domingo, maio 09, 2010

Depois da mamona, governo foca em palma para biodiesel

Depois da fracassada ação no sentido de tornar a mamona a matéria-prima da agricultura familiar para o biodiesel, parece que o governo redireciona seus esforços para a palma. Conheço muito pouco da cultura, mas parece que ela é mais adequada para isso visto que em outros locais, sua produção é de grande porte e muito pode ser adaptado para nossas condições.

Nesta semana foram publicadas várias notícias sobre o assunto que agrupei neste post. A primeira e segunda são notas do MAPA e a terceira notícia do Portal EcoDebate, todas disponibilizadas no Notícias Agrícolas. Com elas espero passar uma boa noção do tema.

Brasil possui mais de 31 milhões de hectares aptos ao cultivo de palma

O Brasil possui, aproximadamente, 31 milhões de hectares adequados ao plantio de palma no Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima.

Hoje, apenas Pará, Bahia e Amazonas produzem a oleaginosa, ema área de 70 mil hectares. A produção abrange cerca de 13 milhões de hectares. O levantamento das terras aptas para o cultivo do dendê seguiu a metodologia do Zoneamento Agroecológico da Palma, estudo realizado pelo Centro Nacional de Pesquisas de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Todas as áreas indicadas já se encontram antropizadas, isto é, são terras onde há ocupação do homem exercendo diversas atividades. O estudo, que orientará a formulação de políticas públicas para a produção sustentável da palma, inovou ao adotar critérios econômicos, sociais e ambientais que contribuem para um modelo sustentável de expansão dessa agroindústria no Brasil.

“O levantamento ficou restrito às áreas desmatadas da Amazônia e baseou-se nos estudos de solo da região e na avaliação de aptidão das terras, juntamente com as condições climáticas”, aponta Antônio Ramalho Filho, um dos responsáveis pela elaboração do zoneamento, juntamente com Celso Mazatto, ambos pesquisadores da Embrapa Solos e Embrapa Meio Ambiente. Segundo Ramalho, após o cruzamento dessas informações, chegou-se ao resultado final. “Foram realizadas pesquisas em dois níveis, um utilizando tecnologia mais simples, para as pequenas terras, e outro com tecnologia mais avançada, para as grandes propriedades”, informa. Assim, foi possível atender desde a pequena agricultura até a de maior escala.

Lei - Além disso, um projeto de lei enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional prevê a proibição da supressão de vegetação nativa em todo o território nacional e do plantio de dendê em todas as unidades de conservação, terras indígenas e áreas de quilombo. As áreas priorizadas pelo programa são as antropizadas na Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima) e as consolidadas para a atividade agrícola nas regiões Nordeste (Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia) e Sudeste (Espírito Santo e Rio de Janeiro).

Palma é responsável por 30% do óleo vegetal produzido no mundo, diz ministro da Agricultura

“A palma é uma planta extraordinária. Quando se trata de óleo, a cultura produz dez vezes mais que a soja na mesma área. Além disso, é responsável por 30% de todo óleo vegetal produzido no mundo.” A afirmação é do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, que participou do programa Bom Dia Ministro, coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e apresentado nessa quarta-feira (5).

Segundo o ministro, o Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo no Brasil, lançado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quinta-feira (6), vai possibilitar a multiplicação da cultura no Brasil. “Hoje, 90% da palma é produzida no Pará e o zoneamento agrícola, elaborado pelo Ministério da Agricultura, mostra que temos, no mínimo, 29 milhões de hectares disponíveis onde a palma poderia ser usada com eficiência na região amazônica”, ressaltou.

Rossi disse, ainda, que a área plantada da cultura no País é de 76 mil hectares, o que representa produção de 190 mil toneladas. O consumo interno é de 450 mil toneladas. “Importamos, no último ano, 255 mil toneladas. Então, o produtor que decidir plantar palma vai abastecer o mercado interno e exportar também, já que esse mercado está concentrado em apenas dois países: Tailândia e Indonésia, que abrangem 90%”, enfatizou.

Com a plantação de 10 hectares de palma o produtor tem condições de receber R$ 2 mil por mês. “Não tem outra cultura que possa ser usada pelo agricultor familiar que dê esse resultado”, ressaltou o ministro.

Financiamento - O governo já colocou à disposição do programa R$ 60 milhões. De acordo com Rossi, o financiamento concede ao pequeno produtor prazo de 14 anos, com seis anos de carência e juros de 2% ao ano. “Assim, é possível produzir a palma, explorá-la economicamente, para depois começar a pagar o financiamento”, informou o ministro.

Biodiesel: Governo lança Programa Nacional de Óleo de Palma

O Programa Nacional de Óleo de Palma, lançado ontem (6) em Tomé Açú, no Pará, quer tornar o país o maior produtor mundial desse vegetal nos próximos anos, garantindo o suprimento de combustível renovável.

O programa prevê a ampliação da área destinada à plantação do vegetal para a produção de combustíveis a partir de energias renováveis. O óleo de Palma também é conhecido como dendê. O projeto, que visa aumentar a produção para 130 mil hectares até 2014, vai ser aplicado em 44 municípios das regiões Norte e Nordeste.

Atualmente, o Pará lidera a produção de palmas no país, com 80 mil hectares plantados na região dos rios Capim, Guamá e Tocantins. A transformação do óleo de dendê em biodiesel é feita pela Petrobras, que está construindo três indústrias na região, para somar às nove já existentes no estado. O Programa Nacional de Óleo de Palma prevê a participação imediata de 900 parceiros na agricultura familiar, e de 300 médios e grandes produtores.

No dia 5/5, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou, em entrevista ao programa Bom Dia Ministro, que a palma produz dez vezes mais óleo do que a soja na mesma área, sendo possível produzir cinco toneladas de óleo por hectare a cada ano. Com isso, um produtor que plante 10 hectares de palma, pode obter uma renda média de R$ 2 mil por mês aos preços atuais.

Segundo Wagner Rossi, somente dois países, a Tailândia e a Indonésia, concentram 90% da produção mundial de óleo de palma. Ele fala que com o programa, a participação brasileira nesse mercado vai aumentar.

“Vai disponibilizar a possibilidade da multiplicação da cultura numa área muito grande no Brasil. Nós temos pelo menos, no momento, 29 milhões de hectares disponíveis, onde a palma poderia ser usada com eficiência. Isso inclui uma parte grande do Nordeste brasileiro e todos os estados do Norte.”

O aumento de área plantada não será feito com desmatamento, mas aproveitando áreas já degradadas, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

“O programa nasce com orientações claras do ponto de vista de que áreas podem ser aproveitadas para a expansão dessa cultura. É um programa construído em bases para proibir o desmatamento em áreas de florestas nativas para a expansão da fronteira agrícola associada à palma de óleo.”

Ambientalistas concordam que gerar combustível renovável é importante para a região. Mas, segundo o coordenador do Instituto do Homem e Meio Ambienta da Amazônia (Imazon), Paulo Amaral, se o projeto vai envolver pequenos produtores, é preciso alguns cuidados.

“Um sistema de monitoramento muito forte, para que não provoque pressão sobre as áreas ainda com cobertura florestal, deve observar a recomposição dessas áreas já abertas. E tem que se considerar assistência técnica e uma garantia da compra dessa produção para que um pequeno produtor possa se sentir seguro para entrar num programa desses.”

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