sábado, maio 31, 2008

O impacto da genética no Agronegócio

Em matéria de capa da edição 919 da Exame (atualmente nas bancas) com o título Seu DNA vale bilhões, apresenta-se a importância da genética em alguns negócios.

Dentro da matéria temos alguns números interessantes sobre esta influência em algumas indústrias. No setor de Agronegócio temos o setor de Alimentos Industrializados e da Biotecnologia Agrícola. Abaixo seguem estes números:

Alimentos Industrializados

Tamanho do setor: 1,5 Trilhão de dólares

Impacto:
Descobertas sobre como a dieta influencia o funcionamento dos genes levaram ao desenvolvimento de uma nova área de pesquisas para as grandes indústrias de alimentos: a nutrigenômica.

O que as empresas estão fazendo:
A Nestlé, por exemplo, pesquisa a relação entre genes e a percepção de sabor. O objetivo é criar produtos para atender à variação de paladar entre os consumidores.

Biotecnologia Agrícola

Tamanho do setor: 7 bilhões de dólares

Impacto: Os produtos agrícolas geneticamente modificados já são comuns nos principais produtores de grãos do mundo (Estados Unidos, China, Brasil, Argentina e Índia). A área destinada ao cultivo desses produtos cresceu 12% no ano passado e chegou a 114 milhões de hectares.

O que as empresas estão fazendo: As pesquisas mais recentes buscam alterar o mínimo da estrutura genética original para diminuir a rejeição dos consumidores. É o caso do feijão resistente a vírus desenvolvido pela Embrapa.

sexta-feira, maio 30, 2008

O etanol também agrada aos ambientalistas

O nosso etanol de cana é sempre criticado junto com o etanol de milho, mas encontrei no UOL uma notícia que diz que a WWF (ONG ambientalista)defende o benefício ambiental do etanol. Segue abaixo a notícia completa:


Estudo do WWF defende benefício ambiental do etanol
26/05/2008 - 21h11


A produção de etanol a partir de cana-de-açúcar tem efeitos benéficos do ponto de vista ambiental, afirma um estudo divulgado nesta segunda-feira pela organização ambientalista WWF-Brasil.

"O estudo conclui que existem benefícios ambientais confirmados e consolidados no que diz respeito à produção de etanol (a partir de cana-de-açúcar)", disse à BBC Brasil o coordenador do programa de Agricultura e Meio Ambiente da ONG, Luis Fernando Laranja, um dos autores do relatório.

"Do ponto de vista ambiental, é um bom negócio substituir gasolina por etanol", afirmou Laranja.

O governo brasileiro vem defendendo o etanol à base de cana-de-açúcar e rejeitando críticas de que essa produção traria riscos ambientais à Amazônia e contribuiria para a atual crise mundial dos alimentos.

"(O estudo) referenda a posição defendida pelo governo brasileiro", disse Laranja, ao ser questionado sobre essa posição.

Conforme Laranja, os benefícios do etanol brasileiro são verificados particularmente na redução de gases causadores do efeito estufa.

Segudo ele, o etanol brasileiro tem um balanço energético mais positivo (ou seja, é mais eficiente) do que, por exemplo, o etanol à base de milho, produzido nos Estados Unidos.

"Mitos"

O estudo do WWF-Brasil analisou o que Laranja definiu como "alguns mitos que envolvem a produção de etanol".

O primeiro seria sobre a eventual expansão de plantações de cana-de-açúcar na Amazônia.

"Não temos risco imediato e real de expansão da produção de cana-de-açúcar na Amazônia. O que existe é irrisório", disse Laranja.

Segundo ele, há em torno de 200 mil hectares de cana-de-açúcar na Amazônia. "Isso não significa nada no universo da Amazônia. Só de pastagens, há 50 milhões de hectares", afirmou.

O segundo ponto analisado é o quanto a produção de cana-de-açúcar compete com outras culturas alimentares, considerando-se o atual cenário de crise mundial dos alimentos.

