segunda-feira, maio 31, 2010

Potência instalada de cogeração passa de 3.000 MW

A CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) orgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento está fazendo levantamento do potencial instalado em cogeração de energia elétrica baseado na queima do bagaço de cana conforme podemos ver na notícia abaixo do Portal EnergiaHoje:

Dados oficiais de cogeração

A Conab, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), está concluindo o levantamento que passará a ser divulgado todo ano juntamente com os resultados consolidados das safras de cana. Pela primeira vez o potencial real de cogeração de energia elétrica no setor sucroalcooleiro em nível nacional se tornará público nos próximos meses.

Serão informados os dados de geração de energia elétrica efetivamente comercializada e não-comercializada, segundo informou o técnico da Conab, Ângelo Bressan Filho. Ao longo do ano passado e início deste ano os técnicos da companhia visitaram todas as usinas de cana do país – 411 unidades - e vão repetir o procedimento periodicamente. Só em São Paulo foram pesquisadas diretamente 170 usinas, num total de 3.039 MW de capacidade instalada.

Desse total, somente 58 comercializam energia excedente. O estudo também informará qual o volume de energia que as instalações mais antigas deixam de produzir por contarem apernas com caldeiras de baixa pressão de 21 bar (A.C.S)

domingo, maio 30, 2010

Será que Cuba voltará a ser um player em açúcar?

As mudanças em curso na indústria açucareira cubana possibilitaram o retorno deste país ao destaque que tinha no passado? Encontrei no Notícias Agrícolas e no NetMarinha duas notícias para ilustrar este cenário:

Abertura "açucareira" cubana vai depender de regras e embargos
Agroenergia: País é impedido de vender açúcar dentro da cota americana, que paga até 40% mais que mercado

Apesar de abrir boas perspectivas de investimento para grupos sucroalcooleiros estrangeiros, inclusive brasileiros, a reestruturação do setor açucareiro de Cuba, em curso, ainda é motivo de incertezas que tendem a deixar qualquer plano concreto para um futuro não tão imediato.

Com condições excepcionais de clima e solo para o plantio de canaviais, tradição em pesquisa e exportação e uma localização geográfica invejável, Cuba atrai potenciais interessados não só pelo açúcar, mas também pelo etanol. Em contrapartida, dizem fontes ligadas ao setor no Brasil, questões relacionadas à regulação do mercado na ilha e embargos comerciais liderados pelos EUA ainda esfriam mesmo os mais entusiasmados.

A 140 quilômetros da costa americana, Cuba parece estar abrindo de vez seu setor canavieiro, que chegou a ser o maior exportador mundial de açúcar. No auge, na década de 80, a ilha produzia 8 milhões de toneladas de açúcar por safra, mas veio a dissolução da URSS, até então sua maior parceira, e o derretimento começou.

Em 2010, mais de dez anos após o fim do apoio soviético - que comprava açúcar cubano a preços bem acima dos praticados no mercado e vendia petróleo a valores abaixo das cotações mundiais - , Cuba deverá produzir 1,3 milhão de toneladas. Daí a necessidade de abertura a investidores privados, inclusive estrangeiros.

Cuba já teve mais de 170 usinas de açúcar, mas até 2002 fechou 71. Na safra passada, apenas 44 rodaram, segundo a Organização Internacional do Açúcar (OIA). Outras 20 estão sendo mantidas em condições de funcionamento para utilização no futuro - mas de acordo com especialistas, pouco há de aproveitável nas antigas estruturas do envelhecido parque industrial cubano.

Somente para retomar a produção de 8 milhões de toneladas de açúcar, seria preciso reconstruir um parque industrial capaz de processar 60 milhões de toneladas de cana - ou seja, implantar uma estrutura com tamanho equivalente ao da brasileira Cosan, líder global do setor. Só o investimento industrial é estimado em R$ 12 bilhões - considerando um custo médio de R$ 200 por tonelada de processamento implantada.

Luiz Custódio Martins, que dirigiu por três anos o hoje extinto Geplacea (Grupo Executivo dos Países Latino-Americanos e do Caribe Exportadores de Açúcar), diz que os empresários no Brasil estão com um olho na forma como o governo cubano vai liberar a entrada de capital estrangeiro no ramo, incluindo açúcar, etanol e energia, e outro no fim do embargo de Washington ao país caribenho.

Custódio, que preside o Siamig, entidade que reúne os usineiros de Minas Gerais, reconhece o potencial agrícola, científico e logístico de Cuba, e sustenta que são armas importantes para atrair investimentos. "Mas o embargo americano terá de acabar. Além disso, em três anos os EUA terão que importar etanol de segunda geração. E o de cana não tem hoje concorrentes nessa categoria". Em 2009, Custódio fez sua 34ª viagem a Cuba, mas em decorrência de outras parcerias.

Além de ressuscitar sua indústria açucareira, o governo cubano sinaliza que quer, sim, diversificar o uso da cana-de-açúcar nos moldes brasileiros, com produção de etanol e cogeração de energia a partir do bagaço. A eletricidade que serve à população cubana é gerada a partir de fontes fósseis, e também são fósseis os combustíveis dos veículos.

Foi de olho neste potencial que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) iniciou um estudo de mercado para implantar um projeto de cogeração em Cuba. A empresa não forneceu mais detalhes sobre a iniciativa, por estar ainda em fase incipiente, mas confirmou a existência do estudo, segundo informou sua assessoria.

À disposição de interessados brasileiros está, desde 2008, uma linha de crédito de US$ 600 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos em Cuba, dividida em quatro tranches de R$ 150 milhões. Foram recursos usados em exportações brasileiras de colheitadeiras e caminhões para a cultura da cana e de arroz, além de algumas operações no setor de fármacos.

Os recursos de 2010 e 2011 serão integralmente usados nas obras do porto de Mariel, a cargo da Odebrecht. "As relações entre os governos de Brasil e Cuba são favoráveis a essa parceria e os bancos estatais têm linhas de exportação de bens e serviços que podem viabilizar esses investimentos no futuro", afirma Custódio. É esperar para ver. (Fonte: Valor Econômico)

Cuba deve abrir parte de seu setor de açúcar

Cuba já foi sinônimo de açúcar. Nos anos 60 e 70, o então ditador Fidel Castro fazia campanhas para o aumento da produção em prol da revolução. Mas a situação mudou e a ilha caribenha está agora buscando investimentos para reviver o setor.

O Ministério do Açúcar de Cuba será fechado nos próximos meses e substituído por uma corporação estatal, na mais importante reorganização da outrora próspera indústria açucareira do país, desde que ela encolheu drasticamente de tamanho na última década. Segundo fontes do setor, os planos de criação da nova corporação açucareira e revitalização do setor permitirão, entre outras coisas, os investimentos estrangeiros e o fechamento de usinas de açúcar ineficientes. Esses planos devem ser aprovados em breve pelo presidente Raúl Castro. Essas fontes conhecem bem o setor e pediram para não ser identificadas.

O fim iminente do ministério parece ser o último capítulo do declínio dramático da indústria açucareira de Cuba, onde o açúcar já reinou, mas hoje responde por menos de 5% da receita cambial.

A mais nova iniciativa é parecida a outras reformas agrícolas feitas por Castro, que substituiu o irmão mais velho, Fidel, em 2008, e está tentando aumentar a produção de alimentos afrouxando o controle do governo comunista sobre a agricultura.

A queda de Cuba da posição de maior exportador de açúcar do mundo, cuja produção já atingiu 8 milhões de toneladas de açúcar cristalizado anuais, começou com o colapso da União Soviética em 1991. Desde então, o setor declinou incessantemente e a produção da atual safra deverá ficar em apenas 1,2 milhão de toneladas.

Mas, com a reorganização que se aproxima, "no médio prazo eles esperam aumentar a produção para 2,8 milhões de toneladas usando um número menor de usinas", disse uma fonte cubana com grande conhecimento do setor açucareiro. "O rendimento por hectare está atualmente em cerca de 3 toneladas e o objetivo é elevar isso para pelo menos 6 toneladas", acrescentou a fonte. O padrão internacional é de 8 toneladas por hectare.

Cuba consome atualmente um mínimo de 700 mil toneladas de açúcar por ano.

Corporações parecidas com a que está sendo planejada para cuidar da produção açucareira já operam com sócios estrangeiros na produção de níquel (Cubaniquel), e petróleo e gás (Cubapetroleo), sob o Ministério da Indústria de Base.

Ainda não está claro se a nova companhia do setor açucareiro ficará subordinada ao Ministério da Agricultura ou a alguma outra autoridade governamental.

"A nova estrutura dará àqueles responsáveis pela tomada de decisões no setor mais autonomia e permitirá a eles manter um porcentual das receitas para reinvestimentos", informou um economista cubano, pedindo, assim como as demais fontes, para não ter seu nome revelado.

Os Estados Unidos, antes da revolução cubana de 1959, e a União Soviética, posteriormente, pagaram preços inflados pelo açúcar cubano para estimular a economia da ilha, de modo que o colapso do bloco soviético atingiu duramente Cuba e sua indústria açucareira.

Hoje, as exportações de serviços técnicos são as maiores geradoras de receitas cambiais para Cuba, seguidas de outros serviços como aviação, turismo e comunicações, níquel, produtos refinados de petróleo, produtos farmacêuticos, charutos e só depois o açúcar.

Em 2002, num encolhimento dramático daquele que já foi o principal setor da ilha, Cuba fechou e desmanchou 71 de suas 156 usinas de açúcar - todas as 71 construídas antes da revolução. Em seguida, transferiu 60% das terras usadas no cultivo da cana para outros usos.

Mais de 200 mil dos 400 mil trabalhadores do setor foram transferidos para outros empregos e muitas cidades rurais que dependiam do açúcar ficaram estagnadas, com suas fábricas fechadas marcando o horizonte. Mais usinas fecharam desde então e, na atual safra, apenas 44 estão operando. Outras 20 vêm sendo mantidas em condições de funcionamento para uso futuro.

Apenas 700 mil hectares de um total de mais de 2 milhões de hectares antes controlados pelo Ministério do Açúcar de Cuba são hoje dedicados ao plantio da cana.

Sob Raúl Castro, antigas plantações de cana já foram transferidas para o Ministério da Agricultura e um grande sistema ferroviário para o transporte da cana das plantações para as usinas, e das usinas para os portos, foi transferido para o Ministério dos Transportes. (Com informações Valor Econômico)

CONSECANA para a laranja?

O CONSECANA-SP (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de S. Paulo) foi criado para coordenar o relacionamento entre os fornecedores de cana e as usinas de açúcar e álcool em São Paulo, e sem dúvida nenhuma trata-se de um mecanismo excelente que busca remunerar de forma justa os produtores rurais, baseando-se nos preços de mercados dos produtos industrializados (açúcar e álcool). No site da UNICA encontra-se maiores informações.

A cadeia da laranja, conforme notícia do Valor Econômico que encontrei no BrasilAgro, está pensando em fazer o mesmo. Trata-se de uma excelente iniciativa que somente tende a criar um ambiente mais regulado, propício ao crescimento e além disso ajudaria a mudar um pouco a imaginar do setor que é muito concentrado e sofre com a pouca transparência dos dados de produção conforme podemos ver na notícia da revista Exame que também encontrei no BrasilAgro:

Em busca de um Consecana para a cadeia citrícola

Para tentar harmonizar as relações entre as indústrias de suco e seus fornecedores independentes de laranja, o novo diretor corporativo da Cutrale, Carlos Viacava, defende a criação de algo similar ao Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana).

Para mitigar as rusgas na cadeia sucroalcooleira, até certo ponto normais entre fornecedores e clientes, o Consecana criou um modelo de pagamento dos canavieiros baseado em critérios técnicos e no teor de sacarose da matéria-prima entregue. A adoção ao sistema é voluntária, e mesmo assim o conselho tem funcionado com aparente eficácia.

"Não adianta querer melhorar a imagem [da cadeia citrícola] só com palavras. É preciso mudar procedimentos, e estamos empenhados nisso", afirmou Viacava ao Valor. Ele acredita que algo nos moldes do Consecana tem potencial para se transformar, no mínimo, em uma referência para a negociação de contratos entre fornecedores de laranja e indústrias de suco, principal foco de problemas no ramo.

Para a safra que se inicia (2010/11), Viacava disse que a Cutrale reajustou os contratos novos com fornecedores independentes. Mas os preços subiram desde 2009, e o que hoje é bom pode não ser em 2011/12. Daí a importância de se ter um ambiente saudável de negociações.

A Cutrale recebe de seus fornecedores independentes de laranja - o próprio Viacava era um deles - cerca de 30% de sua demanda total. Outro terço vem de suas fazendas próprias, a grande maioria localizada em São Paulo, e o restante pode ser adquirido no mercado spot. O Estado concentra 80% da produção nacional de laranja e um percentual ainda maior das exportações de suco.

Além dos preços, Viacava acredita que melhores relações na cadeia produtiva podem acelerar a busca de áreas de produção, o combate a doenças como o greening e a ampliação da demanda doméstica pelo produto, um velho desafio que até hoje mereceu pouca atenção dos exportadores.

Suco de Laranja: Dados? Não adianta espremer

O Brasil é o maior fabricante mundial de suco de laranja. Quanto nós produzimos da fruta? Ninguém sabe. Para os agricultores, a safra de laranja em 2010 deve variar de 270 milhões a 290 milhões de caixas. A informação deveria ser cotejada com os dados da indústria esmagadora. Ocorre que as quatro grandes empresas do setor - Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Dreyfus - firmaram posição de não divulgar números. Alegam que uma projeção da colheita geraria especulação. Nem a Secretaria de Agricultura de São Paulo, estado responsável por 80% da produção nacional, conseguiu fazer uma previsão.

A falta de estatística é crônica e reflete a desconfiança que impera no setor - o volume disponível pode determinar preços mais favoráveis aos fazendeiros ou às esmagadoras. Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura faz estimativas da colheita e do estoque. No fim da safra, os números são conferidos. Curiosamente, os Estados Unidos - os maiores concorrentes do Brasil no setor - costumam ter também a estimativa mais confiável da safra brasileira.

Um funcionário do consulado americano em São Paulo obtém os dados que o governo paulista não consegue colher. Resultado: quando alguém precisa saber o tamanho da produção brasileira, o melhor a fazer é perguntar aos americanos.

Biorefinaria baseada em biomassa

Apesar das tecnologia abaixo não serem novidade, existem ainda algum questionamento quanto à sua viabilidade. Entretanto, acredito que esta viabilidade chegará e o agronegócio suprirá toda a biomassa necessária. A reportagem abaixo é da Priscila Machado do Brasil Econômico:

RM Energia estreia tecnologia inédita a partir de biomassa

A RM Energia, fruto de uma sociedade entre o Grupo Peixoto de Castro (GPC) e a Senergen, está iniciando a construção de uma biorrefinaria na cidade de Lorena, em São Paulo, para colocar no mercado uma tecnologia inédita.

A proposta da empresa é a produção de energia a partir da biomassa, mas ao invés de usar o tradicional processo de queima, a usina separa a água de diversas matérias-primas por meio de processos termoquímicos, obtendo em cada fase não apenas energia elétrica e térmica como subprodutos utilizados pela indústria química.

O objetivo da unidade que será inaugurada em poucas semanas é fazer demonstrações para os futuros clientes.

Quem está à frente do projeto pioneiro é Roberto Paschoali, ex-presidente da subsidiária brasileira do Lloyds Bank. Após anos no mercado financeiro, o empresário está animado para começar a lucrar com o novo negócio.

Paschoali é sócio diretor da Senergen e da RM e diz ter nas mãos "uma tecnologia nova, emergente e poderosa".

Em menos de dois meses ele irá inaugurar um centro integrado de processamento de biomassa na área ao lado de onde a RM está instalada.

"Começamos a desenvolver projetos de energia renováveis e partimos atrás de soluções que viabilizassem os projetos dos clientes. Viajamos tanto e encontramos a resposta no Brasil", disse Paschoali.

Com a tecnologia desenvolvida, o objetivo da RM agora é comercializá-la. Paschoali conta que, quando realiza a venda, a companhia é responsável por todo o projeto, montagem e administração e que as empresas que irão fabricar o reator já estão sendo certificadas.

Exportações também estão em foco e a tecnologia já foi patenteada em mais de 50 países.

Trajetória

A RM foi criada em 1989 para apoiar a pesquisa e desenvolvimento da tecnologia Probem - Programa de Biomassa, Energia e Materiais.

O primeiro investidor foi o Grupo Peixoto de Castro, que atua há mais de 80 anos nas áreas química e petroquímica. Em outubro de 2009 a Senergen, criada em 2008 para desenvolver, implantar e operar usinas de geração de energia limpa e renovável, comprou 50% de participação na RM.

Durante 20 anos a empresa apenas recebeu investimentos, cerca de R$ 30 milhões, que foram usados, basicamente, para manter a equipe formada por pesquisadores da Escola de Engenharia de Lorena, da Universidade de São Paulo (USP).

Este ano a companhia instalou o primeiro reator em escala industrial para o grupo Arroz Pilecco, em Alegrete, no Rio Grande do Sul. A usina tem capacidade de processamento de 90 toneladas de casca de arroz por dia para produção de energia elétrica e sílica pura.

Tecnologia

Neste processo, que emprega o processamento por pré-hidrólise ácida da biomassa, é gerado um caldo orgânico (que pode ser composto por lixo orgânico, resíduos de madeira, bagaço de cana-de-açúcar, pneus inservíveis, dejetos de animais, etc) que pode ser transformado em produtos úteis à indústria química, como o etanol.

Além deste pré-hidrolisado, também é gerado um produto sólido que pode ser transformado em pó, chamado celulunigna.

A queima deste produto é semelhante à do gás, sendo possível a utilização do mesmo como combustível para caldeiras e geração elétrica em turbinas.

segunda-feira, maio 24, 2010

Estrangeiros tem participação importantes nas usinas

Complementando o post anterior, encontrei os artigos do Portal Exame e do BrasilAgro que comentam sobre a participação de capital internacional em operações de açúcar e álcool no Brasil:

Participação de estrangeiros em açúcar e álcool triplica em três anos
Crise do setor e boas perspectivas do etanol incentivaram a entrada do capital externo em 22% das usinas

São Paulo - A participação de estrangeiros no setor de açúcar e álcool triplicou nos últimos três anos. Na safra 2007/2008, apenas 7% das usinas contavam com alguma presença de capital externo - seja como controlador, seja como minoritário. Já na safra 2010/2011, essa porcentagem deve chegar a 22%. A estimativa é de um estudo da União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA) citada pelo consultor Eduardo Chaim, da Dextron.

Chaim também coordenou uma pesquisa sobre o setor. O trabalho mostra que a tendência é de aumento da participação estrangeira entre os maiores grupos do setor, à medida que a concorrência se torne mais acirrada. Gigantes como a americana ADM, a britânica British Petroleum e a Noble Group, de Hong Kong, devem investir na ampliação de suas operações locais. Para Chaim essa competição vai melhorar a competitividade do setor, porque os estrangeiros contam com estruturas mais profissionais e ferramentas de gestão mais modernas que a maioria das empresas brasileiras.

O estudo não detectou nenhuma preferência dos grupos estrangeiros por usinas maiores ou menores. A Shell, por exemplo, entrou no setor por meio de uma joint-venture com a Cosan, que é a segunda maior empresa do setor, já a British Petroleum adquiriu 50% da usina Tropical Bioenergia, segundo Chaim, que não está entre as maiores.

Isso não quer dizer que os estrangeiros estejam fora das primeiras posições do ranking do setor. A pesquisa lembra que, dos cinco maiores grupos sucroalcooleiros do país, quatro contam com estrangeiros em seu capital – a Cosan, Louis Dreyfys, Bunge e Guarani.

Histórico

As primeiras incursões estrangeiras no setor ocorreram no início desta década, com a chegada dos franceses Louis Dreyfus, em 2000 e Tereos em 2002. A entrada de empresas estrangeiras se intensificou a partir de 2005, quando o etanol despontou no mercado internacional como uma fonte de energia renovável, impulsionado pela alta do petróleo, segundo Chaim.

Empresas de diversos países atuam no setor sucroalcooleiro brasileiro, segundo a Dextron, como China (Noble), Espanha (Abengoa), Estados Unidos (ADM, Bunge), França (Louis Dreyfus, Tereos), Holanda (Shell), Inglaterra (British Petroleum, Clean Energy Brazil) e Japão (Mitsubishi, Sojitz).(Beatriz Olivon da Exame.com)

Estrangeiros já controlam as maiores do setor sucroalcooleiro no Brasil
Estudo da Dextron aponta ainda que a tendência é de aumento da participação do capital estrangeiro nos grande grupos.

Quatro dos cinco maiores grupos sucroalcooleiros que atuam no Brasil – Cosan, Louis Dreyfus, Bunge e Guarani – possuem pelo menos 50% de controle estrangeiro. Essa é uma das conclusões de um estudo sobre a concentração de mercado no setor sucroalcooleiro desenvolvido pela Dextron Management Consulting, consultoria especializada em estratégia de negócios.

“Nos últimos cinco anos, o boom do etanol no cenário internacional e a forte posição competitiva do Brasil nesse mercado resultaram em uma série de investimentos de grupos estrangeiros no País”, explica Eduardo Chaim, consultor da Dextron que conduziu o levantamento. Ele acrescenta que, na safra 2005/2006, a situação era bem diferente. “As cinco primeiras posições do ranking de moagem de cana eram ocupadas por empresas de controle nacional: Copersucar, Cosan, Crystalsev, São Martinho e Grupo Carlos Lyra”, acrescenta.

Chaim destaca que o estudo aponta ainda que a tendência é de aumento da participação do capital estrangeiro entre os maiores grupos do setor à medida que outros novos entrantes começarem a expandir suas operações locais, entre eles ADM, British Petroleum e Noble Group.

“Os grupos estrangeiros podem fomentar o desenvolvimento do comércio internacional de etanol pela garantia de fornecimento continuado que podem assegurar e pela estrutura de exportação que possuem”, salienta o consultor.

Com estruturas profissionais e ferramentas de gestão mais modernas do que a maioria das empresas brasileiras, deverão promover um aumento generalizado de competitividade. “Tanto pela atuação como pela presença global, as estrangeiras têm maior acesso aos mercados internacionais e, portanto, estão mais bem posicionadas para capturar o crescimento do setor fora do Brasil”, conclui Chaim. (Assessoria de Comunicação da Dextron)

Estrangeiros já tem 1 milhão de hectares no Brasil

Os estrangeiros estão investindo pesado por aqui e já possuem cerca de 1 milhão de hectares de terra segundo notícia do site Olhar Direto:

Um milhão de hectares já são de estrangeiros, diz Glauber Silveira
De Brasília - Vinícius Tavares

Um milhão de hectares de terras brasileiras estão em mãos estrangeiras. A estimativa é do presidente da Associação dos Produtores de Soja (Apeosoja/Brasil), Glauber Silveira, que toma posse hoje como presidente da entidade em nível nacional para um mandato de dois anos.

segundo ele, mesmo que seja vantajoso financeiramente ao produtor que arrenda a terra, a investida estrangeira é preocupante pois ela elimina o competidor brasileiro do negócio e permite a ocupação territorial do Brasil.

Glauber Silveira disse que os produtores têm sido assediados por investidores chineses, argentinos e norte-americanos e estão perdendo a guerra na produção de soja.

"Um milhão de hectares nossos estão nas mãos de estrangeiros e de fundos internacionais. Isso é preocupánte. Não tenho dúvidas de que o Brasil será a quinta economia do mundo. O que eu não sei é se o Brasil vai ter o controle desta produção, se quem vai comandar iso seja o Brasil", admitiu durante entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, em Brasília.

Se a investida estrangeira é cada vez maior, o movimento dos produtores brasileiros em direção ao exterior também é cada vez mais presente. Nos próximos dias, Glauber e um grupo de produtores de soja associados devem partir para o Sudão, onde governo daquele país ofereceu nada menos do que cinco milhões de hectares de terras para que os brasileiros produzam soja e riquezas do outrO lado do Atlântico.

Segundo Glauber, a alternativa de produzir fora do país tem relação direta com os elevados custos de produção no Mato Grosso. "A logística ruim, com estradas precárias, o custo do frete reduzem a produtividade e a nossa capacidade de exportar", frisou.

40 bilhões são suficientes para acertar o transporte de cargas

Parece muito dinheiro, mas não é para uma nação como o Brasil. O artigo do Canal Rural que encontrei no Notícias Agrícolas abaixo mostra o estudo do IPEA sobre isso:

Ipea aponta soluções para o transporte de cargas no país
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) divulgou nesta quarta, dia 19, um estudo confirmando que a malha ferroviária brasileira é antiga e está concentrada no Sul e Sudeste. A análise também aponta soluções para esse tipo de transporte de cargas no Brasil.

Cerca de R$ 40 bilhões seria o investimento mínimo para atender a demanda do transporte de cargas pelas ferrovias. De acordo com o Ipea, entre as prioridades estão a recuperação das linhas existentes e a ampliação da malha. A proposta do instituto é concentrar as obras na ferrovia Norte-Sul, ligando o norte do país com o centro-oeste e São Paulo, principalmente para escoar a produção de grãos. – Considerar o planejamento integrado e a especificidade de carga que vai ser gerada em cada região é o que deveria ser considerado. É o que é preciso para evitar que se construam ferrovias que no futuro sejam subutilizadas – afirma o técnico do Ipea, Fabiano Pompermayer.

Além disso, é preciso adequar os custos das novas obras. Os pesquisadores avaliam que hoje é mais caro construir uma ferrovia do que uma estrada. – Não adianta investir numa ferrovia e em paralelo numa rodovia. As duas ficam disputando e a ferrovia tende a se tornar inviável economicamente nessa situação. Outro ponto é investir em ferrovias onde se tem necessidade de carga a longo prazo – explica Pompermayer.

segunda-feira, maio 17, 2010

Redes sociais e o agronegócio

As redes sociais estão presentes em todas as áreas do conhecimento e não seria diferente no agronegócio. No Portal do Agronegócio encontrei a notícia abaixo que foi divulgada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, onde comenta-se sobre um evento que se realize hoje aqui em Campinas sobre o tema.

Aproveito a ocasião para comentar sobre a ferramenta social que mais utilizo: o Linkedin. Esta ferramenta é uma rede profissional com inúmeros grupos temáticos. Faço parte de alguns relacionados ao Agronegócio e tenho aproveitado bastante. Quem quiser conhecer mais sobre o Linkedin entre em meu perfil clicando aqui:

SP e MG discutem a importância das redes sociais no agronegócio
São Paulo e Minas Gerais unem-se para discutir como as novas tecnologias têm interferido e como ainda podem contribuir para alavancar esse ramo econômico nacional, com enfoque na sanidade animal e vegetal

Trata-se de um evento conjunto, agendado para esta segunda-feira (17/05), em Campinas, organizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento paulista e sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), em parceria com a Rede de Inovação Tecnológica e a comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira.

O evento será na sede da Defesa, que fica na Avenida Brasil, 2.340, Campinas. Os interessados também podem acompanhar a trasmissão ao vivo, com chat, nos seguintes endereços:

Blog AgriculturaSP - http://agriculturasp.blogspot.com/;


Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária - http://inovadefesa.ning.com/;


PROGRAMAÇÃO:

13h10 - abertura - Resultados do lançamento da campanha de vacinação contra a aftosa, feita online direto da Agrishow 2010 - Vinicius Dias

13h30 - Rede de Inovação Tecnológica: histórico, situação atual e perspectivas - Sofia Iba

14h30 - Pausa para café

14h50 - Manejo da Lavoura Cafeeira - Sérgio Parreiras Pereira

15h50 - Pausa para café

16h - Mesa-redonda/temas:
Como surgiram as redes sociais?

Como estão influenciando as relações entre as pessoas?

Todas as instituições devem aderir às redes sociais? Como?

É o fim das mídias como jornal, revista e rádio com a chegada das redes sociais?

Quais as melhores ferramentas de Web 2.0 para promover um evento?

No que as redes sociais podem contribuir para a promoção da defesa sanitária e quais já foram os avanços alcançados?

Agricultura no Vale do Sílicio

Interessante como a crise faz com que as pessoas voltem a olhar para a agricultura. No artigo abaixo, da Folha de São Paulo que encontrei no Notícias Agrícolas, podemos verificar como a agricultura em especial a agricultura sustentável e a agroenergia pode ser um investimento interessante até mesmo para os capitais de risco, acostumados a taxas de retorno mais elevadas:

Agricultura 2.0 conquista adeptos na terra do silício
Investidores veem oportunidades na sustentabilidade.

Os pomares de damascos e cerejas do Vale do Silício desapareceram décadas atrás, substituídos por fábricas de semicondutores e complexos de escritórios povoados por tecnólogos. Agora, alguns dos mais destacados investidores dali estão procurando nas raízes da região o que poderá ser a próxima novidade em um antigo setor: a agricultura.

"A agricultura sustentável é um espaço que parece tão grande ou maior que a tecnologia limpa", disse Paul Matteucci, capitalista de risco da Venture Partners em Menlo Park, Califórnia. "Historicamente, não vimos grande atividade empresarial na agricultura, mas estamos começando a vê-la hoje, e as oportunidades são enormes."

Frase mágica na agricultura ambientalmente benéfica, a "agricultura sustentável" há muito tempo é território dos entusiastas orgânicos. Mas os investidores de risco dizem que uma crescente consciência da contribuição da agricultura convencional para a mudança climática e as preocupações sobre seu consumo de água e energia estão criando um mercado para a inovação tecnológica que minimiza esses efeitos.

A pioneira do que está sendo chamado de Agricultura 2.0 é uma ex-banqueira de investimentos de Wall Street de 33 anos chamada Janine Yorio. Sua empresa em Nova York, a NewSeed Advisors, reúne empresários da agricultura sustentável com investidores.

No hotel Four Seasons em East Palo Alto, Califórnia, a NewSeed Advisors atraiu recentemente uma multidão de investidores bem vestidos e algumas das principais companhias de investimentos do Vale do Silício. Eles lotaram um salão de baile para ouvir empresários divulgarem empresas novatas que desenvolvem de tudo, de pesticidas atóxicos e ferramentas para análise do solo a sistemas de agricultura urbana para interiores.

"Se você se interessa por investir em energia e água, passa a se interessar por investimentos em agricultura", disse Amol Deshpande, sócio da investidora Kleiner Perkins Caufield & Byers, que participou da conferência. "Muitas oportunidades agrícolas vão ser conduzidas pela água, sua disponibilidade e limpeza."

A carreira de Yorio foi muito distante da agricultura. Ela fez negócios corporativos na Salomon Brothers e depois nas firmas de investimentos privados HVB Capital e NorthStar Capital. Estava trabalhando em transações imobiliárias quando o mercado despencou. Procurando maneiras de gerar renda em edifícios vazios, ela explorou espaço de locação para empresas que cultivam plantas em ambientes fechados.

"No processo de organizar essa ideia, comecei a conhecer muitas empresas de agricultura e percebi uma oportunidade", disse Yorio.

Ela fundou a NewSeed Advisors no ano passado. Yorio disse que a firma está assessorando ricos investidores individuais em negócios de agricultura sustentável e já pensa em criar seu próprio fundo de investimentos.

"A agricultura sustentável cheira a tecnologia limpa, mas não é tão obscura que você nunca ouviu falar nela. Só que é obscura o suficiente para não ter concorrência", disse Yorio, acrescentando que investidores a haviam procurado para levar a conferência Agriculture 2.0 para o Canadá, a Europa e a Índia.

sexta-feira, maio 14, 2010

Novo gigante - fusão da Citrovita e Citrosuco

Acabei de ouvir na CBN a notícia da fusão entre a Citrovita e Citrosuco, fusão que cria um gigante no setor. Ao procurar na internet, achei a notícia do Estado de São Paulo no site Notícias Agrícolas:

Fusão de Citrosuco e Citrovita cria novo líder em suco de laranja

A Citrosuco, controlada pelo Grupo Fischer, e a Citrovita, controlada pelo Grupo Votorantim, assinaram hoje acordo para fundir suas operações. Juntas, as duas unidades devem somar faturamento anual de aproximadamente R$ 2 bilhões e desbancar a Cutrale na liderança do mercado mundial de processamento de suco de laranja. "A empresa terá capacidade de produção equivalente a 25% do consumo mundial de suco de laranja", ressaltou o presidente da Citrosuco, Tales Lemos Cubero.

De acordo com o presidente da Citrovita, Mario Pavaresco Jr., ainda não está definido o nome da nova companhia. Os executivos não revelaram detalhes da operação, que envolve os ativos de processamento de suco dos grupos Fischer e Votorantim, mas ressaltaram que não existem pretensões de a empresa abrir capital no momento. Eles também descartaram traçar projeções sobre o prazo para a conclusão da operação de fusão.

A companhia será composta por seis fábricas em São Paulo e uma na Flórida (EUA), além de operar terminais portuários no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia; e navios próprios e fretados. A nova empresa, segundo os executivos, terá capacidade equivalente a um porcentual entre 40% e 50% da safra total brasileira, ou o equivalente a aproximadamente 160 milhões de caixas de suco.

Questionados a respeito da possibilidade de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) colocar restrições ao negócio, os executivos destacaram a importância da criação de uma empresa em condições de fazer frente a um movimento de consolidação de companhias instaladas nos Estados Unidos e Europa. "O negócio aumenta o poder da indústria nacional a um nível internacional", destacou Cubero. Para Pavaresco, as duas empresas juntas terão condição de ser referência mundial em termos de custos, qualidade e eficiência. Os executivos não fizeram projeções sobre as sinergias possíveis provenientes da fusão.

Com receitas anuais de R$ 2 bilhões, a empresa terá sete plantas industriais, sendo uma nos Estados Unidos (Flórida) e seis no Estado de São Paulo, entre elas as duas em Matão e outras muito próximas, como a de Araras, da Citrovita, e a de Limeira, da Citrosuco. As companhias possuem 64 mil hectares de pomares próprios para a produção de laranja que representam, em média, 30% do processamento total da fruta. Os 70% restantes virão de mais de 2,5 mil citricultores independentes. A empresa terá 6 mil funcionários e atingirá 10 mil contratados durante a safra.

Para a exportação de suco, as empresas terão dois terminais portuários no Brasil e seis no exterior - nos Estados Unidos, Bélgica, Austrália e Japão. Segundo as empresas, a nova companhia exportará para mais de 80 países e terá capacidade instalada de processar acima de 40% de todo o suco de laranja produzido e exportado pelo Brasil. Será responsável ainda pela produção de 25% de todo o suco de laranja consumido no mundo.

Produtores criticam união entre Citrosuco e Citrovita

Mesmo considerando inevitável a união entre Citrosuco e Citrovita, após dois anos
de rumores sobre a operação, representantes de entidades de citricultores criticaram a operação anunciada nesta tarde. Além da concentração no mercado processador - já que a nova empresa terá cerca de 50% da produção brasileira de suco e 25% da mundial - os produtores consideram inevitável o fechamento de fábricas das companhias. Ambas possuem, por exemplo, fábricas de suco em Matão (SP) e unidades muitos próximas, como a unidade de Araras (SP) da Citrovita e de Limeira (SP) da Citrosuco.

"É mais concentração, mais desequilíbrio no setor e mais prejuízo para os produtores e para o País", disse Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus). "Acho que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não tem como aprovar essa operação", completou. Viegas disse que não há como evitar o fechamento de unidades e lembrou ter alertado o Cade, na compra dos ativos da Cargill pela própria Citrosuco, em 2004, sobre essa possibilidade na unidade de Bebedouro (SP), o que ocorreu no ano passado.

Já Marco Antonio Martins, diretor da mesa de citros da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), disse lamentar a operação e admitiu que a fusão das companhias não dará opção aos produtores. "A operação vai diminuir o poder de negociação do produtor, ampliar o controle das empresas sobre o suco e sobre a fruta, por isso lamentamos", disse. "Mas é uma estratégia das empresas sobre a qual não podemos fazer muita coisa", completou.

Com a fusão, as empresas terão, além das duas unidades em Matão, a de Araras e a de Limeira, uma em Catanduva e a fechada em Bebedouro, todas no Estado de São Paulo. A nova empresa herdará ainda unidade em Lake Wales, na Flórida (EUA), da Citrosuco. O Grupo Fischer, dono da Citrosuco, produz ainda suco de laranja em Videira (SC) aproveitando a capacidade ociosa da unidade produtora de suco de maçã.

segunda-feira, maio 10, 2010

Agronegócio e a eleição para presidente

A campanha para presidente está em pleno vapor e achei dois textos que podem ajudar a reflexâo para esta importante decisão a ser tomada por todos nós em outubro. O primeiro texto é da Agência Estado e o segundo da Revista Época que encontrei no site da UNICA:

Agronegócio se divide entre Serra e Dilma
Presidenciáveis tentam mostrar intimidade com o setor de olho no eleitorado que responde por um quarto do Produto Interno Bruto
Márcia De Chiara - O Estado de S.Paulo

Os dois principais pré-candidatos à Presidência, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), cumpriram nos últimos dias uma intensa agenda no mundo do agronegócio. Procuraram mostrar intimidade com o setor e apresentar propostas capazes de atender às demandas dos produtores. Essa não é, porém, uma tarefa fácil para os dois - nem para qualquer outro candidato.

Ao contrário do que parece à primeira vista, existem expectativas bem distintas neste setor, que responde por cerca de um quarto do Produto Interno Bruto e garante, há alguns anos, que a balança comercial feche no azul. A insegurança jurídica no campo, que envolve questões relacionadas a leis ambientais e trabalhistas e até mesmo a propriedade da terra, é um tema muito presente nos encontros com agricultores e pecuaristas das regiões Sudeste e Sul do País.

No meio dos produtores do Centro-Oeste e das regiões de fronteira agrícola, ao Norte do País, porém, o foco principal das conversas continua sendo a falta de logística, que encarece custos e reduz a competitividade brasileira no exterior.

Isso faz com que o tucano e a petista, que visitaram há pouco as principais feiras agropecuárias do País, a Agrishow em Ribeirão Preto (SP) e a Expozebu em Uberaba (MG), sejam avaliados de maneira distinta, de acordo com a região do País. Em São Paulo, o produtor de café e pecuarista Luiz Hafers, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, considerou positiva a atuação de Serra em relação ao agronegócio, durante o governo estadual, por três razões, listadas por ele nessa ordem: "Cumpriu com rigor a lei no caso de invasões de terras, fez estradas vicinais e se declara contrário à política de valorização do real que afeta a competitividade do agronegócio exportador."

Receptividade. Já nas áreas de fronteira agrícola do Centro-Oeste, onde os produtores enfrentam problemas maiores de infraestrutura e o endividamento é alto, verifica-se maior receptividade à política atual do governo federal. Quem capitaliza isso é a candidata indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ministra de Minas e Energia e é apresentada como a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"Dilma entende de logística", afirma Eraí Maggi Scheffer, de Rondonópolis (MT), um dos maiores produtores de grãos do País. Na opinião de agricultores da região, boa parte das obras de infraestrutura que começaram a andar no Centro-Oeste têm a mão da pré candidata.

No Sul e Sudeste, regiões mais bem servidas em termos de infraestrutura e com menores custos de logística, ouve-se com maior frequência comentários de preocupação em relação ao passado da ex-ministra, quando era ligada à esquerda radical. "Dilma preocupa mais, embora o atual governo tenha ajudado a agricultura familiar", afirma o produtor Ricardo Ghirghi, que cultiva 1,6 mil hectares no interior de São Paulo e 1 mil hectares com soja no Piauí.

A preocupação do produtor diz respeito às invasões do MST e à questão ambiental. Na opinião de Hafers, ambientalistas que são mais contrários ao capitalismo do que a favor do meio ambiente encontram maior receptividade na pré candidata.

Peregrinação. Isso explica o fato de Dilma estar realizando, desde antes de ser oficialmente apresentada como pré-candidata, verdadeira peregrinação pelas regiões onde a agricultura e pecuária estão consolidadas. Em junho do ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou em Londrina, região tradicional de grãos do norte do Paraná, o plano de safra 2009/2010, a melhor parte do pacote, que era o aumento no volume de crédito, não foi anunciada nem pelo presidente Lula nem pelo ministro da Agricultura Reinhold Stephanes.

Foi a então ministra chefe da Casa Civil que deu a boa nova. Ela anunciou aumento de 37% no crédito (R$ 107,5 bilhões) destinado à agricultura empresarial e familiar.

Rogério Baggio, que tem 5 mil hectares em Paranavaí (PR) ocupados com soja, milho, laranja, pecuária e cana-de-açúcar, diz que cada pré candidato tem de mostrar seu plano. Para ele, o mais importante é a redução de tributos: "Quero saber qual imposto eles vão diminuir."

O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank, observa que, nos últimos 20 anos, houve uma mudança radical nas principais reivindicações do agronegócio. "Antes tudo se resumia a crédito, preço mínimo e política de intervenção do governo", lembra. Hoje, o maior problema seria a insegurança jurídica, segundo a análise de Jank.

Uma das principais preocupações do setor envolve o Código Florestal - especialmente a questão das reservas florestais que devem ser obrigatoriamente mantidas nas propriedades, sob pena de multas aplicadas diariamente. Elaborada na década de 30, a lei determina que os agricultores devem recompor a vegetação nativa em 20% da área de cada propriedade agrícola.

"A interpretação retroativa que vem sendo dada à reserva legal tem o potencial de comprometer 3,7 milhões de hectares de terras férteis cultivadas há mais de um século no território paulista, representando perdas de receita de R$ 5,6 bilhões ao ano e aumentos exponenciais nos custos de produção e no preço da terra", diz Jank.

Segundo o presidente da Unica, Serra tem dito que vai resolver esse problema em seis meses e Dilma ainda não se posicionou sobre a questão.

O agropetismo
Dilma tenta colher os frutos da aproximação do governo Lula com o agronegócio e provoca reação de Serra
Alberto Bombig

Acostumados a ganhar o voto dos representantes do agronegócio brasileiro quase por inércia, o PSDB e seu principal aliado, o DEM, iniciaram a disputa eleitoral deste ano com uma preocupação diferente. Resolveram dar prioridade aos contatos com o setor que emprega cerca de 26 milhões de pessoas e responde por aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O candidato da oposição à Presidência, José Serra, nasceu no bairro operário da Mooca, em São Paulo, e sua intimidade com o setor pode ser aferida por uma brincadeira contada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “O Serra viu pela primeira vez uma vaca na vida aos 50 anos de idade”, diz FHC, em tom de piada. Mesmo com essas credenciais, Serra, em apenas um mês de campanha, já visitou duas importantes feiras agrícolas e se encontrou com grandes produtores de café, carne, grãos, frutas e cana-de-açúcar.

TERRA ARADA

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, durante visita à feira agrícola. Ela não perde uma chance de falar contra as invasões de terraPara entender o motivo desse “privilégio” dado pelo PSDB ao agronegócio até agora, basta conferir a agenda da principal adversária do partido, a ex-ministra Dilma Rousseff, a candidata do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma praticamente fez os mesmos movimentos do tucano em direção aos empresários do setor e visitou as mesmas feiras que ele, a Agrishow, em Ribeirão Preto, São Paulo, e a ExpoZebu, em Uberaba, Minas Gerais, com uma diferença de poucas horas em relação ao concorrente.

Até 2002, o PT e seus candidatos encontravam dificuldades para transitar nos círculos dos grandes produtores rurais brasileiros, tradicionalmente ativos na doação de recursos financeiros aos candidatos, mas hostis aos petistas por causa de laços históricos de facções do partido com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O governo Lula, iniciado em janeiro de 2003, começou a melhorar essa relação. Apesar disso, na eleição presidencial de 2006, Lula foi derrotado pelo tucano Geraldo Alckmin em Estados onde o setor agrícola é forte: São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

De lá para cá, o número de interlocutores do PT no agronegócio cresceu e as condições no campo se mostram mais favoráveis a Dilma neste ano do que as enfrentadas por Lula nas duas eleições presidenciais anteriores. A aproximação veio a reboque dos bons resultados da produção brasileira. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projeta para este ano uma safra recorde de cereais, leguminosas e oleaginosas de 146,5 milhões de toneladas – 0,4% maior que o recorde anterior em 2008. O diálogo melhorou também por causa da mediação do ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi (PR), hoje um dos coordenadores da campanha de Dilma na Região Centro-Oeste. Na disputa presidencial de 2002, Maggi ficou em cima do muro na disputa entre Lula e Serra no segundo turno. Na de 2006, Maggi só aderiu a Lula na disputa contra Alckmin no segundo turno.

Por enquanto, as principais entidades de produtores rurais evitam declarações de apoio porque negociam entre elas uma plataforma comum de reivindicações a ser apresentada aos candidatos. No entanto, mesmo integrantes da campanha de Serra reconhecem que há segmentos, como o dos usineiros de álcool e açúcar, que são mais simpáticos a Dilma que ao tucano. Lula, com sua defesa incansável do álcool como combustível, abriu as portas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os usineiros e se tornou uma espécie de garoto-propaganda desse grupo. “Não declaro voto em ninguém, mas nunca tive preconceito com o PT porque conhecia Lula, e ele foi ótimo para o setor”, diz o usineiro paulista Maurílio Biagi Filho, do Grupo Maubisa.

Serra, em contrapartida, enfrenta resistências entre os usineiros. À frente do governo de São Paulo (de 2007 até março deste ano), o tucano manteve uma carga de impostos baixa para o setor (a menor do país), mas apertou o cerco contra a sonegação e a elisão fiscal. Isso gerou descontentamentos. A visita de Serra à Agrishow, uma feira de máquinas agrícolas em Ribeirão Preto, coração de uma das mais importantes regiões sucroalcooleiras do país, foi um importante gesto do tucano para se reaproximar dos usineiros. Na tentativa de manter a dianteira entre os empresários do agronegócio, Serra conta com o auxílio dos ex-ministros da Agricultura Pratini de Moraes e Francisco Turra e dos secretários de Meio Ambiente, Xico Graziano, e de Agricultura de São Paulo, João Sampaio Filho. Eles foram encarregados de elaborar o programa de governo de Serra para o setor. “A agricultura tem sido o sustentáculo econômico do país desde 1994”, diz Sampaio Filho. Do lado do DEM, Serra conta também com o apoio da senadora Kátia Abreu (TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, que sonha com a possibilidade remota de virar a candidata a vice-presidente da chapa de oposição ao atual governo.

COLHEITA FARTA

O usineiro paulista Maurílio Biagi Filho. O setor sucroalcooleiro não poupa elogios para o governo LulaPara angariar votos no meio ruralista, outra arma dos tucanos é a exploração da desconfiança que alguns segmentos veem em Dilma. “Ninguém pode se esquecer de que Dilma não é o Lula”, diz o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), cuja base eleitoral é Ribeirão Preto. Contra esse tipo de ataque, Dilma conta com o aval da companhia do deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. Ex-prefeito de Ribeirão Preto, Palocci tem bom trânsito com os empresários do agronegócio e esteve ao lado de Dilma durante a visita da candidata à Agrishow. Para afastar temores, Dilma também não perde uma oportunidade para dizer que é contra as invasões de terra. Questionada sobre o tema, afirma, mesmo sem citar o MST, que a “ilegalidade não pode ser premiada” e que “governo é governo, movimento social é movimento social”.

Nos Estados Unidos, onde a produção industrial e os serviços respondem pela maior parte das riquezas geradas pelo país, os candidatos à Presidência se desdobram para não criar problemas com o agronegócio, setor tradicionalmente protegido por pesados subsídios governamentais. Na Europa, onde praticamente não há terra disponível, o mesmo tipo de preocupação é mantido pelos governos na relação com os produtores. No Brasil, mesmo respondendo por um quarto do PIB nacional, o agronegócio sofre com a insegurança no campo, o aparelhamento político de órgãos públicos, a falta de planejamento e a infraestrutura precária. Segundo o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o engenheiro agrônomo Marcos Jank, outro problema é a “confrontação absurda entre agricultura e meio ambiente”. “O Brasil precisa preservar suas florestas, mas sem atrapalhar a agricultura”, diz Jank. Os desejos dos produtores rurais, em resumo, se confundem com os da maioria dos brasileiros. Que a atenção dos candidatos dispensada a eles agora na campanha não acabe depois de abertas as urnas.

domingo, maio 09, 2010

Depois da mamona, governo foca em palma para biodiesel

Depois da fracassada ação no sentido de tornar a mamona a matéria-prima da agricultura familiar para o biodiesel, parece que o governo redireciona seus esforços para a palma. Conheço muito pouco da cultura, mas parece que ela é mais adequada para isso visto que em outros locais, sua produção é de grande porte e muito pode ser adaptado para nossas condições.

Nesta semana foram publicadas várias notícias sobre o assunto que agrupei neste post. A primeira e segunda são notas do MAPA e a terceira notícia do Portal EcoDebate, todas disponibilizadas no Notícias Agrícolas. Com elas espero passar uma boa noção do tema.

Brasil possui mais de 31 milhões de hectares aptos ao cultivo de palma

O Brasil possui, aproximadamente, 31 milhões de hectares adequados ao plantio de palma no Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima.

Hoje, apenas Pará, Bahia e Amazonas produzem a oleaginosa, ema área de 70 mil hectares. A produção abrange cerca de 13 milhões de hectares. O levantamento das terras aptas para o cultivo do dendê seguiu a metodologia do Zoneamento Agroecológico da Palma, estudo realizado pelo Centro Nacional de Pesquisas de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Todas as áreas indicadas já se encontram antropizadas, isto é, são terras onde há ocupação do homem exercendo diversas atividades. O estudo, que orientará a formulação de políticas públicas para a produção sustentável da palma, inovou ao adotar critérios econômicos, sociais e ambientais que contribuem para um modelo sustentável de expansão dessa agroindústria no Brasil.

“O levantamento ficou restrito às áreas desmatadas da Amazônia e baseou-se nos estudos de solo da região e na avaliação de aptidão das terras, juntamente com as condições climáticas”, aponta Antônio Ramalho Filho, um dos responsáveis pela elaboração do zoneamento, juntamente com Celso Mazatto, ambos pesquisadores da Embrapa Solos e Embrapa Meio Ambiente. Segundo Ramalho, após o cruzamento dessas informações, chegou-se ao resultado final. “Foram realizadas pesquisas em dois níveis, um utilizando tecnologia mais simples, para as pequenas terras, e outro com tecnologia mais avançada, para as grandes propriedades”, informa. Assim, foi possível atender desde a pequena agricultura até a de maior escala.

Lei - Além disso, um projeto de lei enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional prevê a proibição da supressão de vegetação nativa em todo o território nacional e do plantio de dendê em todas as unidades de conservação, terras indígenas e áreas de quilombo. As áreas priorizadas pelo programa são as antropizadas na Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima) e as consolidadas para a atividade agrícola nas regiões Nordeste (Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia) e Sudeste (Espírito Santo e Rio de Janeiro).

Palma é responsável por 30% do óleo vegetal produzido no mundo, diz ministro da Agricultura

“A palma é uma planta extraordinária. Quando se trata de óleo, a cultura produz dez vezes mais que a soja na mesma área. Além disso, é responsável por 30% de todo óleo vegetal produzido no mundo.” A afirmação é do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, que participou do programa Bom Dia Ministro, coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e apresentado nessa quarta-feira (5).

Segundo o ministro, o Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo no Brasil, lançado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quinta-feira (6), vai possibilitar a multiplicação da cultura no Brasil. “Hoje, 90% da palma é produzida no Pará e o zoneamento agrícola, elaborado pelo Ministério da Agricultura, mostra que temos, no mínimo, 29 milhões de hectares disponíveis onde a palma poderia ser usada com eficiência na região amazônica”, ressaltou.

Rossi disse, ainda, que a área plantada da cultura no País é de 76 mil hectares, o que representa produção de 190 mil toneladas. O consumo interno é de 450 mil toneladas. “Importamos, no último ano, 255 mil toneladas. Então, o produtor que decidir plantar palma vai abastecer o mercado interno e exportar também, já que esse mercado está concentrado em apenas dois países: Tailândia e Indonésia, que abrangem 90%”, enfatizou.

Com a plantação de 10 hectares de palma o produtor tem condições de receber R$ 2 mil por mês. “Não tem outra cultura que possa ser usada pelo agricultor familiar que dê esse resultado”, ressaltou o ministro.

Financiamento - O governo já colocou à disposição do programa R$ 60 milhões. De acordo com Rossi, o financiamento concede ao pequeno produtor prazo de 14 anos, com seis anos de carência e juros de 2% ao ano. “Assim, é possível produzir a palma, explorá-la economicamente, para depois começar a pagar o financiamento”, informou o ministro.

Biodiesel: Governo lança Programa Nacional de Óleo de Palma

O Programa Nacional de Óleo de Palma, lançado ontem (6) em Tomé Açú, no Pará, quer tornar o país o maior produtor mundial desse vegetal nos próximos anos, garantindo o suprimento de combustível renovável.

O programa prevê a ampliação da área destinada à plantação do vegetal para a produção de combustíveis a partir de energias renováveis. O óleo de Palma também é conhecido como dendê. O projeto, que visa aumentar a produção para 130 mil hectares até 2014, vai ser aplicado em 44 municípios das regiões Norte e Nordeste.

Atualmente, o Pará lidera a produção de palmas no país, com 80 mil hectares plantados na região dos rios Capim, Guamá e Tocantins. A transformação do óleo de dendê em biodiesel é feita pela Petrobras, que está construindo três indústrias na região, para somar às nove já existentes no estado. O Programa Nacional de Óleo de Palma prevê a participação imediata de 900 parceiros na agricultura familiar, e de 300 médios e grandes produtores.

No dia 5/5, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou, em entrevista ao programa Bom Dia Ministro, que a palma produz dez vezes mais óleo do que a soja na mesma área, sendo possível produzir cinco toneladas de óleo por hectare a cada ano. Com isso, um produtor que plante 10 hectares de palma, pode obter uma renda média de R$ 2 mil por mês aos preços atuais.

Segundo Wagner Rossi, somente dois países, a Tailândia e a Indonésia, concentram 90% da produção mundial de óleo de palma. Ele fala que com o programa, a participação brasileira nesse mercado vai aumentar.

“Vai disponibilizar a possibilidade da multiplicação da cultura numa área muito grande no Brasil. Nós temos pelo menos, no momento, 29 milhões de hectares disponíveis, onde a palma poderia ser usada com eficiência. Isso inclui uma parte grande do Nordeste brasileiro e todos os estados do Norte.”

O aumento de área plantada não será feito com desmatamento, mas aproveitando áreas já degradadas, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

“O programa nasce com orientações claras do ponto de vista de que áreas podem ser aproveitadas para a expansão dessa cultura. É um programa construído em bases para proibir o desmatamento em áreas de florestas nativas para a expansão da fronteira agrícola associada à palma de óleo.”

Ambientalistas concordam que gerar combustível renovável é importante para a região. Mas, segundo o coordenador do Instituto do Homem e Meio Ambienta da Amazônia (Imazon), Paulo Amaral, se o projeto vai envolver pequenos produtores, é preciso alguns cuidados.

“Um sistema de monitoramento muito forte, para que não provoque pressão sobre as áreas ainda com cobertura florestal, deve observar a recomposição dessas áreas já abertas. E tem que se considerar assistência técnica e uma garantia da compra dessa produção para que um pequeno produtor possa se sentir seguro para entrar num programa desses.”

quinta-feira, maio 06, 2010

Bagaço pode ser usado em curativo

A cultura da cana-de-açúcar pode produzir muitos produtos de valor comercial. Podemos citar o açúcar e etanol, é claro, a vinhaça e torta de filtro que são utilizados como adubo, o bagaço e a palha para geração de energia elétrica e até mesmo o plástico biodegravel PHB e polietileno a partir de etanol na área da alcoolquímica, entre outros produtos. Mas agora pesquisa mostra que é possível produzir curativo a partir da celulose do bagaço. O artigo da Agência FAPESP abaixo fala sobre isso:

Curativo de celulose de cana

Um dos mais abundantes resíduos da indústria sucroalcooleira, o bagaço de cana-de-açúcar, poderá ter uma destinação nobre graças a uma pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP).

A equipe, coordenada pelo professor Adalberto Pessoa Júnior, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, desenvolveu uma fibra que poderá se tornar um tecido que, com o acréscimo de enzimas e fármacos, tem potencial para ser utilizado como curativo com múltiplas aplicações.

A pesquisa surgiu a partir da iniciativa da professora Silgia Aparecida da Costa, do Curso de Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. “O objetivo foi aproveitar dois importantes resíduos, o bagaço da cana e a quitosana, substância extraída da carapaça de crustáceos e que tem propriedades farmacológicas”, disse à Agência FAPESP.

A quitosana é obtida a partir da quitina, um polissacarídeo formador do esqueleto externo de crustáceos como siris e caranguejos, e tem propriedades fungicida, bactericida, cicatrizante e antialérgica.

O trabalho, que contou com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, uniu as áreas farmacêutica e de engenharia de tecidos e depositou patente do processo de fabricação da fibra com potenciais farmacêuticos.

O primeiro desafio foi extrair a fibra da cana-de-açúcar, trabalho feito por Sirlene Maria da Costa que atuou no projeto com apoio de Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP. Durante o doutorado – para o qual também contou com bolsa da Fundação – Sirlene havia desenvolvido um papel corrugado, utilizado no interior de embalagens de papelão, feito da celulose do bagaço da cana.

“Por ter uma fibra curta, nosso maior receio era que a cana produzisse uma fibra de má qualidade para a fabricação de tecidos”, disse Sirlene. No entanto, em testes efetuados no Laboratório de Têxteis e Confecções do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o tecido derivado do bagaço apresentou um grau de polimerização quatro vezes maior que o da viscose, o que significa maior resistência.

Os bons resultados da fibra extraída do bagaço tornaram desnecessária a sua mistura com outros tipos de celulose, uma alternativa que os pesquisadores previam caso a qualidade do material oriundo da cana não correspondesse aos padrões exigidos.

A fibra obtida pela equipe da USP ainda conta com características que a tornam adequada para a confecção de roupas. “Ela é agradável ao toque e bastante confortável, sendo um tipo de liocel”, disse a professora Silgia referindo-se ao nome comercial da fibra oriunda da polpa da madeira.

No entanto, para ser utilizada como curativo foi preciso analisar se não haviam vestígios dos reagentes utilizados no processo de obtenção da celulose. “Constatamos que 99% do reagente é recuperado após o processo, portanto a fibra não agride a saúde”, afirmou.

Obtida a fibra, o passo seguinte foi agregar enzimas e fármacos. Além da quitosana, a professora Silgia realizou ensaios para imobilizar quatro outras substâncias às fibras de cana: os fármacos comerciais anfotericina B e sulfadiazina e as enzimas bromelina e lisozima, a primeira obtida do talo do abacaxi e a segunda da clara de ovo.

A equipe foi bem-sucedida também nessa etapa e os testes realizados posteriormente em células mostraram que o tecido curativo da cana não apresentava efeitos tóxicos.

“O produto se mostrou tecnicamente viável. A avaliação econômica caberá à iniciativa privada, caso alguma empresa se interesse em licenciar o processo”, disse Pessoa, que considera o material útil para tratamento de queimaduras, por exemplo.

CURATIVOS BUCAIS E ROUPAS REPELENTES

Um grupo de pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP entrou em contato com Pessoa a fim de desenvolver um curativo em parceria para ser utilizado na mucosa bucal.

“O local é de difícil aderência, por isso, vamos testar a fibra para verificar se ela adere no interior da boca”, explicou o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas.

A professora Silgia, por sua vez, pretende agora iniciar uma pesquisa para incorporar citronela a tecidos de algodão. A substância extraída do capim-limão é eficiente para repelir insetos. “Roupas com citronela seriam úteis para afastar insetos como o mosquito da dengue”, destacou.

Os desafios do trabalho, segundo ela, é fazer com que a substância permaneça na roupa mesmo após sucessivas lavagens e que não seja absorvida pela pele.

Petrobras entra de cabeça no etanol

As notícias são da semana passada, mas não para passar em branco este fato. A Petrobras adquiriu parte da Tereos por 1,6 bilhões de reais. Abaixo seguem três notícias que encontrei sobre o tema. A primeira dela é da Agência Estado, a segunda da Reuters que encontrei no Portal Exame e a terceira da Agência Brasil que está disponível do Portal do Agronegócio:

Petrobras investirá R$ 1,6 bi na Açúcar Guarani

SÃO PAULO - A Petrobras e a Tereos Internacional anunciaram hoje uma parceria estratégica para investimento conjunto na Açúcar Guarani, subsidiária do Grupo Tereos, com o objetivo de acelerar o crescimento na indústria brasileira de etanol, açúcar e bioenergia. A estatal, por meio da subsidiária Petrobras Biocombustível, investirá R$ 1,6 bilhão para ingressar no capital da Guarani, na base de um preço por ação de R$ 5,83, para obter participação societária de 45,7% na companhia. No pregão de hoje da BM&FBovespa, as ações da Guarani fecharam em forte alta de 12,29%, cotadas a R$ 4,75.

Conforme fato relevante encaminhado pelas empresas, o investimento inicial da Petrobras Biocombustível será de R$ 682 milhões, via aumento de capital na Cruz Alta Participações, controlada da Guarani. Após a incorporação das ações da Guarani na Tereos Internacional, conforme reestruturação anunciada em março, a Guarani se tornará uma sociedade anônima de capital fechado e irá incorporar a Cruz Alta Participações, trazendo para a Petrobras Biocombustível participação de 26,3% na Guarani.

Dentro de um período máximo de cinco anos, a Petrobras Biocombustível investirá adicionais R$ 929 milhões, via aumento de capital, de forma a atingir a participação societária de 45,7%. Adicionalmente, a Tereos terá a opção de investir até R$ 600 milhões, via aumento de capital, na Guarani dentro de um período de 12 meses após o ingresso da Petrobras na empresa. A estatal também terá o direito de realizar investimentos adicionais que lhe confiram uma participação de até 49%.

Ainda conforme o fato relevante, a governança da Guarani será equilibrada entre os sócios, com três representantes de cada empresa no conselho de administração. Jacyr Costa Filho continua como executivo-chefe (CEO) da companhia.

Guarani tem prioridade em projetos de etanol da Petrobras em SP
Denise Luna da Reuters

Rio de Janeiro - A Açúcar Guarani terá prioridade nos projetos que a Petrobras quiser desenvolver em São Paulo para produção de etanol, afirmou nesta segunda-feira o diretor internacional do grupo francês Tereos, Alexis Duval.

Em teleconferência com analistas, o executivo do grupo que controla a Açúcar Guarani lembrou que apesar da cláusula que garante preferência em projetos paulistas, a Petrobras já tem uma parceria com a Total em Minas Gerais, e não há nada que impeça novos projetos no setor em outros Estados.

"O presidente da Petrobras falou em fazer da Guarani uma plataforma de crescimento no Brasil, mas não é a única atuação da empresa no setor", disse Duval a analistas.

"Agora, para o Estado de São Paulo a Guarani tem preferência para projetos futuros de ambas as partes", explicou.

A Petrobras e o grupo francês Tereos anunciaram na sexta-feira parceria estratégica que prevê investimento de 1,6 bilhão de reais da estatal na Açúcar Guarani, com objetivo de aumentar a produção de etanol no país e marcando o primeiro passo relevante da Petrobras no setor.

Pelo plano estratégico da empresa para o período 2009-2013, que está sendo revisado, a intenção era de que a companhia estivesse produzindo 4,129 bilhões de litros em 2013, sendo que desse total 1,931 bilhão viriam de aquisições no mercado interno. Para 2010 o plano indica produção de 869 milhões de litros, com 762 milhões adquiridos no mercado interno.

Com a compra de parte da Guarani - 45,7 por cento ao final da transação - a Petrobras garantiu acesso à de cerca da metade de uma produção de 490 milhões de litros de etanol, volume previsto pela Guarani para a safra 2010/11.

Opção por biocombustíveis levará Petrobras a investir US$ 2,8 bilhões até 2013
A estratégia da Petrobras de atuar, cada vez mais, como empresa integrada de energia, com participação significativa na área de biocombustíveis

O acordo assinado nessa sexta-feira (30) entre a Petrobras, a Tereo Internacional e a Açúcar Guarani faz parte dessa estratégia e se dará em três etapas. O objetivo é expandir a produção de etanol e biodiesel, sobretudo no Brasil, a fim de responder ao crescimento do mercado doméstico e à demanda global de biocombustíveis.

Na primeira etapa serão investidos pela Petrobras Biocombustível R$ 682 milhões, por meio de aumento de capital na Cruz Alta Participações, controlada pela Guarani. Em razão de operação realizada anteriormente, as ações da Guarani serão incorporadas pela Tereos Internacional e a Guarani terá seu capital fechado. Em seguida, a Petrobras Biocombustível substituirá suas ações da Cruz Alta por participação societária inicial de 26,3% na Guarani.

A última etapa prevê que, dentro de um período máximo de cinco anos, a Petrobras Biocombustível investirá mais R$ 929 milhões, por meio de aumento de capital, de forma a atingir o objetivo de adquirir a participação de 45,7% da Guarani. A Tereos terá a opção de investir até R$ 600 milhões, também por aumento de capital, na Guarani em um período de 12 meses após o ingresso da Petrobras Biocombustível.

Na avaliação da estatal, em cumprimento ao Plano de Negócios, “este é um movimento significativo para a consolidação como empresa de energia, de modo sustentável, tendo em vista que o acordo trará um aumento expressivo em sua produção de etanol para atender à crescente demanda interna e também à externa – principalmente o mercado asiático – para onde vem voltando a sua atenção nos últimos dois anos.

Hoje, a empresa já atua em 29 países nos segmentos da indústria de petróleo, gás natural e energia.