paulo. "O ano passado foi muito bom, mas neste ano a renda vai cair muito", diz ele. Lima não é um grande plantador de cana -- é um ex-sem-terra que está se beneficiando da expansão acelerada do etanol no país. Fornece para a Alcídia, usina que foi comprada recentemente pela ETH, braço agrícola do grupo Odebrecht. Muito antes de se transformar em produtor de cana, Lima viveu quase um ano em uma área invadida da Cesp, onde plantava hortaliças e arroz com um grupo de 100 famílias. Em 1999, recebeu 21 hectares do governo do estado de São Paulo, terras que faziam parte de uma antiga fazenda ocupada por grileiros. Atualmente, ele dedica 6 hectares ao plantio da cana-de-açúcar, cultura que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) execra e instituiu como o principal alvo de suas invasões. Em 2006, Lima entregou à usina 433 toneladas de cana e conseguiu produtividade de 72 toneladas por hectare, desempenho excepcional considerando a qualidade mediana da terra na região. "É a principal fonte de renda do sítio", diz. Com o dinheiro da cana, ele comprou um caminhão para transportar o leite que também produz, junto com o dos vizinhos, para o laticínio Quatá, em Teodoro Sampaio. A renda mensal de 3 500 reais que obtém é mais que suficiente para ele, a mulher e os dois filhos. No ano que vem, Lima planeja financiar a faculdade do filho mais velho, Paulo Sérgio, que pretende cursar direito.

Como Donizete de Lima, outros agricultores que já engrossaram as fileiras de movimentos sociais, invadiram terras e viveram em acampamentos melhoraram seus rendimentos e qualidade de vida após uma espécie de conversão ao capitalismo. Pragmáticos, deixaram de lado antigos tabus ideológicos e, uma vez assentados, investiram em negócios e parcerias com empresas. É verdade que eles ainda representam uma minoria no universo de quase 1 milhão de famílias assentadas durante os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula. Mas seu êxito mostra que existe uma saída economicamente viável para a legião de pequenos produtores do campo. "Os assentados precisam ser inseridos em uma cadeia produtiva, têm de criar uma conexão com o mercado", diz Xico Graziano, especialista em questões agrárias e atual secretário de Meio Ambiente do estado de São Paulo. É uma idéia, claro, que se choca frontalmente com o ideário de MST e companhia. "A reforma agrária no Brasil não é viável se não for parte de um projeto antineoliberal e antiimperialista" é um mantra de João Pedro Stédile, líder do MST.

NO PONTAL DO PARANAPANEMA, região que nos anos 90 foi o conturbado epicentro das invasões do MST no estado, vivem 6 800 famílias assentadas. A maioria se dedica à pecuária leiteira, considerada uma atividade que exige menos aptidão agrícola, mas a produção de cana-de-açúcar, bicho-da-seda e urucum também virou alternativa de renda para uma parcela dos produtores. Há semelhanças entre aqueles que têm se destacado. É gente que trabalha duro, procura por auxílio técnico e reinveste parte dos ganhos na própria terra. Mário Donato é um deles. Em 1996, depois de seis anos vivendo em acampamentos do MST, ele conseguiu uma área de 16 hectares em Mirante do Paranapanema. Nos primeiros anos, tentou sem sucesso as lavouras de milho e mandioca. Em 2001, passou a produzir leite e hoje tem 28 vacas da raça girolanda. Na época de chuvas, quando o pasto está farto, o rebanho chega a produzir 260 litros de leite por dia. A produção é entregue ao laticínio Quatá e gera renda mensal de cerca de 2 500 reais -- dinheiro que permite pagar a faculdade do filho Vinícius, aluno de educação física em Maringá, no Paraná. São poucos os pequenos pecuaristas que conseguem essa renda. Donato tem obtido bons resultados porque investe em técnicas como manejo de solo e pastagem rotativa, o que vem lhe garantindo maior produtividade. Mas ele quer mais. Há dois meses comprou uma ordenha mecânica -- financiada em 36 vezes diretamente com a loja -- e agora pretende investir em animais de melhor qualidade genética. Sua propriedade é considerada modelo pelos técnicos do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp). "Trabalhei muito e agora está vindo o retorno", diz Donato. "O problema é que em todo lugar tem gente que não está a fim de trabalhar." Para a maioria desses novos produtores rurais, como Donato, os tempos de militância ficaram para trás. Quem mergulhou na rotina do trabalho acaba naturalmente se distanciando dos movimentos sociais. "Muitos continuam na luta, mas eu me afastei do pessoal do MST", diz ele.

SE PARA OS ASSENTADOS a integração com a indústria é uma solução, para as empresas a admissão desses fornecedores exige paciência para iniciá-los nas práticas de negócios. O laticínio Quatá, que compra a produção de ex-sem-terra há oito anos, teve um começo de relacionamento complicado. "Havia gente que recebia a terra e nem sabia o que era uma vaca leiteira", afirma José Cláudio Soares de Brito, gerente do Quatá na unidade de Teodoro Sampaio. Brito lembra que os assentados não entendiam a dinâmica do mercado e faziam greve quando o preço do leite caía. Hoje, a relação entre empresa e fornecedores melhorou, mas a produção da maioria dos ex-sem-terra ainda é considerada amadora. "Como eles não planejam a produção na entressafra, há até animais que morrem durante a época de seca", diz Brito. A empresa está fazendo uma pesquisa entre os ex-sem-terra para investir nos que têm mais aptidão no trato com o gado leiteiro. De acordo com estimativas dos técnicos do Itesp, no Pontal somente uma minoria de assentados alcança o patamar de produtividade e renda de gente como Donato e o produtor de cana Lima. A maioria consegue tirar da terra apenas o equivalente a um salário mínimo e reforça o orçamento fazendo bicos na cidade. Há ainda uma parcela que vive na extrema pobreza e acaba abandonando o lote. Por lei, o assentado tem apenas o direito de uso do solo, que continua a pertencer aos estados ou à União, mas todas as benfeitorias realizadas por ele na propriedade -- como casa, curral e cerca -- têm de ser indenizadas. Nesse caso, o assentado acaba "vendendo" as benfeitorias para vizinhos, que compram os direitos da terra para os filhos. "Geralmente os compradores desse tipo de lote são ex-sem-terra com mais aptidão agrícola e melhor estrutura financeira", diz Marco Túlio Vanalli, coordenador do Itesp na região do Pontal. "Isso está promovendo uma melhora no perfil dos assentados."

Aparecida Oliveira de Lima, de 46 anos, comprou no ano passado as benfeitorias do lote do antigo vizinho para o filho Anderson, de 25 anos. O investimento foi feito com os lucros da safra do urucum, semente que produz um corante conhecido como coloral. Foram 10 000 reais obtidos com a venda da produção à multinacional dinamarquesa Christian Hansen, empresa que processa o corante natural para grandes grupos da área de alimentos. O marido de Aparecida, Aparecido Fernando de Lima, deixou a família no Paraná em 1991 em direção ao Pontal para brigar por um lote na reforma agrária. Naquela época, ambos sonhavam com a produção de urucum, cultura que conheceram em terras paranaenses. Enquanto ele engrossava a multidão que vivia nos acampamentos do MST, ela trabalhava no corte de cana no Paraná para assegurar o sustento da família. "Fiquei cinco anos morando em barraca de encerado. Durante o dia era um calor insuportável e, à noite, um frio horrível", afirma Aparecido. Agora, Cido e Cida -- como são conhecidos na região -- estão empolgados com a nova variedade que a Christian Hansen trouxe para a região, a piave, semente de urucum que possui um teor de tinta três vezes maior e remunera melhor os produtores. A demanda nacional pelo produto está em alta. "Vamos comprar mais dos fornecedores do Pontal para atender à expansão do mercado", diz Plínio Mansim, supervisor de compras da Christian Hansen.

