sábado, maio 30, 2009

Sadia e Perdigão - Análise do desempenho em bolsa

Após 10 dias do anúncio da fusão entre a Perdigão e Sadia, resolvi dar uma olhada nas ações das empresas nos mercados de São Paulo e de Nova Iorque para verificar se os acionistas tinham tido algum resultado positivo.

Na NYSE (New York Stock Exchange), são comercializadas as ADR das duas empresas. As cotações de ambas ações para os últimos seis meses e para o mês de maio encontram-se logo nos gráficos abaixoPodemos verificar que o valor das ações no início do ano eram de US$ 4,90 para a Sadia e US$ 26,31 para a Perdigão. Em ambos os casos ocorreu uma queda atingindo um valor mínimo em março com valores de US$ 3,21 e US$ 21,76, respectivamente.



Após isso ocorreu uma tendência de alta que se manteve após o anúncio da fusão. O valor da Sadia e Perdigão para o dia do anúncio era, respectivamente, de US$ 6,38 e 33,21 e os valores para o fechamento de ontem de US$ 7,36 e 39,83. No final do texto, encontra-se uma tabela com os rendimentos de cada ação para o ano de 2009 considerando até ontem, o ano de 2009 até o anúncio da fusão e o período pós-fusão.


Para o mercado de SP, podemos verificar que o padrão de comportamento de ambas ações repetiu ao padrão da NYSE, ou seja, queda até o mês de março com recuperação nos meses seguintes. Os valores para o início do ano eram de R$ 3,75 e 29,74, respectivamente para Sadia e Perdigão. O vale foi alcançado com valores de R$ 2,56 e 26,18. No dia do anúncio, as ações tiveram fechamento de R$ 4,32 e 33,99. No intervalo de 10 dias, as ações foram valorizadas alcançando R$ 4,87 e 39,20.
Baseados nos dados da tabela acima, podemos concluir que ambas ações tiveram um desempenho superior no mercado americano quando comparado ao mercado brasileiro e que, os rendimentos foram bons (50% no mercado americano e 30% no mercado de SP), os desempenhos comparados entre as ações foi muito semelhante e que o mercado reagiu de forma positiva à fusão, ocasionando um ganho maior para as ações da Perdigão, algo esperado visto que a Perdigão comandou este processo.

sexta-feira, maio 29, 2009

Açai - produto ainda pouco explorado

A reportagem abaixo da Gazeta Mercantil mostra o potencial de mercado do açai. Este produto pode ser explorado de forma muito mais inteligente através de corretas ações de marketing, porém vive ainda de ações individuais. Abaixo segue a notícia na íntegra e espero que, ao contrário do que está na mídia hoje, esta não seja a última edição da Gazeta.

Moda do açaí nos Estados Unidos faz preço da fruta subir 6.000%

Rio de Janeiro, 29 de Maio de 2009 - Os consumidores dos EUA estão transformando "um alimento típico dos pobres em um tipo de iguaria", segundo informou Oscar Nogueira, especialista em frutas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Os gastos com produtos que contêm açaí por americanos que querem perder peso, ganhar energia ou desacelerar o envelhecimento dobrou no ano passado, para US$ 104 milhões, segundo a SPINS, empresa de pesquisa de mercado sediada em Schaumburg, Estado norte-americano de Illinois.

Desde que a demanda dos EUA decolou, no começo desta década, o preço da fruta no atacado disparou cerca de 60 vezes, segundo mostram dados da Embrapa.

Em 2008, as exportações do Pará, o maior produtor de açaí do Brasil, cresceram 53%, correspondendo a cerca de um quarto da safra, segundo o governo local. A produção, porém, aumentou pouco nos últimos cinco anos.

A apresentadora americana Oprah Winfrey conversou sobre a fruta com o cardiologista Mehmet Oz no seu programa de televisão quando ele apresentou uma "lista anti-idade", que inclui o consumo de açaí, mirtilo e tomates. O açaí "tem o dobro do conteúdo de antioxidantes do mirtilo", disse Oz, de Nova York.

O site de Oprah exibe a "Lista de 10 superalimentos" feita pelo dermatologista Nicholas Perricone, que inclui o açaí. Perricone, baseado em Meriden, Estado de Connecticut, vende produtos para a pele e suplementos alimentares, entre eles um pó que contém açaí, segundo o site dele.

Um Luxo

Em Igarapé-Miri, aldeia paraense a 1.800 quilômetros ao norte de Brasília, Francisca Neves, que vende farinha de mandioca para vizinhos e restaurantes, diz que a polpa amarga que ela costuma comer agora se tornou um luxo. "A nossa neta vai fazer três anos e vamos receber a família", disse Francisca, 68, enquanto pagava 20 reais, ou cerca de 7% da sua renda familiar mensal, por dois litros da polpa em uma feira local.

O açaí é a fruta de uma palmeira e parece um mirtilo. Na Amazônia, ela é batida, diluída em água e comida com mandioca, carne, peixe ou camarão seco. A polpa fornece mais proteína em relação ao seu peso do que ovos e leite e tem altos níveis do antioxidante antocianina, assim como vitaminas E B1, potássio, ferro e cálcio, segundo a Embrapa.

O governo do Pará recomenda o seu consumo. A fruta é associada popularmente com força dos ossos e dos músculos, longevidade e um sistema imunológico saudável, disse Lucival Cardoso, diretor do Departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde do Pará.

"Incentivamos as famílias a darem açaí para as crianças a partir dos seis meses", disse Cardoso. "Também é um alimento que satisfaz muito: é por isso que ele é associado às dietas das famílias de baixa renda."

A Food and Drug Administration (FDA, órgão regulador da comercialização de remédios e alimentos dos EUA) não examinou produtos com açaí, informou Susan Cruzan, porta-voz da FDA.

Comprimidos, bebidas energéticas com a fruta e outros produtos que contêm açaí são vendidos em lojas de produtos naturais em todo o território dos EUA. Alguns sites dizem que a fruta ajuda na perda de peso, disfunções sexuais, combate a células cancerosas e regeneração dos músculos.

As tentativas de aumentar a produção no Brasil de forma a atender à demanda têm tido pouco sucesso por causa da dificuldade em obter terra às margens dos rios, disse Alfredo Oyama Homma, economista rural da Embrapa em Belém. "As palmeiras do açaí são mais produtivas quando cercadas por outras árvores e também precisam de muita água", disse Homma.

No Brasil, os produtores tradicionalmente vendem sua safra em cestos de vime, que contêm cerca de 14 quilos de fruta. Desde 2000, o preço de um cesto de açaí subiu de 1 real para até 60 reais, segundo mostram dados da Embrapa.

Segundo Francisca, que diz que Igarapé-Miri é a capital mundial do açaí, os habitantes da cidade estão pagando o preço pela fama internacional da fruta. (Gazeta Mercantil /Finanças & Mercados - Pág. 9)(Bloomberg News)

domingo, maio 24, 2009

Derivativos: Entenda um pouco dessa ferramenta

Nunca uma ferramenta financeira trouxe um prejuízo tão grande ao país quanto os derivativos cambiais. Segundo o Estado de São Paulo, somente no ano passado, as perdas das empresas brasileiras alcançaram a soma de cerca de US$ 30 bilhões (61 bilhões de reais). Entretanto, o estrago parece que foi maior ainda no agronegócio. A figura abaixo mostra o tamanho do estrago:



Entretanto, até mesmo um dos maiores gênios do mercado financeiro, Warren Buffer, assumiu na reunião anual com os investidores de sua empresa, a Berkshire Hathaway, que pode ter alguns problemas com derivativos neste ano.

Apesar disso, os derivativos ainda consistem em ferramentas adequadas para a gestão de risco e um artigo do Arnaldo Correia da Archer Consulting, publicado na Gazeta Mercantil esta semana, comenta sobre isso e que abaixo encontra-se na íntegra:

O bicho papão do mercado de futuros


Os derivativos passaram de mocinhos e provedores de soluções para o papel de vilões e responsáveis únicos por todos os males do mundo. Falar em derivativos, hoje, dentro das empresas soa como palavrão, uma heresia digna de punição severa. Na melhor das hipóteses, um indutor de arrepios em todos os escalões das empresas.

Derivativos não é bicho-papão. São ativos financeiros que permitem a transferência de riscos sem transferência de recursos. Sem eles, as empresas comprometem caixa, diminuem a flexibilidade das operações, deixam de olhar as perspectivas de médio e longo prazo e se concentram no aqui agora,perdendo visão de futuro.

