domingo, abril 12, 2009

Ações do Agronegócio - Análise do 1º Trimestre

Dando continuidade á comparação das ações recomendadas pela Exame com outras escolhidas por mim devido à sua importância ao agronegócio brasileiro (ver postagens Ações do agronegócio recomendadas pela Exame e Ações recomendadas pela Exame - Análise Final, resolvi incrementar a análise e compará-las com o desempenho das dez principais empresas do agronegócio americano citadas na postagem Ações do agronegócio também caem em Wall Street .

Assim como realizado no ano passado, a comparação é feita tomando-se como base os valores de fechamento de cada ação no final do ano passado. Este valor foi adotado como sendo igual a 100.

A partir daí, coleta-se diariamente os valores de fechamento das ações e dos índices (Índices Bovespa e Dow Jones Industrial Médio (DJIA)) e calcula-se o valor relativo ao valor inicial.

A análise é feita por mercado, ou seja, as ações da Bovespa serão comparadas ao Ibovespa enquanto que as ações americanas ao Dow Jones.

O valor médio de cada grupo de ações, Exame, Agronegócio Brasil e Agronegócio NY é dividido pelo índice correspondente ao mercado, obtendo-se assim os índices IExameAgro, IAgroBovespa e IAgriNy.

As ações foram divididas segundo os grupos:

  • ExameAgro - Ações recomendadas pela Exame no início do ano passado (Aracruz, Perdigão, Sadia e SLC Agrícola);

  • AgroBovespa - com as demais da Bovespa (Cosan, São Martinho, Souza Cruz, JBS Friboi, Marfrig, Klabin, Suzano e VCP);

  • AgriNY - com as 10 principais empresas americanas (ADM, PepsiCo, Kraft Foods, International Paper, Weyerhaueser, Sara Lee, ConAgra, General Mills, Smithfield Foods e Dean Foods).

O indicador expressa o comportamento relativo das ações de cada grupo perante o seu mercado de referência. Quanto o valor é maior que 100, o conjunto de ações teve desempenho superior ao mercado. Em situações de pior desempenho, o resultado é menor do que 100.

Além disso, será realizada uma análise do valor médio mensal de cada ação.

A análise será realizada de forma trimestralmente e para o primeiro trimestre verificamos que o único índice que manteve-se perto de 100 foi o IAgriNY, enquanto que o IExameAgro apresentou queda constante chegando a valores perto de 77 no final do período. O IAgroBovespa também teve queda constante, porém o valor no final do período foi próximo à 85.

Isso aconteceu devido ao melhor desempenho do Ibovespa quando comparado ao Dow Jones. O Ibovespa sempre se manteve acima de 100 e terminou o período com quase 10% de ganho, chegando a 15% em alguns momentos. O Dow Jones apresentou queda chegando a um valor mínimo de 75, mas recuperou-se e fechou próximo de 87.

Considerando o desempenho absoluto, o AgroBovespa foi o melhor dos três, conforme podemos verificar nas figuras abaixo:


Analisando o desempenho das ações na Bovespa (figura abaixo), podemos verificar que a São Martinho obteve desempenho superior ao Ibovespa (ver notícia abaixo publicada na Gazeta Mercantil de 07 de abril) enquanto que a Sadia, Aracruz e Klabin encontram-se em queda.
Para o mercado americano (figura abaixo), a International Paper (IP) e Smithfield Foods (SFD) perderam parte considerável do seu valor enquanto que as demais tiveram desempenho muito semelhante ao Índice Dow Jones Industrial Médio. Vale a pena comentar o desempenho da Dean Foods (DF) que teve crescimento de seu valor em todo o trimestre.
Portanto, como conclusão geral, podemos comentar que no mercado brasileiro, a melhor ação do agronegócio foi a São Martinho e que o Ibovespa teve um desempenho superior à média das ações dos dois grupos (ExameAgro e AgroBovespa), porém as ações do AgroBovespa tiveram rendimento superior ao outro grupo (veja notícia na sequência). Com relação ao mercado americano, o Dow Jones Industrial Médio teve um desempenho negativo que foi seguido de perto pelas ações do agronegócio e a única excecão, com crescimento, foi a Dean Foods.

São Martinho e Fosfertil subiram mais na Bolsa

A São Martinho e a Fosfertil foram as únicas empresas do agronegócio listadas na BM&F Bovespa a ter valorização acima do Ibovespa em 2009. Os papéis da usina sucroalcooleira tiveram alta de 38% até ontem, e a de fertilizantes, de 33,84%. O índice da bolsa (que mede o desempenho das empresas que somam cerca de 80% dos negócios na BM&F Bovespa) teve valorização de 17,62%. De forma geral, as que estão com desempenho mais positivo, apresentaram, ou redução do endividamento, ou têm menor compromissos no curto prazo.