Enquanto parcerias com a indústria como as que se vêem na região do Pontal são construídas lentamente, o ritmo de invasões Brasil afora continua acelerado. Até agosto deste ano, foram realizadas 248 ocupações em todo o país -- 80 apenas no estado de São Paulo. Detalhe: nunca se assentou tantos sem-terra no país. No ano passado, 136 400 famílias ganharam lotes. De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), até o final de 2006 os assentamentos ocupavam mais de 71 milhões de hectares (área maior que a da soma dos cultivos de soja, cana e café no país). Porém, o que se nota hoje é que, mesmo com um número alto de invasões, há um contínuo esvaziamento dos acampamentos do MST. De acordo com a Pastoral da Terra, entre 2003 e 2006 a entrada de novas famílias nos acampamentos caiu mais de 80% no Brasil, de 59 082 para 10 259. Nesse período, apenas o Incra injetou 8,3 bilhões de reais na criação de novos assentamentos -- isso sem contar os investimentos dos programas estaduais. Mas a diminuição no exército do MST é visível. "Ninguém gosta de viver em barracas de lona", diz Rolf Hackbart, presidente do Incra. "Uma hipótese é que muitas pessoas estejam conseguindo empregos, mesmo que temporários, em obras ou indústrias graças ao crescimento da economia." Também há os que são captados por programas sociais, como o Bolsa Família, e retornam a suas cidades de origem. O resultado é que na região do Pontal os acampamentos minguaram. "Hoje, a movimentação do MST praticamente acabou aqui. A grande questão é o que fazer com os assentados", diz Lamartine Navarro Neto, sócio da usina Alcídia. Exemplos como os de Donizete, Mário e Aparecido dão uma pista do caminho a seguir.

sábado, dezembro 08, 2007

Subsídios agrícolas - até os americanos estão ficando contra!

A questão dos subsídios agrícolas está tornando-se insustentável até para países defensores desta política.

Em artigo publicado na edição de dezembro da Dinheiro Rural entitulada "Afinal, bom para quem?" comenta-se que existem vozes nos EUA contrárias ao Farm Bill.

Nos argumentos eles citam que os US$ 285 bilhões gastos anualmente não estão trazendo ganhos econômicos, não são bons para o meio ambiente e ainda prejudicam a imagem internacional do país quando o tema é livre comércio.

Além destes fatores, eles citam que está ocorrendo uma concentração das propriedades com um aumento do tamanho médio. De 1982 para cá, o faturamento das fazendas com receita maior de US$ 5 milhões mensais aumentou 220% enquanto que no grupo de fazendas entre US$ 10 e 250 mil mensais apenas 32%.

Vamos esperar de camarote para ver como fica este debate.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Petrobras interessada pelo etanol. No Sudeste da Ásia

A Petrobrás está muito interessada em etanol, mas não no Brasil. Ela está, conforme podemos ver na notícia abaixo, interessada em produzir etanol de cana no sudeste asiático para suprir o Japão:

Joint Venture da Petrobrás com Trading Japonesa estuda produzir etanol do Sudeste da Ásia

A empresa Brazil-Japan Ethanol Co. começou a prospectar a fabricação de etanol na Indonésia e Camboja conforme noticiado pelo Nikkei Business Daily.

A empresa está estudando a geografia e clima nos dois países com o objetivo de fazer etanol a partir da cana-de-açúcar para fornecer não apenas ao Japão, mas também a China e outros mercados da Ásia.

A Brazil-Japan Ethanol é uma joint venture com 50% do capital da Petrobrás e 50% da Japan Alcohol Trading Co. e foi criada em março de 2006 para atuar na venda de etanol importado do Brasil para o Japão.

Cerca de 70% de todo o etanol do mundo é produzido no Brasil e EUA e atualmente o Brasil é o único país com excedente para exportação. Isto levantam questões sobre a instabilidade de fornecimento se o Japão introduzir o etanol em larga escala. A Brazil-Japan Ethanol está procurando ampliar o número de paises produtores no Sudeste da Ásia que possam fornecer as exportações e suportar uma ampla adoção do etanol como combustível.

Como a empresa não possui nem tecnologia de produção e nem equipe de pesquisa, qualquer investimento para produzir etanol no sudeste da Ásia dependerá de tecnologia e pessoal fornecidos pela Petrobrás.

terça-feira, novembro 20, 2007

Entrevistas com autoridades do Marketing do Agronegócio dos EUA

No Blog da NAMA (National Agri-Marketing Association) tem a cobertura do Agribusiness Forum realizado semana passada. Podemos encontrar lá pequenas entrevistas com especialistas do setor.

Vale a pena conferir o que acontece no agribusiness americano.

Eucalipto irrigado no MS

O eucalipto já tem uma excelente produtividade no Brasil imagine irrigado então! A notícia da semana passada do jornal Correio do Estado fala sobre um projeto de eucalipto irrigado no MS para suprir de madeira a empresa MMX para a produção de ferro gusa em Corumbá:

MS adota projeto pioneiro de fertirrigação de florestas

A MMX inaugurou ontem em Dois Irmãos do Buriti um projeto pioneiro no País de fertirrigação em florestas plantadas com eucalipto, objetivando dobrar a produtividade por hectare da cultura em MS nos próximos cinco anos. A estimativa da empresa é que a irrigação estratégica de água e nutrientes nas quantidades necessárias ao desenvolvimento das plantas possa reduzir o tempo de corte do eucalipto dos atuais sete anos para cinco anos, além de elevar o rendimento de 35 metros cúbicos de madeira por hectare/ano para 80 m³ de madeira/ha/ano.

Ontem, a empresa deu início oficialmente ao sistema de fertirrigação por gotejamento numa área de 250 hectares na Fazenda Correntes, em Dois Irmãos do Buriti, a 90 km de Campo Grande. No próximo ano, mais 250 hectares devem receber o sistema de irrigação, sendo que 60 hectares estão sendo utilizados para pesquisas para acompanhar o desenvolvimento da planta diante da tecnologia.

De acordo com o gerente florestal da MMX, Antônio José, além de duplicar a produtividade, o projeto possibilitará a redução, pela metade, da área plantada com eucalipto e o encurtamento do ciclo da cultura. "A meta é dobrarmos a produtividade em relação ao plantio convencional que não recebe fertirrigação", disse.

Para alcançar estes objetivos, a empresa investiu numa técnica desenvolvida pela empresa israelense Netafim, que está presente em mais de 120 países, que evita a erosão do solo e gera baixa evaporação da água. O processo, segundo a empresa, disponibiliza água e nutrientes de forma racional para a planta, na quantidade exata que ela precisa, de forma que a planta receba o volume adequado de água durante todo o ano, mesmo no período de seca.