Peter Bernstein, economista americano e autor de "A História do Risco", matou a charada quando disse que os derivativos são como uma lâmina de aço, "podemos nos barbear com ela, mas também podemos cortar os pulsos". Depende da dosagem do remédio.

Fatos recentes sobre as operações de derivativos por empresas brasileiras são, até onde se sabe, um exemplo de como usar mal a lâmina de barbear. No mercado de commodities agrícolas, no entanto, os derivativos têm sido usados de maneira responsável, como garantia de preço mínimo para o produtor (que pode planejar melhor o que vai plantar, sabendo quanto vai receber); de preço máximo de aquisição de matérias-primas para as empresas do setor alimentício, agregando valor ao acionista pela flexibilidade de suas operações e dos produtos oferecidos tanto nos mercados futuros como pelos provedores de operações de balcão.

Houve também problemas com empresas do agronegócio brasileiro, em operações com commodities. Mas, as empresas que se deram mal na recente história dos derivativos agrícolas guardam pouca ou nenhuma relação com os instrumentos em si, mas sim com a má gestão, com a alavancagem especulativa e falta de conhecimento dos riscos. Essa não tem sido a regra, mas a exceção.

Há dez anos, o volume negociado nas principais bolsas de commodities do mundo era 6 vezes o volume negociado no mercado físico. Para cada saca de café negociada no mercado internacional havia o equivalente a 6 sacas negociadas nos mercados futuros. E por que esse número? Porque toda a cadeia do agronegócio café, por exemplo, estava focada em diminuir riscos de preço. É o produtor se protegendo, o exportador travando margens, é o banco provendo proteção no mercado de opções, diminuindo a inadimplência do cliente, a trading mitigando riscos, o importador travando o preço da mercadoria, e por aí vai.

No caso do açúcar, existe uma cristalina percepção de que os participantes desse mercado têm usado e abusado de NY não apenas para se proteger das oscilações de preços no mercado internacional, mas também para dar respaldo a muitos negócios feitos com açúcar no mercado interno, que utilizam as cotações de NY como balizadores de preço. Some-se a isso negócios com etanol que usam o açúcar como balizador.

Os derivativos são imprescindíveis na gestão de risco das empresas do agronegócio que primam pela modernidade. Há de esclarecer essa confusão de conceitos que os colocam como causa dos males do mundo. Seria a mesma atitude daquela pessoa que chegou em casa e surpreendeu o cônjuge no sofá em adultério. Com raiva, vendeu o sofá. (Arnaldo Luiz Corrêa - Especialista em gestão de riscos em commodities)

quarta-feira, maio 20, 2009

Finalmente acabou a novela..Brasil Foods chegou...

Após 5 meses de conversas e notícias desencontradas, a fusão Sadia - Perdigão foi sacramentada. As notícias abaixo de hoje mostram o cenário atual da empresa, porém no final do post, coloquei um post do site Investidor Jovem de janeiro de 2009 que analisa as duas empresas do ponto de vista do investidor:

Ações de Sadia e Perdigão disparam na Bovespa

Interesse dos fundos de pensão controladores da Perdigão em participar da oferta de R$ 4 bilhões em ações da Brasil Foods anima os investidores - 20.05.2009 17h00

Portal EXAME - Após despencarem com o anúncio de fusão, as ações de Sadia e Perdigão deram uma guinada nesta quarta-feira (20/5) e dispararam, liderando o ranking das maiores alta do Ibovespa. Às 15h56, as ações preferenciais da Sadia (SDIA4) eram cotadas a 4,69 reais, em alta de 8,56%. As da Perdigão (PDGA3) subiam quase o mesmo percentual, 8,53%, para 36,89 reais. "Daqui pra frente, as ações devem caminhar juntas, porque já foi definida a paridade de troca dos papéis", destaca Renato Prado, analista da corretora Fator.

A mudança de humor dos investidores em relação aos papéis, segundo Luciana Leocadio, analista da corretora Ativa, deve-se principalmente à divulgação de detalhes da operação que criará a Brasil Foods. "Os investidores estavam receosos quanto à oferta de ações de 4 bilhões de reais, mas depois que os acionistas majoritários sinalizaram interesse na compra dos papéis, a situação mudou. Somente isso já garantiria quase metade da oferta", diz Luciana.

Os principais acionistas da Perdigão são os fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras), Valia (da Vale), Sistel (do antigo sistema Telebrás) e Real Grandeza (de Furnas). Além deles, as famílias Fontana e Furlan, controladoras da Sadia, também podem participar da operação e há, ainda, a expectativa de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seja um dos investidores.

Os cálculos da corretora Fator mostram que as ações da Brasil Foods devem ser negociadas a 30 reais. A avaliação considera um ganho de sinergia de aproximadamente 1,6 bilhão de reais, equivalente a 15% do valor de mercado de Sadia e Perdigão.

Outro ponto que pode estar influenciando os negócios é o compromisso assumido pela China de abrir seu mercado para a carne de frango brasileira. A medida criaria uma grande oportunidade para a Brasil Foods, que já nasce como a maior processadora de carne de frango do mundo. Essa abertura, na avaliação da Link Investimentos, "pode ser o primeiro passo para a conquista de um mercado muito mais relevante que o de carne suína. A expectativa é de que o chineses importem nesse ano cerca de 300.000 toneladas, o que representa quase metade das exportações brasileiras".

"Sadigão" nasce com dívida de R$ 10,4 bilhões
Empresa resultante da fusão Sadia-Perdigão fará oferta de ações de R$ 4 bi para reduzir débitos
Por Francine De Lorenzo 19.05.2009 12h22


Portal EXAME - A empresa criada pela fusão entre a Sadia e a Perdigão, denominada de Brasil Foods, nascerá com uma dívida líquida de 10,4 bilhões de reais. A maior parte herdada da Sadia, que fechou o primeiro trimestre deste ano com uma dívida líquida de 6,8 bilhões de reais, sendo 47,5% desse valor com vencimento no curto prazo.

O montante é considerado por analistas bastante elevado quando comparado à capacidade de geração de caixa da nova empresa. A dívida líquida da Brasil Foods será equivalente a 4,5 vezes o lucro antes de juro, impostos, depreciações e amortizações (Ebtida). "O ideal seria a metade disso", ressalta Peter Ping Ho, analista da corretora Planner.

O alto endividamento da Brasil Foods ajuda a explicar a queda das ações das duas empresas na BM&FBovespa. Às 12h04, os papéis da Perdigão (PRGA3) tinham queda de 4,26%, as ações ordinárias da Sadia (SDIA3) caíam 7,08% e as preferenciais (SDIA4) recuavam 2,64%.

A origem da dívida

A situação da Sadia se complicou no ano passado, quando a empresa contabilizou 2,6 bilhões de reais de perdas com operações financeiras. A empresa apostou em derivativos de câmbio fora do BM&FBovespa - portanto, no mercado a termo.

Com medo de perder rentabilidade com as exportações devido à queda do dólar, a empresa montou contratos bilionários em que apostava na manutenção da tendência de fortalecimento do real.

Com a quebra do banco americano Lehman Brothers e o agravamento da crise do crédito em todo o mundo, a moeda americana disparou no Brasil e obrigou a Sadia a levantar bilhões de reais para arcar com os compromissos assumidos com os bancos que estavam na outra ponta dos contratos de derivativos.

Como equacionar a dívida

A fusão com a Perdigão não resolve de imediato o problema do endividamento da Sadia porque os acionistas vão receber ações - e não dinheiro – após a conclusão do negócio. O plano da Brasil Foods é realizar nos próximos meses uma oferta de ações com o objetivo de captar 4 bilhões de reais.

Os acionistas de Sadia e Perdigão terão prioridade na oferta, que será estendida ao mercado caso não seja completamente absorvida pelos acionistas. "Esse dinheiro servirá para dar fôlego à empresa. Assim, ela poderá se reestruturar, incorporar a sinergia gerada pela união e elevar sua geração de caixa. Mas não resolve de imediato o problema do endividamento", explica Ping Ho.

Se os recursos forem totalmente direcionados ao pagamento de dívidas, o endividamento da Brasil Foods deverá recuar para cerca de 2,8 vezes o Ebtida, calcula o analista da Link Investimentos, Rafael Cintra.

