domingo, maio 30, 2010

CONSECANA para a laranja?

O CONSECANA-SP (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de S. Paulo) foi criado para coordenar o relacionamento entre os fornecedores de cana e as usinas de açúcar e álcool em São Paulo, e sem dúvida nenhuma trata-se de um mecanismo excelente que busca remunerar de forma justa os produtores rurais, baseando-se nos preços de mercados dos produtos industrializados (açúcar e álcool). No site da UNICA encontra-se maiores informações.

A cadeia da laranja, conforme notícia do Valor Econômico que encontrei no BrasilAgro, está pensando em fazer o mesmo. Trata-se de uma excelente iniciativa que somente tende a criar um ambiente mais regulado, propício ao crescimento e além disso ajudaria a mudar um pouco a imaginar do setor que é muito concentrado e sofre com a pouca transparência dos dados de produção conforme podemos ver na notícia da revista Exame que também encontrei no BrasilAgro:

Em busca de um Consecana para a cadeia citrícola

Para tentar harmonizar as relações entre as indústrias de suco e seus fornecedores independentes de laranja, o novo diretor corporativo da Cutrale, Carlos Viacava, defende a criação de algo similar ao Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana).

Para mitigar as rusgas na cadeia sucroalcooleira, até certo ponto normais entre fornecedores e clientes, o Consecana criou um modelo de pagamento dos canavieiros baseado em critérios técnicos e no teor de sacarose da matéria-prima entregue. A adoção ao sistema é voluntária, e mesmo assim o conselho tem funcionado com aparente eficácia.

"Não adianta querer melhorar a imagem [da cadeia citrícola] só com palavras. É preciso mudar procedimentos, e estamos empenhados nisso", afirmou Viacava ao Valor. Ele acredita que algo nos moldes do Consecana tem potencial para se transformar, no mínimo, em uma referência para a negociação de contratos entre fornecedores de laranja e indústrias de suco, principal foco de problemas no ramo.

Para a safra que se inicia (2010/11), Viacava disse que a Cutrale reajustou os contratos novos com fornecedores independentes. Mas os preços subiram desde 2009, e o que hoje é bom pode não ser em 2011/12. Daí a importância de se ter um ambiente saudável de negociações.

A Cutrale recebe de seus fornecedores independentes de laranja - o próprio Viacava era um deles - cerca de 30% de sua demanda total. Outro terço vem de suas fazendas próprias, a grande maioria localizada em São Paulo, e o restante pode ser adquirido no mercado spot. O Estado concentra 80% da produção nacional de laranja e um percentual ainda maior das exportações de suco.

Além dos preços, Viacava acredita que melhores relações na cadeia produtiva podem acelerar a busca de áreas de produção, o combate a doenças como o greening e a ampliação da demanda doméstica pelo produto, um velho desafio que até hoje mereceu pouca atenção dos exportadores.

Suco de Laranja: Dados? Não adianta espremer

O Brasil é o maior fabricante mundial de suco de laranja. Quanto nós produzimos da fruta? Ninguém sabe. Para os agricultores, a safra de laranja em 2010 deve variar de 270 milhões a 290 milhões de caixas. A informação deveria ser cotejada com os dados da indústria esmagadora. Ocorre que as quatro grandes empresas do setor - Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Dreyfus - firmaram posição de não divulgar números. Alegam que uma projeção da colheita geraria especulação. Nem a Secretaria de Agricultura de São Paulo, estado responsável por 80% da produção nacional, conseguiu fazer uma previsão.

A falta de estatística é crônica e reflete a desconfiança que impera no setor - o volume disponível pode determinar preços mais favoráveis aos fazendeiros ou às esmagadoras. Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura faz estimativas da colheita e do estoque. No fim da safra, os números são conferidos. Curiosamente, os Estados Unidos - os maiores concorrentes do Brasil no setor - costumam ter também a estimativa mais confiável da safra brasileira.

Um funcionário do consulado americano em São Paulo obtém os dados que o governo paulista não consegue colher. Resultado: quando alguém precisa saber o tamanho da produção brasileira, o melhor a fazer é perguntar aos americanos.

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