A partir do projeto, a empresa espera alcançar em 2014 a auto-suficiência em carvão vegetal, oriundo de florestas plantadas, para atender a indústria de metálicos que produz ferro-gusa em Corumbá. Conforme acordo estabelecido com o Governo estadual, a empresa é obrigada a atingir a auto-suficiência até 2017.

Inicialmente, a empresa prevê área total de 500 hectares fertirrigados até 2008. O processo de irrigação tem início com a captação de água do Córrego Correntes, afluente do Rio Aquidauana, que irrigará toda a área do projeto. Um conjunto de quatro motobombas bombeia a água capturada para uma adutora subterrânea, por uma extensão de 4.300 metros, até chegar ao reservatório com capacidade de 11.000 m³. Do reservatório, a água e os nutrientes são gotejados por tubos nas áreas plantadas com eucalipto, com sistema de controle inteligente que permite o gotejamento nas quantidades necessárias às plantas, uma vez que as lavouras possuem sensores que informam a cada 30 minutos a situação da terra onde foram plantados os eucaliptos, enviando dados de temperatura, velocidade do vento e umidade, de diferentes profundidades do solo.

Curva de Aprendizado do Biodiesel

Em função dos sete leilões do biodiesel já realizados, é possível perceber uma tendência de repetição da curva de aprendizado do etanol, ou seja, ocorre uma diminuição dos custos em função do acumulo de experiência no setor. Este fenômeno ocorre com qualquer atividade econômica.

Nos gráficos abaixo podemos ver a curva de aprendizado do etanol elaborada por Goldemberg et al e a de biodiesel foi elaborada por mim. Embora as unidades sejam diferentes e a escala de produção do biodiesel muito pequena quando comparada ao do etanol, podemos verificar o mesmo comportamento:


Represas para aquicultura - vasto campo para produção

A utilização de lagos e represas para a produção de peixes é algo que acho muito interessante. Uma matéria encontrada no Agrolink mostra um bom exemplo em Goiás:

Lago será licitado para criação de peixe - Reservatório de Serra da mesa é o primeiro lago goiano a ser licitado para criação de peixe em cativeiro.

O reservatório da hidrelétrica Serra da Mesa, que banha 16 municípios da Região Norte do Estado, será o primeiro lago goiano a ser colocado em licitação pelo governo federal para conceder o direito de uso das áreas aqüícolas. O edital para contratar a empresa para fazer o diagnóstico do lago, demarcando-o em lotes para uso exclusivo à aqüicultura - a criação de pescado em cativeiro -, será lançado em fevereiro, e a expectativa é que o estudo seja concluído até junho.

Energia renovável para usina de açúcar no Havaí é Energia Solar!

Por incrível que pareça, achei na internet uma notícia em um jornal havaiano que comenta o interesse de uma usina de açúcar em energias renováveis.

Para minha total surpresa, a declaração de seu principal executivo foi a seguinte: " Nós estamos nos tornando literalmente uma empresa de energia. Isto nos fornece mais oportunidades."

O conceito de energia renovável para ele é uma planta de 20 milhões de galões de biodiesel e uma usina de energia solar de 5 MW.

Isto porque a empresa Gay & Robinson Inc é uma das duas únicas usinas de açúcar do estado. Será que o lobby do etanol de milho é tão forte assim que impede uma usina de açúcar pensar em produzir etanol de cana?

Outro aspecto interessante é a adição de aproximadamente 2.000 ha para a plantação de pinhão manso (jathropa) devido ao fato desta cultura necessitar menos água do que o açúcar e pode ser cultivada utilizando-se das mesmas máquinas para colher macadâmia.A

A notícia completa do jornal Star Bulletin em inglês encontra-se aqui.

domingo, novembro 18, 2007

Até turfa brasileira interessa aos estrangeiros!

Em nota publicada no blog Mundo Agro da Exame, Fabiane Stefano comenta o interesse de investidores estrangeiros pela nossa turfa. Confesso que nem sabia que existia turfa no Brasil, apenas em países frios. Segue abaixo a nota completa:

Fome de turfa

O apetite dos fundos estrangeiros pelo agronegócio brasileiro parece não ter limites. Não são apenas as usinas de cana-de-açúcar que chamam a atenção dos investidores de fora do país. Essa turma de endinheirados está à procura de empreendimentos em infra-estrutura, serviços e tecnologia para o setor agro. Recentemente, conversei com o consultor em agronegócios Marcos Françóia que me contou sobre o interesse de um fundo estrangeiro em investir um dinheirão em um negócio com turfa.

Turfa? Não seria trufa de chocolate, pensei. Não. Descobri que a turfa é um composto vegetal, rico em ácidos orgânicos. Na natureza, a turfa é uma espécie de solo fossilizado que, em última instância, se transformaria em petróleo daqui a 10 milhões de anos. Na agricultura, o composto orgânico é usado como condicionador de solo, produto que aumenta a eficiência da aplicação de fertilizantes e defensivos. Conseqüentemente, ele gera uma economia de cerca de 15% com insumos agrícolas, além de vantagens ambientais como a ausência de resíduos no solo. Ainda pouco conhecido no Brasil (na Europa é bem mais comum), o produto tem despertado a cobiça dos investidores por dois motivos: as altas margens de lucros das empresas que processam a turfa e as grandes reservas brasileiras do composto, que ficam principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Já há investidores, por exemplo, interessados em comprar terras que tenham turfa no subsolo. Parece promissor ...

sexta-feira, novembro 16, 2007

Fruticultura - um potencial imenso

A fruticultura tem um potencial imenso no Brasil. O artigo do Roberto Rodrigues publicado na Gazeta Mercantil retrata bem este quadro:

Fruticultura - uma nova fronteira para a exportação

Roberto Rodrigues

16 de Novembro de 2007 - A fruticultura brasileira vem ganhando mercados interessantes, graças à sua ampla variedade, inovação tecnológica e qualidade cada vez maior.

O Brasil é o 3 maior produtor mundial de frutas, mas 95% do seu consumo ainda se destina ao mercado interno. Assim, o crescimento das exportações, embora expressivo, tem um extraordinário potencial. Há números que impressionam: 92% de toda uva "in natura" exportada pelo País sai de Petrolina, Pernambuco. E os produtores da região estão trocando suas variedades por outras sem sementes, muito apreciadas lá fora, o que sem dúvida ampliará os mercados. O açaí, uma fruta tropical da Amazônia, é hoje uma coqueluche nos Estados Unidos, e seus sorvetes e sucos valem uma fortuna.

Grande parte deste sucesso se deve ao Sistema de Produção Integrado de Frutas (PIF), projeto do Ministério da Agricultura que agrega tecnologias sustentáveis que racionalizam a atividade, reduzindo o uso de fertilizantes e defensivos, monitorando o uso da água, do solo, do meio ambiente, inclusive no pós-colheita, regulando todos os passos da produção, de modo a permitir a rastreabilidade e certificação. O etiquetamento dos lotes ainda no campo, e até o processamento, garantem a identificação do produto ao consumidor, através de embalagens contendo selos de conformidade. Hoje já existem dezenas de projetos do PIF em 14 estados, alcançando 17 espécies frutíferas, em 40.000 hectares plantados, atendendo a mais de 1.500 produtores individuais, especialmente os pequenos.