O mercado esperava que o anúncio da fusão viesse acompanhado de um aporte de capital por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou ao menos de uma promessa do banco de que participará dessa operação de venda de ações.

EXAME apurou, no entanto, que isso não será anunciado agora porque o acordo com o BNDES ainda não está fechado. Tanto a Brasil Foods quanto o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disseram que a participação do banco é possível, mas ainda depente de negociações futuras.

A falta de segurança de que o BNDES vai adquirir papéis suficientes para garantir o sucesso da operação foi uma das razões apontadas pelo mercado para a queda das ações das duas empresas nesta terça-feira na BM&FBovespa.

Apesar do forte passivo, a Brasil Foods será a maior processadora de carne de frango do mundo, a décima maior empresa do setor alimentício das Américas e a segunda maior do Brasil, atrás somente da JBS-Friboi, com um faturamento anual de mais de 22 bilhões de reais.



Produtores não terão prejuízo com fusão entre Sadia e Perdigão, diz ministro
Stephanes acredita que competição no mercado vai continuar

A união da Sadia com a Perdigão na Brasil Foods dificilmente atrapalhará os produtores integrados às companhias no que se refere à questão dos preços de comercialização dos produtos, na opinião do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

– Não acredito numa disputa por preço. Sadia e Perdigão são empresas com integração muito forte com os produtores – acrescentou.

Stephanes considerou positiva a fusão das duas empresas. Na avaliação do ministro, apesar da concentração de 40% do mercado com a união das duas companhias, o restante do segmento é bastante pulverizado.

– A competição vai continuar – previu, citando como exemplo a Aurora, uma grande cooperativa que concorre com as duas companhias e é formada por 450 mil associados.

Questionado a respeito da possibilidade de ocorrer com a Brasil Foods o mesmo que foi verificado com a Ambev (empresa do setor de bebidas formada inicialmente por duas companhias nacionais, mas que acabou sendo adquirida em grande parte por uma empresa belga), Stephanes negou taxativamente.

– O espírito do homem rural, da empresa rural, é outra coisa – comparou o ministro.

Sobre o impacto da fusão para o consumidor brasileiro, os executivos da Perdigão e da Sadia reforçaram nessa terça que as marcas e os produtos das duas companhias serão mantidas no mercado. Segundo o presidente da Perdigão, Nildemar Secches, a Brasil Foods será apenas um nome institucional e continuarão a ser apresentados os produtos Sadia, Perdigão, Batavo e Qualy, por exemplo. No mercado internacional, porém, a Brasil Foods fará um estudo com o objetivo de selecionar as marcas de maior aceitação e assim mantê-las.

Os executivos também negaram que a fusão resulte em prejuízos ao consumidor. O presidente do grupo Sadia, Luiz Fernando Furlan, disse que a empresa pretende repassar parte das sinergias para o bolso do consumidor.

– O objetivo da fusão é melhorar a competitividade e, automaticamente, ter preços melhores – reforçou Secches. (ZERO HORA)

Brasil Foods será a terceira maior exportadora do país
Em curto prazo, expectativa é que receita líquida chegue a R$ 30 bilhões

A Brasil Foods (BRF), empresa resultante da união da Perdigão com a Sadia, criará a terceira maior empresa exportadora do país, ficando atrás somente de Vale e Petrobras. Segundo dados das companhias, a receita líquida da BRF Brasil Foods é de R$ 22 bilhões, sendo mais da metade em exportações.

– Estamos convictos de que estamos criando um campeão e que será o maior exportador de carne do mundo – disse o presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan.

– Era uma solução quase óbvia de que iríamos nos unir – afirmou o presidente do conselho de administração da Perdigão, Nildemar Secches.

De acordo com os executivos, em curto prazo, a receita líquida da companhia poderá chegar a R$ 30 bilhões. Somente das novas fábricas da Sadia, a expectativa era incrementar em R$ 4 bilhões o faturamento no primeiro ano de funcionamento delas.

Os acionistas da Perdigão terão 68% da participação da BRF Brasil Foods, enquanto que a Sadia, 32%. O maior acionista individual será a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), com 12%. As famílias Furlan e Fontana, controladoras da Sadia, ficarão com percentual um pouco acima de 12%.

As marcas continuarão a operar separadamente e no Exterior haverá uma seleção por meio da análise de penetração de mercado. Os presidentes das duas companhias se manterão no cargo (José Antônio Fay, da Perdigão e Gilberto Tomazoni, da Sadia) e o conselho de administração da Brasil Foods será co-presidida por Furlan e Secches. O CNPJ a ser utilizado pela BRF será o da Perdigão.

A nova empresa terá mais de 116 mil funcionários. No Brasil, possui unidades nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. No Exterior, possui fábricas na Holanda, Reino Unido, Romênia e Rússia e escritórios comerciais na Alemanha, Argentina, Áustria, Chile, China, Cingapura, Emirados Árabes, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália, Japão, Portugal, Rússia, Turquia, Uruguai e Venezuela. (Agência Safras)

A fusão entre Perdigão e Sadia
Postado por Bruno Yoshimura, 28 de janeiro de 2009

Sempre olhei com bons olhos o setor de alimentos e o considero obrigatório em qualquer carteira de ações. Além da preocupação em não concentrar meus investimentos em commodities, acredito que seja um dos setores mais promissores no longo prazo.

O ritmo de produção de alimentos no mundo não vem acompanhando a demanda devido ao rápido crescimento populacional. Na revista Veja do ano passado, lembro da reportagem com o título “Vai ter (comida) para todo mundo?” que começava com a frase: “O planeta mal consegue alimentar 6,7 bilhões de bocas hoje. O que ocorrerá em 2050, quando seremos 9,2 bilhões de terráqueos? A comida será cara e rara como nunca.”Neste setor, temos algumas opções de investimento: Sadia, Perdigão, Marfrig, JBS Friboi, M Dias Branco, Minerva, Açúcar Guarani. Neste post vou focar apenas em Perdigão e Sadia, pela semelhança entre as empresas e pela especulação que saiu hoje no jornal Valor Econômico sobre uma possível fusão entre as rivais.

As duas empresas possuem faturamento e valor de mercado muito semelhantes, o que mostra que estão competindo lado a lado no setor. A grande diferença é na variedade de produtos oferecida pela Perdigão e quantidade de centros de distribuição. No caso de uma fusão, a unificação dos centros de distribuição causaria grande efeito sobre as despesas.

Sadia e Perdigão em números








Os gráficos acima mostram que as rivais são quase idênticas no mix de produtos vendidos para o mercado interno e externo. No mercado doméstico, a receita de processados/industrializados é dominante. Já no mercado externo, o que prevalece é a venda de aves e suínos in natura.

O resultado de 2007 foi favorável à Sadia, que conseguiu maior margem de lucro.

Fusão entre Sadia e Perdigão

Grandes fusões entre rivais já aconteceram mo mercado brasileiro. Em 1999 nasceu a Ambev, com a junção entre Brahma e a Antarctica. Há pouco tempo nasceu a B2W - inicialmente formada por Americanas.com e Submarino.

Como resultado, as fusões fortalecem a empresa e geram uma economia gigantesca em sinergias. No caso da B2W, é estimada uma economia de 800 milhões com a unificação dos centros de distribuição, logística e outros cortes de despesas. De acordo com a matéria publicada hoje no Valor, a fusão entre Sadia e Perdigão poderia poupar até R$ 1,8 bilhão para a nova empresa.

A diferença nesta fusão seria o motivo: a situação financeira delicada da Sadia. De acordo com analistas, a situação também pode ser resolvida com injeção de capital pela entrada de novos investidores (provavelmente o BNDES).

O Banco Itaú divulgou um hoje um relatório considerando a fusão improvável, já que 2009 é um ano importante para a Perdigão consolidar suas aquisições. Além disso, o banco acredita que o BNDES não daria incentivos. A ajuda à Sadia se daria através do aumento de capital das ações ON (SDIA3) na ordem de R$ 1 bilhão.

Em 2006 a Sadia fez uma oferta hostil aos acionistas da Perdigão para conseguir o controle da companhia, mas não conseguiu aceitação da maioria (na época a Previ possuía mais de 50% do capital e recusou, em nome dos detentores de 55% do capital de empresa, recusou).