De acordo com Laranja, esse risco é baixo. "Compete pouco com as culturas alimentares, especialmente porque ocupa pouca área. São 7 milhões de hectares de cana-de-açúcar, sendo que metade vai para a produção de açúcar, e a outra metade para o etanol", disse.

Riscos

O estudo, porém, alerta para alguns riscos ambientais da produção de etanol em escala regional.

"É uma cultura muito concentrada, quase toda no Estado de São Paulo e em regiões vizinhas. Muita cana-de-açúcar em uma área pequena", disse Laranja.

De acordo com ele, isso representa um risco em potencial sobre a biodiversidade. "Pode ter efeitos sobre recursos hídricos, efeitos diretos sobre o solo."

"Precisamos fazer essa ocupação das novas áreas de forma mais estratégica, da maneira mais racional possível", disse.

De acordo com Laranja, é necessário, por exemplo, "obediência irrestrita" às áreas de preservação permanente, além de observar o código florestal.

"Precisamos pensar, por exemplo, na construção de novas unidades de conservação no Cerrado", afirmou.

Posição oficial

O relatório divulgado nesta segunda-feira não representa ainda a posição oficial da ONG. Segundo Laranja, as conclusões do estudo servirão para "subsidiar uma decisão sobre o tema", que deverá ser divulgada "nas próximas semanas".

"A rede WWF mundial tem uma posição genérica sobre biocombustíveis mais ou menos alinhada com o estudo", afirmou Laranja.

O estudo foi encomendado há três anos e é parte de um projeto maior, financiado pelo Ministério de Assuntos Internacionais da Holanda.

O objetivo inicial, de acordo com Laranja, era avaliar os efeitos da expansão do setor de cana-de-açúcar no Brasil em razão da suposta liberalização do comércio mundial dentro da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A Rodada de Doha ainda não foi concluída mas, segundo Laranja, no decorrer desses três anos, uma série de transformações conjunturais em todo o mundo, especialmente no que diz respeito ao aquecimento global, colocaram o etanol em posição de destaque na agenda global.

"Direcionamos o projeto para analisar a expansão do setor sucroalcooleiro no Brasil e suas conseqüências socioambientais", disse Laranja

quarta-feira, maio 28, 2008

Levantamento das unidades produtoras de açúcar e álcool no Brasil

A quantidade de usinas de açúcar e álcool foi levantada pelo MAPA e encontra-se abaixo em nota publicada no Agroind:

Brasil tem 386 fábricas de açúcar e de etanol

Levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do dia 15 deste mês de maio revela que o país conta com 386 fábricas de açúcar e de etanol em atividade. Do total, 249 são mistas (produzem açúcar e etanol), 15 fazem apenas açúcar e 122 são destilarias.

Pesquisa anterior do Ministério, de abril, listava 370 indústrias cadastradas. Confira abaixo o ranking dos estados, com os respectivos perfis de produção sucroalcooleira de cada um deles.

O levantamento completo está no
www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/SERVICOS/USINAS_DESTILARIAS/USINAS_CADASTRADAS/UPS_15-05-2008_0.PDF

terça-feira, maio 27, 2008

Alcoolduto em operação até 2009

A infra-estrutura necessária para o escoamento da produção brasileira de álcool está surgindo. A construção do alcoolduto traria uma grande diferencial que facilitaria a exportação de grandes volumes de álcool.

A notícia abaixo foi publicada pela Agência Brasil:

Petrobras: alcoolduto deve entrar em operação em 2009

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse nesta segunda-feira que a empresa pretende estar operando o seu primeiro alcoolduto até o final de 2009. O projeto mais avançado é o que liga os municípios de Senador Cañedo (GO) e Paulínia (SP), com 1.150 km de extensão e um custo aproximado de US$ 1 bilhão.