Estima-se que a economia com a redução do uso de fertilizantes em maçã chegue a 40%. Em uva de mesa, calcula-se que, de 2005 até agora, a redução do uso de fungicidas foi de 42%, o de acaricida foi de 89% e o de herbicidas, 100%! Tais dados, além de indicarem economias nos custos de produção, referenciam frutas com melhor qualidade e produtividade, além dos efeitos ambientais positivos.

De todas as frutas, a mais produzida é a laranja, com uma previsão de colheita próxima de 18 milhões de toneladas em 2007. Depois vem a banana, com estimativa de 7 milhões de toneladas neste ano. A uva vem a seguir, perto de 1,3 milhão de toneladas, a maçã logo atrás, com 950 mil toneladas.

O quinto colocado na produção é o coco, cuja unidade de medida é o fruto mesmo (2 milhões neste ano) e o sexto é o abacaxi (1.7 milhão de frutos).

Para aumentar as exportações, os produtores estão investindo na qualidade, o que implica até a definição do tamanho da fruta: às vezes, um abacate ou um abacaxi pequeno tem mais aceitação lá fora do que um grande, devido aos hábitos de consumo. Por outro lado, investimentos importantes são necessários na cadeia do frio (armazenamento e transporte frigorífico) até o porto ou aeroporto, e vem sendo feitos pelos produtores. Laboratórios que atestam a qualidade também foram instalados próximo às áreas de exportação.

Em 2006, exportamos US$ 472 milhões em frutas in natura, sem falar nos sucos. Deste total, surpreendentemente, a uva representou 25%, cerca de US$ 118 milhões. Em seguida vêm: melão (US$ 88 milhões), manga (US$ 85 milhões), banana (US$ 38 milhões), limão (US$ 33 milhões), maçã (US$ 32 milhões) e papaia (US$ 30 milhões). A laranja fruta foi a oitava colocada, com apenas US$ 16 milhões, embora o suco de laranja tenha respondido por US$ 1,5 bilhão das exportações em 2006.

Mas outras frutas vão ganhando mercado, graças ao PIF e ao trabalho caprichoso dos produtores: abacaxi, abacate, coco, figo, tangerina, goiaba e outras, estão avançando. E no mercado interno cresce o consumo de frutas como pêssego, pêra, caqui, marmelo, melancia, mamão, entre outras.

A fruticultura é uma atividade interessante, porque pode ser executada por pequenos produtores, com alto valor agregado. Adicionalmente, através de cooperativas, pode-se verticalizar a produção, com a industrialização, gerando sucos, doces, compotas, geléias, etc.

Quando todo o corte da cana estiver mecanizado, cerca de 10% da área hoje plantada com a gramínea poderá ser plantada com frutas. Só no Estado de São Paulo, isto representará mais de 350 mil hectares. Sem dúvida, uma bela fronteira a conquistar.
Nossos produtores vão se firmando pela competência, embora exportemos ainda pouco mais de um quarto do valor exportado pelo Chile.

Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp, professor de Economia Rural da Unesp (Jaboticabal) e ex-ministro da Agricultura. Próximo artigo do autor em 14 de dezembro)

Biodiesel - uma utilização inteligente pelas prefeituras

A utilização de resíduos de óleos de fritura na produção de biodiesel é algo que deve ser incentivada em todos os lugares, pois além de diminuirmos a poluição do ar estamos tirando um resíduo muito grande no esgoto doméstico.

A prefeitura de Indaiatuba, município vizinho de Campinas está fazendo um projeto interessante que pode ser visto na reportagem abaixo do Portal Cosmo:


Biodiesel de Indaiatuba vai abastecer a região

Gilson Rei / Agência Anhangüera

(15/11/2007) - A primeira usina de biodiesel urbano - obtido a partir da reciclagem do óleo saturado de cozinha ou de vegetais -, do País começa a ser construída no próximo mês em Indaiatuba. Ela servirá como piloto para outras cidades brasileiras. Com a vantagem de poluir menos a atmosfera e ser mais econômico, o biodiesel vai abastecer veículos públicos de 20 municípios, incluindo cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC).

A instalação da usina vai contribuir também para manter os rios e córregos de Indaiatuba mais limpos, pois o despejo do óleo de cozinha nas pias e ralos do município será reduzido ou até deixará de existir. Outra vantagem está na geração de milhares de empregos e no desenvolvimento econômico na região de Campinas, tanto para realizar a coleta e distribuição do produto como para o plantio de vegetais por pequenos agricultores.

O biodiesel vai ser produzido na usina a partir de óleo vegetal saturado (usado para frituras em restaurantes, lanchonetes e residências) e de produtos agrícolas como girassol e mamona, entre outros. A construção da usina está orçada em R$ 3 milhões e deverá ser inaugurada em abril do ano que vem na área disponibilizada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto Barnabé, no Distrito Industrial de Indaiatuba. Para entrar em operação pelo menos 200 empregos diretos estão previstos.

O projeto será viabilizado através de uma parceria entre a Prefeitura de Indaiatuba, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto Harpia Harpyia, com apoio do governo federal. As projeções dos idealizadores indicam que a usina vai iniciar as atividades com a capacidade de produção de 50 mil litros diários de biodiesel.

O prefeito de Indaiatuba, José Onério da Silva (PDT), disse que uma planta piloto da usina funciona no município desde outubro do ano passado, a partir de uma parceria feita com a Faculdade de Agricultura (Feagri), da Unicamp, e com o Instituto Harpia Harpyia.

Em um pouco mais de um ano, a população de Indaiatuba incorporou-se ao projeto com doação de óleo de cozinha usado, assim como os proprietários de restaurantes e lanchonetes da cidade. Nesse período, foram produzidos quase 100 mil litros de biodiesel, utilizados 100% em três veículos do Saae e 50% do produto em mais 20 veículos da frota do Saae.

A experiência adquirida nessa planta piloto foi apresentada recentemente em Brasília, no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a participação do chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e de representantes dos ministérios de Ciência e Tecnologia e de Desenvolvimento Agrário.

A partir dessa reunião, os representante do governo federal comprometeram-se a fazer o investimento de R$ 3 milhões, necessários para a construção da usina. Carvalho destacou que a proposta é viável e promove a inclusão social. Além disso, o projeto foi bem visto na esfera federal porque preserva o meio ambiente e estimula a agricultura familiar.

Diante do sucesso do projeto, foi constituído também na reunião um grupo de trabalho que terá a incumbência de formar um consórcio intermunicipal da região. "Através do consórcio, cada município deverá participar na coleta e no transporte de óleo saturado para a usina, além de intermediar pequenos produtores agrícolas na produção de vegetais para a produção do biodiesel", revelou o prefeito de Indaiatuba.

Durante a reunião, foi acertado também a destinação do lucro gerado pela eventual venda do biodiesel da usina ao Fundo Municipal de Alimentação e Nutrição para financiar ações e programas de inclusão social.

O secretário de Meio Ambiente de Indaiatuba, Nilson Gaspar, disse que já começou a ser feita a terraplanagem da área de 2 mil metros quadrados doada para abrigar a usina. O local deverá iniciar as obras de dois galpões de 150 metros quadrados. A verba desse início de obras é municipal, mas o investimento do governo federal deverá vir a partir de janeiro, através dos ministérios participantes da reunião. Os primeiros contatos para a formação do consórcio intermunicipal na região também já foram iniciados.

