AS VANTAGENS DO BIOCOMBUSTÍVEL
A proibição do uso de veículos leves a diesel no Brasil vem sendo questionada por setores da indústria automobilística. Argumentam que é injusto tolher a liberdade do consumidor em ter acesso a esse tipo de veículo, popular em vários países da Europa, e que lá apresenta vantagens na redução de gás carbônico em relação à gasolina. Pretendem provar que a proibição é uma tolice, coisa de tupiniquim que não conhece as boas coisas do mundo.
O fato é que a campanha a favor dos veículos leves a diesel está mal contada. Por questões de competitividade, os europeus se especializaram em veículos a diesel e oferecem generosos incentivos para a sua compra e uso, daí a sua popularidade. Dispõem de combustível de alta qualidade, motores de última geração e são mais cuidadosos na manutenção, o que não impede que as grandes cidades europeias sofram com a poluição gerada por seu uso. Viabilizar agora essa ideia no País é indesejável.
O Brasil, que tem uma matriz energética fortemente baseada em energia limpa e renovável, deve incentivar suas vantagens competitivas e evitar soluções que não interessam à maior parcela da sociedade. Ao comparar as características de um veículo flex com o seu equivalente a diesel, exportado para mercados emergentes, verifica-se que o flex ganha nos principais quesitos. Sua emissão de gás carbônico, principal causa do aquecimento global, é menor pois o etanol, usado na maioria dos veículos flex, apresenta uma emissão cerca de 70% menor que o diesel, no ciclo de vida do combustível (todas as etapas, desde a produção até o uso do combustível); mesmo quando se usa gasolina brasileira, com 25% de etanol, a emissão é menor ou equivalente ao diesel. A emissão de três poluentes - óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio e partículas inaláveis - que trazem risco para a saúde pública nas cidades também é menor, há uma melhor resposta na direção e menor ruído. E, por fim, menor custo de aquisição e manutenção. Enquanto boa parte do óleo diesel consumido no País tem de ser importado, a produção do etanol gera emprego e riquezas. Como se vê, não há necessidade de impormos à sociedade soluções inadequadas que contribuem para aumentar a poluição.
Artigo publicado originalmente no Jornal da Tarde no dia 28/08/2009
Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da UNICA, é engenheiro, MSc. em Controle da Poluição Ambiental, diretor da ADS Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável e membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva.
Legislação só permite o combustível em caminhões, caminhonetes e outros veículos comerciais. Críticos da medida afirmam que diesel é mais poluente do que o álcool e que o país não produz a quantidade necessária do combustível.
O governo estuda liberar o uso de óleo diesel em automóveis de passeio. De acordo com o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), os estudos estão sendo feitos pela Petrobras.
"O fato é que devemos nos preparar para essa possibilidade", afirmou ontem o ministro, durante audiência pública sobre o pré-sal no Senado. Ele não esclareceu o que motivou a realização dos estudos.
Há mais de 30 anos, a legislação brasileira só permite o uso do diesel em caminhões, caminhonetes e outros veículos comerciais. Na Europa, a associação de fabricantes estima em 52,7% a participação dos carros a diesel no mercado.
A indústria brasileira produz, para exportação, automóveis movidos a diesel, mas os motores são trazidos da Europa.
Lobão disse que a eventual liberação do diesel para uso em automóveis de passeio dependerá dos resultados das pesquisas: "Temos a preocupação de melhorar esse combustível [diesel], retirando dele o enxofre, e introduzir o biodiesel".
Os críticos ao uso do diesel por veículos de passeio apontam várias desvantagens na liberação do produto:
1) o diesel é mais poluente do que o álcool. Além disso, o diesel usado no Brasil tem uma quantidade de poluentes muito maior do que o usado na Europa -até 1.800 ppm (partes por milhão) de enxofre no Brasil, contra 10 ppm na Europa- e polui mais do que a gasolina;de diesel de que precisa -no ano passado foram importados 5,8 bilhões de litros;
3) hoje, o diesel é mais barato (R$ 1,97 por litro) porque paga menos taxas do que o álcool (R$ 1,24/litro) e a gasolina (R$ 2,33/litro) por ser usado principalmente para o transporte coletivo. Se a demanda aumentar, essa vantagem pode ser eliminada pelo governo.