Apesar de ser uma especulação improvável, da para imaginar essa “nova empresa” seguindo os passos da Ambev na conquista pelo mercado mundial (nas devidas proporções, obviamente). Com receita anual de mais de R$ 20 bilhões e portfólio de mais de 3.000 produtos, ela seria líder nos segmentos de massas congeladas, carnes congeladas, pizzas congeladas, margarinas e carnes industrializadas.

sábado, maio 16, 2009

A nossa cachaça devia agir como a tequila

Que a cachaça brasileira é um dos melhores destilados do mundo, nós já sabemos faz muito tempo, porém o seu desempenho nos mercados mundiais ainda é pífio quando comparado aos outros destilados. Na edição 942 da Exame podemos encontrar uma reportagem sobre como a tequila conquistou um lugar de destaque no cenário mundial. Abaixo a reportagem na íntegra que também pode ser encontrada aqui:

A cachaça que deu certo
Como a tequila conseguiu deixar de ser uma bebida desconhecida para se tornar uma mania mundial - uma garrafa já foi vendida por 225 000 dólares

Por Mariana Barboza 30.04.2009

Entra ano, sai ano e os produtores brasileiros de cachaça anunciam planos de mostrar ao mundo o verdadeiro valor da bebida nacional. A cachaça, segundo eles, tem tudo para se tornar um item de destaque na pauta de exportações brasileira. A estratégia para isso é fácil de resumir. Um forte investimento na modernização das técnicas de produção aumentaria a qualidade da bebida. Uma campanha de marketing mostraria que a caipirinha não precisa ser consumida somente em restaurantes da comunidade brasileira. Finalmente, uma grande oferta de garrafas no chamado segmento premium, as mais caras, aumentaria as margens de lucro do produto nacional. Pois, passados todos esses anos, o tipo de cachaça exportado ainda é o que custa pouquíssimos dólares - e dá aquela dor de cabeça no dia seguinte. Missão impossível? A história de outro destilado latino-americano mostra que não. Em menos de duas décadas, a mexicana tequila conquistou o mundo.

No ano passado, as exportações de tequila para os Estados Unidos superaram pela primeira vez a marca de 1,5 bilhão de dólares. O volume de vendas dobrou em pouco mais de cinco anos, crescimento considerado impressionante. Esse crescimento foi impulsionado justamente pelas bebidas de preço mais alto, o que mostra que a tequila está na segunda etapa de sua consolidação internacional. Se antes era uma bebida destinada a jovens em festas universitárias, hoje é um concorrente dos mais sofisticados uísques e vodcas. As fabricantes vêm investindo fortemente nesse segmento. A José Cuervo, que se tornou a oitava maior fabricante de destilados do mundo em razão do sucesso da tequila, prepara em sigilo absoluto o lançamento de uma marca superpremium. Em 2008, a fabricante lançou no mundo inteiro, inclusive no Brasil, a José Cuervo Black, idealizada para competir com uísques 12 anos. Por aqui, a garrafa custava 72 reais. Em um mês, todo o estoque trazido ao país foi esgotado. Para quem ainda duvida que tequila e sofisticação combinam, um aviso: o destilado mais caro da história é uma tequila, a Ley .925 Ultra Premium. Há três anos, graças a um audacioso golpe de marketing, que incluiu garrafa de platina e detalhes de ouro, a bebida conquistou seu espaço no Guinness Book: foi vendida por 225 000 dólares.

Como a tequila conseguiu? A bebida é produzida por meio da destilação do agave, planta semelhante a um cacto que nasce no estado mexicano de Jalisco, e passa por um período de maturação que varia de oito a dez anos. Quanto mais envelhecida, mais suave é o sabor da bebida - e mais salgado é seu preço. A tequila vem sendo consumida no México há quase 500 anos. Até o fim do século passado, porém, era ignorada fora das fronteiras mexicanas. Foi necessário o tino empreendedor de um americano, John Paul DeJoria, para globalizar a bebida. Filho de imigrantes, DeJoria chegou a morar na rua antes de se tornar pequeno empresário, vendendo produtos para cabelo de porta em porta. Em 1989, conheceu a tequila. A primeira experiência foi amarga, mas determinante para que o empresário se empenhasse em desenvolver algo mais suave. Três anos depois, tornou-se o primeiro importador da bebida nos Estados Unidos. DeJoria e seu amigo Martin Crowley fundaram a Patrón Spirits, primeira companhia a oferecer tequila ultrapremium fora do México. Hoje, a Patrón é líder no segmento e DeJoria é um dos empresários mais ricos dos Estados Unidos. Sua fortuna é estimada pela revista Forbes em 2,5 bilhões de dólares.

Nos últimos anos, grandes grupos internacionais começaram, de forma tímida, a tentar repetir o feito de DeJoria com a cachaça brasileira artesanal. A pioneira foi a britânica Diageo, que comprou a marca Nega Fulô e passou a investir em sua divulgação no exterior. Alguns anos depois, a francesa Pernod Ricard lançou a cachaça Janeiro, exclusiva para exportação, com foco na Europa. Os volumes de exportação, porém, ainda são irrisórios (pouco mais de 100 000 garrafas por ano). "A cachaça premium ainda é desconhecida fora do país", diz Eduardo Bendizius, diretor da Diageo. "Temos um longo caminho até torná-la um sucesso como a tequila." Em 2001, a cachaça estava na lista de prioridades do Ministério da Agricultura, cuja meta era duplicar as exportações em dois anos. Passados oito anos, isso ainda não foi alcançado. O valor das vendas, que na época era de 8,5 milhões de dólares, em 2008 fechou em 16,4 milhões - 1 centésimo do total de exportações de tequila para os Estados Unidos.



sexta-feira, maio 15, 2009

Brasil Foods - o novo nome da Perdigão - Sadia

Parece mesmo que o post anterior estava correto e a novela acabou. Conforme notícia da Folha de São Paulo, a nova empresa irá se chamar Brasil Foods. Veja abaixo notícia na íntegra:

UNIÃO SADIA-PERDIGÃO CRIARÁ BRASIL FOODS

Negócio, que pode ser fechado ainda hoje, criará a maior exportadora de produtos de carne processada do mundo.Executivo vê sinergia maior nas operações no exterior; nova empresa deve ser a 3ª maior exportadora do país, atrás de Vale e Petrobras.

Brasil Foods (BRF) será o nome da nova companhia que surgirá da união entre Sadia e Perdigão. O nome da futura maior empresa de alimentos industrializados do Brasil será em inglês, mas Brasil será grafado com s, como na língua portuguesa, não com o z do inglês.

O negócio poderá ser fechado hoje, mas, ontem à noite, ainda não se sabia precisar quando exatamente será assinado.

"Pode sair a qualquer momento, estamos de prontidão, mas ontem não foi possível porque há muito detalhamento jurídico. Questões fundamentais já foram ultrapassadas, e o negócio está em fase de finalização", disse um executivo que participa das negociações entre as empresas. Advogados, profissionais de banco e das duas empresas estão reunidos há dias, trabalhando intensamente. Para o executivo, a sinergia obtida com a BRF será maior no exterior e imediata. Haverá ganhos de logística, de meios de produção e em outras áreas.

A nova companhia será a maior exportadora de produtos de carne processada do mundo. Será também a terceira maior exportadora brasileira, atrás de Petrobras e Vale do Rio Doce, mas " a única que levará a marca brasileira para a mesa de consumidores no mundo todo", afirma. Sadia e Perdigão hoje competem entre si em mais de cem países.

O banco e a corretora ficarão de fora da nova empresa por exigência das duas partes. O acordo não poderia acontecer com a área financeira, segundo uma fonte que participou de muitos encontros para fechar o acordo, que chegaram a reunir até 20 pessoas na sala.

Os percentuais com que ficarão as partes, divulgados pela imprensa, são aproximados, porém não são corretos, segundo um executivo. Especula-se que o acordo tenha sido firmado na base de pouco mais de 30% para Sadia e de pouco menos de 70% para a Perdigão.

A BRF terá dois copresidentes em seu conselho de administração, Nildemar Secches, da Perdigão, e Luiz Fernando Furlan, da Sadia. O mandato no conselho será de dois anos.

Na nova empresa, aproximadamente 45% de vendas serão destinadas ao mercado externo, e 55%, ao mercado interno.

A união das duas trará ganhos principalmente no exterior. Produtos da Perdigão, como os lácteos, que a Sadia não produz, poderão ser oferecidos a mercados em que a Sadia está bem posicionada no exterior, como no Chile, onde já vende margarina. Ambas passam a vender os produtos uma da outra, sem a necessidade de construção de novas fábricas.