SAIBA MAIS

O biocombustível é resultado de uma reação química chamada de transeterificação entre um ácido graxo e um álcool (ou um etanol obtido de cana ou o metanol, de cereais e madeira).

Essa reação química produz glicerina e diesel. A glicerina é separada para outras utilidades, entre elas na fabricação do sabão.

O biodiesel pode ser obtido de qualquer óleo.

Unicamp faz catalisador de alto desempenho

A proposta de utilizar o biodiesel urbano - obtido a partir da reciclagem do óleo saturado de cozinha ou de vegetais -, surgiu com a tecnologia desenvolvida nos últimos cinco anos por engenheiros e pesquisadores da Feagri, na Unicamp. No período, foi desenvolvido um catalisador que obtém resultados eficientes no processo de transformação do óleo em biodiesel. O catalisador é de alto desempenho à base de etanol e, por ser uma boa novidade no mercado, foi patenteado pela universidade em abril deste ano.

O pesquisador Osvaldo Cândido Lopes explicou que o catalisador, ou reagente, é essencial no processo de transformação do óleo vegetal em óleo combustível.

O coordenador do Programa de Biodiesel da Unicamp, Antonio José da Silva Maciel, disse que o catalisador desenvolvido na Feagri é de terceira geração, mas manteve em sigilo a composição desse novo catalisador. Adiantou apenas que é componente de matéria-prima abundante na natureza.

Além de ter criado uma planta piloto em Indaiatuba, através de uma parceria com a Prefeitura, a patente da tecnologia já foi licenciada para a BioCamp, uma empresa do Mato Grosso do Sul. Apesar disso, não há exclusividade de utilização. A tecnologia poderá ser repassada a quantas empresas desejarem utilizar o catalisador e a universidade receberá royalties pelo emprego dele.

sábado, novembro 10, 2007

Energia elétrica de biomassa - preço justo

O valor do MWh de energia de biomassa sempre foi muito questionado e talvez por isso não existam tantas usinas de açúcar e álcool vendam energia elétrica excedente. O artigo abaixo do site Agroind comenta isso e no final temos uma frase interessante: a que o valor projetado para o MWh da Usina do Rio Madeira seja o valor pretendido pelo setor sucroalcooleiro:

MEGAWATT A R$ 120 EM 2008

O preço médio do megawatt hora (MWh) deve começar 2008 em R$ 120,00. O valor foi anunciado nesta terça-feira (06), em Ribeirão Preto (SP), durante evento que reuniu cerca de 200 representantes de indústrias e executivos de concessionária de energia elétrica.

O valor médio do MWh coincide com o preço solicitado pelo MWh cogerado do bagaço de cana-de-açúcar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em setembro último, pelo presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank. Conforme apurado pelo Agroind, até hoje os empresários do setor sucroalcooleiro aguardam uma resposta do governo sobre a solicitação.

Curiosamente, os mesmos R$ 120,00 equivalem ao MWh projetado pela primeira usina hidrelétrica a ser implantada no rio Madeira, em Rondônia.

Cana e Amendoim - bela rotação

A rotação de cultura cana-amendoim volta a ser bom negócio, conforme reportagem abaixo do site BrasilAgro:

COPERCANA: AMENDOIM É A NOVA APOSTA DE LUCRO DO AGRONEGÓCIO

A Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Copercana), as Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU) e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Uberaba (Sagri), firmaram parceria para pesquisar cinco variedades de amendoim, entre elas, o amendoim auto-oléico ou amendoim light. A pesquisa vai identificar quais as espécies são mais resistentes às doenças.

Não é por acaso que as instituições apostam no amendoim para a região de Uberaba. “É um produto que pode ser utilizado na rotação de plantio com a cana-de-açúcar, prática comum dos produtores de Sertãozinho, SP, cooperados da Copercana. E ainda, segundo os produtores paulistas, o amendoim possui uma demanda grande para exportação”, esclarece a diretora acadêmica da Fazu, Dionir Dias Andrade.

A Copercana vai realizar controles nas etapas de produção das variedades de amendoim que serão pesquisadas na Fazenda Escola do Campus Fazu. Desde o início da plantação da cultura, será feito um acompanhamento técnico na aplicação das práticas agrícolas. Isso envolve a avaliação do solo e o seu preparo, análise de fertilidade, escolha de variedade/semente, plantio, controle de pragas e doenças durante todo ciclo da cultura.

Em 2005, a Copercana exportou 10 mil toneladas de amendoim, um volume 10 vezes maior em relação a 2004, primeiro ano que a cooperativa vendeu o grão para fora do País. De lá para cá, é notável o aumento no volume de exportação. Os mercados, externo e interno, passaram a ser mais exigentes com relação à qualidade do produto. Por isso, as instituições querem investir na diversificação de variedades do produto.

As perspectivas para a safra 2007/08 de amendoim, principalmente no Estado de São Paulo, são animadoras e se baseiam na alta dos preços para a saca de amendoim em casca, na queda dos preços da cana-de-açúcar, o que poderá impulsionar a renovação dos canaviais e, por conseqüência, favorecer o aumento da área plantada com amendoim. Tudo isso também está aliado às expectativas de queda na produção nos principais países exportadores, à disponibilidade de recursos financeiros e a capacidade técnica dos produtores.

Os principais destinos das exportações de amendoim descascado são os países da União Européia, em especial Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido e Holanda. Outros países também se destacam como Canadá, México, Peru e Rússia.

Resíduo de chocolate vira energia na África

A bioenergia chega ao chocolate. Leia abaixo uma nota do site da Reuters sobre aproveitamento de resíduos de chocolate na África:

NOVO PROCESSO TRANSFORMA SUBPRODUTOS DO CHOCOLATE EM COMBUSTÍVEL

Os chocólatras podem atenuar qualquer culpa que eventualmente sintam graças a um novo processo que transforma os subprodutos da fabricação do chocolate em biocombustível --de modo que a guloseima se torna "ecologicamente correta".

Um caminhão abastecido com esse biocombustível vai partir neste mês de Poole (costa sul da Inglaterra) para o Mali (África) numa missão humanitária.

"O dejeto do chocolate costumava ser usado em aterros. Mas agora podemos fazê-lo viajar como biocombustível", disse o organizador Andy Pag, que será um dos dois motoristas da viagem.

A empresa Ecotec, do noroeste da Inglaterra, pegou o lixo do processo de fabricação do chocolate, transformou-o em bioetanol e o misturou com óleo vegetal para produzir biodiesel.

Alguns biocombustíveis são criticados por usarem material que poderia ter finalidade alimentícia ou por incentivar o desmatamento -- no espaço usado para grandes canaviais, por exemplo.

"Isso é para mostrar que se pode ter biocombustíveis ambientalmente corretos e que não é preciso converter os motores a diesel normais para usá-lo", disse Pag à Reuters.

O BioTruck parte em 26 de novembro e deve levar cerca de três semanas para percorrer os 7,2 mil quilômetros até Timbuktu, onde vai entregar uma pequena unidade de produção de biocombustíveis a uma ONG local.

Mas que ninguém espere um aroma apetitoso quando o caminhão passar. "Não! Receio que o escapamento não cheire a chocolate," disse o Pag.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Bagaço pode ser salvação de Apagão!

