quarta-feira, setembro 30, 2009

Colheita de milho na China

O Conselho norte-americano de grãos (U.S. Grains Council -USGC) está com o blog e um link no Flickr onde mostra o Tour pelo milho chinês que está ocorrendo.

Encontrei no Blog da AgWired uma pequeno texto que traduzi e segue abaixo:

Tour do USCG do Milho na China

Encontramos muitas famílias trabalhando nos campos. Um homem nos disse que ele tem 3,7 acres (cerca de 1,5 hectares) e arrenda mais 21 acres (8,5 hectares). Ele não gosta de usar máquinas para plantio e colheita porque o trabalho manual émais barato e mais eficiente, por exemplo, em recolher pés de milho que estão caidos. Doze acres (5 hectares) da terra arrendada é controlada pelo governo local, de forma que não considerada nos registros e ele não recebe subsídios governamentais. Ele disse que gasta 10 dias de trabalho para colhers 2,5 acres de milho (1 hectare) . Isto significa que uma equipe formada pelo casal pode colher seus 3,7 acres em cerca de oito dias.

Nós encontramos esta equipe trabalhando em seu campo: 21 linhas de largura por 400 metros de comprimento. Eles pararam para conversar conosco quando nos aproximamos e nos mostraram o tamanho das espigas que eles estavam colhendo, indicando que elas deveriam ser pelo menos um terço maior. Eles tinham trabalho sem parar e agora pararam e nos atenderam – animados, sorrindo e cheios de vida. Após a nossa visita, eles caminharam de volta e retornaram ao seu trabalho, cortando os pés de milho um por um e deixando-os em leiras bem feitas, com a parte de baixo voltada para o vento.


As fotos, hospedads no Flickr do tour podem ser acessadas clicando aqui, porém como aperitivo coloquei duas fotos:





terça-feira, setembro 29, 2009

Biotecnologia será fonte de muitos negócios no futuro?

Sempre acreditei na Biotecnologia, afinal de contas a natureza é muito complexa e quem já viu algo sobre bioquímica (vi minha mulher estudando) compreende isso.

Sabendo-se do fato do Brasil ser esta potência agrícola que conhecemos, aliado com nossa biodiversidade e conhecimento técnico, visualizo um cenário positivo para desenvolvimento de negócios neste setor.

Ao navegar pelo Portal do Agronegócio, encontrei a reportagem abaixo que fala deste potencial:

Transformando biotecnologias em bionegócios

Transformando Biotecnologias em Bionegócios” foi o tema da palestra proferida por José Manuel Cabral Dias, Chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Agroenergia, no dia 24 de setembro, na cidade de Umuarama/PR.

(Daniela Garcia Collares/Embrapa Agroenergia)

A palestra foi proferida para alunos e professores do Curso de Mestrado em Biotecnologia Aplicada à Agricultura da Universidade Paranaense (UNIPAR).

Ao tratar de tema tão amplo, Cabral enfocou na apresentação três aspectos principais: a importância da biotecnologia na agricultura atual e as perspectivas futuras, a relevância que ela tem no atual momento brasileiro e como iniciar negócios a partir de projetos de pesquisa que são feitos na Universidade.

A respeito da importância da biotecnologia na vida moderna, o palestrante mostrou exemplos que são conhecidos por todos, mas que, às vezes, passam despercebidos. Falou de como a biotecnologia será importante para que a agricultura amplie a importância econômica na produção de alimentos, produtos químicos, fibras, fármacos, biocombustíveis e materiais básicos para diversas indústrias de transformação. “Muitas das características que atualmente são exigidas nos produtos, como qualidade, funcionalidade, rastreabilidade, inocuidade, biossegurança, certificação e customização dependerão cada vez mais da biotecnologia”, apontou Cabral. Além disso, fez menção aos desafios que o Brasil enfrenta em aumentar a participação da energia de fontes renováveis em sua matriz energética e mostrou que a biotecnologia será decisiva ao desenvolver métodos e processos para aproveitamento eficiente de matérias primas alternativas para a produção de etanol, como o sorgo sacarino, a mandioca, os resíduos agrícolas e o bagaço da cana-de-açúcar. Destacou, por exemplo, que a transformação das folhas, das palhas e do bagaço da cana em etanol por rotas biotecnológicas pode incrementar em 30 a 40% a produção do biocombustível.

A Lei de Inovação

“O ambiente para o desenvolvimento e utilização das biotecnologias no Brasil é o mais favorável de todos os tempos”, enfatiza Cabral. A partir da Lei de Inovação de 2004, foram lançadas as Políticas de Desenvolvimento da Biotecnologia, em 2007, e a Política de Desenvolvimento Produtivo, de 2008. A Lei de Inovação tem um conjunto de dispositivos e mecanismos para aproximar as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) dos setores produtivos. Cabral reforça que as duas Políticas, recentemente lançadas, traçam diretrizes e alavancam recursos para apoio à biotecnologia aplicada à saúde humana, à agricultura, à indústria e ao meio ambiente.

Nos últimos dois anos, foram criadas entre 15 e 20 empresas de biotecnologia por ano e a tendência é que esse número aumente. Em seguida, o palestrante mostrou as principais estratégias para iniciar um negócio em biotecnologia. Tais estratégias podem ser a contratação de projetos conjuntos com instituições de ciência e tecnologia, o licenciamento de patentes, o estabelecimento de contratos para a exploração de “segredo industrial” (know-how) e a incubação de empresas de base tecnológica.

Com relação a este aspecto, foi apresentado o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica e à Transferência de Tecnologia.- PROETA . No Programa, a Embrapa disponibiliza tecnologias, produtos e serviços já desenvolvidos para que empreendedores e empresários possam abrir empresas, com suporte tecnológico. Para isso, firma parcerias com incubadoras já existentes, para que as mesmas dêem suporte em gestão empresarial.

Para finalizar, Cabral explanou sobre os principais programas governamentais de apoio a micro e pequenas empresas inovadoras, como os Programas de Subvenção Econômica, o de Primeira Empresa Inovadora, de Apoio à Pesquisa na Empresa e o de Pesquisador na Empresa.

Os aspectos relacionados às estratégias para efetiva transformação dos trabalhos acadêmicos em inovações (produtos e processos) em uso pela sociedade foram os mais questionados durante o espaço de perguntas.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Controle biológico - um bom negócio

A utilização de métodos "não tradicionais" para a produção agrícola pode ser muito viável. Entre estes métodos um muito eficiente é o controle biológico. A reportagem abaixo do Valor Econômico que encontrei no Ethanol Brasil Blog comenta o assunto e ainda mostra o controle biológico tornou-se um bom negócio com produtos sendo até exportados. Como curiosidade fica a informação que tal prática é extremamente difundida no setor canavieiro e muitas usinas tem instalações para produção dos insetos:

Vespas, um negócio em expansão


No Século III, os chineses aprenderam a utilizar formigas para combater pragas que atacavam as lavouras de laranjas. No Brasil, só a partir da década de 90 agricultores brasileiros passaram a adotar o controle biológico como alternativa ao uso de defensivos. O domínio de técnicas para reprodução em laboratório de parasitoides - como nematoides, vespas, moscas, larvas - e seu transporte e conservação é recente e foi conquistado por poucas empresas no país.

Na categoria vespas, a BUG Agentes Biológicos, de Piracicaba (SP), divide o mercado com a Megabio Produtos Biológicos e chega ao fim do terceiro trimestre com exportações firmes e crescimento no mercado interno de 15%. "O gênero Trichogramma é o mais estudado no mundo, mas não havia produção em larga escala no Brasil. Nosso mérito foi desenvolver um sistema eficaz de produção e distribuição", diz o sócio-diretor da empresa, Diogo Carvalho.

A empresa produz em laboratório vespas do gênero Trichograma, que se alimentam dos ovos de outras pragas, e do gênero Cotesia flavipes, que se alimentam de larvas. Esses insetos, que medem cerca de um quarto de milímetro quando adultos, eram tradicionalmente vendidos em pequenas caixas de plástico, com centenas de insetos que eram lançados em pontos específicos da lavoura. A BUG, porém, desenvolveu um método em que os insetos são transportados em folhas descartáveis de papel, facilitando a sua conservação no trajeto até o campo.

Para fazer o controle biológico, são necessários 100 mil parasitoides por hectare. De acordo com Carvalho, a empresa tem capacidade para tratar 2 mil hectares por dia com esses insetos. O controle para que as vespas não se tornem uma nova praga no campo é feito no laboratório. A empresa só comercializa insetos estéreis. No campo, eles duram entre sete e dez dias. O número de liberações dos insetos varia conforme a cultura. Para uma plantação de milho são necessárias três liberações por safra; na lavoura de soja, duas, e no campo de tomateiros, uma liberação por semana.

A BUG fornece parasitoides para produtores de cana de açúcar, milho, soja, algodão e tomate. Até setembro, segundo Carvalho, a demanda estava 15% maior que no ano passado. "A expectativa é de que as vendas no ano cresçam acima desse patamar porque a demanda aumenta a partir de outubro, com o plantio das safras de verão", afirma. Em janeiro, a empresa instalou uma nova unidade em Campo Grande (MS) para fazer frente à demanda aquecida.

Outro produto comercializado pela empresa são ovos da traça Anagasta kuehniella, que são exportados. "Os ovos são usados para alimentar predadores e são exportados principalmente para a Europa", diz Carvalho. Os ovos são exportados por correio e por quilo. A previsão da empresa é repetir o mesmo faturamento obtivo no ano passado com as exportações, de aproximadamente US$ 1,1 milhão. As exportações respondem por 20% dos negócios da BUG.

Resultados diferentes tem obtido sua concorrente, de Uberlândia (MG), a Megabio Produtos Biológicos. A empresa, que também tem nove anos de existência, parou de exportar, revela o diretor da empresa, Adalberto Lúcio Borges. "Exportamos nos últimos três anos para Israel, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Paraguai. Mas o dólar não compensa", afirma. Segundo o executivo, o valor da vespa no mercado internacional é definido uma vez por ano. No Brasil, o quilo de ovos é comercializado a R$ 4,5 mil, em média. No mercado internacional, o quilo está cotado a US$ 950 (aproximadamente R$ 1,7 mil). Borges preferiu não informar quanto de sua produção era exportada, mas disse que, apesar disso, conseguiu manter estável o nível de produção e vendas - em volume suficiente para atender 2 mil hectares de lavoura por dia.

BNDES participa das grandes consolidações no agronegócio

A criação das grandes empresas nos últimos tempos ocorreu, em parte, devido ao suporte financeiro do BNDES. O Banco investiu cerca de 8 bilhões de reais nestas operações, conforme podemos ler na notícia abaixo do jornal O Estado de São Paulo:

BNDES gasta com 'Campeões Nacionais'
A criação de grandes grupos empresariais brasileiros, consumiu, em apenas um ano, pelo menos R$ 8 bilhões do BNDES.

A criação de grandes grupos empresariais brasileiros, uma das principais ambições do governo Lula na área econômica, consumiu, em apenas um ano, pelo menos R$ 8 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro foi usado para permitir que empresas como JBS Friboi e Votorantim comprassem concorrentes.

