terça-feira, abril 07, 2009

Petrobras no Etanol? Vamos esperar...

Em um dia cheio de notícias de impacto no setor, começando pelo anúncio do acordo entre Santelisa Vale e Louis Dreyfus na ordem de 3 bilhões de reais e passando por especulações de que a ADM anunciará em 10 dias a compra da Unialco, a notícia do interesse da Petrobras na COSAN agitou o mercado.

Abaixo seguem as notícias na íntegra referentes aos três acontecimentos:

Ações da Cosan acumulam alta

As ações da Cosan subiram 4,05% ontem na Bovespa, depois de terem registrado uma alta de 27,13% na semana passada. Segundo analistas do mercado e fontes do setor sucroalcooleiro, o fortalecimento das ações deve-se às estratégias que estão sendo adotadas pelo novo diretor vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores da empresa, Marcelo Martins.

Em conversas reservadas com usineiros e com analistas, Martins tem afirmado que está "arrumando a casa" e que vai priorizar a geração de caixa da Cosan por meio da venda de ativos, e não pela contratação de novas dívidas. Segundo essas fontes, Martins pretende vender pequenas participações que a Cosan possui em outras empresas e mesmo buscar aporte de recursos de terceiros, por meio de parcerias.

Para alguns analistas, estas afirmações deixaram o mercado mais tranquilo em relação ao futuro imediato da Cosan, que recém adquiriu a NovAmérica e apresenta uma alta alavancagem. A Cosan também estava na disputa para a compra de ativos da Santelisa Vale, mas sua proposta não foi aceita.Diante dessa expectativa de maior geração de valor, alguns bancos, como o Citibank, reforçaram a recomendação de compra de ações da Cosan, o que teria levado à forte alta dos papéis nos últimos dias (O Estado de S.Paulo, 7/04/09)


ADM anuncia em 10 dias compra da Unialco

A norte-americana ADM vai anunciar em até 10 dias a compra do controle da indústria sucroalcooleira Unialco.(Relatório Reservado, 7/04/09)


Louis Dreyfus Commodities é a nova sócia da Santelisa Vale

A empresa francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC) vai assinar entre hoje e amanhã acordo para formalizar sociedade com a Santelisa Vale, de Sertãozinho (SP). O processo de "due dilligence" (auditoria) está em fase adiantada, mas a participação da multinacional francesa na segunda maior companhia sucroalcooleira do Brasil ainda está em discussão.

A sociedade prevê aumento de capital, com injeção de recursos na Santelisa, e a gestão da companhia deverá ser compartilhada, segundo apurou o Valor. Procuradas, as duas companhias não se pronunciaram. O BNDESPar, braço de participações do BNDES, também poderá elevar sua fatia na companhia paulista.

Santelisa e Louis Dreyfus têm capacidade conjunta para processar 40 milhões de toneladas de cana por safra. Mesmo juntas, perdem para a Cosan, líder brasileira e mundial do segmento, que tem capacidade para moer 60 milhões de toneladas de cana.

Para firmar sociedade com a Santelisa, o grupo francês desbancou seis grandes companhias de peso que cobiçavam os ativos da Santelisa: Cosan, Bunge, São Martinho e GP Investimentos, ETH, controlada pelo Odebrecht, e BTG, do empresário André Esteves). O grupo Cosan foi preterido desde o início pela família Biagi, controladora da Santelisa Vale.

urante as negociações, São Martinho e GP Investimentos se uniram para fazer uma proposta conjunta para fechar sociedade com a Santelisa, mas a família preferiu firmar acordo de exclusividade com a Louis Dreyfus.

Discreta, a companhia francesa fez sua estreia no setor sucroalcooleiro em 2000, com a compra da usina Cresciumal, de Leme (SP). Depois, adquiriu outras duas usinas, a paulista São Carlos, e a Luciânia, em Lagoa da Prata (MG). No início de 2007, comprou de uma só tacada os ativos do grupo Tavares de Melo, com cinco unidades produtoras, o que tornou o grupo um dos maiores do setor. Com esse salto, o grupo francês, um dos maiores processadores de grãos do mundo, passou a ser respeitado no setor de açúcar e álcool.

Um dos tradicionais grupos de açúcar e álcool do país, a Santelisa Vale é resultado da fusão entre as usinas Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP), e outras três usinas paulistas, com capacidade de moagem superior a 20 milhões de toneladas de cana por safra. Controlador da Crystalsev, na qual tem cerca de 70% de participação e participação minoritária na CNAA (Companhia Nacional do Açúcar e do Álcool), com duas usinas em operação e dois projetos em construção, a Santelisa firmou parcerias importantes nesses últimos meses para promover sua expansão no país.

No ano passado, acertou uma sociedade com a companhia petrolífera British Petroleum (BP) e grupo Maeda na usina Tropical Bionergia, em Edéia (GO). Também associou-se à Amyris para produzir diesel à base de cana-de-açúcar. Com a Dow Chemical, a empresa firmou o compromisso de investir em um polo alcoolquímico em Santa Vitória, na região do Triângulo Mineiro.

Fontes familiarizadas com a negociação afirmam que a Santelisa Vale deverá puxar o freio em projetos que ainda não saíram do papel, como é o caso do polo de Santa Vitória. Parcerias minoritárias em outras companhias também deverão ser revistas. "Não foi uma negociação fácil. O mais importante foi ter preservado os empregos", afirmou.

O forte movimento de expansão do grupo colocou a empresa em situação financeira delicada. As dívidas da Santelisa giram em torno de R$ 3 bilhões e boa parte dela foi contraída durante o processo de fusão entre a Santa Elisa e Vale do Rosário, com os bancos Bradesco e Itaú.

A escolha de um sócio forte era considerada vital para evitar a falência do grupo sucroalcooleiro. Um pedido de recuperação judicial era uma das alternativas estudadas pela empresa, mas essa estratégia não agradava aos Biagi. O grupo, de acordo com fontes do segmento, vivia uma espécie de "concordata branca". Com a entrada do novo sócio, as renegociações das dívidas começam a ser feitas e o endividamento de curto prazo da empresa deverá ser alongado.

No fim do ano passado, a Santelisa contratou os executivos Luiz Kauffmann, ex-Medial Saúde, para ocupar a presidência consultiva da companhia, e André Mastrobuono, ex-Parmalat, como CEO da companhia. Kauffmann conduziu as negociações com a Louis Dreyfus. Já Mastrobuono está repensando as estratégias de expansão da empresa. Cabe também ao executivo estudar quais os ativos que a Santelisa poderá se desfazer - entre eles fazendas e participações minoritárias em empresas.

As usinas de açúcar e álcool dos dois grupos deverão iniciar a moagem da próxima safra, a 2009/10, nas próximas semanas (Valor, 7/04/09)

Nenhum comentário: