segunda-feira, julho 21, 2008

São Paulo aumenta produção de grãos

Aproveitando o tema postado anteriormente, o Estado de São Paulo, conforme nos conta o Secretário de Agricultura João Sampaio, em nota publicada no site da UNICA, apresenta um aumento na produção de grãos apesar da expansão da cana. Tudo isso sinaliza na direção contrária da grande bobagem que o senso comum internacional apregoa, dizendo que a cana competirá com os alimentos aqui no Brasil:

SÃO PAULO: PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ESTÁ EM ALTA ACELERADA, COM EXPANSÃO DA CANA

Produção de alimentos vai continuar crescendo em ritmo acelerado em São Paulo, simultaneamente à expansão da produção de etanol de cana-de-açúcar.

É o que revela um levantamento realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Para se ter uma idéia de quão grande é este acréscimo na produção de alimentos, basta analisar os percentuais de acompanhamento - safra a safra - das produções de, por exemplo, trigo (+102%) e milho (+13%).

São Paulo é responsável por mais de metade da produção de cana-de-açúcar do Brasil, mas também é o principal fornecedor de grãos.

O secretário João Sampaio, de Agricultura de Abastecimento do Estado de São Paulo, em entrevista concedida à UNICA, explica como foi realizado o estudo e comenta seus resultados.

UNICA - Como foi realizado o levantamento que mostra que, apesar do crescimento da lavoura de cana, São Paulo continua ampliando suas produções de trigo e milho?

João Sampaio - O levantamento faz parte dos estudos de estimativa de safra que a Secretaria de Agricultura realiza por meio do seu Instituto de Economia Agrícola, que trabalha em cima dos dados coletados pela nossa Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, a qual busca a performance de cada cultura lá no campo. Devido à capilaridade dos órgãos da Secretaria, é possível fazer este levantamento. São cinco estimativas no ano, acompanhando as culturas perenes e também as culturas anuais. No caso específico, o aumento das áreas de cultivo de trigo ficou evidente pelos números, houve um aumento de 84% na área, saímos de 40 mil para 75,23 mil hectares, graças à boa remuneração do produtor com a subida dos preços e também ao programa de parceria da Secretaria, que repassa as sementes certificadas, dos produtores e a indústria de processamento de trigo na hora da comercialização.

UNICA - Quais são as perspectivas de crescimento na produção de alimentos em comparação com a da produção de cana?

JS - Haverá um crescimento maior na produção de grãos devido aos preços em alta no mercado mundial e interno das principais commodities – milho, trigo, arroz e trigo. A remuneração do produtor é que determina a sua capacidade de produzir. Neste momento, alguns grãos rendem mais do que cana, então é normal que o produtor que precisa fazer a sua opção tenda a ir para o cultivo dos grãos, principalmente daqueles já citados. No entanto, aqueles produtores de cana ou que têm as suas áreas ocupadas não deixarão de cultivar, afinal ele tem produção garantida por 7 anos, então a tendência é de estabilização no crescimento das áreas. Este levantamento já mostrou que o aumento que era de cerca de 300 mil hectares de cana a cada safra, cai para 100 mil hectares.

UNICA - Além do crescimento do trigo e do milho, há outros exemplos de crescimento na produção de alimentos no estado? Gado ou laranja, por exemplo, que também são fortes no estado de SP?

JS - A área de cultivo de laranja tem crescido na região sul do estado, houve uma mudança geográfica dos pomares, deslocando da região central por causa do avanço de doenças e dos preços da terra e arrendamento nos anos de 2005 e 2006 numa competição direta com a cana. A área de laranja é de 690 mil hectares, o maior pomar citrícola do mundo, e a tendência é que continue neste patamar ocupando estas novas áreas na região de Botucatu, Itapetininga, no sudoeste do Estado de São Paulo. Quanto às produções de milho e trigo, São Paulo é um grande importador destes grãos e deverá continuar sendo porque a demanda do mercado consumidor e da indústria de carnes, especialmente frango e suínos, é muito grande, mas temos aumentado as áreas. Hoje o milho ocupa uma média de 850 mil hectares entre as produções de milho e milho safrinha. O trigo ainda é se restringe a 75 mil hectares, mas com tendência de acréscimo, e a soja em torno de 450 mil hectares. No campo das pastagens, São Paulo tem hoje 9,1 milhões de hectares, mas cada vez mais nos especializamos na terminação, na engorda final e abate do gado que vem de outros estados, a indústria frigorífica forte leva a este estágio atual da pecuária paulista. Temos crescido também no campo da genética bovina, exportando tecnologia. A integração da cana com pecuária nos confinamentos de pecuária de corte e na própria produção de ração animal voltada a pecuária leiteira, são formas de sistematizarmos e verticalizarmos a produção de carne e leite no Estado, a cana abre esta possibilidade.

UNICA - Existe algum fundamento na afirmação de que a cana-de-açúcar pode superar a produção de alimentos no estado de São Paulo?

JS - A área de cana no estado de São Paulo é de 4,9 milhões de hectares, cerca de 20% da área ocupada com agricultura. Mas acreditamos que o crescimento seja menos acelerado, principalmente porque a ocupação de pastagens degradadas registrou um grande avanço nos últimos anos e hoje os preços dos outros produtos e do boi arrefecem este avanço. O que São Paulo tende a produzir é tecnologia sucroalcooleira, com empresas especializadas em maquinários, insumos e a produção de bioenergia, esta é a grande aposta que o setor deve fazer no Estado de São Paulo.

João de Almeida Sampaio Filho é secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Nasceu em 1965, é formando em economia pela Faculdade Álvares Penteado (Faap)

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