A imprensa só fala no possível apagão no futuro, mas como podemos observar na reportagem de ontem da Gazeta Mercantil, a solução encontra-se perto e fácil:

CANA PODE GERAR 15% DA ENERGIA NO PAÍS

O Brasil poderá gerar 15% de sua energia elétrica a partir da cana-de-açúcar até 2015, em comparação com os 3% atuais, ajudando a aliviar uma escassez de energia já prevista, prevê Marcos Jank, presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo). A produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar poderá crescer para 11.500 megawatts até 2015 e para 14.400 megawatts até 2020, disse Jank durante entrevista concedida ontem em Amsterdã, na Holanda.

"Até o final da próxima década, a eletricidade será a segunda maior fonte de receita para os usineiros, sendo que a primeira será o etanol e a terceira será o açúcar", afirmou. "A temporada de colheita da cana é a temporada de estiagem no Brasil, exatamente quando incorremos no risco de registrar apagões devido ao fato de o nível dos reservatórios estar baixo", disse Jank. "Por isso, essa medida pode ser uma forma de proteção. Cada 1.000 megawatts de bioeletricidade gerada no Brasil tem o mesmo efeito que acrescentar um volume de 5% de água nos reservatórios", acrescentou.

O presidente da Unica reconheceu que o setor de biocombustíveis está "sob ataque" devido ao receio em relação a sua sustentabilidade, e, por isso, precisa melhorar sua imagem. "Nós precisamos defender o etanol mundialmente contra as críticas sem embasamento científico", disse Jank em conferência realizada antes da entrevista coletiva. "Precisamos de mais comunicação sobre o etanol. Nós temos um problema em relação a isso."

Grupos como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) dizem que o setor gera inflação nos preços dos alimentos, prejudica o meio ambiente e pode piorar os níveis de pobreza dos agricultores de países em desenvolvimento.

Os governos de Europa e Estados Unidos estão estimulando o uso de combustíveis alternativos para limitar as emissões de dióxido de carbono geradas por combustíveis fósseis e reduzir a dependência das importações de petróleo. A União Européia (UE) quer que biocombustíveis como o etanol respondam por 10% do combustível utilizado em seu setor de transportes públicos até 2020. O presidente George W. Bush quer aumentar o consumo de etanol dos EUA com a quase quintuplicação da meta para o uso de combustíveis renováveis até 2017.

"Precisamos trabalhar juntos na comunicação, mesmo que utilizemos diferentes matérias-primas em diferentes países e tenhamos políticas diferentes" para informar o público "sobre os benefícios dos biocombustíveis e, especificamente, do etanol", disse Jank. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar e de etanol, a partir da cana-de-açúcar, tendo registrado a produção de 30,2 milhões de litros de etanol e de 430 milhões de toneladas de cana na safra 2006-2007. A produção brasileira de cana mais do que dobrará até 2020, passando a 1 bilhão de toneladas.

terça-feira, novembro 06, 2007

Até sabugo de milho vira etanol nos EUA

Saiu hoje no Commodity News for Tomorrow da CBOT uma nota interessante sobre uma empresa americana que está usando sabugo de milho para produzir etanol.

A empresa chama-se Poet e fica localizada no Dakota do Sul. Atuam na produção de etanol há mais de 20 anos e estão, em conjunto com fabricantes de máquinas e equipamentos, desenvolvendo tecnologia para aproveitamento do resíduos dos sabugos para posterior transformação em etanol através de hidrólise da celulose.

Para isso usam uma colhedora de grãos adaptada que colhe grãos e sabugos e um separador separa esta mistura. Outra alternativa é o acoplamento de um dispositivo que separa na própria colhedora o sabugo dos grãos.

Maiores informações em inglês podem ser obtidas no Commodity News for Tomorrow ou no próprio site da POET.

Investimentos em biocombustíveis nos EUA devem chegar a mais de US$ 100 bilhões até 2022

Em artigo publicado no Biofuel Review, especialistas comentam que a quantidade de investimentos necessários para os EUA alcançarem a produção de 36 bilhões de galões anuais em biocombustíveis até 2022 deve ser de aproximadamente US$ 105 bilhões.

A notícia completa em inglês encontra-se disponível aqui.

sábado, novembro 03, 2007

Protecionismo comercial surge com novas caras

O Protecionismo Comercial tenta de todas as maneiras criar novas formas de proteção. Na reportagem abaixo do DCI podemos encontrar algumas formas "modernas" de protecionismo:

Gado estressado e avião poluidor vetam embarque

Animais estressados, aviões poluidores, plantação que não maltrate as florestas. Na briga pela abertura do mercado agrícola internacional, estas são as novas reclamações de diversos países para barrarem a importação e manterem seus mercados fechados. Enquanto se discute o uso dos subsídios agrícolas nas rodadas e negociações internacionais, surge a nova versão das antigas barreiras protecionistas: as barreiras sócio-ambientais. Enquanto isso, o Brasil perde cerca de US$ 10 bilhões por ano com o fechamento dos mercados agrícolas internacionais, segundo estudo feito pelo pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).

Sob o argumento de contribuir para o desenvolvimento sustentável, alguns países têm fechado seu mercado com exigências que vão além da qualidade do produto. "Estamos assistindo a nova era do protecionismo agrícola. Com a falta de argumentos para manter seus subsídios num mercado pouco competitivo, com perdas no âmbito da Organização Mundial do Comério (OMC), vários países passaram a fazer exigências ligadas à temas excepcionais", descreveu o pesquisador sênior do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone), Rodrigo Lima.

Food mile

Exemplos não faltam. Um deles é o "food mile", isto é, a distância que o alimento percorre desde a sua origem até chegar ao consumidor final, e, em decorrência disso, o impacto causado pelo gás carbônico na atmosfera. "Se o produto é transportado por avião, as emissões de CO2 são maiores do que o transporte por navio. Essa é uma medida que incentiva o consumo de alimentos produzidos localmente. É uma demanda ambiental, com forte apelo junto ao consumidor, que começou no Reino Unido", conta Lima. "É uma barreira não-tarifária de cunho ambiental extremo, uma vez que considera somente os impactos do transporte e, muitas vezes um alimento produzido a milhares de quilômetros tem um impacto menor para o meio ambiente quando comparado ao seu similar local", acrescenta.

Também cresce na Europa a preocupação com o bem-estar dos animais. Novamente, o Reino Unido está na vanguarda deste tipo de demanda. "O que é preocupante é que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) começou a se envolver de uma forma mais ativa na criação de padrões para o bem-estar animal há pouco tempo e, por isso, não existem padrões internacionais amplamente aceitos nessa área. Com isso, podemos estar sujeitos a exigências exageradas sem ter uma regra ou um órgão que nos oriente", diz Lima.

Em função disso, o assessor técnico da Coordenação de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizete Beraldo, afirma que os pecuaristas e avicultores brasileiros estão investindo maciçamente para evitar que essa demanda pelo bem-estar animal termine consolidando a perda de um mercado consumidor importante, como o europeu.

"Principalmente os avicultores. Eles estão investindo muito em novas formas de criadouros, para manter o bem-estar das aves antes do abate", contou. Ele mencionou ainda que no Brasil, o gado é criado "solto e feliz, pastando livremente". Ao contrário da Europa, onde são confinados pela falta de espaço e para crescerem mais rápido, o que não condiz com a acusação dos importadores da Irlanda de que o Brasil não tem controle sobre a sanidade do gado. "Não somos contra o fim do trabalho escravo, nem contra a agricultura sustentável, mas sim contra as distorções no comércio agrícola. A medida que avança a discussão sobre o fim das barreiras tarifárias, esses tipos de exigências crescem como alternativas para manter os mercados consumidores fechados a quem é realmente competitivo", afirma.