Ricardo Bock, professor de engenharia mecânica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), afirma que, se o diesel for liberado, vai tirar mercado do carro "flex" e do carro a álcool.
"É um motor que rende mais, tem maior eficiência energética, aproveita melhor a queima de combustível e tem mais torque." Ou seja, a substituição pode acontecer porque o motor a diesel roda mais quilômetros por litro do que o carro a álcool.
Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, disse que, desde 2000, a estatal investe para melhorar a estrutura de refino e aumentar a quantidade de diesel produzido no país. Isso, segundo Sauer, explicaria o eventual interesse em liberar o carro a diesel, apesar de o Brasil não ser autossuficiente no produto hoje.
"Não é uma ideia especialmente brilhante, defendemos combustíveis que poluam menos", disse o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), ao ser informado sobre o pronunciamento de Lobão.
"A qualidade do diesel brasileiro é ruim e aumentará a poluição", afirmou Eduardo Moreira, professor da Faculdade de Economia e Administração da PUC-SP. "Acho uma péssima ideia. Vai acabar com a vantagem competitiva do Brasil, que é o uso do álcool", disse Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ.
A Anfavea, entidade que reúne fabricantes de veículos, informou que a liberação do uso do diesel no Brasil não faz parte da agenda do setor. "Trata-se de uma questão de política energética, a Anfavea não comenta", afirmou a entidade.
A Petrobras disse que não tem atribuição de decidir sobre os tipos de veículos que usam diesel. Segundo a estatal, o que tem sido feito são melhorias nas refinarias para reduzir o teor de enxofre no combustível (Folha de S.Paulo, 11/09/09).
PROPOSTA FAZ BRASIL RETROCEDER AOS ANOS 70
O físico austríaco Wolfgang Pauli costumava rejeitar ideias absurdas com uma frase que ficou famosa: "Isto não está certo. Não está nem sequer errado". O mesmo pode ser dito da proposta de liberar carros de passeio a diesel no Brasil.Neste momento, o país -ou pelo menos a sociedade civil- se esforça justamente para caminhar no sentido oposto: contra o lobby das montadoras e da Petrobras, tenta reduzir a poluição do ar causada pelo diesel de ônibus e caminhões.
E o Conselho Nacional do Meio Ambiente acaba de determinar que a poluição dos utilitários a diesel seja reduzida em 33% a partir de 2013.
Injetar um número ainda incerto de novos veículos a diesel na frota anularia a medida, com a consequência previsível do aumento nas mortes (quase 20 por dia hoje só na Grande São Paulo) por essa poluição.
Ruim para a saúde, ruim para o planeta. O diesel emite muito mais gás carbônico (o principal gás de efeito estufa) do que o álcool. Hoje, virtualmente todos os veículos novos fabricados no país são flex. Mas, paradoxalmente, as emissões brasileiras no setor de transportes cresceram 56% entre 1994 e 2007 -enquanto o PIB cresceu 45%.
O que provavelmente ocorreu foi que o aumento da frota de caminhões e utilitários anulou também o benefício do flex.
Num momento em que o governo tenta exportar o álcool como bala mágica contra o aquecimento global, ficaria difícil explicar uma decisão doméstica de retroceder aos anos 1970 e abraçar o diesel -um combustível fóssil até no nome (Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha de S.Paulo, 11/09/09)
DIESEL, VILÃO DO MEIO AMBIENTE
Rudolf Diesel, engenheiro alemão, com a publicação dos seus trabalhos, em 1893, veio a inspirar a construção do 1º motor diesel. A ideia inicial era queimar carvão pulverizado a temperatura constante, posteriormente alterada pelo próprio inventor. Os veículos a diesel, atualmente, no Brasil, constituem o principal componente do preço do transporte. Em média, o derivado do petróleo representa mais de 32% do custo operacional de um veículo pesado, podendo alcançar em torno de 40% nos percursos mais longos.