Os recursos foram injetados por meio da BNDESPar, a empresa de participações do BNDES, que entrou como sócia ou elevou participação nas compradoras - ou consolidadoras, na linguagem do banco. A conta considera apenas os aportes diretos no capital das empresas. Não entram os empréstimos concedidos a elas pelas linhas de financiamento do banco.

No setor de alimentos, onde o movimento de consolidação é mais vigoroso, a participação acionária do BNDESPar saltou de R$ 1,7 bilhão para R$ 5,4 bilhões em um ano e meio. Ao todo, o banco tem hoje cerca de R$ 13 bilhões em participações de empresas de quatro dos setores que participam do processo de consolidação: petroquímica, papel e celulose, telecomunicações e alimentos. A meta é incentivar a criação de companhias capazes de competir no exterior, criando receitas, empregos e influência para o País.

Dentro do governo, as tais empresas consolidadoras são chamadas de campeãs nacionais. A mais nova integrante do grupo é a Eletrobrás, a estatal federal de energia. O governo decidiu que a Eletrobrás terá tratamento diferenciado do BNDES, com o objetivo de disputar contratos também no exterior. Para não atropelar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), o BNDES vai financiar em condições privilegiadas os fornecedores da Eletrobrás, e não a estatal diretamente. "Estamos incentivados a procurar empreendimentos em qualquer lugar do mundo", disse o vice-presidente da Eletrobrás, Sinval Gama.

A estratégia é criticada por setores mais liberais, que a enxergam como uma interferência exagerada na economia. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, nega o dirigismo. Diz que o governo não escolhe quem será campeão, apenas abriga as empresas que considera eficientes e se encaixem em sua filosofia."Não vamos dizer: Você tem de fazer isso. Não é um movimento artificialmente forçado. Todas as economias desenvolvidas têm empresas transnacionais", diz.

A criação de grandes grupos é uma meta de Coutinho desde sua chegada ao BNDES. Mas a teoria só passou a ser partilhada pelo empresariado depois da crise econômica, que fragilizou a saúde financeira de várias companhias. No começo do ano, o banco liberou R$ 2,4 bilhões para que o grupo Votorantim incorporasse a Aracruz, formando a Fibria (celulose). A criação da Brasil Foods, resultado da compra da Sadia pela Perdigão, pode contar, ao final da transação, com R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão do banco.

A Sadia foi engolida pela concorrente porque perdeu uma fortuna com derivativos cambiais. A Votorantim já ia comprar o controle da Aracruz, mas quase desistiu porque as duas também se enforcaram com derivativos de câmbio.

Essas duas operações injetaram adrenalina nas indústrias de papel e celulose e nas de alimentos. A produção brasileira de celulose, imaginam os analistas, será dominada por dois grandes grupos: Fibria e Suzano. "A Fibria é uma grande empresa, formada a partir da fusão de outras duas", diz Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano. "Nós vamos seguir outro caminho, com a construção de duas novas fábricas e ainda uma terceira linha de produção." De acordo com ele, o grupo planeja investimentos de US$ 6 bilhões até 2018.

A movimentação mais vigorosa acontece na indústria de carnes. Além da venda da Sadia para a Perdigão, outros dois gigantes brasileiros da carne processada, JBS Friboi e Marfrig, partiram nas últimas semanas para uma política agressiva de aquisição de concorrentes.

A JBS anunciou, num único dia, uma associação com o frigorífico nacional Bertin e a compra da Pilgrims Pride, a segunda maior empresa de abate de frango dos Estados Unidos. A operação criou a maior processadora de carnes do mundo e só foi possível porque o BNDES, que já era sócio da JBS e do Bertin, terá 23% da nova companhia e vai ajudá-la a pagar a empresa americana.

Embora a tarefa esteja com o BNDES, o governo tem outros instrumentos para criar campeões nacionais. No setor petroquímico, a atuação da Petrobras permitiu que a Braskem, do grupo Odebrecht, crescesse rapidamente. Ela é a maior do Brasil e a décima do mundo.

Agora, a Braskem negocia a compra da Quattor, a segunda petroquímica brasileira, e procura uma empresa para comprar nos Estados Unidos. "Para um setor como o nosso, de muita produção e margem baixa, tamanho é fundamental", afirma Bernardo Gradin, presidente da Braskem.

Mas é o dinheiro do BNDES que mexe com o funcionamento da economia. O arsenal à disposição de Coutinho é o maior que um presidente do BNDES já teve. Este ano, o governo repassou R$ 100 bilhões à instituição para que ela pudesse suprir a demanda por financiamentos em meio à crise global e também para ajudar a Petrobras. Para o ano que vem, o banco espera um aporte igual.

De 20% a 25% do investimento total feito no Brasil vem do banco. Por isso, no Brasil de hoje, quando o tema é um grande negócio todo mundo pensa imediatamente no BNDES. A instituição vai virar sócia da Magnesita, maior empresa brasileira de refratários, para ajudá-la a pagar uma dívida de R$ 324 milhões com o banco americano JPMorgan. No setor de sucroalcooleiro, altamente endividado, o banco também está incentivando o processo de consolidação e discute apoio ao grupo francês Luis Dreyfus se ele adquirir o grupo usineiro Santelisa Vale.

domingo, setembro 27, 2009

Mercado de Carbono movimentou mais de US$ 100 bi no ano passado

Em notícia publicada no site Canal Rural encontrei um comunicado da Agência Camara que comentava uma apresentação na Câmara dos Deputados sobre o mercado de carbono no mundo.

Os números são impressionantes e parece que o Brasil já está acordando para isso conforme podemos verificar na matéria da Revista Capital Aberto que encontrei no site da BM&F que segue na íntegra. Com a capacidade de produção de biomassa que temos, os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo deveria borbulhar por aqui.

Mercado mundial de carbono movimentou US$ 126 bilhões em 2008
Gerente do Katoomba Group participou de audiência na Câmara dos Deputados

A gerente do Katoomba Group na América Tropical, Hannah Murray, informou em audiência realizada na Câmara dos Deputados na última quinta, dia 24, que o mercado mundial de carbono movimentou US$ 126 bilhões em 2008. O Katoomba Group é uma rede internacional de organizações que promove iniciativas pelo pagamento por serviços ambientais.

Essa movimentação financeira é consequência do Protocolo de Kyoto, que criou um mercado de interessados em comprar créditos ambientais para compensar emissões de carbono nocivas ao meio ambiente.

A Câmara analisa seis projetos sobre o pagamento de serviços ambientais que tramitam em conjunto (PL 792/07 e mais cinco) e estão sendo analisados no momento pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

Experiências mundiais

Hannah falou aos deputados da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional sobre as experiências mundiais com o pagamento de serviços ambientais e informou que apenas Costa Rica, México e Equador têm políticas nacionais nesta área.

A Costa Rica criou um imposto sobre combustíveis que é usado para compensar proprietários de terras que preservam as florestas. São pagos de 45 a 163 dólares por hectare anualmente.

Hannah Murray enfatizou um mecanismo chamado REDD, Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação, que incentiva os proprietários de terras a aproveitarem a floresta sem derrubá-la.

Novos parceiros

O subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Alberto Carlos Pereira, explicou que o governo espera novos parceiros para uma experiência importante de REDD, que é o recente Fundo Amazônia. O fundo foi inaugurado por uma contribuição da Noruega.
Alberto Carlos destaca que o Brasil tem 30% das florestas tropicais e estrutura de governança das mais desenvolvidas.

– Não só novos parceiros, mas novas modalidades de REDD e até modalidades que envolvam recursos de ordem muito superior ao que até agora foi mobilizado. Eu diria o seguinte: Nós estamos no início da história de REDD. Isso aí ainda tem muito para acontecer, a dimensão dos recursos é muito maior – acredita o representante do governo.

Segundo ele, a amplitude do tipo de recurso que vai ser alocado também é maior "e isso vai exigir um trabalho de definição de parâmetros institucionais que seja paralelo, proporcional, convergente, condizente com a dimensão da tarefa".

Pereira destacou ainda que o objetivo é mudar a atividade econômica predominante na Amazônia caracterizada por uma agropecuária de baixo rendimento e pela extração de madeira. Esta configuração, segundo ele, não favorece nem mesmo a melhoria da infraestrutura de estradas vicinais da região.

Dinheiro limpo -
Sinal verde da CVM promete deslanchar os investimentos em créditos de carbono no Brasil

Matéria cedida pela Revista Capital Aberto Edição nº 73 – Setembro de 2009
Por Silvio Muto22/09/2009

As negociações de créditos de carbono movimentaram mais de US$ 120 bilhões no mundo em 2008, um crescimento de 87,5% ante o ano anterior. No Brasil, cerca de 160 empresas geraram mais de R$ 1 bilhão em créditos de carbono, enquanto outras 405 companhias estão em vias de obter aval da Organização das Nações Unidas (ONU) para emitir 352 milhões de créditos de CO2, mais de dez vezes o estoque atual. A relação entre o mercado de carbono e o de capitais, contudo, ainda é tímida. Nos últimos três anos, a BM&FBovespa realizou apenas dois leilões de créditos de carbono.

Porém, o recente posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que deu o sinal verde para fundos de investimento aplicarem diretamente em créditos de carbono, pode mudar radicalmente esse cenário. O comunicado, de 21 de julho, foi uma resposta a vários questionamentos do mercado, que pediam um parecer da autarquia sobre o assunto. Muitos queriam ter a certeza de que o xerife do mercado de capitais reconheceria os créditos de carbono como valores mobiliários e passaria a regulá-los. O crédito de carbono não ganhou o carimbo de valor mobiliário, mas o voto do diretor Otávio Yazbek — que reconheceu o papel como ativo financeiro negociável e, portanto, passível de ser adquirido por fundos de investimento — parece ter conferido a segurança que o mercado desejava.

Para Flavio Leoni Siqueira, sócio do Leoni Siqueira Advogados, o não reconhecimento dos créditos de carbono como valores mobiliários pela CVM foi acertado. “Já há um ambiente seguro para a emissão desse papel, pois sua validação se dá diretamente pela Organização das Nações Unidas (ONU). A definição como valor mobiliário engessaria o mercado”, avalia.

Além de serem regulamentados por entidades internacionais, os créditos de carbono são ofertados de forma privada. “Pouco ou nenhum benefício adviria para o público investidor caso se estendesse a competência da autarquia para abranger tais títulos”, diz Yazbek em seu voto. Ele não descartou, contudo, que certos produtos relacionados aos créditos de carbono, como certificados, instrumentos sintéticos ou derivativos, possam vir a ser designados como valores mobiliários.

A ASM Gestora de Recursos lançou, em setembro do ano passado, o primeiro fundo brasileiro dedicado a investir em créditos de carbono. O sócio Antonio Mello de Souza espera, agora, turbinar sua lista de clientes. Atualmente, o Brasil Carbono Multimercado conta com patrimônio de R$ 74,2 milhões e apenas um cotista. “Depois do comunicado da CVM, vários investidores ligaram interessados no produto”, conta Souza. O fundo é destinado a investidores qualificados — seu ticket de entrada é de R$ 1 milhão. Atualmente, destina 15% de seu patrimônio a projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) — aqueles que sequestram carbono da atmosfera conforme os critérios do Protocolo de Kyoto. “Assim que esses negócios gerarem as chamadas Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), o fundo será dono de parte deles, podendo mantê-los em carteira ou vendê-los”, diz Souza. A ideia é chegar a um patrimônio de R$ 250 milhões.