A perspectiva de que neste ano os produtores de grãos devem compensar a economia que fizeram em fertilizantes na safra passada está ajudando a sustentar os papéis dessas empresas. De acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), no ano passado os produtores brasileiros consumiram 8,9% menos adubo em suas lavouras por conta do alto custo do insumo, que chegou a dobrar de preço, puxado pela elevação das cotações do petróleo em 2008. Foram 22,4 milhões de toneladas vendidas no ano passado, ante 24,6 milhões de toneladas do ciclo anterior, segundo a Anda. "Agora, os preços recuaram, assim como os do petróleo, e o menor uso de 2008 deve ser compensado em 2009", diz Peter Ping Ho, da Corretora Planner. Isto indica, segundo ele, um cenário favorável para as indústrias deste setor, que também devem ser beneficiadas com o recuo do dólar.

A Fosfertil reportou em 2008 um lucro líquido de US$ 436 milhões, ante os US$ 234 milhões de 2007. A companhia também ostenta uma relação de dívida com geração de caixa favorável neste momento de falta de liquidez no mercado. No ano, o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,4 bilhão em 2008, enquanto a dívida total bruta é de R$ 25 milhões. A outra companhia do setor listada na bolsa, a Fertilizantes Heringer, também apresenta valorização em seus papéis neste ano (1,12%), mas bem abaixo dos níveis da concorrente.

A estimativa de preços mais altos para açúcar neste ano, com o déficit na produção indiana, e a perspectiva de continuidade de investimentos em energia renovável reforçada no último encontro do G-20, também reanimou o interesse dos investidores pelas ações desse setor. Além da São Martinho, cujas ações sairam de R$ 9,16 no último dia de dezembro, para R$ 12,65 ontem, também tiveram bom desempenho os papéis da Cosan. A alta no período foi de 14,23%.

As empresas do setor sucroalcooleiro ainda não divulgaram seus balanços referentes ao quarto trimestre da safra 2008/09. Mas, ao final do terceiro trimestre, a Cosan tinha uma dívida líquida de R$ 4,2 bilhões, dos quais 35% no curto prazo. A São Martinho, que somava no mesmo trimestre uma dívida líquida de R$ 998 milhões, tinha R$ 403 milhões (40%) de curto prazo.Já as ações da Açúcar Guarani, a única do setor a acumular desvalorização (- 3,9%), apresentou em seu terceiro trimestre, uma dívida líquida de R$ 1,2 bilhões (incluindo os US$ 220 milhões aportados por seu controlador), sendo 49% (R$ 588 milhões) de curto prazo, o maior percentual entre as suas concorrentes listadas na bolsa. "Este setor vem sendo bem sustentado pela menor produção na Índia que deve deixar os preços entre 12 centavos e 14 centavos de dólar por libra-peso. Isso deve trazer mais equilíbrio ao mercado de álcool, uma vez que a tendência é de as usinas aumentarem a produção de açúcar", diz Ping Ho.

Apesar da queda nas exportações de carnes, algumas empresas deste setor conseguiram se destacar. Entre as indústrias de proteína animal, a maior alta ficou com o JBS Friboi, cujos papéis acumulam valorização de 12,9% e o Marfrig (4,26%). Já o Minerva, que divulgou prejuízo de R$ 215 milhões em 2008 - teve queda de 1,62%. O Minerva apresentou estar no quatro trimestre com uma dívida líquida equivalente a seis vezes seu Ebitda, relação que era de 3,2 vezes no trimestre anterior.

Denise Messer, da Corretora Brascan, explica que é evidente que o setor todo vem apresentando dificuldades por conta do cenário internacional recessivo, mas que o mercado conseguiu olhar para cada uma das empresas e diferenciar. "O JBS fez um bom trabalho ao reduzir seu endividamento. Isso foi muito positivo. Acredito que o mercado está dando mais importância para o nível de dívidas na hora de avaliar uma companhia, do que antes da crise", acrescenta Denise.

No balanço do quatro trimestre de 2008, a JBS informou que conseguiu reduzir a relação dívida líquida com ebitda de 3,74 vezes em 2007 para 1,95 vezes em 2008.

Além disso, segundo Ping Ho, o mercado avalia que o efeito positivo do câmbio sobre a receita da JBS, que é 80% gerada em dólar, será maior do que em outras empresas do setor. "As outras empresas têm mais foco no mercado interno e estão sendo penalizadas com o direcionamento da produção ao mercado doméstico e essa consequente redução nos preços", avalia Ping Ho.

Um comentário:

Wilhian Pelloso disse...

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