Cerca de 2 milhões de caminhões acionados a diesel circulam nas rodovias brasileiras, acarretando um consumo anual do combustível líquido da ordem de 45 bilhões de litros, um dos maiores do mundo, sendo que 20% são importados, eis que as refinarias da Petrobras não conseguem mais assegurar a totalidade do abastecimento interno. Quanto ao preço, o litro do diesel subiu, na média, de R$ 1,87 para R$ 2,10 nas bombas. Nos dias atuais, os valores dos derivados do petróleo são superiores aos similares de outras nações, e perto de 50% mais caros que nos Estados Unidos.
Existem analistas que preconizam a hipótese da redução de 15 a 20% no preço do diesel nos postos de abastecimento. À semelhança do setor elétrico, em que os impostos chegam a quase 50%, o diesel sofre tributação de 22%, embora inferior aos 41% da gasolina automotiva. Quanto à Petrobras, apresenta lucros de R$ 33 bilhões, em 2008. A hipótese seria viável, o que corrigiria a distorção do preço do diesel, além de reduzir os custos do transporte rodoviário a óleo diesel na nação, a grande opção brasileira, preterindo as ferrovias.
Diante desse cenário, inexplicavelmente o Senado acaba de aprovar a liberação de vendas de carros de passeio a diesel, entre nós, antiga reivindicação da indústria automobilística brasileira. Na Europa, é usual a venda de carros pequenos que consomem diesel.
Não obstante, no nosso país, a produção do óleo diesel não é autossuficiente, bem como a má qualidade do energético, comprovadamente, é apontada pelo Ministério Público, por autoridades ambientais e por especialistas da área médica como o principal responsável pelas enfermidades respiratórias e pulmonares. Outra evidência científica é aquela que os habitantes de São Paulo vivem menos do que os europeus, pois respiram ar mais poluído. Mais da metade dos habitantes do nosso estado paulista (6 em cada 10) vivem em cidades saturadas por ozônio, um dos poluentes mais nocivos à saúde, resultantes da queima de veículos movidos a diesel.
Ademais, a norma da ANP que estabelece a quantidade de enxofre no diesel brasileiro (50 ppm em 2009) não tem sido cumprida pela nossa principal estatal. Para o Instituto de Energia e Meio Ambiente, quando se propugna o combate ao aquecimento global, o maior emprego de um combustível fóssil (diesel), em carros de passeio, seria uma afronta aos defensores de um ar mais limpo, o que poderia ocorrer com o acentuado emprego de veículos a etanol (álcool) ou biodiesel, no tráfego das cidades, em frotas de ônibus, caminhões e utilitários. Em principio, a Petrobras pretenderia liberar o óleo diesel para táxis e, mais tarde, oferecê-lo para veículos de passeio.
Para o professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, as pessoas mais sujeitas a câncer, envelhecimento precoce do pulmão e doenças respiratórias são as que vivem na capital paulista, metrópole impregnada por gases tóxicos, resultantes da queima de combustíveis derivados do petróleo. Um desafio de um país em desenvolvimento, como é o Brasil, é alcançar o seu crescimento econômico compatível com meio ambiente saudável, sem prejuízo à saúde dos seus habitantes.
Daí a imprescindibilidade da redução das emissões de poluentes, promovendo a melhoria da qualidade dos combustíveis líquidos. Nada, no entanto, poderá ser efetuado se não houver uma política energética e de combustíveis bem definida, ainda não existente no Brasil. As questões sobre o setor têm-se restringido, até agora, aos aspectos políticos e institucionais, sem a devida inserção dos temas técnicos e, principalmente, ambientais, como é o caso do maior uso do óleo diesel.
A proposta de uso de óleo diesel em carros de passeio pode prejudicar o meio ambiente (Luiz Gonzaga Bertelli é jornalista, advogado e diretor do Departamento de Infraestrutura Industrial (Deinfra) da Fiesp-Ciesp; DCI, 27/08/09)
4 comentários:
Porque absurdo!!!
Não da p entender!!!
Quem produz o diesel é a Petrobras, e ela vai diminuir e adequar c certeza seus nineis de enxofre, isto é fato.
O problema é q todo mundo quando pensa em disel lembra dos velhos motores altamente poluentes, antigos e ultrapassados.
Os tempos mudarão não quero defender esta ou aquela montadora, mas um veiculo diesel chega a rodar quase 3 vzs mais com um litro de combustivel!