Os créditos gerados conforme Kyoto possuem processos de validação e certificação mais rígidos que os do mercado voluntário, criado por países não signatários do acordo ambiental. “Eles possuem mais credibilidade e preços melhores”, avalia Souza. O principal meio de obtenção de créditos de carbono, segundo os preceitos de Kyoto, é através de MDLs chancelados pelo Conselho Consultivo da ONU. No fim de agosto, as RCEs primárias foram cotadas a € 11 na Bolsa Europeia do Clima. Já o mercado voluntário não segue uma metodologia unificada de certificação, o que resulta em críticas à sua confiabilidade. A principal bolsa que negocia créditos do mercado voluntário é a Chicago Climate Exchange, nos Estados Unidos. No fim de agosto, o crédito de carbono fechou o pregão negociado a US$ 0,2.

IMPACTO NO CAIXA — Enquanto o investimento em fundos não decola, os créditos têm servido para engordar as receitas das empresas brasileiras. O País concentra 9% dos projetos de MDL no mundo, atrás apenas da China (34%) e da Índia (26%). A CPFL é uma das empresas brasileiras que tem apostado em projetos de MDL. No fim do ano passado, negociou com a distribuidora japonesa Tokio Electric Power Company (Tepco) mais de 254 mil RCEs — provenientes do projeto de energia limpa do complexo de Rio das Antas —, que renderam ao seu cofre R$ 8,9 milhões.

A Cosan investe pesado em empreendimentos de geração de energia elétrica limpa. A unidade Serra, localizada em Ibaté, interior de São Paulo, desenvolve projeto de cogeração de energia a partir do bagaço de cana. Nos últimos dois anos, a empresa já vendeu o excedente de mais de 60 mil MW/h, o que equivale a cerca de 18 mil toneladas de CO2. A Cosan está estendendo os projetos de cogeração a outras sete usinas de açúcar e álcool. Sua projeção é emitir 6,4 milhões de RCEs nos próximos 14 anos, o que pode significar mais de € 60 milhões no caixa.

O País também está presente no mercado voluntário. A Suzano negocia seus créditos na Chicago Climate Exchange desde 2007 e, no ano passado, fechou a venda de créditos equivalentes a 15 mil toneladas de carbono. Suas cinco unidades são autossuficientes na produção de energia, por meio da queima dos resíduos provenientes da produção de papel. “Absorvemos quatro vezes mais carbono do que emitimos”, orgulha-se Luiz Cornacchioni, gerente de relações institucionais. Em 2007, a companhia jogou na atmosfera 792 mil toneladas de CO2, enquanto florestas plantadas de eucalipto localizadas em São Paulo, Espírito Santo e Bahia sequestraram 3 milhões de toneladas do gás. A empresa está no mercado voluntário porque a neutralização de carbono por meio de reflorestamento não é reconhecida pela ONU como MDL. “A Suzano pretende, juntamente com outras companhias que lidam com florestas renováveis, propor a inclusão de projetos de reflorestamento na lista de MDLs da ONU”, conta Cornacchioni.

Adidos Agrícolas - parece que agora sai do papel

Parece que o governo brasileiro está tirando do papel a utilização de adidos especializados em questões agrícolas em algumas embaixadas pelo mundo afora. Isto é muito importante, pois a agricultura e pecuária tem suas características únicas e não pode ser tratada por pessoas sem este conhecimento.

As embaixadas escolhidas (ver abaixo) representam bem os mercados internacionais e existe um corpo técnico muito competente para este serviço em orgãos ligados ao MAPA.

As duas notícias do MAPA abaixo mostram o início deste processo:

Mapa abre inscrições para candidatos a adido agrícola

As inscrições para o processo de seleção de oito adidos agrícolas que irão atuar em missões diplomáticas brasileiras no exterior foram abertas nesta sexta-feira (25) e vão até 5 de outubro. Os interessados devem preencher o formulário de inscrição on-line, no site www.agricultura.gov.br, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no link “Adidos Agrícolas”.

Os adidos representarão o Brasil em postos estratégicos no exterior. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, explica que os profissionais escolhidos vão colaborar nas soluções para os possíveis entraves que venham prejudicar as exportações do agronegócio e identificar novos mercados. ”Todos os países que têm força na agricultura contam com adidos agrícolas, porque consideram essa a melhor forma de representar seus interesses, tanto na troca de experiências tecnológicas, como no comércio e nas questões sanitárias”, acredita.

O ministro lembra, ainda, que os grandes países contam com esses profissionais há mais de 40 anos e que, agora,o Brasil, “maior exportador de produtos agrícolas do mundo”, entendeu a importância do adido agrícola nas relações comerciais internacionais.Podem se candidatar ao posto de adido agrícola servidores do Mapa e empregados de empresas públicas ligadas ao Ministério, como Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No caso de servidores e funcionários de outras empresas públicas, a exigência é que estejam cedidos ao Ministério da Agricultura há, pelo menos, quatro anos.

Atuação em cada país

Em Bruxelas (Bélgica), o adido agrícola acompanhará as negociações dos interesses bilaterais com os 27 países membros da União Europeia, principal destino das exportações do agronegócio brasileiro. Em Genebra (Suíça), terão foco os temas relativos à Organização Mundial do Comércio (OMC) e outras organizações multilaterais.

Os demais locais, Pretória (África), Tóquio (Japão), Washington (Estados Unidos) e Moscou (Rússia), representam países com grande interesse na importação de produtos do agronegócio brasileiro. A exceção fica por conta de Buenos Aires, uma vez que a Argentina é o principal exportador de produtos agrícolas ao mercado brasileiro. (Fonte: Mapa)

Stephanes destaca qualificação de adidos em negociações
Reinhold Stephanes destacou a importância da criação do cargo para o agronegócio brasileiro, já que o País é o maior exportador de alimentos do mundo

O especialista em agricultura será responsável por informações mais qualificadas nas negociações, principalmente em temas sanitários e fitossanitários.

“A necessidade de entendimento com os países importadores, como Rússia, China e União Européia é permanente. Então, é importante termos um servidor qualificado em questões de sanidade animal e vegetal e em questões de produção, por exemplo, nesses países. Isso facilita o entendimento e o nosso trabalho”, comemorou o ministro.

A criação dos adidos agrícolas era uma das prioridades da agenda definida pelo ministro para a Agricultura. A função foi aprovada pelo Decreto nº 6.464, publicado no Diário Oficial da União, em 28 de maio de 2008, após negociação entre o Mapa, por meio da Secretaria Executiva e o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

O profissional que assumir a função vai se integrar a missões diplomáticas brasileiras que atuam em Buenos Aires (Argentina), Bruxelas (Bélgica), Genebra (Suíça), Moscou (Rússia), Pequim (China), Pretória (África do Sul), Tóquio (Japão) e Washington (Estados Unidos).

sábado, setembro 26, 2009

Leite em baixa na Europa

Parece que os produtores europeus de leite não estão satisfeitos com a política para o produto. Abaixo segue uma notícia do Globo publicada no Notícias Agrícolas e uma postagem do Blog da Globo Rural sobre o tema onde eles distribuem leite em Paris e aplicam na lavoura na Bélgica como forma de valorizar o produto. As fotos são da AP e foram publicadas no Blog da Globo Rural.

Imagine se eles produzissem leite por estas bandas?????

Produtores distribuem leite de graça em Paris

De acordo com O Globo e agências internacionais, produtores franceses distribuíram leite de graça nesta terça-feira em Paris, em mais um protesto contra os preços baixos do produto. Em greve há mais de dez dias, os produtores pedem mudanças na regulação da União Europeia para evitar que os preços do leite continuem em queda.

Em toda a Europa produtores têm despejado leite nos campos nos últimos dias para protestar e tentar forçar uma alta no preço do produto.

Segundo informações da imprensa local, foram distribuídos ao todo 22 mil litros de leite, que chegaram de caminhão à Paris vindos da Normandia.

- Decidimos doar o leite para explicar à população nossos problemas, a razão de chegarmos até aqui e de os produtores estarem jogando o leite fora nos campos - disse o produtor Yves Sauvaget.

Nesta segunda-feira, o ministro da Agricultura, Bruno Le Maire, anunciou uma linha de empréstimos especial para os produtores de leite de 250 milhões de euros, com taxa de juros máxima de 3% ao ano. (Notícias Agrícolas)

Leite derramado
Por Mariana Caetano

Produtores de leite da Bélgica derramaram no campo cerca de 3 milhões de litros de leite nesta quarta-feira (16/09), em protesto contra os baixos preços do produto.

Ações semelhantes estão ocorrendo no restante da Europa, em países como França e Alemanha. Os pecuaristas bloquearam as entregas, mantiveram os estoques e vêm se desfazendo da produção como parte de uma campanha para tentar valorizar a bebida.

Depois de um pico de preços em 2007, a cotação do leite caiu para menos de 20 centavos de euro por litro (o equivalente a 0,53 centavos de real). De acordo com a maioria dos produtores, o valor ideal para cobrir os custos e gerar um pequeno lucro seria de 40 centavos de euro por litro. Os pecuaristas pedem ainda a criação de um instituto que regule a oferta e a demanda de leite no continente. (Blog da Globo Rural)
















PS: Para os que não entendem muito de máquinas agrícolas, estas máquinas são utilizadas para distribuir esterco nas lavouras...

Beterraba como complemento da cana-de-açúcar no Brasil

Interessante a notícia que saiu no Blog MundoAgro da Exame sobre testes iniciais com beterraba açúcareira na COSAN. Pode ser que esta cultura se adapte ao ciclo produtivo das usinas e seja um complemento à cana durante a entressafra. Segue texto na íntegra e após eles algumas fotos da beterraba:

Etanol de beterraba no Brasil

Por Fabiane Stefano 23/09/2009 - 23:50

Cosan, Dedini e Syngenta estão envolvidas num projeto inusitado: a produção de açúcar e etanol de beterraba. Comum na Europa, o cultivo da beterraba açucareira não existe no Brasil (a hortaliça que se planta no país é menor e tem teor mais baixo de sacarose). O projeto nasceu a partir da constatação de que as usinas brasileiras operam apenas durante dois terços do ano. Nos quatro meses restantes, quando ocorre a entressafra da cana, a usina fica parada - em geral, em manutenção. A ideia das três empresas é desenvolver uma cultura capaz de produzir açúcar e álcool justamente no intervelo da cana.

A Syngenta trouxe para o Brasil 23 variedades da planta. Apenas duas se adaptaram ao clima tropical e foram testadas em campo. Em 2008, a primeira colheita de beterraba açucareira somou 500 toneladas - o que permitiu que uma das usinas da Cosan no interior de São Paulo rodasse com a planta por três horas. No final do ano, cerca de 1 000 toneladas farão parte de um novo teste. Além de ocupar as usinas por mais tempo, a beterraba açúcareira é um tipo de cultura voltada para pequenas propriedades, o que seria uma alternativa de inclusão de pequenos agricultores no setor sucroalcooleiro.

Há mais de uma década a Syngenta pesquisa a versão tropicalizada da planta em diferentes regiões do planeta. Em 2008, o projeto recebeu um prêmio da Nações Unidas por incentivar a agricultura sustentável na área de bioenergia. A multinacional suíça já testou variedades da beterraba tropicalizada na Índia e na Colômbia. Nos experimentos brasileiros, enquanto a Syngenta se dedica à seleção das variedades, a Dedini adapta equipamentos à planta e a Cosan testa o processo produtivo.

O projeto é curioso sobretudo porque a produção do açúcar de beterraba na Europa só existe porque é bancada por generosos subsídios governamentais. Aqui, a ideia é que a beterraba seja também uma alternativa de rotação dos canaviais - em geral, soja e amendoim assumem esse papel. Será que no país da cana existe espaço para a beterraba açúcareira?


Produção agrícola tem que crescer 1,4% ao ano para alimentar planeta

Segundo estudo da FAO, a produção mundial de alimentos tem que crescer 70% até 2050. Isso equivale à um aumento anual de 1,4%. Se considerarmos o desenvolvimento tecnológico disponível não é uma tarefa tão árdua, porém precisamos manter os recursos água e solo produtizvos.

Abaixo seguem duas notícias sobre o tema, a primeira do Valor Econômico e a segunda, específica sobre carnes do AviSite:

Produção de alimentos terá que crescer 70% até 2050, prevê FAO

Roma, Itália, 24 de Setembro de 2009 - O mundo precisará produzir 70% a mais de alimentos até 2050 para alimentar uma população extra projetada em 2,3 bilhões de pessoas, de acordo com a Agência para Agricultura e Alimentos (FAO, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas.

Em documento divulgado ontem, a organização aponta que a demanda global por cereais destinados à alimentação humana e animal deverá subir para 3 bilhões de toneladas nesse período, e mais ainda será necessário para atender à indústria de biocombustíveis. De acordo com a agência, isso representaria uma elevação de quase 1 bilhão de toneladas, já que a produção de cereais no mundo hoje soma cerca de 2,1 bilhões de toneladas.

A produção de carnes, por sua vez, deveria crescer em mais de 200 milhões de toneladas para alcançar os 470 milhões de toneladas que a FAO estima serem necessárias para 2050. "Mas estamos cautelosamente otimistas com o potencial do mundo em conseguir se alimentar em 2050", disse Hafez Ghanem, diretor-geral-assistente da FAO, que é sediada em Roma. Ghanem acrescentou, porém, que as mudanças climáticas e o advento dos biocombustíveis podem ser uma grande ameaça à agricultura.

Segundo a organização internacional, os investimentos em agricultura e na melhoria dos acessos aos alimentos também devem ser incrementados. Caso contrário, 370 milhões de pessoas ficarão sem alimentos até 2050 (ou 5% da população mundial). Até o fim deste ano, 1 bilhão deverão enfrentar a fome.

A área de terra agricultável também mereceu atenção no documento divulgado ontem pela FAO: a expansão terá de se dar em cerca de 120 milhões de hectares nos próximos 40 anos em países em desenvolvimento, principalmente na América Latina e na África Subsaariana.

Outro desafio para os anos que virão será tornar agricultáveis porções de terra que hoje não estão em uso por contaminação química ou falta de infra-estrutura, lembrou o documento. (Valor Econômico)

Mundo precisará de 470 milhões de toneladas de carne em 2050

Campinas, 25 de Setembro de 2009 - Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), para poder alimentar a população prevista para 2050, ao chegar à primeira metade deste século o mundo precisará produzir 3 bilhões de toneladas de cereais (aí inclusos os grãos para alimentação animal) e 470 milhões de toneladas de carnes.

Da parte das carnes e partindo da produção atual, parece não haver dificuldade em alcançar esse volume. Afinal, nas previsões da própria FAO, em 2009 a produção mundial de carnes deve somar 285,6 milhões de toneladas e, assim, nos próximos 40 anos terá que crescer perto de 65% para chegar à produção prescrita – ou seja, uma evolução à razão de 1,25% ao ano, mais ou menos, índice bem mais modesto que o observado nos nove primeiros anos dos anos 2000, quando a evolução média do setor ficou pouco acima dos 2% anuais.

A curiosidade, agora, é saber como estará o “mix” dessa “cesta de carnes” dentro de 40 anos. E a primeira conclusão a que se chega após analisar os dados relativos aos últimos 10 anos é que, mantida a tendência atual, mais de 50% do volume previsto estará representado pela carne de aves (em essência, de frango), vindo a seguir a carne suína (com, provavelmente, um quarto do mercado) e a carne bovina (com menos de 15%).

Em 2009, pelas projeções da FAO, a carne suína deve responder por 37% da produção mundial, a de aves por 33%, a bovina por 23%, a ovina por 5% e as demais carnes por cerca de 2%.

domingo, setembro 20, 2009

O novo gigante da proteína animal

A união da JBS-Friboi com a Bertin é o assunto da semana e além de ser capa da Isto É Dinheiro (3 notícias na íntegra abaixo), mereceu reportagem na Veja.

Se as empresas gigantes que estão se formando no agronegócio brasileiro: BR Foods, Fibria e agora a JBS serão boas para o setor e o país, somente o tempo dirá

A carne é forte

Como Joesley Batista, do grupo JBS, virou dono da mais poderosa empresa privada do País e o que seus concorrentes, como Marcos Molina, do Marfrig, estão fazendo para tentar alcançá-lo no bilionário mundo da proteína animal
Por Leonardo Attuch e Ibiapaba Netto

Imagine uma fusão entre a Volks e a Fiat, as duas maiores montadoras de automóveis instaladas no Brasil. Ou adicione todas as empresas de telefonia fixa do País, como Oi e Telefônica, e inclua ainda a Embratel. Numa terceira experiência, coloque no mesmo bolo as três maiores redes de supermercados – Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour. Em qualquer alternativa, a soma dos faturamentos será menor do que o tamanho do grupo JBS Friboi, comandado pelo empresário Joesley Batista. Na semana passada, com duas aquisições, a do rival Bertin e a da empresa americana Pilgrim´s Pride, ele criou a maior empresa privada do Brasil, com 125 mil funcionários e uma receita bruta estimada em R$ 60,6 bilhões. Os números dos primeiros seis meses deste ano já a colocam até à frente da Vale, que foi afetada pela queda dos preços do minério de ferro. Hoje, à frente do grupo JBS, há apenas a estatal Petrobras. “E isso é só o começo”, disse Joesley à DINHEIRO. “Não vamos parar e estamos de olho em várias empresas em dificuldade.”

O que surpreende, na história do JBS, é a velocidade exponencial de crescimento. Em apenas quatro anos, entre 2006 e 2009, o grupo terá crescido inacreditáveis 1.900%. E o foguete não foi o único do agronegócio brasileiro. Apenas um dia antes das aquisições anunciadas por Joesley, o grupo Marfrig, comandado por Marcos Molina, adquiriu, das mãos da americana Cargill, a Seara, uma grande processadora de aves e carnes suínas. Com isso, o Marfrig encostou na Brasil Foods – a companhia resultante da megafusão entre Sadia e Perdigão. Seu crescimento em quatro anos foi de 650% – mais modesto do que o do JBS, mas não menos surpreendente.“Agora a gente tem uma marca nacional para competir com eles”, disse Molina, aos analistas dos bancos de investimentos.

Os dois movimentos evidenciam a fantástica mudança do capitalismo nacional e também a nova posição do Brasil no contexto global. Até recentemente, o que se discutia era quando grandes empresas americanas de alimentos, como Tyson e Cargill, desembarcariam no Brasil, adquirindo marcas líderes, como Sadia ou Perdigão. E o que aconteceu foi o inverso – tendo como protagonistas atores improváveis. “O Brasil está cumprindo sua vocação histórica de ser o maior fornecedor de alimentos do mundo”, disse à DINHEIRO o economista Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e membro do conselho do Marfrig. “E não se trata apenas de exportar commodities, mas, cada vez mais, produtos industrializados.”

Vocação histórica

Até bem pouco tempo atrás, discutia-se quando as grandes empresas internacionais viriam ao País comprar marcas valiosas na área de alimentos. Hoje, o Brasil é quem tem nada menos que três entre as maiores empresas do setor – incluindo o líder JBS Friboi

A transformação teve início em 1999, quando a desvalorização do real abriu espaço para que os frigoríficos nacionais se tornassem exportadores. As empresas, que vinham de um setor marcado pela informalidade, conseguiram se capitalizar. E as vendas externas, que eram incipientes, chegaram a quase US$ 5 bilhões, dando ao Brasil a liderança do mercado mundial de carnes bovinas, à frente da Austrália e dos Estados Unidos. No meio do caminho, dois agentes importantes – governo e mercado – enxergaram o enorme potencial desse setor. De um lado, o BNDES entrou no capital de vários frigoríficos, incluindo o JBS e o Marfrig, dando a eles musculatura para aquisições internacionais. De outro, os bancos de investimento apostaram no lançamento de ações dessas empresas. Bem cotadas na Bovespa, as duas passaram a financiar suas operações de forma saudável – com trocas de ações e não por meio de endividamento. Para concluir a compra da Pilgrim´s Pride, o JBS fará um IPO na bolsa de Nova York. E o Marfrig pretende bancar a compra da Seara com a venda de mais um lote de ações na Bovespa.

Uma das peças centrais nessa odisseia dos frigoríficos nacionais tem sido o ex-ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes. Enquanto esteve em Brasília, no governo Fernando Henrique, ele foi responsável pela expansão da agropecuária brasileira. Depois disso, passou a atuar como mascate, à frente da Abiec, a associação dos exportadores. E após colocar o Brasil na liderança do ranking global, ele foi chamado pelo JBS Friboi para assumir a presidência do conselho de estratégia do grupo, onde passou a vender a ideia de que, cada vez mais, o mundo precisará do Brasil para se alimentar. “Aquele sonho que eu tinha se realizou”, disse Pratini à DINHEIRO na semana passada, falando pelo celular num trem que ia de Liverpool a Londres. “A produção em massa, com escala global, será feita por empresas gigantes, e muitas delas brasileiras.” Hoje, entre as dez maiores empresas mundiais de alimentos, nada menos que três – JBS, Brasil Foods e Marfrig – são verde-amarelas.



De Goiás para o mundo

Como a empresa criada por um açougueiro em 1953 se transformou na maior do planeta em proteínas animais

Por Leonardo Attuch e Ibiapaba Netto

Na manhã da quarta-feira 16, o empresário José Batista Júnior, um dos três filhos do fundador do grupo JBS Friboi, decidiu reunir mil pecuaristas em Goiânia para anunciar em grande estilo que sua empresa havia comprado não apenas o Bertin, mas também a Pilgrim's Pride, nos Estados Unidos. Com isso, a empresa acabava de se transformar na maior processadora de proteínas animais do mundo, empregando mais de 125 mil pessoas. "Vamos ajudar o Brasil a consolidar sua liderança global", disse Júnior aos pecuaristas goianos. Em São Paulo, seu irmão Joesley, que hoje está à frente da empresa, também festejava a operação. "É um divisor de águas para a companhia", disse ele à DINHEIRO. E nos Estados Unidos, por videoconferência, Wesley, que toca a operação americana, acompanhava o anúncio do negócio.