Com a operação mais diversificada, haverá mais segurança, afirma um dos executivos, que diz acreditar que todos ganham com a nova estrutura, clientes, funcionários, acionistas e fornecedores.

As negociações, que desembocaram no acordo firmado, começaram meses atrás. É a quarta ou quinta tentativa de união entre Perdigão e Sadia.Quando o negócio for assinado, as companhias passarão por um período de transição, em que terão que aguardar até que a BRF seja aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) (Folha de S.Paulo, 15/05/09)

Termina hoje a novela Sadia - Perdigão?

Encontrei esta notícia na Gazeta Mercantil. Pelo visto acabou de vez a novela Sadia - Perdigão, criando uma empresa gigante no setor:

Perdigão e Sadia anunciam hoje a maior companhia de alimentos

São Paulo, 15 de Maio de 2009 - Perdigão e Sadia devem publicar hoje na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o fato relevante anunciando a tão esperada fusão. A nova empresa, que vai desbancar a Bunge Alimentos do topo de maior empresa de alimentos do País, com faturamento bruto de R$ 25 bilhões, deve se capitalizar, inicialmente, a partir da oferta de ações. "O fechamento dessa operação não depende da entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Se o mercado de capitais responder bem à emissão, não será necessária a entrada do banco, a não ser que a instituição queira subscrever ações por avaliar que é um bom negócio", disse ontem uma fonte da Sadia, que confirmou que a fatia da companhia dentro da nova empresa seria um pouco superior a 30%. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, admitiu, no entanto, que a estatal de fomento poderá participar da operação. Coutinho coloca como condição, o respeito ao consumidor e a livre concorrência, além da estabilidade de emprego.

Além do mais, a situação da Sadia estaria menos desconfortável no curto prazo com a renegociação de parte dos débitos expressivos que estavam para vencer no terceiro trimestre deste ano, próximos de R$ 2 bilhões. No balanço divulgado ontem, a companhia apresentou a redução do passivo de curto prazo (vencimento em até 12 meses) de R$ 8,4 bilhões para R$ 7 bilhões. A diferença, de cerca de R$ 1,4 bilhão, é o volume renegociado no início de ano referente à dívida do primeiro trimestre cujo pagamento foi postergado para prazos que variam entre 180 e 360 dias. "Mas diariamente estão sendo rolados outros débitos", afirmou a fonte.

Em seu balanço do primeiro trimestre, a Sadia informou que as operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) de R$ 2,1 bilhões, estão em processo de negociação com os bancos credores, sendo que os valores com vencimentos em abril e maio (R$ 625,0 milhões) foram "rolados" para períodos de 120 a 360 dias. A empresa informou que conseguiu também rolar por 180 dias R$ 35 milhões de um total de R$ 1,2 bilhão de Notas de Crédito de Exportação (NCE) com vencimento concentrado em setembro.

Até o fechamento desta edição, por volta de 22h, o acordo ainda não tinha sido assinado, mas a publicação na CVM antes da abertura do mercado, estava prevista. Por impossibilidade de falar sobre o assunto no início da noite de ontem, a Sadia chegou a cancelar uma conferência que faria com a imprensa para anunciar os resultados do primeiro trimestre, na qual, certamente, os diretores da empresa seriam questionados sobre o fechamento do acordo com a Perdigão.

O balanço do primeiro trimestre das companhias mostra que houve piora no nível de endividamento de ambas. A Perdigão, que encerrou o quarto trimestre de 2008 com dívida de R$ 3,39 bilhões de dívida líquida, elevou esse indicador para R$ 3,6 bilhões. A Sadia elevou de um trimestre para outro um endividamento R$ 6,7 bilhões para R$ 6,8 bilhões.

No total, a nova companhia acumulará dívidas de R$ 10,4 bilhões, dos quais R$ 3,23 bilhões de curto prazo, todo valor vindo do passivo circulante da Sadia. A relação da dívida líquida total com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) é de 4,5 vezes.

A nova empresa deve ter, portanto, como maior acionista individual a Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) com cerca de 10% da participação. A Previ já detém 8,58% de participação na Sadia e 14,15% na Perdigão.

Ofuscado ontem pelo fechamento da fusão entre Sadia e Perdigão, o balanço do primeiro trimestre de ambas companhias foi de prejuízo. A Sadia teve resultado líquido negativo em R$ 239 milhões, um pouco maior do que o da Perdigão, que foi prejuízo de R$ 226 milhões. No quesito receita bruta, a Sadia teve R$ 2,8 bilhões e, a Perdigão, R$ 3,03 bilhões. A geração de caixa da Perdigão equivaleu a quase o dobro da geração da Sadia. A primeira teve Ebitda de R$ 118 milhões, e a segunda de R$ 62 milhões.

A fusão das duas empresas já começou a ser questionada pela elevada concentração no mercado de alguns produtos. Entre eles, o mercado de pizzas, onde juntas, as companhias vão deter 66% de participação (Sadia 33,5% e Perdigão 33,1%). Em massas, esse percentual é ainda maior, de 85,1% (Sadia 51,7% e Perdigão 33,4%). A nova empresa também iriam acumular 69,7% do mercado de congelados de carnes e 54,3% do de industrializados de carnes.

Durante todo o período de rumores de fusão, as ações das duas companhias tiveram forte valorização na BM&F Bovespa. Desde o começo de abril, os papéis da Perdigão valorizaram-se 26%, enquanto os da Sadia, 47%.

Ontem, a Perdigão voltou a subir. As ações da empresa fecharam em R$ 36,37, alta de 2,74%. As da Sadia encerram o pregão de ontem em R$ 4,63, alta de 2,88% em relação aos R$ 4,50 do dia anterior. (Gazeta Mercantil - Fabiana Batista)

quarta-feira, maio 13, 2009

Emergentes produzem mais carnes, mas população ainda não tem acesso

Parece que o desenvolvimento da pecuária não está trazendo grandes benefícios às populações dos países emergentes, conforme podemos verificar na notícia abaixo da Gazeta Mercantil de ontem:

Emergentes produzem mais carne, mas população não é beneficiada

São Paulo, 12 de Maio de 2009 - Em 24 anos, a produção de carne triplicou nos países em desenvolvimento. No caso da produção de leite, o crescimento foi de 122% - 40% desse aumento em lácteos esteve concentrado na Índia. A partir de 1995, esses novos fornecedores de proteína animal superaram os antigos. Após três anos, a China se tornou o maior produtor de carne do mundo responsável por 60% de toda proteína animal produzida pelos países emergentes.

"Mas mesmo com esse incremento, o consumo continua concentrado nos países ricos, disse ontem a especialista em alimentação animal, Daniela Battaglia, diretora da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) Roma. "O déficit de proteína animal ainda é muito grande", afirmou.

De acordo com a especialista, esse incremento localizado foi regido pelo aumento da demanda, pelo crescimento da população mundial e ainda pela urbanização desse contingente populacional. "A maior disponibilidade de grãos para a produção de alimentação animal, a viabilidade econômica e energética e a capacitação do setor produtivo foi determinante para esse desenvolvimento, mas ele ainda não é sinônimo de um maior acesso à proteína animal", avalia Battaglia. Segundo ela, o crescimento da produção de carne foi alimentado ainda pelo desenvolvimento da indústria de rações, contudo, ele reflete uma polarização referente aos diferentes níveis de apoio aos produtores. "O aumento da produção beneficia grandes empresas em detrimento dos pequenos e médios produtores, alguns são, inclusive, afastados do sistema", acrescenta.

Levantamento da FAO revela que 23% da demanda por alimentação animal é atendida pela indústria americana, o Brasil é o quarto maior produtor responsável por 8% do fornecimento da ração consumida pela indústria animal.

Ainda segundo Battaglia, 3,4 bilhões de hectares em todo o mundo são dedicados a pastagens, 26% localizados nos países emergentes. Outros 470 milhões de hectares, ou 1/3 da área agricultável do planeta é voltado à produção de ração. No caso da soja, oito países são responsáveis por 97% do fornecimento global da oleaginosa que entra na composição das formulações de rações.

Em apresentação no 1 Interfeed Leadership Meeting, fórum de discussão sobre os desafios da produção de alimentos no futuro promovido pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a diretora da FAO afirmou ainda que o Agronegócio deve assistir a um crescimento de 34% do consumo de milho pela indústria de etanol só este ano.

Estimativa do Serviço de Observação Estratégica da União Europeia aponta que o Brasil será responsável por mais da metade do crescimento do mercado global de alimentação com 30% das exportações de carnes até 2017, além de ser o único país onde a produção de carne de frango deve aumentar mais rápido que o consumo, consolidando a posição de maior exportador de aves à frente, inclusive, dos Estados Unidos. Mas até alcançar esse patamar, o Brasil terá de transpor barreiras operacionais.

O deputado federal Duarte Nogueira (PSDB - SP) avalia que é o "pós-porteira que extermina com toda a produtividade do setor". De acordo com ele, mesmo dentro da porteira existem barreiras logísticas, como a capacidade de armazenamento. Integrante da Comissão de Logística do Congresso, ele calcula que a capacidade de armazenamento dentro das fazendas brasileiras é de apenas 5%, nos Estados Unidos esse índice chega a 60%.

Francisco Jardim, Superintendente do Ministério da Agricultura em São Paulo, argumenta que esse gargalo poderia ser aliviado com a redução dos estoques nacionais, que para ele deveriam garantir o abastecimento de 45 dias do mercado interno e não de 91 como preconizado atualmente. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 11)(Gilmara Botelho)

segunda-feira, maio 11, 2009

Expansão imobiliária expulsa produtores de hortaliças

A expansão imobiliária, fato tão comum nas grandes regiões metropolitanas, está fazendo com que a área de produção de hortaliças diminua. Isto me parece um contraste visto que ao crescer, tais áreas tornam-se mais atrativas aos produtores, que por sua vez tem que ir produzir mais longe.

A notícia abaixo foi publicada no Cosmo e encontra-se na íntegra abaixo:

Área de hortaliças diminui pela metade em Campinas
Redução de número de hectares cultivados na região no município ocorreu nos últimos 12 anos, aponta o Lupa

Sheila Vieira - Agência Anhangüera de Notícias

A área de cultivo de hortaliças na região de Campinas caiu pela metade em 12 anos, segundo Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo (Lupa), realizado pelo governo estadual e divulgado no final do mês passado. Em 1996, 385 horticultores trabalhavam em uma área total de 922,4 hectares. Hoje, o cenário está bastante diferente e o número de hectares cultivados foi reduzido a cerca de 50% — 429,2 hectares, 17% deles com alface.

Conforme Daniel Pinto da Silva Kramer, assistente agropecuário da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura, a área de plantio da horticultura foi pressionada pelo avanço dos loteamentos residenciais sobre a zona rural. A forte expansão imobiliária teve reflexos no conjunto dos 17 municípios que compõem o escritório regional da Cati.

Em pouco mais de uma década, de 1996 a 2008, a área de abrangência do escritório regional com sede em Campinas ficou sem 10.359 hectares de terras rurais. O município que mais perdeu espaço rural foi Hortolândia, com recuo de 58,76%, segundo o Lupa.

Atualmente, de acordo com o Lupa, a braquiária para pastagem é a cultura que ocupa a maior área na regional, com um total de 69.666,9 hectares. Em seguida, vem a cana-de-açúcar com 30.414,5 hectares — houve um incremento de 12,64% no total cultivado na região, seguindo a tendência do Estado, que também apresentou alta no espaço dedicado a esse plantio. O eucalipto é a terceira cultura em área no conjunto dos municípios.

Segundo o Lupa, em 2008, o número de horticultores em Campinas chegava a 67 produtores, com 132 hectares de área plantada. Em 1996, eram 160 produtores, ocupando 224,9 hectares de uma área rural no município que, na época, totaliza 39,267 mil hectares. Para Kramer, além da pressão urbana, pesa contra a horticultura a necessidade de acompanhamento diário dos canteiros. “O que exige maior esforço dos horticultores”, explica.

Consumo

O brasileiro não tem hábito de comer salada com frequência, pelo menos aquelas preparadas basicamente com verduras. Levantamento realizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em 2002, compara que o brasileiro ingere pouco mais de 40 quilos de hortaliças por o ano (incluindo feijão). Esse consumo é duas vezes menor em relação aos vizinhos argentinos e seis vezes menor que a dieta habitual dos chineses, de 254 quilos por habitante.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as principais hortaliças consumidas no Brasil por ano são a batata-inglesa (cinco quilos), seguida do tomate (cinco quilos) e da cebola (três quilos e meio). A alface representa isoladamente apenas 600 gramas de consumo por habitante por ano. O que é considerado baixo, por ser rico em fibras, vitaminas A, B e C. De maneira generalizada, seu consumo está concentrado nas classes A e B e nas regiões Sul e Sudeste.

De acordo com Álvaro Peixoto, diretor do segmento de sementes da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem), apesar de a alface ser um dos principais ingredientes da salada, o baixo consumo de hortaliças está relacionado à cultura do brasileiro e varia de acordo com a região. O mesmo ocorre em relação à preferência por determinado tipo desta verdura. “Felizmente a busca por uma alimentação mais equilibrada e o esclarecimento da população sobre a importância dos hábitos saudáveis vêm mudando esse quadro”, conta o diretor da Abcsem.

Nos países desenvolvidos o estudo da FAO apresenta índice de consumo ainda maiores, como 127 quilos/ano por habitante nos Estados Unidos e 151 quilos por habitante na Itália. Países asiáticos, conhecidamente habituados a consumir mais hortaliças e menos carne têm índices de consumo elevadíssimos. Chineses, por exemplo, chegam a consumir 254 quilos por habitante/ano.

Bairro San Martin abriga reduto de vinte horticultores

A atividade rural em Campinas é mantida principalmente às margens de rodovias e em bairros limítrofes. Rodrigo Baccan, chefe da Casa da Agricultura de Campinas, atuou no recadastramento do Lupa e informa que a hortcultura é mais concentrada no distrito de Barão Geraldo. Já a fruticultura e produção de goiaba, nos bairros próximos ao Aeroporto de Viracopos, como Pedra Branca e Descampado. Os distritos de Sousas e Joaquim Egídio respondem pelo turismo rural e pela produção de eucalipto.

Na região do bairro San Martin há um reduto de quase 20 horticultores. Um deles é Denilson José Sedano, produtor há 20 anos e terceira geração dos Sedano no local. Em seu sítio de 168 mil metros quadrados, o equivalente a 7 alqueires, cultiva 11 tipos de hortaliças. A alface é uma das principais culturas em sua propriedade, especialmente o tipo crespa que está em 70% das hortas, seguida por lisa (10%), americana (10%), mimosa (5%) e roxa (5%).

O horticultor diz que colhe diariamente 100 caixas de alface — ou seja 2,4 mil pés da hortaliça. Cerca de 70% de sua produção é destinada a cozinhas industriais de multinacionais. O restante é distribuído entre varejões e redes de supermercado.

Para assegurar sua participação no mercado, segundo Sedano, é preciso colher as hortaliças diariamente. O produtor calcula que suas verduras chegam ao consumidor no tempo recorde de 12 horas após terem sido colhidas. “É preciso oferecer rapidez, produto de qualidade e bom preço”, enumera.

Sedano reclama que enquanto os preços dos insumos triplicaram em 10 anos os da verdura não subiram no mesmo período, com exceção na temporada de calor. No Verão, de janeiro a março, a perda na lavoura chega a 60%. Em compensação, a demanda dobra, provocando aumento sazonal no preço da alface.

Uma das estratégias para minimizar os custos dos produtores é a rotação das hortaliças na propriedade. Baccan sugere que o produtor de alface intercale os canteiros com culturas como tomate e almeirão, que exigem cuidados parecidos e aceitam quase os mesmos adubos e fertilizantes.

Segundo Ceagesp, brasileiros preferem a variedade crespa

A preferência do consumidor brasileiro pelos tipos de alfaces existentes hoje no mercado, segundo dados de 2004 da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), está distribuída da seguinte forma: 61% para o tipo crespa, 19% para a variedade americana, 18% para a espécie lisa e 2% para o tipo romana. “A crespa é mais consumida por causa do tamanho de cada pé”, explica Denilson José Sedano, produtor há 20 anos em Campinas. “Também são decorativas porque suas folhas maiores dão mais volume no prato e no lanche.”