Que contas estão fzd de quem polui mais, alcool em média 6 km na cidade uso urbano ,gasolina tlvz 8 km e diesel 16 km textes efetuados c um VW Gol.
O problema agora é adequar a qualidade do combustivel, com o gosto popular.
Afinal até quando vamos ser um Pais de 3º mundo.
Se ainda existe uma lei correta nesse país, ou seja que o dieesel deve ser somente ser usado em veiculos de frota ou tratores agricolas... ainda querem mudá-la...
que absurdo...
BIODIESEL x GASOLINA
Aí é que o povo se engana. Diesel é bem mais econômico que gasolina, por operar a uma taxa de compressão bastante alta, consegue render um bom torque em baixíssimas rotações, o que reduz significativamente o consumo e a emissão de CO2. Vamos ver um exemplo de carro "médio popular" europeu, o Audi A4, nas versões 2.0 FSI Turbo e a versão 2.0 TDI:
>>>A4 2.0 FSI: GASOLINA
-Em torno de 154 g/km de CO2 (manual)
-Em torno de 167 g/km de CO2 (automático)
>>>A4 2.0 TDI: DIESEL
-Em torno de 139 g/km de CO2 (manual)
-Um "teste" realizado com o novo A4 2.0 TDI, onde um grupo de 20 leitores de uma revista de carros e mais dois da Audi foram testar a eficiência do novo motor, em uma espécie de competição para ver quem consome menos, e o resultado foi impressionante: com 120hp, andando em velocidades econômicas (como as do teste do Gol 1.0 20km/l), foi registrado um consumo médio de 3.32 litros de diesel por 100km, ou 30,12 km/l com uma emissão de 88 g/km de CO2.
Em uma etapa anterior, com uma velocidade média de 81,4 km/h, o consumo foi de 3,41 l/100km e uma emissão de 91 g/km de CO2. Em contições normais esse motor consome em torno de 5,1 l/100km (ou 19,6 km/l) emitindo, como dito anteriormente, na faixa de 139 g/km.
A própria Audi lançou um A3 1.6 TDI com recursos de economia que geraram números bastante significativos também, para o uso cotidiano:
-Motor de 105hp
-Consumo de 4,1 l/100km (24,4 km/l)
-Emissão de 109 g/km de CO2
-Velocidade máxima de 194 km/h, 0-100 km/h em 11.4 segundos
Trazendo para a realidade do Brasil, um carro a gasolina com esse desempenho jamais faria algo acima de 20 km/l de gasolina. Vamos colocar uma média de 14km/l de gasolina. A R$ 2,40 o litro, isso dará algo próximo de 18 centavos por km rodado. Jogando o preço do diesel para R$2,05, com um consumo de 22km/l (vamos abaixar um pouco, já que ninguém dirige o teeempo todo economizando ao máximo) teríamos um custo de aproximadamente 10 centavos por km. Para uma pessoa que roda uns 500 km/mês, seria uma economia mensal de R$40,00 ou R$480,00 por ano. Isso claro, sem contar a redução na manutenção, que é notavelmente menor.
Também vale lembrar sempre que, se roda com diesel, roda com biodiesel.
Só para efeito de comparação. Uma carreta, carregada, em uma subida,
SOU FAVOR LIBERA O CARRO PASSEIO A DIESEL, PQ SOU CIDADAO, DEMOCRATICO.
CADA UMA ESCOLHE O CARRO FLEX OU A DIESEL..
MINHA OPINIAO EU QUERO COMPRO O CARRO PASSEIO A DIESEL.. PQ MEU OBJETIVO PARA TRABALHAR, VIAJAR, PASSEIO, MELHOR ECONOMIA OLEO DE DIESEL.. RODA TRES VEZES MAIS DO QUE GASOLINA E ALCOOL..
ABRAÇOS A TODOS
Parece que este artigo deu com os burros n´agua!
motores modernos a diesel são o que há de melhor para o meio ambiente!
O Metanol? para com isso! o dia que alcool emplacar vai ser o dia em que os usineiros deixarem de ser safados! junto com o GF! o que salva o Diesel desta ciranda de imposto é seu consumo menor em qualquer situação/veículo...
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