Os irmãos nasceram em Goiás e têm devoção pelo pai, José Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro, que, em 1953, criou em Anápolis um pequeno açougue: a Casa de Carnes Mineira. Afora a união familiar, os três têm perfis distintos. Júnior é a cara pública do grupo e já tentou ser governador de Goiás - desistiu quando uma operação da Polícia Federal acusou os frigoríficos da prática de cartelização. Wesley e Joesley são mais discretos. O atual presidente do grupo chega até a ser paranóico em relação a fotos. No dia do anúncio das aquisições do Bertin e da Pilgrim's Pride, fez até uma brincadeira de gosto duvidoso com o editor de fotografia da DINHEIRO, Cláudio Gatti, quando este tentou registrar sua imagem. "Muita gente já morreu por menos", disse ele, sorrindo, enquanto seus seguranças impediam a realização da foto - a que ilustra a capa desta edição foi feita há alguns anos, na festa de Barretos, no interior paulista, quando o grupo JBS ainda era relativamente pequeno.

Com as duas aquisições da semana passada, a empresa comandada por Joesley consolidou sua posição como o maior produtor de carne bovina do mundo, com capacidade para abater mais de 90 mil bois por dia, e também se transformou no líder mundial em couros. Em frangos, passou a ser o segundo. E a empresa será ainda responsável pela maior parte das exportações de carnes não apenas do Brasil, como também da Argentina, da Austrália e até mesmo dos Estados Unidos. "Chegamos por cima no mercado americano", diz Joesley. Uma façanha e tanto para uma empresa que começou abatendo um boi por dia em Anápolis e cresceu com a construção de Brasília, o que lhe permitiu fornecer alimentos para os chamados candangos, os primeiros operários da capital federal.

O grande salto do grupo JBS aconteceu em 2007, quando, depois de captar R$ 1,5 bilhão no seu IPO na Bovespa, a empresa decidiu adquirir a gigante norte-americana Swift, que era muito maior do que o Friboi, mas enfrentava sérias dificuldades financeiras. "Em todas as nossas aquisições, fizemos o dever de casa", diz Joesley. Hoje, o endividamento da empresa em relação à geração de caixa, o chamado ebitda, ainda é baixo, na casa de 2,6 - bem inferior ao do Bertin, que era de cinco vezes o ebitda. E embora a família Bertin tenha ficado com 40% da holding que controlará o novo grupo, o comando será claramente exercido pelos irmãos Batista. Tendo perdido muito dinheiro em outros negócios, como concessões de estradas, o Bertin atravessava numa espécie de concordata branca. O Pilgrim's Pride também estava em recuperação judicial.

Com as aquisições, o JBS Friboi será responsável por 8% do abate de bois no mundo e por 27% do mercado brasileiro. Esses números, no entanto, nem sempre refletem a realidade. Como a pecuária é uma atividade espalhada em várias regiões do País, há mercados em que os fazendeiros contavam com apenas dois compradores: Bertin e Friboi. Agora, terão um só. "O risco para os produtores é muito alto", disse à DINHEIRO João Nogueira Arantes, presidente da Comissão Permanente de Pecuária da CNA. "Essa concentração de mercado abre espaço para a manipulação de preços." O analista Alcides Torres Júnior, da Scot consultoria, concorda. "A arroba do boi pode ficar ainda mais depreciada do que já está hoje", diz ele. O valor dessa unidade padrão da pecuária (14,7 quilos), que chegou a se aproximar de R$ 100, está voltando aos R$ 60.

Joesley Batista aposta que, com mais musculatura, o Friboi poderá construir uma relação saudável e de longo prazo com os pecuaristas - e não apenas no gado de corte. A compra do Bertin também significou a entrada no mercado de leite, pois a empresa rival era dona das marcas Vigor, Leco e Danúbio. "Não tínhamos know-how nem participação alguma nesse setor e agora estamos chegando com uma posição relevante", disse Pratini de Moraes à DINHEIRO . Com isso, o grupo JBS Friboi também poderá competir mais diretamente com a Brasil Foods, pois, antes de incorporar a Sadia, a Perdigão já havia comprado a Eleva, forte no mercado de leite. Esse processo de consolidação na indústria de alimentos, que ainda não se encerrou, deverá ter repercussões positivas para a própria Brasil Foods, cujo processo de fusão tende agora a ser aprovado com mais facilidade pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica.


Caipira com visão global

Tropeçando na concordância e falando como interiorano, Marcos Molina deixou o açougue do pai aos 16 anos e ganhou o mundo
Por Leonardo Attuch e Ibiapaba Netto

Na tarde da terça-feira 15, o empresário Marcos Molina estava pendurado ao telefone, numa teleconferência com analistas de bancos de investimento. Um deles questionou se a compra da Seara, numa operação de mais de US$ 900 milhões, seria paga com debt (dívida) ou com equity (emissão de novas ações). Molina respondeu de bate-pronto. "Se as ação chegá num valorrr qui nóis acha justo, nóis vai fazê cum ação", diz ele. Outro analista lhe perguntou sobre a importância da aquisição da empresa, até então pertencente à Cargill. E ele respondeu: "Ocêis, analista, vivia no nosso pé dizendo qui nóis tinha marca demais; agora nóis vai ter uma marca-mãe, da Seara, que vai ser a marca guarda-chuva da empresa."

Marcos Molina é assim. Fala como caipira, tem jeito de caipira, tropeça nas concordâncias verbais, mas é um dos empresários de maior sucesso na história recente do Brasil. E o curioso é que ele construiu seu império indo do varejo à indústria. Aos 16 anos, ele deixou o açougue do pai em Mogi-Guaçu e começou a vender cortes especiais de carnes a várias redes de restaurantes de São Paulo, como a churrascaria Fogo de Chão. Foi só em 2000 que ele conseguiu arrendar seu primeiro frigorífico. Em 2007, veio o IPO na Bovespa. E o grupo, nos últimos três anos, fez nada menos que uma aquisição por mês. Ele é responsável, por exemplo, pela maior parte do fornecimento de carnes dos restaurantes da rede McDonald's no Brasil. É também dono dos maiores frigoríficos da Argentina, da Inglaterra, da Holanda e da Irlanda. E, no Brasil, ele enxergou uma oportunidade única quando Perdigão e Sadia se uniram. "Os supermercados não iam querer ficar na mão de um só fornecedor", disse ele à DINHEIRO, numa entrevista recente.

A compra da Seara é um passo claro na estratégia de competir em igualdade de condições com a Brasil Foods. Com dezenas de aquisições, o Marfrig passou a ter várias marcas fortes regionalmente, como Mabella, Pena Branca e Da Granja, mas ainda não tinha um nome nacional. A Seara, que tem presença em quase todo o País, permitirá à empresa criar campanhas publicitárias que posicionem a marca no mesmo nível de Sadia e Perdigão. "A aquisição faz sentido e permitirá ao Marfrig capturar mercado da Brasil Foods", avalia o analista João Carlos dos Santos, da Merrill Lynch. "A marca Seara é forte não só nos produtos industrializados, mas também internacionalmente."

A possibilidade de ampliar as exportações foi outro ponto que pesou na aquisição. Junto com a Seara, veio o terminal no porto de Itajaí, em Santa Catarina. Além disso, a empresa tem forte presença no mercado asiático, para onde exporta a partir de Cingapura. Com essa aquisição, Molina disse aos analistas que ele encurtou em pelo menos três anos o tempo que levaria para conseguir o mesmo volume de exportações. A receita do grupo neste ano deve superar a marca dos R$ 15 bilhões, não muito distante dos números da Brasil Foods. "A aquisição transforma o Marfrig num player com tamanho e capacidades operacionais para realmente tomar vantagem da oportunidade criada pela fusão entre Sadia e Perdigão", avalia Juliana Rozenbaum, do Itaú.

No dia a dia da empresa, Marcos Molina tem um modo bem peculiar de tocar os negócios. Seu braço direito é o executivo Ricardo Florence, ex- Brasil Telecom, que cuida da área de relações com investidores. Um amigo e conselheiro é Márcio Cypriano, ex-presidente do Bradesco - e foi o banco da Cidade de Deus quem deu um aval de R$ 1,2 bilhão para a compra da Seara. Mas quem cuida das finanças é a própria esposa de Marcos, Maria Aparecida dos Santos. Graças à disciplina de gastos imposta por ela, o Marfrig conseguiu processar todas as aquisições que fez, mantendo sempre uma margem operacional positiva, superior a 10%. Hoje, o casal se mantém com os pés no chão, apesar de todo o sucesso recente do Marfrig. Quando foi perguntado pela DINHEIRO sobre o que mudou na sua vida desde que deixou o açougue do pai e passou a comandar a oitava maior empresa de alimentos do mundo, ele deu uma resposta direta, bem ao seu estilo. "A única diferença é que agora eu estou bem mais atolado de serviço", disse ele, com um carregado sotaque do interior.

Instituto suíço orientado a não consumir produtos brasileiros

Parece que vale todo o tipo de argumento por europeus no sentido de dificultar o consumo de produtos agrícolas dos países em desenvolvimento, onde são produzidos de forma mais eficiente. O artigo na sequência mostra como um estudo realizado na Suíça que pede aos suiços não importarem carne bovina e mamão do Brasil e maça da Argentina:

ESTUDO PEDE QUE SUÍÇOS NÃO CONSUMAM CARNE E MAMÃO DO BRASIL

Um estudo recomenda que os suíços não consumam carne bovina nem mamões papaia do Brasil por causa da repercussão de seus sistemas de produção sobre o clima. O levantamento feito na Suíça analisou a influência dos produtos de origem animal e vegetal no meio ambiente em vários países.

Segundo os pesquisadores, "a carne bovina procedente do Brasil tem forte influência sobre nosso clima, porque o gado é abatido a uma idade mais tardia devido a um sistema de produção diferente, de modo que, com uma vida mais longa, emitem um volume maior de gás metano, que gera efeito estufa".

Além disso, o estudo destaca que "a forte demanda por carne proveniente do exterior provoca uma intensificação da destruição das selvas tropicais para satisfazer o mercado", o que afeta não só a biodiversidade vegetal e animal, mas também tem efeitos muito nocivos para o clima.

Os pesquisadores apresentaram suas conclusões em uma conferência realizada na sede do Agroscope, organismo dependente do Ministério da Agricultura suíço, em Zurique.

Os responsáveis pelo estudo também sustentam que, se o cultivo de mamão papaia no Brasil produz poucos gases estufa, "o transporte por avião até a Suíça eleva as emissões a um nível muito superior ao de todas as outras frutas".O transporte também foi apontado como um impedimento para o consumo de maçãs argentinas.

