Transformando biotecnologias em bionegócios
(Daniela Garcia Collares/Embrapa Agroenergia)
A palestra foi proferida para alunos e professores do Curso de Mestrado em Biotecnologia Aplicada à Agricultura da Universidade Paranaense (UNIPAR).
Ao tratar de tema tão amplo, Cabral enfocou na apresentação três aspectos principais: a importância da biotecnologia na agricultura atual e as perspectivas futuras, a relevância que ela tem no atual momento brasileiro e como iniciar negócios a partir de projetos de pesquisa que são feitos na Universidade.
A respeito da importância da biotecnologia na vida moderna, o palestrante mostrou exemplos que são conhecidos por todos, mas que, às vezes, passam despercebidos. Falou de como a biotecnologia será importante para que a agricultura amplie a importância econômica na produção de alimentos, produtos químicos, fibras, fármacos, biocombustíveis e materiais básicos para diversas indústrias de transformação. “Muitas das características que atualmente são exigidas nos produtos, como qualidade, funcionalidade, rastreabilidade, inocuidade, biossegurança, certificação e customização dependerão cada vez mais da biotecnologia”, apontou Cabral. Além disso, fez menção aos desafios que o Brasil enfrenta em aumentar a participação da energia de fontes renováveis em sua matriz energética e mostrou que a biotecnologia será decisiva ao desenvolver métodos e processos para aproveitamento eficiente de matérias primas alternativas para a produção de etanol, como o sorgo sacarino, a mandioca, os resíduos agrícolas e o bagaço da cana-de-açúcar. Destacou, por exemplo, que a transformação das folhas, das palhas e do bagaço da cana em etanol por rotas biotecnológicas pode incrementar em 30 a 40% a produção do biocombustível.
A Lei de Inovação
“O ambiente para o desenvolvimento e utilização das biotecnologias no Brasil é o mais favorável de todos os tempos”, enfatiza Cabral. A partir da Lei de Inovação de 2004, foram lançadas as Políticas de Desenvolvimento da Biotecnologia, em 2007, e a Política de Desenvolvimento Produtivo, de 2008. A Lei de Inovação tem um conjunto de dispositivos e mecanismos para aproximar as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) dos setores produtivos. Cabral reforça que as duas Políticas, recentemente lançadas, traçam diretrizes e alavancam recursos para apoio à biotecnologia aplicada à saúde humana, à agricultura, à indústria e ao meio ambiente.
Nos últimos dois anos, foram criadas entre 15 e 20 empresas de biotecnologia por ano e a tendência é que esse número aumente. Em seguida, o palestrante mostrou as principais estratégias para iniciar um negócio em biotecnologia. Tais estratégias podem ser a contratação de projetos conjuntos com instituições de ciência e tecnologia, o licenciamento de patentes, o estabelecimento de contratos para a exploração de “segredo industrial” (know-how) e a incubação de empresas de base tecnológica.
Com relação a este aspecto, foi apresentado o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica e à Transferência de Tecnologia.- PROETA . No Programa, a Embrapa disponibiliza tecnologias, produtos e serviços já desenvolvidos para que empreendedores e empresários possam abrir empresas, com suporte tecnológico. Para isso, firma parcerias com incubadoras já existentes, para que as mesmas dêem suporte em gestão empresarial.
Para finalizar, Cabral explanou sobre os principais programas governamentais de apoio a micro e pequenas empresas inovadoras, como os Programas de Subvenção Econômica, o de Primeira Empresa Inovadora, de Apoio à Pesquisa na Empresa e o de Pesquisador na Empresa.
Os aspectos relacionados às estratégias para efetiva transformação dos trabalhos acadêmicos em inovações (produtos e processos) em uso pela sociedade foram os mais questionados durante o espaço de perguntas.
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