Segundo Daniel Pinto da Silva Kramer, assistente agropecuário da Cati, as empresas de sementes lançam no País duas variedades por ano de cultivares melhorados, que devem responder a uma classificação padronizada de tamanho, aparência, defeito e de resistência a ataque de doenças, como o mofo branco, queima da saia ou ferrugem. Em 2008, a Seminis, divisão de sementes da Monsanto, com escritório em Campinas, colocou no mercado uma nova alface do tipo romana, batizada de Conquistador.

Segundo a Seminis, as vantagens dessa nova variedade de alface estão nas folhas mais alongadas e uniformes que permitem cortes mecânicos perfeitos e reduz perdas no preparo de saladas e sanduíches. O formato das folhas também possibilita maior arejo das plantas, seja no solo ou na hidroponia, e ainda melhora o controle preventivo de pragas. “O maior temor do horticultor é a perecibilidade no campo, que é alta para as folhosas nos dias quentes”, explica Flávio Leal, gerente de desenvolvimento tecnológico da Seminis.

Leal garante que, no prato, o produto oferece dose extra de nutrientes devido à sua maior concentração de clorofila, altos teores de vitamina A, C e Cálcio em relação às demais cultivares, como a crespa e lisa explica. “A romana Conquistador, além de ser cerca de 20% mais rentável que a alface crespa, possui o mesmo ciclo e custo de produção.”

sábado, maio 09, 2009

Mercado de leite no Brasil

Na edição de maio da Dinheiro Rural, tem uma notícia sobre a entrada da Nestlé no mercado de leite fluido. Esta ação poderá trazer alguma movimentação no setor, visto que, conforme mostrado na figura abaixo, a empresa é o maior player do mercado, com captações anuais de cerca de 2 bilhões de litros. Somente a captação estimada para as duas marcas de leite fluido (Molico e Ninho) será de 250 milhões de litros anuais, valor maior do que a captação da Danone, 11ª empresa no setor.

Portanto vamos esperar para ver!

quarta-feira, maio 06, 2009

Produção de palma no Brasil pode ser limitada por pressões ambientais

Na edição de ontem do Commodity News For Tomorrow da Chicago Mercantile Exchange, um artigo sobre a Agropalma, a possível expansão da palma no país e as pressões ambientais, por se tratar de uma produção em bioma amazônico. Traduzi o artigo e coloquei-o abaixo:

Aspectos ambientais impactam expansão da palma no Brasil

Brasil, o segundo maior produtor de soja do mundo, tem identificado a palma como a próxima área de crescimento da agricultura, mas o progresso da expansão tem sido prejudicado por leis ambientais restritas, falta de crédito fácil e uma escassez de sementes, disse um alto executivo do setor nesta terça-feira.

"Para os próximos cinco anos, eu não espero que a área de palma aumente mais do que 10.000 hectares por ano", disse Marcello Amaral Brito, diretor comercial da Agropalma, o maior produtor de palma do Brasil.

Agropalma representa mais de metade da plantação de palma do Brasil e produz perto de 150.000 toneladas de óleo de palma bruto por ano. Brasil tem atualmente cerca de 70.000 hectares de plantações de palma, que produzem cerca de 220.000 toneladas de óleo bruto de palma por ano.

Em comparação, a Indonésia, o maior produtor de palma, tem 7,8 milhões de hectares sob cultivo enquanto que a Malásia, o segundo maior, tem 4,5 milhões de hectares.

O embaixador do Brasil na Malásia Sergio Arruda disse na semana passada, que existe um grande potencial de expansão da palma cultivada com milhões de hectares de terra ociosa disponível no país sul-americano.

O clima na região amazônica do norte do Brasil é adequado ao cultivo da palma e o aumento da produção pode ajudar a resolver a escassez mundial de óleos vegetais no longo prazo. Ela também pode ajudar a atender a crescente demanda de óleos vegetais para executar o programa biodiesel do país, que atualmente funciona com óleo de soja.

"O potencial é enorme, mas, infelizmente, os progressos são lentos", disse Brito, notando que pouco progresso foi feito desde que a cultura foi introduzida no país mais de 30 anos atrás.

No entanto, rigorosas normas ambientais que exigem que novos plantios comerciais no Amazonas sejam rodeados por florestas à razão de 1:4 tornará difícil a expansão, disse Brito.

Desenvolver florestas em terras degradadas e garantir a cobertura florestal em 80% da área total requer grandes somas de dinheiro, disse ele.

Agropalma tem cerca de 50.000 hectares de plantações de palma e mantém uma área florestal de 65.000 hectares, observou Brito.

Apesar de ser maior que muitas pequenas e médias propriedades na Malásia e na Indonésia e ter uma cobertura florestal inferior a 60% da área total, a maior parte disso foi desenvolvida antes de 1999, quando as regras exigiam cobertura florestal de apenas 50% da área plantada comercialmente.

"O Brasil está considerando reverter para a regra pré-1999, mas ao menos que isso aconteça, a expansão da área de palma está limitadas", disse Brito.

Árvores comercialmente viáveis para a produção de madeira podem ser plantadas nas florestas compulsórias em torno da palma, mas as regras que regulamentam o programa no âmbito do Código Florestal Brasileiro são complicados e desencorajam potenciais investidores, ele disse.

terça-feira, maio 05, 2009

Bertin e Marfrig? Mais uma fusão

Aproveitando o tema anterior que falava de fusões no setor canavieiro, encontrei as notícias abaixo que dão conta de uma possível fusão entre os frigoríficos. Como no caso Sadia e Perdigão, temos que esperar para ver:

Bertin nega fusão com Marfrig

Reportagem diz que negócio seria patrocinado pelo BNDES

A Bertin S.A., em comunicado ao mercado, negou que esteja negociando uma possível fusão com a Marfrig Alimentos e disse que o assunto não está em pauta na companhia.

"A informação de que estaria em curso uma negociação para sua fusão à Marfrig não é verdadeira. Não há nenhum movimento da companhia neste sentido", disse a empresa, em nota.

De acordo com uma reportagem do jornal Valor Econômico desta terça, dia 5, uma fusão entre o Marfrig e o Bertin seria patrocinada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O objetivo seria fortalecer as companhias e blindá-las num momento de incertezas na economia. (Agência Safras).

Marfrig evita comentar possível fusão com Bertin

Especulação é de que Bertin precisaria de solução para “alavancagem”

A Marfrig Alimentos prefere não comentar uma possível fusão com a Bertin, assunto levantado por uma reportagem na edição desta terça, dia 5, do jornal Valor Econômico.

"Até o momento a empresa não está comentando rumores de mercado", disse a assessoria de imprensa da companhia.

De acordo com a reportagem, uma fusão entre o Marfrig e o Bertin seria patrocinada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o objetivo de fortalecer as empresas e blindá-las em um momento de incertezas na economia.

Um executivo que participou de uma das conversas entre as duas empresas teria dito ao jornal que a Bertin precisa buscar uma solução para a alavancagem elevada. Senão com o Marfrig, com qualquer outro frigorífico.

Em uma eventual transação entre os dois frigoríficos, analistas acreditam que seria necessária a participação financeira do BNDES. O braço de participações do banco de fomento já tem fatia relevante no capital das duas companhias: 26,9% na Bertin e 14,66% na Marfrig. (Agência Safras).

Crise leva Marfrig e Bertin a negociarem união de operações

Frigoríficos: Ambas mantiveram conversas nos últimos meses; uma possível fusão também depende do BNDES

Problemas conjunturais no setor de carne bovina - agravados pela crise financeira internacional - levaram Marfrig e Bertin a conversações visando a uma possível fusão patrocinada pelo BNDES. Segundo apurou o Valor, as duas empresas mantiveram conversas nos últimos meses. O objetivo das companhias com uma eventual fusão é se fortalecer e se blindar em um momento de incertezas na economia.

Ambas estão bastante alavancadas após um período de crescimento via aquisições e fecharam o último ano com perdas. A Bertin S.A, que tem capital fechado, encerrou 2008 com prejuízo de R$ 681 milhões e dívidas de R$ 5,5 bilhões. Já a Marfrig, com ações listadas na bolsa, teve perda de R$ 35,5 milhões e sua dívida bruta ficou em R$ 4,3 bilhões em 2008.

Procurada, a Marfrig disse, por meio de sua assessoria, que "não comenta rumores de mercado". A Bertin S.A divulgou nota dizendo que "a informação de que estaria em curso uma negociação para sua fusão à Marfrig não é verdadeira. Não há nenhum movimento da companhia neste sentido".

Um executivo que participou de uma das conversas entre as duas empresas diz que a Bertin precisa buscar uma solução para sua alavancagem elevada. Senão com o Marfrig, com qualquer outro frigorífico. Em uma eventual transação entre os dois frigoríficos, analistas acreditam que seria necessária a participação financeira do BNDES. O braço de participações do banco de fomento já tem fatia relevante no capital das duas companhias: 26,9% na Bertin e 14,66% na Marfrig.

Na visão de um banqueiro, caso as conversas entre Marfrig e Bertin prosperem, um desenho provável seria a incorporação da Bertin pela Marfrig, em que os acionistas do primeiro tornariam-se acionistas muito relevantes da empresa resultante, talvez até no controle. Já a BNDESpar consolidaria sua participação na nova companhia, conforme outro executivo.

Em seminário sobre as perspectivas para o setor de carne bovina na semana passada, o diretor de relações com investidores da Marfrig, Ricardo Florence, disse, quando questionado sobre o tema, acreditar que o BNDES pode colocar mais recursos no setor.

Para uma fonte próxima às duas empresas, a união é "plausível", embora as famílias controladoras, Molina na Marfrig e Bertin na Bertin, tenham filosofias diferentes, o que poderia comprometer a negociação.

A crise no setor de carne bovina no país - por conta da escassez de matéria-prima (boi), excesso de capacidade instalada e queda nas exportações - tem derrubado importantes players do setor. Seis grandes empresas já pediram recuperação judicial, entre elas o frigorífico Independência, que chegou a ter conversas com o Bertin, mas sem avanços, segundo essa mesma fonte. O Independência manteve ainda conversas com a JBS, que também não vingaram.

Banqueiros de investimento dizem que todos têm conversado com todos dentro do setor de carne bovina, já que o movimento de consolidação é inevitável e praticamente todas as empresas estão altamente alavancadas. "É um setor em que os clientes são grandes e os fornecedores também, logo os frigoríficos também precisam crescer", diz um banqueiro. Além disso, o produto é uma commodity, que requer escala em sua operação.

A alavancagem elevada é um dos maiores problemas do setor porque nos últimos anos as empresas se endividaram para ampliar a produção e o faturamento. No caso da Bertin, segundo fontes do mercado, há outro fator. A controladora da Bertin S.A também atua em outras áreas, como biocombustíveis e infraestrutura, que vêm enfrentando uma conjuntura ruim.

Para o BNDES, os setores de frigoríficos e de etanol são passíveis de consolidação dado o impacto da crise econômica sobre a demanda dessas duas cadeias produtivas. Em março, em entrevista ao Valor, Eduardo Rathfingerl, diretor da área de mercado de capitais do banco, afirmou que há dois anos o banco vem apoiando frigoríficos por considerar que o setor tem "inegáveis vantagens comparativas". Além de fatias na Bertin e na Marfrig, o banco também tem participação na JBS e no Independência. Neste último, adquiriu 13,89% do capital em novembro passado. Quando o Independência pediu recuperação judicial em fevereiro deste ano e paralisou as operações, o banco de fomento suspendeu um segundo aporte de capital que faria na empresa.

Procurado para falar sobre as conversas entre Bertin e Marfrig, o BNDES informou que não se pronunciaria sobre o assunto.

Apesar de serem mais conhecidos pela atuação em carne bovina, Marfrig e Bertin se diversificaram bastante nos últimos dois anos. A Bertin entrou em lácteos com a compra da Vigor e a Marfrig, em aves e suínos com a aquisição das operações da americana OSI no Brasil e Europa. (Valor Econômico)

Concentração no setor sucroalcooleiro

Encontrei na edição nº 20 de Abril-Junho da revista Opiniões, um artigo interessante que mostra o movimento de concentração no setor sucroalcooleiro através de fusões e aquisições de autoria de Gustavo Oubinha Barreiro do Rabobank International Brasil.

O artigo pode ser encontrado na íntegra diretamente no site da revista clicando aqui:

Fatores que levarão à consolidação do mercado sucroalcooleiro

O saneamento e a reestruturação das empresas e do próprio setor sucroalcooleiro passa, necessariamente, por um processo de consolidação do setor. A atual crise macroeconômica, associada à crise enfrentada pelo setor nos últimos 2 anos, tende a acelerar esse processo de consolidação, até este momento, incipiente.

Vale lembrar que, ainda hoje, são mais de 350 usinas de açúcar e álcool no país, em sua maioria detida por grupos familiares, já em suas terceiras ou quartas gerações, e com desafios importantes de gestão e governança.

A lógica por trás da consolidação do mercado é bastante clara e resume-se a 5 fatores principais: 1. economia de escala; 2. formação de clusters produtivos, com consequente ganho de poder de barganha junto a fornecedores; 3. integração vertical com consequente ganho de poder de barganha junto a clientes; 4. acesso ao mercado de capitais e a fontes de financiamento mais competitivas, e, finalmente, 5. melhoria na gestão, por meio da atração de profissionais de competência reconhecida pelos mercados.


O crescimento mais recente do setor foi motivado pelo desenvolvimento do mercado de álcool combustível, que, por sua vez, se deu em função do desenvolvimento da tecnologia flex-fuel e dos investimentos pesados em cogeração de energia a partir de bagaço de cana.

Isso levou a uma nova dinâmica de consolidação de mercado, que no seu estágio inicial justificou investimentos, em função da forte demanda por veículos flex-fuel, potencial de exportação de álcool combustível para outros países, perspectiva crescente para a exportação de açúcar e potencial de ganhos para produtores eficientes.

No estágio mais acelerado da curva de crescimento do setor, foram abertas oportunidades para entrada de um grande número de investidores, muitos deles na condição de novos entrantes, tornando a consolidação possível.

Mas, nesta fase, a consolidação, embora possível, não ocorreu, uma vez que os investimentos em produção foram feitos na mesma medida em que a demanda crescia.

Porém, o fato é que ainda existe um grande potencial de crescimento da demanda, tendo em vista o crescimento exponencial projetado para a frota de veículos flex-fuel - 90% dos veículos novos comercializados no país são flexíveis, o que corresponde a, apenas, 25% do total de veículos leves do país, e o baixo preço do álcool combustível, que o torna muito competitivo, frente ao preço da gasolina.

Além disso, uma fonte adicional de crescimento da produção e da demanda, embora ainda incerta, é a exportação de álcool para países ou comunidades econômicas que iniciaram os seus próprios programas de incentivo ao uso de combustíveis renováveis, tais como Estados Unidos da América, União Europeia e Japão.
Todos estes fatores reunidos têm atraído um número significativo de empresas para o setor, que, de uma forma ou de outra, buscam se estabelecer como consolidadores da indústria, seguindo a lógica mencionada anteriormente.

No entanto, como já indicado acima, existe pouca evidência de que um processo de consolidação acentuado tenha se iniciado até agora. Em geral, embora os principais grupos tenham expandido fortemente nos últimos 2 anos, por meio de aquisições e investimentos em projetos greenfield, a indústria como um todo cresceu em um ritmo muito semelhante. Como resultado, a entrada de um número significativo de novos entrantes naquele período manteve – até aqui – a fatia de mercado dos grupos líderes, relativamente constante, apesar dos investimentos acima citados.

Não obstante, a forte crise vivida pelo setor, especialmente durante o ano de 2008, com perspectivas não muito positivas para os próximos anos, no que diz respeito às margens relativas às vendas de álcool no mercado local, associada às difíceis condições macroeconômicas atuais, pode significar o início de um ciclo efetivo, e importante, de consolidação do setor.

Recentemente, vimos a aquisição da Nova América pela Cosan, e a aquisição da Santelisa Vale pela Louis Dreyfus Commodities - LDC, como sinais de início efetivo de tal processo de consolidação.


Por outro lado, os altos níveis de alavancagem das usinas e a resistência de certos grupos, em proceder de forma mais agressiva com aquisições em um momento tão favorável para tanto como o atual, assumindo, portanto, uma posição efetiva de consolidadores da indústria, poderão continuar a limitar esse processo de consolidação.

Certamente, estamos vivendo um momento extremamente propício para uma consolidação mais efetiva da indústria, seguindo uma lógica clara para tanto, que, certamente, poderá fazer com que o setor transforme-se e reinvente-se na mão de grupos com grande capacidade de gestão, recolocando-o, de novo, no lugar de destaque que lhe é absolutamente devido.