Atlanti Bieri, porta-voz do Agroscope, disse à Agência Efe que o estudo comparou os produtos de origem animal e vegetal de muitos países.

"O Brasil e a Argentina são mencionados em algumas das comparações porque esses produtos são vendidos nas lojas suíças, e o que estamos dizendo é que, no momento de comprar, é preciso levar em conta as consequências para o meio ambiente", afirmou Bieri.

O porta-voz ainda explicou que os consumidores suíços estão preocupados com assuntos como a sobrevivência da floresta tropical, e daí essas recomendações. Além disso, com o transporte, esses produtos emitem mais gás carbônico do que os alimentos locais, o que também ocorreria se maçãs suíças fossem vendidas na Argentina, por exemplo.

Os especialistas também recomendaram aos suíços para que, no momento de comprar carne nacional, deem preferência à suína frente à bovina, pois "o impacto ambiental dos bovinos é até quatro vezes superior por cada quilo de carne", já que as emissões de gás metano entre os suínos são muito menores (Estadão Online, 15/09/09)

terça-feira, setembro 15, 2009

Que absurdo!!! Querem carros a diesel no Brasil

Parece mentira que em pleno século XXI com todo este desenvolvimento na produção do etanol, o governo está realizando estudos para liberar carros a diesel por aqui.

Para ajudar um pouco nesta discussão, selecionei quatro diferentes artigos que seguem abaixo na íntegra:

AS VANTAGENS DO BIOCOMBUSTÍVEL

A proibição do uso de veículos leves a diesel no Brasil vem sendo questionada por setores da indústria automobilística. Argumentam que é injusto tolher a liberdade do consumidor em ter acesso a esse tipo de veículo, popular em vários países da Europa, e que lá apresenta vantagens na redução de gás carbônico em relação à gasolina. Pretendem provar que a proibição é uma tolice, coisa de tupiniquim que não conhece as boas coisas do mundo.

O fato é que a campanha a favor dos veículos leves a diesel está mal contada. Por questões de competitividade, os europeus se especializaram em veículos a diesel e oferecem generosos incentivos para a sua compra e uso, daí a sua popularidade. Dispõem de combustível de alta qualidade, motores de última geração e são mais cuidadosos na manutenção, o que não impede que as grandes cidades europeias sofram com a poluição gerada por seu uso. Viabilizar agora essa ideia no País é indesejável.

O óleo diesel brasileiro tem o limite permitido de enxofre até 180 vezes maior do que o europeu, o que impede a adoção de filtros e catalisadores avançados e viabiliza veículos com tecnologia já ultrapassada na Europa, que apresentam elevados níveis de poluição. É importante ressaltar que em vários países, como os EUA, Japão e Canadá, esses veículos não são populares, pois são considerados mais caros, poluentes e barulhentos do que as versões a gasolina.

O Brasil, que tem uma matriz energética fortemente baseada em energia limpa e renovável, deve incentivar suas vantagens competitivas e evitar soluções que não interessam à maior parcela da sociedade. Ao comparar as características de um veículo flex com o seu equivalente a diesel, exportado para mercados emergentes, verifica-se que o flex ganha nos principais quesitos. Sua emissão de gás carbônico, principal causa do aquecimento global, é menor pois o etanol, usado na maioria dos veículos flex, apresenta uma emissão cerca de 70% menor que o diesel, no ciclo de vida do combustível (todas as etapas, desde a produção até o uso do combustível); mesmo quando se usa gasolina brasileira, com 25% de etanol, a emissão é menor ou equivalente ao diesel. A emissão de três poluentes - óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio e partículas inaláveis - que trazem risco para a saúde pública nas cidades também é menor, há uma melhor resposta na direção e menor ruído. E, por fim, menor custo de aquisição e manutenção. Enquanto boa parte do óleo diesel consumido no País tem de ser importado, a produção do etanol gera emprego e riquezas. Como se vê, não há necessidade de impormos à sociedade soluções inadequadas que contribuem para aumentar a poluição.

Artigo publicado originalmente no Jornal da Tarde no dia 28/08/2009

Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da UNICA, é engenheiro, MSc. em Controle da Poluição Ambiental, diretor da ADS Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável e membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva.


GOVERNO ESTUDA LIBERAR USO DE DIESEL EM CARRO DE PASSEIO

Legislação só permite o combustível em caminhões, caminhonetes e outros veículos comerciais. Críticos da medida afirmam que diesel é mais poluente do que o álcool e que o país não produz a quantidade necessária do combustível.

O governo estuda liberar o uso de óleo diesel em automóveis de passeio. De acordo com o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), os estudos estão sendo feitos pela Petrobras.

"O fato é que devemos nos preparar para essa possibilidade", afirmou ontem o ministro, durante audiência pública sobre o pré-sal no Senado. Ele não esclareceu o que motivou a realização dos estudos.

Há mais de 30 anos, a legislação brasileira só permite o uso do diesel em caminhões, caminhonetes e outros veículos comerciais. Na Europa, a associação de fabricantes estima em 52,7% a participação dos carros a diesel no mercado.

A indústria brasileira produz, para exportação, automóveis movidos a diesel, mas os motores são trazidos da Europa.

Lobão disse que a eventual liberação do diesel para uso em automóveis de passeio dependerá dos resultados das pesquisas: "Temos a preocupação de melhorar esse combustível [diesel], retirando dele o enxofre, e introduzir o biodiesel".

Os críticos ao uso do diesel por veículos de passeio apontam várias desvantagens na liberação do produto:

1) o diesel é mais poluente do que o álcool. Além disso, o diesel usado no Brasil tem uma quantidade de poluentes muito maior do que o usado na Europa -até 1.800 ppm (partes por milhão) de enxofre no Brasil, contra 10 ppm na Europa- e polui mais do que a gasolina;de diesel de que precisa -no ano passado foram importados 5,8 bilhões de litros;

3) hoje, o diesel é mais barato (R$ 1,97 por litro) porque paga menos taxas do que o álcool (R$ 1,24/litro) e a gasolina (R$ 2,33/litro) por ser usado principalmente para o transporte coletivo. Se a demanda aumentar, essa vantagem pode ser eliminada pelo governo.

Ricardo Bock, professor de engenharia mecânica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), afirma que, se o diesel for liberado, vai tirar mercado do carro "flex" e do carro a álcool.

"É um motor que rende mais, tem maior eficiência energética, aproveita melhor a queima de combustível e tem mais torque." Ou seja, a substituição pode acontecer porque o motor a diesel roda mais quilômetros por litro do que o carro a álcool.

Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, disse que, desde 2000, a estatal investe para melhorar a estrutura de refino e aumentar a quantidade de diesel produzido no país. Isso, segundo Sauer, explicaria o eventual interesse em liberar o carro a diesel, apesar de o Brasil não ser autossuficiente no produto hoje.

"Não é uma ideia especialmente brilhante, defendemos combustíveis que poluam menos", disse o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), ao ser informado sobre o pronunciamento de Lobão.

"A qualidade do diesel brasileiro é ruim e aumentará a poluição", afirmou Eduardo Moreira, professor da Faculdade de Economia e Administração da PUC-SP. "Acho uma péssima ideia. Vai acabar com a vantagem competitiva do Brasil, que é o uso do álcool", disse Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ.

A Anfavea, entidade que reúne fabricantes de veículos, informou que a liberação do uso do diesel no Brasil não faz parte da agenda do setor. "Trata-se de uma questão de política energética, a Anfavea não comenta", afirmou a entidade.

A Petrobras disse que não tem atribuição de decidir sobre os tipos de veículos que usam diesel. Segundo a estatal, o que tem sido feito são melhorias nas refinarias para reduzir o teor de enxofre no combustível (Folha de S.Paulo, 11/09/09).

PROPOSTA FAZ BRASIL RETROCEDER AOS ANOS 70

O físico austríaco Wolfgang Pauli costumava rejeitar ideias absurdas com uma frase que ficou famosa: "Isto não está certo. Não está nem sequer errado". O mesmo pode ser dito da proposta de liberar carros de passeio a diesel no Brasil.Neste momento, o país -ou pelo menos a sociedade civil- se esforça justamente para caminhar no sentido oposto: contra o lobby das montadoras e da Petrobras, tenta reduzir a poluição do ar causada pelo diesel de ônibus e caminhões.

E o Conselho Nacional do Meio Ambiente acaba de determinar que a poluição dos utilitários a diesel seja reduzida em 33% a partir de 2013.

Injetar um número ainda incerto de novos veículos a diesel na frota anularia a medida, com a consequência previsível do aumento nas mortes (quase 20 por dia hoje só na Grande São Paulo) por essa poluição.

Ruim para a saúde, ruim para o planeta. O diesel emite muito mais gás carbônico (o principal gás de efeito estufa) do que o álcool. Hoje, virtualmente todos os veículos novos fabricados no país são flex. Mas, paradoxalmente, as emissões brasileiras no setor de transportes cresceram 56% entre 1994 e 2007 -enquanto o PIB cresceu 45%.

O que provavelmente ocorreu foi que o aumento da frota de caminhões e utilitários anulou também o benefício do flex.

Num momento em que o governo tenta exportar o álcool como bala mágica contra o aquecimento global, ficaria difícil explicar uma decisão doméstica de retroceder aos anos 1970 e abraçar o diesel -um combustível fóssil até no nome (Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha de S.Paulo, 11/09/09)

DIESEL, VILÃO DO MEIO AMBIENTE

Rudolf Diesel, engenheiro alemão, com a publicação dos seus trabalhos, em 1893, veio a inspirar a construção do 1º motor diesel. A ideia inicial era queimar carvão pulverizado a temperatura constante, posteriormente alterada pelo próprio inventor. Os veículos a diesel, atualmente, no Brasil, constituem o principal componente do preço do transporte. Em média, o derivado do petróleo representa mais de 32% do custo operacional de um veículo pesado, podendo alcançar em torno de 40% nos percursos mais longos.

Cerca de 2 milhões de caminhões acionados a diesel circulam nas rodovias brasileiras, acarretando um consumo anual do combustível líquido da ordem de 45 bilhões de litros, um dos maiores do mundo, sendo que 20% são importados, eis que as refinarias da Petrobras não conseguem mais assegurar a totalidade do abastecimento interno. Quanto ao preço, o litro do diesel subiu, na média, de R$ 1,87 para R$ 2,10 nas bombas. Nos dias atuais, os valores dos derivados do petróleo são superiores aos similares de outras nações, e perto de 50% mais caros que nos Estados Unidos.

Existem analistas que preconizam a hipótese da redução de 15 a 20% no preço do diesel nos postos de abastecimento. À semelhança do setor elétrico, em que os impostos chegam a quase 50%, o diesel sofre tributação de 22%, embora inferior aos 41% da gasolina automotiva. Quanto à Petrobras, apresenta lucros de R$ 33 bilhões, em 2008. A hipótese seria viável, o que corrigiria a distorção do preço do diesel, além de reduzir os custos do transporte rodoviário a óleo diesel na nação, a grande opção brasileira, preterindo as ferrovias.