O maior problema acerca das novas exigências é a criação de nova demanda que não necessariamente serão acolhidas por certificações, mas que podem criar barreiras à medida que grupos de consumidores sejam convencidos de sua necessidade. "O consumidor terá o poder de influenciar essas demandas. É o consumo ético, consciente, que cresce", diz o pesquisador da Ícone.

Sustentável

Para manter o Brasil na vanguarda dos países exportadores de produtos agrícolas, cerca de dezenove entidades do agronegócio brasileiro lançaram oficialmente em setembro deste ano o Instituto para o Agronegócio Sustentável (Ares). Com isso, o que era inimaginável anos atrás, a união em agricultores e pecuaristas com Organizações Não Governamentais (ONGs) ambientalistas, se tornou não apenas realidade, mas uma necessidade comercial. A idéia é buscar o desenvolvimento sustentável. O País é o 3º maior exportador agrícola, e o 1º em culturas como o etanol, açúcar, suco de laranja, tabaco, carnes e café.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Outro gargalo para a expansão agrícola

Outras vezes o problema foi o crédito, outras a logística. A bola da vez é a falta de adubos que pode restringir expansão. A reportagem abaixo do Valor de hoje comenta este assunto:

FALTA DE INVESTIMENTOS EM ADUBOS PODE RESTRINGIR EXPANSÃO AGRÍCOLA

O Brasil precisa ampliar investimentos em produção e em logística para importar e escoar fertilizantes se não quiser se tornar ator coadjuvante num mercado global que já tem China e Índia como principais protagonistas. Pior que isso: se não tomar cuidado nessa frente, o país poderá ter na escassez de adubos uma trava para sua expansão agrícola. Essas foram as principais conclusões de um seminário sobre as perspectivas do segmento realizado ontem (dia 30) em São Paulo pela Agroconsult.

"Os fertilizantes são um crescente fator de limitação do agronegócios brasileiro. Menos pela questão dos preços, que de fato estão altos no mercado internacional, e mais pelo suprimento", disse André Pessôa, sócio-diretor da consultoria. Ele lembra que, por depender de importações, as oscilações das matérias-primas que compõem os adubos no exterior têm reflexo direto na formação dos preços dos produtos vendidos no Brasil, mas não enxerga novos saltos no horizonte.

Quanto aos investimentos, Pessôa observou que as empresas que operam no país têm a possibilidade de elevar aportes para a produção de matérias-primas derivadas do nitrogênio e do fosfato. No caso dos nutrientes oriundos do potássio, não há condições naturais para isso. Na área de logística, afirma, é preciso melhorar a capacidade de recepção nos portos, a distribuição e a armazenagem de produtos.

Dados da Associação Internacional de Fertilizantes (IFA, na sigla em inglês) apresentados pela Agroconsult mostram que, em 2007, a China se consolidará como o principal país consumidor de fertilizantes do mundo, com volume total previsto em 47,6 milhões de toneladas de nutrientes. A Índia vem em seguida, com 23,1 milhões de toneladas, e o Brasil perde também para EUA e leste europeu.

No mercado brasileiro o consumo deverá alcançar 10,3 milhões de toneladas de nutrientes, que deverão se transformar em 24,3 milhões de toneladas de produtos finais, um recorde histórico.

Para 2008, a tendência é de crescimento: A Agroconsult projeta para o ano que vem 10,8 milhões de toneladas de nutrientes e 25,5 milhões de toneladas de produtos finais no país.
Da oferta total deste ano, a produção nacional deverá representar 40%, com os 60% restantes atendidos por importações. Em 2008, a proporção tende a se manter praticamente inalterada, com a produção nacional responsável por uma fatia de 41%.

sábado, outubro 27, 2007

Fraude no leite: Ruim para alguns, excelente para outros!

A crise do leite abriu novas oportunidades para os produtores de leite fresco. A reportagem de ontem do DCI comenta abaixo este assunto e ao realizar compras ontem no supermercado, também percebi este aumento de demanda ao chegar à prateleira e não encontrar nenhum litro sequer de leite do tipo A.

Bela Vista e Xandô vendem mais leite com crise do longa-vida

A fraude no leite UHT, chamado longa-vida, ocorrida em duas cooperativas mineiras está contribuindo para o aumento das vendas de leite pasteurizado, tradicionalmente vendido em garrafas e saquinhos plásticos.

A Fazenda Bela Vista, líder do mercado de leite pasteurizado, registrou aumento de 15% na demanda esta semana, segundo o diretor comercial da empresa, Paulo Passarini.

A Xandô, marca de leite pasteurizado produzido na Fazenda Colorado, de Araras (SP), aumentou em até 40% as vendas esta semana, informou Carlos Alberto Basetti, diretor da empresa.

"Não estamos dando conta de atender os pedidos. Pena que é um período sazonal", afirma.

Por ter um prazo de validade menor -sete dias-, o leite pasteurizado perdeu mercado para o UHT, que permite armazenamento de até seis meses. Além disso, o preço é até 20% superior. Com isso, atualmente, a versão longa-vida detém 76% do mercado de leites do País, segundo a Associação Brasileira do Leite Longa-Vida (ABLV).

A expectativa da direção da Xandô é que parte dos consumidores que optarem, neste momento, pelo leite pasteurizado, continuem comprando o produto mesmo com o fim das notícias sobre as irregularidades encontradas em duas cooperativas mineiras. A líder do mercado informa que o leite longa-vida não afeta o resultado da Bela Vista. A empresa espera crescer este ano 10%, impulsionada pela melhora na distribuição e pela variedade de derivados lácteos que oferece.

Além disso, segundo o diretor da Bela Vista, a empresa possui um sistema de entregas em domicílio que concorre com a praticidade do longa-vida. "Fazemos entregas até três vezes por semana sem valor mínimo pedido", afirma Passarini.

A Xandô e a Bela Vista produzem leite pasteurizado tipo A, classificação que é dada de acordo com práticas de produção. Os leites A são produzidos, processados e embalados na mesma empresa.

Longa-vida

No caso das vendas de leite longa-vida, segundo a direção da ABLV, até o momento as vendas estão normais. "Ainda é cedo para avaliarmos o impacto registrado no comércio de lácteos em função das notícias veiculadas na imprensa.

Mas o mercado de leite longa-vida é muito consolidado e não deve ter sido afetado significativamente", afirma o diretor executivo da associação, Nilson Muniz. A ABLV representa 30 empresas do setor lácteo, que respondem por 80% do mercado de leite longa vida.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Não é só nos EUA que alimentos tem problemas de contaminação

Após publicar várias postagens com problemas de contaminação de alimentos, sou forçado a publicar o infeliz acontecimento com o leite que aconteceu esta semana.

Para piorar o quadro, a Folha de São Paulo publicou hoje a reportagem abaixo onde diz que a mistura com soda é realizada há 2 anos:

Soda é misturada ao leite há 2 anos, dizem funcionários

Funcionários da Copervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande) afirmaram, em depoimentos prestados à Polícia Federal anteontem, que a mistura com soda cáustica era adicionada ao leite longa vida integral havia mais de dois anos.

"Nos interrogatórios que fiz ontem [anteontem], a grande maioria dos funcionários da empresa que estava presa confirmou a fraude. Disseram que colocavam soda cáustica no leite havia mais de dois anos", disse o delegado Ricardo Ruiz. A adulteração do leite longa vida (de caixinha) integral também foi confirmada, segundo Ruiz, pelo presidente da Copervale. O nome dele não divulgado, mas a Folha apurou tratar-se de Luis Galberto Ribeiro Ferreira.

Os diretores da Copervale, de Uberaba (MG), estão entre as 27 pessoas presas nesta semana durante a operação Ouro Branco, realizada pela Polícia Federal. A ação atingiu também a Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), de Passos, suspeita de adicionar água oxigenada misturada em soro ao leite.

Juntas, as duas cooperativas produzem 400 mil litros de leite por dia. De acordo com a investigação, produtos impróprios para o consumo, como soda cáustica, água oxigenada e citrato de sódio, eram adicionados ao leite para aumentar o prazo de conservação e o volume do produto. Se ingeridas em grandes quantidades, essas substâncias podem ser prejudiciais à saúde, porém, em pequena proporção, não trazem risco ao consumidor, segundo a Anvisa e especialistas.

Dos 27 suspeitos presos, apenas seis continuavam encarcerados na tarde de ontem. Os demais foram soltos, a pedido da PF e do Ministério Público, porque teriam colaborado com a investigação. Os nomes dos detidos não foram divulgados. Os 13 funcionários da Copervale presos pela PF na segunda estão entre os liberados. Eles disseram em depoimento que não bebiam o leite longa vida integral justamente por nele haver mistura com soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, sal e açúcar -a confirmação da composição ainda depende de exames laboratoriais.

A Folha tenta ouvir o advogado da Copervale, Paulo Pimenta, desde segunda-feira. Ele disse anteontem que a cooperativa não iria se pronunciar. A soda cáustica é usada nas cooperativas de leite no processo de limpeza dos tanques de pasteurização. Cláudio Fernando Costa, que trabalha em pequenos laticínios de Minas há 20 anos, disse que o uso da soda precede o de outros dois ácidos até o enxágüe final.

Rentabilidade:

Segundo o delegado Ruiz, a rentabilidade da fraude, no caso da Copervale, estava na adição de água para dar volume ao leite. Ele afirmou que a adulteração permitia "enganar" o exame de crioscopia, aplicado para verificar se o leite contém água. Misturadas à água, substâncias como a soda cáustica geram um pH que altera os resultados do exame. A PF trabalha com o percentual de 10% de adulteração -em um litro de leite, 10% seriam formados pela mistura diluída em água.

O presidente da Leite Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Leite do Brasil), Jorge Rubez, disse que o valor do leite é determinado pela qualidade, e não pela quantidade. No caso da Copervale, se a mistura era de fato capaz de burlar a crioscopia, a qualidade do leite produzido era falseada.

Procon:

O Procon-SP (órgão de defesa do consumidor) notificou ontem a Nestlé e a Parmalat para responder em 48 horas se distribuíram no Estado de São Paulo leite das cooperativas mineiras envolvidas nas denúncias de adulteração. Conforme o diretor de fiscalização do Procon, Paulo Góes, o órgão aguarda os resultados da operação da Polícia Federal para decidir se notifica outras empresas.

Góes afirma que o órgão solicitou informações para as marcas em virtude de veículos de comunicação terem divulgado "de maneira pública e notória" que ambas receberam leite adulterado. O Ministério Público de São Paulo solicitou à Promotoria de Passos informações sobre eventual venda do leite da Casmil, cooperativa da cidade, a empresas paulistas.

Ingleses acreditam no Pinhão Manso no Brasil

Em outra reportagem sobre investimentos estrangeiros no país, o Valor Econômico de hoje escreve sobre a intenção de um grupo inglês em investir em pinhão manso para a produção de biodiesel no São Paulo apesar do pouco conhecimento agronômico sobre a cultura:

BRITÂNICA INVESTE EM PINHÃO-MANSO EM SP

A D1-BP Fuel Crops Limited, joint venture criada em junho deste ano pelas empresas britânicas BP e D1 Oils, deu ontem o primeiro passo para a produção de pinhão-manso no Brasil. A empresa fechou acordo com produtores do município de Jales (SP) para o cultivo de 10 mil hectares da oleaginosa.

As sementes serão esmagadas localmente e o óleo bruto será exportado ao Reino Unido para a produção de biodiesel para atender ao mercado europeu, informou ao Valor Steve Douty, diretor executivo da D1-BP. "Estamos buscando outros parceiros no Brasil para expandir o plantio do pinhão-manso a 300 mil hectares, no prazo de três anos", afirmou.

De acordo com o executivo, a meta é tornar o Brasil um dos principais fornecedores da matéria-prima para a produção de biodiesel. A D1-BP foi criada para ser o braço produtor de biodiesel das empresas e tem como plano investir globalmente 160 milhões de libras (aproximadamente US$ 266 milhões) no plantio de 1 milhão de hectares de pinhão-manso no prazo de quatro anos, o que vai lhe render uma oferta anual média de 2 milhões de toneladas de óleo por ano.

A D1 Oils já possui produção própria de 172 mil hectares, cultivados na Índia, África do Sul e sudeste da Ásia e que foi incorporada à joint-venture como capital.

A D1-BP já iniciou projetos na Índia e no Brasil e estuda investir também no sudeste da Ásia, em países da África e outros da América Latina. "Na América do Sul nosso primeiro trabalho será realizado no Brasil", observou Douty. Segundo o executivo, o plantio dos 10 mil hectares - que serão cultivados na região de Lençóis Paulista - deve ser alcançado até 2010. "Inicialmente estamos negociando outras parcerias em São Paulo, mas também buscamos produtores de outros Estados, onde o cultivo do pinhão-manso tenha custo de produção favorável", disse.

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão-Manso (ABPPM), o plantio no país já ocupa 20 mil hectares, com produção comercial em Tocantins, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.

Conforme Douty, o pinhão-manso foi eleito pela empresa devido à sua alta resistência à seca, fácil adaptabilidade em diferentes países e também por ser um cultivo que não é utilizado para consumo e, portanto, não representa competição direta que possa reduzir a oferta de alimentos no mundo. "Como o pinhão pode ser cultivado em terras de menor valor agrícola e exige pouca irrigação, é uma excelente matéria-prima para o biodiesel", afirmou Phil New, presidente da BP Biofuels.

Nessa primeira fase do projeto, os investimentos no campo pela D1-BP no Brasil deverão ficar entre US$ 15 milhões e US$ 18 milhões. A estimativa é que os 10 mil hectares produzem até 20 mil toneladas de óleo para a produção de biodiesel. Douty observou que a oferta doméstica de canola e outras oleaginosas na União Européia é insuficiente para atender à demanda do bloco prevista para 2010, de 11 milhões de toneladas de biodiesel por ano. "Além disso, essas matérias-primas são muito caras para serem produzidas na Europa. Daí o interesse em transformar o Brasil e outros países em plataforma de exportação da matérias-primas para a produção do biocombustívels", afirmou.