Diante desse cenário, inexplicavelmente o Senado acaba de aprovar a liberação de vendas de carros de passeio a diesel, entre nós, antiga reivindicação da indústria automobilística brasileira. Na Europa, é usual a venda de carros pequenos que consomem diesel.

Não obstante, no nosso país, a produção do óleo diesel não é autossuficiente, bem como a má qualidade do energético, comprovadamente, é apontada pelo Ministério Público, por autoridades ambientais e por especialistas da área médica como o principal responsável pelas enfermidades respiratórias e pulmonares. Outra evidência científica é aquela que os habitantes de São Paulo vivem menos do que os europeus, pois respiram ar mais poluído. Mais da metade dos habitantes do nosso estado paulista (6 em cada 10) vivem em cidades saturadas por ozônio, um dos poluentes mais nocivos à saúde, resultantes da queima de veículos movidos a diesel.

Ademais, a norma da ANP que estabelece a quantidade de enxofre no diesel brasileiro (50 ppm em 2009) não tem sido cumprida pela nossa principal estatal. Para o Instituto de Energia e Meio Ambiente, quando se propugna o combate ao aquecimento global, o maior emprego de um combustível fóssil (diesel), em carros de passeio, seria uma afronta aos defensores de um ar mais limpo, o que poderia ocorrer com o acentuado emprego de veículos a etanol (álcool) ou biodiesel, no tráfego das cidades, em frotas de ônibus, caminhões e utilitários. Em principio, a Petrobras pretenderia liberar o óleo diesel para táxis e, mais tarde, oferecê-lo para veículos de passeio.

Para o professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, as pessoas mais sujeitas a câncer, envelhecimento precoce do pulmão e doenças respiratórias são as que vivem na capital paulista, metrópole impregnada por gases tóxicos, resultantes da queima de combustíveis derivados do petróleo. Um desafio de um país em desenvolvimento, como é o Brasil, é alcançar o seu crescimento econômico compatível com meio ambiente saudável, sem prejuízo à saúde dos seus habitantes.

Daí a imprescindibilidade da redução das emissões de poluentes, promovendo a melhoria da qualidade dos combustíveis líquidos. Nada, no entanto, poderá ser efetuado se não houver uma política energética e de combustíveis bem definida, ainda não existente no Brasil. As questões sobre o setor têm-se restringido, até agora, aos aspectos políticos e institucionais, sem a devida inserção dos temas técnicos e, principalmente, ambientais, como é o caso do maior uso do óleo diesel.

A proposta de uso de óleo diesel em carros de passeio pode prejudicar o meio ambiente (Luiz Gonzaga Bertelli é jornalista, advogado e diretor do Departamento de Infraestrutura Industrial (Deinfra) da Fiesp-Ciesp; DCI, 27/08/09)

Marfrig compra Seara e JBS negocia com Bertin

Parece que o setor de carnes vai ficar ainda mais concentrado. Ontem foi anunciada a compra da Seara pela Marfrig e notícias indicam negociações entre o JBS-Friboi e Bertin. Parece que o JBS está na busca incessante por crescimento, pois ainda está de olho na Pilgrim's Pride no mercado americano. Seguem abaixo notícias sobre o tema:

Marfrig anuncia compra da Seara por US$ 900 milhões
14 de Setembro de 2009 22:02

SÃO PAULO (Reuters) - O frigorífico Marfrig fechou na noite desta segunda-feira um "acordo irrevogável" para a compra da Seara por 900 milhões de dólares, informou a empresa em fato relevante.

"O acordo está avaliado inicialmente em 706,2 milhões de dólares em moeda e 193,8 milhões de dólares em assunção de endividamento", afirmou o Marfrig em comunicado. "Os valores acima poderão sofrer ajustes durante o processo de diligência até o fechamento da operação."

O Marfrig espera concluir a transação de compra da Seara, atualmente controlada pela Cargill, no último trimestre deste ano, segundo o frigorífico.

A aquisição envolve, além da marca Seara, sete unidades industriais de aves; três plantas de industrializados e processados de valor adicionado; um terminal portuário privativo em Itajaí (SC); operações de distribuição e comercialização localizados no Reino Unido, Japão e Cingapura; nove fábricas de ração; e seis granjas de matrizes de aves.

"Os negócios no Brasil e no Exterior serão integrados às demais divisões do Grupo Marfrig que operam com produtos com base em aves, suínos e industrializados, com sinergias a serem exploradas com todas as demais divisões da Marfrig Alimentos", afirma a nota.

O frigorífico informou que realizou reserva de crédito de longo prazo de 1,3 bilhão de reais junto ao Bradesco como garantia da efetivação do negócio e afirmou também que o financiamento da aquisição poderá envolver aumento de capital do Marfrig por meio de oferta primária de ações.

Os papéis da empresa fecharam em alta de 1,34 por cento no pregão da Bovespa nesta segunda-feira, enquanto o Ibovespa finalizou a sessão em alta de 0,86 por cento, aos 58.867 pontos. (Eduardo Simões)

JBS-Friboi volta a negociar com a Bertin
O frigorífico brasileiro também trabalha pela aquisição da americana Pilgrim's Pride
14.09.2009 12h15

As negociações para a compra da Bertin pela JBS-Friboi, ambas gigantes da produção e exportação de carne bovina, voltaram a se intensificar nesses últimos dias, segundo a coluna Radar, da revista Veja. Procuradas, ambas as empresas optaram por não se pronunciar a respeito.

No entanto, a JBS-Friboi já havia anunciado o interesse em novas aquisições tanto no Brasil como no exterior, a fim de retomar seu crescimento. O frigorífico chegou a tentar negociar a compra da Bertin, no final do ano passado, mas as empresas não entraram em acordo.

Atualmente, a JBS-Friboi também negocia a aquisição da americana Pilgrim's Pride, maior empresa de frango dos EUA, por 2,5 bilhões de dólares. Se confirmada a transação, a Pilgrim's Pride sairia da concordata iniciada há noves meses e, ainda, faria concorrência com a Tyson Foods, a maior produtora de carnes dos EUA.

Consolidação no mercado de carnes

Assim como a JBR-Friboi, o frigorífico Marfrig, um dos maiores do país, também demonstrou interesse em uma possível fusão com a Bertin. O negócio não foi adiante porque o Bertin não estava disposto a abrir mão do controle da nova empresa.

O Marfrig então mudou de foco e agora negocia compra da processadora de carne suína e de frango Seara, segundo antecipou o Portal EXAME na última sexta-feira. Nas mãos da Cargill desde 2005, a Seara é hoje a segunda maior empresa de seu setor, atrás apenas da Brasil Foods, resultante da fusão entre as gigantes Sadia e Perdigão. O valor do negócio é estimado em 600 milhões de dólares.

Em junho, com o argumento de que faz parte da estratégia diversificar o portfólio, o Marfrig anunciou a compra dos ativos do segmento de perus da empresa Doux Frangosul por 65 milhões de reais.

Como tem uma dívida líquida que não é considerada baixa pelo mercado, o Marfrig poderá ter o apoio financeiro de um investidor para concluir a aquisição da Seara. Procuradas, Marfrig e Cargill, não comentaram.

O Marfrig teve uma receita líquida de 2,403 bilhões de reais no segundo trimestre de 2009 e projeta entre 10,5 bilhões de reais e 12 bilhões de reais para o ano inteiro. Com uma nova aquisição, a companhia deve ganhar força para concorrer com a Brasil Foods, resultado da união entre Sadia, e Perdigão, que dominará vários segmentos do mercado.

Às 12h15, os papéis ordinários da JBS-Friboi (JBSS3, com direito a voto) se valorizavam 0,89%, para 7,87 reais.

domingo, setembro 13, 2009

Morre o pai da "Revolução Verde"

Acabei de ver na Globo News que morreu Norman Borlaug, o pai da Revolução Verde. Segue abaixo notícia da AFP sobre este triste acontecimento para a agricultura mundial.

Apesar de alguns questionarem esta revolução, acredito que foi responsável pelo desenvolvimento da agricultura no século XX:

Morreu Norman Borlaug, prêmio Nobel da Paz e pai da "Revolução Verde"
De Andrew Beatty (AFP)

WASHINGTON, EUA — O agrônomo americano Norman Borlaug, prêmio Nobel da Paz por seus trabalhos com agricultura que permitiram salvar milhões de vida ao evitar a fome, morreu no sábado aos 95 anos.

Norman Borlaug morreu em Dallas (Texas) por causa de um câncer, informou um porta-voz da Universidade do A&M do Texas, especializada em agronomia, onde o prêmio Nobel trabalhava desde 1984.

Os trabalhos de Borlaug sobre a reprodução vegetal permitiram aumentar a produção agrícola na América Latina e na Ásia e lhe valeram o reconhecimento internacional.

Entre outras coisas, trabalhou com variedades de cereais de alto rendimento, contribuindo para evitar fomes em massa que se antecipavam nos anos 60.

Suas descobertas lhe valeram o apelido de "pai" do chamado movimento da Revolução Verde e o Prêmio Nobel da Paz em 1970.

"Norman Borlaug é o homem que mais salvou vidas na história da humanidade ", afirmou neste domingo Josette Sheeran, diretora do Programa Mundial de Alimentos (PAM) da ONU, enfatizando que "sua dedicação total à erradicação da fome revolucionou a segurança alimentar de milhões de pessoas em inúmeros países ".

Nascido em 1914 no Iowa (centro), Norman Borlaug começou sua carreira antes da Segunda Guerra Mundial no serviço florestal dos Estados Unidos, depois de estudar na Universidade de Minnesota (norte). Como muitos americanos do Meio Oeste, vinha de uma família originária do norte da Europa.

"Passou sua infância em uma granja do Iowa, influenciado pelas lições de seu avó norueguês com base no senso comum ", recordou a Universidade A&M em um comunicado.

Foi o que o levou a se interessar pela alimentação.

"A civilização tal como a conhecemos atualmente não teria podido evoluir nem sobreviver sem uma quantidade suficiente de alimentos", enfatizou, em seu discurso ao receber o Prêmio Nobel da Paz em 1970.

A partir de 1944, Borlaug iniciou duas décadas de trabalhos junto a cientistas mexicanos para desenvolver uma nova variedade de trigo que seria introduzido em seguida na Índia e no Paquistão.

O trigo anão permitiu alcançar rendimentos duas a três vezes superiores aos das variedades clássicas. Segundo os próprios cálculos de Borlaug, permitiu praticamente duplicar a produção de trigo da Índia e Paquistão, entre 1965 e 1970, equivalente a um aumento de mais de 11 milhões de toneladas.

Este êxito, em uma época na qual se temia e antecipava grandes fomes, lhe valeu fama mundial e seu trigo anão começou a ser cultivado em toda a América Latina, no Oriente Médio e na África.

Quando ganhou o Nobel, prometeu continuar trabalhando em seu objetivo com "um exército de combatentes da fome durante toda a vida".

Borlaug recebeu as duas maiores distinções civis nos Estados Unidos: a Medalha da Liberdade concedida pelo presidente dos Estados Unidos e a Medalha de Ouro do Congresso. Também recebeu distinções de inúmeras universidades, da Índia à Bolívia.

Era um fervoroso defensor das biotecnologias e as manipulações genéticas. "O público deve ser informado melhor sobre a importância das biotecnologias na produção alimentar e será menos crítico", afirmou, em 2002, em uma entrevista à ActionBioscience.org.

Norman Borlaug teve dois filhos. Sua esposa, Margaret, faleceu em 2007.

(Arquivo) Norman E. Borlaug (D) e sua esposa Margaret posando com o Prêmio Nobel da Paz em 14 de dezembro de 1970, em Oslo
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segunda-feira, setembro 07, 2009

Potencial da pesca no Brasil

O Brasil apesar de ter um litoral enorme, tem uma participação pífia no mercado mundial de pescados (cerca de 1% apenas). Uma reportagem da edição atual da Dinheiro Rural noticia que a Embrapa acaba de inaugurar uma unidade de Aquicultura e Sistemas Agrícolas que será sediada em Tocantins, e mostra o interesse do governo em desenvolver esta atividade, algo já mostrado anteriormente ao criar o Ministério da Pesca.

Neste centro serão realizadas pesquisas relacionadas à pesca, além da coordenação das atividades realizadas por outros centros e o estado de Tocantins foi escolhido por não possuir nenhuma unidade da estatal e não estar localizado no litoral, onde predominaria pesquisas sobre peixe de água salgada.

Abaixo seguem alguns números sobre a aquicultura e só como ilustração vale a pena relembrar que em 1986, o Brasil importava carne da região de Chernobyl e que o Chile consegue produzir cerca de 700 mil toneladas anuais somente de salmão.

sábado, setembro 05, 2009

Pesquisa sobre transgênicos no Brasil - número de autorizações

Encontrei na Exame (edição 951) nas bancas, em uma reportagem sobre a Embrapa, o número de autorizações para pesquisas com transgênicos concedidas deste 1996. O objetivo deste gráfico na revista é mostrar que a Embrapa encontra-se muito longe da liderança quando comparados com as empresas privadas.

Outro ponto a ser considerado é a importância do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) que trabalha apenas com cana-de-açúcar e mesmo assim tem um grande número de autorizações.

JBS será a maior processadora de frango nos EUA?

Parece que a BRF (Perdigão e Sadia) está próxima de ter um concorrente à altura no setor de frango. Não contente em comprar a Swift, existem rumores que a JBS esteja negociando com a Pilgrim's Pride, maior do setor nos EUA.

As notícias abaixo publicadas recentemente comentam o tema. A primeira é do Valor Econômico, a segunda do AviSite e a terceira do Último Segundo:

Avançam negociações entre a JBS e a americana Pilgrim's
Alda do Amaral Rocha


São Paulo, SP, 3 de Setembro - As conversações entre a JBS S.A e a americana Pilgrim's Pride, noticiadas ontem, estão avançadas, mas faltam ser definidas questões jurídicas, apurou o Valor com fontes da indústria de carne. Nos EUA, várias pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pelo jornal Wall Street Journal disseram que a eventual aquisição da Pilgrim's pela brasileira JBS é estimada em US$ 2,5 bilhões e pode ser anunciada na próxima semana. Porém, ainda não há acordo fechado.

A concretização do negócio com a Pilgrim's, que está em recuperação judicial desde dezembro, significaria a estreia da JBS em carne de frango - a empresa só atua em bovinos e suínos no Brasil, EUA, Austrália e Itália. O negócio também criaria um novo rival para a Tyson Foods, hoje a maior empresa de carnes dos EUA - a companhia atua nas três carnes e faturou US$ 26 bilhões no ano passado. Juntas, JBS e Pilgrim's teriam receita de cerca de US$ 20 bilhões, considerando os números de 2008.

Segundo o Wall Street Journal, o negócio envolveria o provável pagamento integral dos credores financeiros - bancos e detentores de bônus - da Pilgrim's Pride. Também haveria pagamento para os acionistas da companhia. Citando uma fonte familiar com o assunto, o jornal americano diz que o acordo é estimado em US$ 2,5 bilhões e cobriria débitos com garantias de US$ 1,2 bilhão; cerca de US$ 1 bilhão em dívidas sem garantia; juros acumulados para os detentores dos títulos de dívidas e "algumas centenas de milhões de dólares" para os acionistas.

Quando pediu proteção contra a falência em dezembro passado, após quatro trimestres de prejuízos, a Pilgrim's arrolou no processo ativos no valor de US$ 3,75 bilhões e dívida de US$ 2,72 bilhões.A notícia sobre a negociação fez as ações da Pilgrim's subirem 5,10% ontem na bolsa de Nova York e o valor de mercado da empresa ficou ao redor de US$ 360 milhões. Na bolsa brasileira, os papéis da JBS tiveram alta de 1,71%.

Procurada ontem, novamente, a JBS disse que "analisa de forma rotineira e constante oportunidades de investimento para a expansão e o crescimento orgânico (...). Nesse sentido, informamos que não existe, no momento, qualquer transação e/ou compromisso firme que justifique a divulgação de fato relevante relativo à eventual aquisição de empresas pela companhia".

Na terça-feira, uma fonte próxima às conversações informou ao Valor que a Pilgrim's entrou na mira da JBS porque, em função das dificuldades financeiras, tornou-se uma "empresa propensa a ser vendida". A fonte também disse que as negociações eram complexas pelo fato de a Pilgrim's estar em recuperação judicial e por questões acionárias.

Os controladores da JBS já indicavam o desejo de voltar a crescer via aquisições. Aliás, essa tem sido a estratégia de crescimento da empresa: comprar companhias em dificuldade. Foi assim com a Swift Armour, na Argentina, e com a Swift Foods Company, nos EUA - ambas com o apoio do BNDES. Fontes da indústria de carne disseram que o banco de fomento poderia apoiar também a aquisição da Pilgrim's.Uma possível fonte de recursos para o pagamento da eventual aquisição da Pilgrim's pode ser a abertura de capital da JBS USA nos Estados, com a qual a empresa espera obter US$ 2 bilhões. (Colaborou Ricardo Balthazar, de Washington)

Com Pilgrim’s, JBS levará, no frango, mais que uma BRF

Campinas, 4 de Setembro - A despeito dos desmentidos de uma e outra parte, a definição da compra da Pilgrim’s Pride pelo JBS parece estar cada vez mais próxima. O Wall Street Journal chegou a comentar que o anúncio deve ocorrer na semana que vem, mas nada impede que isso ocorra antes. Hoje, por exemplo.

Com essa aquisição, o JBS vai se tornar não apenas o maior produtor de carnes vermelhas dos EUA, mas também o maior produtor de frango do país, já que a Pilgrim’s Pride detém, conforme projeções locais, 22% da produção norte-americana de carne de frango.

E o que isso representa? Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em 2008 foram produzidas no país cerca de 16,5 milhões de toneladas. Portanto, a produção da Pilgrim’s Pride girou em torno dos 3,6 milhões de toneladas de carne de frango, volume que deve sofrer redução em 2009 – e não só porque o mercado impõe, mas também porque a empresa, em recuperação judicial, continua enfrentando sérios desafios financeiros e vem fechando plantas (principalmente abatedouros e incubatórios) em vários estados dos EUA.

Mesmo assim a Pilgrim’s deve continuar maior, por exemplo, que a recém-estreante Brasil Foods, resultado da fusão Perdigão/Sadia e, hoje, uma das maiores do mundo na produção de carne de aves (ou, essencialmente, de frango). Pois, conforme o balanço de 2008 das duas empresas brasileiras, no ano que passou seu abate de aves (aí incluso o peru e outras aves) somou 2,6 milhões de toneladas – um milhão de toneladas a menos que o alcançado pela Pilgrim’s só com a carne de frango.

Eventual negócio entre Pilgrim's e JBS seria aprovado, dizem analistas

Chicago, 4 de Setembro - Um dia depois da divulgação da notícia de que o frigorífico brasileiro JBS poderia adquirir o produtor norte-americano de carne de frango Pilgrims's Pride, analistas disseram que esse negócio seria possível, podendo ser aprovado pelas autoridades antitruste se for confirmado.

Reportagens publicadas na quarta-feira indicaram que o JBS estava prestes a adquirir a Pilgrim's Pride por mais de 2 bilhões de dólares. O JBS negou as especulações, e a Pilgrim's Pride não quis comentar.

Analistas dizem que a eventual transação seria aprovada pelas autoridades norte-americanas porque o JBS não está presente no mercado avícola norte-americano.

O frigorífico tem participação apenas no setor de carne bovina e suína nos EUA.

Dessa forma, a eventual compra não alteraria o número de empresas do mercado avícola nos EUA, nem afetaria a participação de cada uma delas no mercado.

"Eu ficaria surpreso se isso fosse alvo de muita avaliação", disse Richard Brosnick, advogado em Nova York especializado em questões de cartéis."Não parece que a presença do JBS nos Estados Unidos seja tão grande".

Outro advogado especializado nesses assuntos, Andre Barlow, disse igualmente acreditar que o Departamento de Justiça dos EUA aprovaria o negócio. "A carne não é intercambiável. Carne bovina é um mercado, porco é um mercado, frango é um mercado", disse ele.

"Eu ficaria muito surpreso se isso enfrentasse algum escrutínio antitruste sério", disse John Briggs, especialista do escritório jurídico Axinn Veltrop Harkrider LLP, prevendo a aprovação pelas agências federais antitruste dos EUA.

Preço razoável

Os observadores do setor também se mostraram de acordo com o suposto valor superior a 2 bilhões de dólares da transação."Eles poderiam pagar os títulos e notas e ainda dar um par de milhões (de dólares) ao Bo (Pilgrim, presidente da Pilgrim's Pride)", disse o economista Paul Aho, da consultoria do setor avícola Poultry Perspective.

Como os setores norte-americanos de pecuária e avicultura tiveram prejuízos no último ano nos EUA, devido à redução nas vendas e ao preço elevado da ração e dos combustíveis, várias empresas estariam no ponto para serem vendidas, segundo Ron Plain, economista agrícola da Universidade do Missouri.

A Pilgrim's Pride entrou em recuperação judicial no final de 2008 por causa desses fatores e também por causa das dívidas acumuladas com a compra, no final de 2006, da Gold Kist Inc..

"Há várias firmas de pecuária e avicultura que perderam muito dinheiro e estão maduras para a compra", disse Plain.

Mas a ideia de que o JBS, que é primariamente uma empresa voltada para a carne bovina, possa comprar uma empresa do setor de frangos ainda intriga muita gente.

"Estou surpreso com esta potencial manobra do JBS, porque eles sempre deram a indicação de que vão se voltar primariamente para o setor da carne bovina", disse Steve Kay, editor da publicação Cattle Buyers Weekly. "Comprar uma companhia de frangos extremamente grande lhes deixaria totalmente fora da zona de conforto em termos operacionais".

As ações da Pilgrim's Pride fecharam em alta de 5,24 por cento, cotadas a 5.42 dólares no mercado Pink Sheet. No Brasil, as ações do JBS tiveram alta de 1,8 por cento. (Bob Burgdorfer e Diane Bartz)