O objetivo é escoar a produção de etanol da região Centro-Oeste, passando pela cidade mineira de Uberaba e as paulistas Ribeirão Preto e Guararema. Dessa última, o duto seguirá para São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, e daí para o terminal de Ilha d'Água, no Rio de Janeiro.

"Estamos fazendo várias etapas desse alcoolduto e acreditamos que as primeiras devem estar em operação no final de 2009", previu Gabrielli, durante cerimônia de lançamento do Programa de Modernização e Expansão da Frota e de Embarcações de Apoio e da segunda fase do Programa de Modernização da Frota de Petroleiros.

A solenidade foi em Niterói (RJ) e contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

"A Petrobras tem uma posição muito clara de ser um grande player internacional na comercialização e na logística de etanol. Com isso, estamos montando programas de exportação, principalmente para o Japão, criando cadeias de logísticas para levar o produto das áreas novas para os portos, em projetos de dois grandes alcooldutos", disse Gabrielli.

O projeto, cuja execução ficará sob a responsabilidade da Petrobras, inclui ainda um segundo trecho que ligará a hidrovia Tietê-Paraná ao terminal de Paulínia. A iniciativa é baseada em um acordo firmado em fevereiro deste ano entre a estatal brasileira, a empresa japonesa Mitsui e a brasileira Camargo Corrêa, que resultou na criação da empresa PMCC Projetos de Transporte Álcool S.A. que realizará as fases do projeto conceitual e básico do alcoolduto.

De acordo com seu Plano de Negócios, a Petrobras pretende investir até 2012 aproximadamente US$ 700 milhões em projetos e infra-estrutura para exportação de um volume de 4,7 bilhões de litros de etanol.

Entre Guararema e Paulínia, o alcoolduto terá capacidade de escoar até 12 milhões de metros cúbicos de etanol por ano. Desse total, cerca de 4 milhões de metros cúbicos serão escoados pelo terminal da Ilha d'Água e aproximadamente 8 milhões, pelo de São Sebastião.

Há também um outro projeto de alcoolduto, de 920 km de extensão, saindo de Campo Grande (MS) até o Porto de Paranaguá (PR). Em março deste ano, o ministro de Minas e Energia, Édison Lobão, anunciou que um grupo de estudos, formado por técnicos da Petrobras e dos estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná, ficou encarregado de fazer a análise prévia da viabilidade financeira, o traçado do duto, levantamento dos volumes de produção de álcool na região, o impacto ambiental da obra e o orçamento do empreendimento. O prazo de conclusão do relatório era de 90 dias, o que significa o mês de junho.

Segundo informações da Petrobras, a empresa pretende ampliar sua atuação no negócio etanol, participando da cadeia produtiva nacional para o desenvolvimento de mercados internacionais, com foco em logística e comercialização. Para isso, a companhia participará (de forma minoritária) de associações em novas plantas de etanol para exportação, como forma de obter a garantia do fornecimento do produto.

A companhia também vai priorizar investimentos em pesquisa e desenvolvimento na segunda geração tecnológica de etanol, baseada nos estudos realizados pelo Centro de Pesquisas da Petrobras com a lignocelulose (produção de álcool a partir da celulose).
O Brasil é dono da segunda posição mundial em produção de etanol. São 22 bilhões de litros produzidos anualmente.

segunda-feira, maio 26, 2008

Hillary mostra seu lado protecionista

A pré-candidata Hillary Clinton mostrou seu lado protecionista em um episódio ocorrido recentemente e descrito na nota abaixo publicada no Blog Mundo Agro da Exame:

Hillary contra o Friboi

O senso comum diz que democratas costumam ser mais protecionistas do que republicanos. Certo? A senadora Hillary Clinton, na disputa pela vaga democrata à Casa Branca, acabou de reforçar esse estigma. Na semana passada, a candidata afirmou no estado de Dakota do Sul que era contra a aquisição da Smithfield Foods pela brasileira JBS-Friboi.

E disse que, se fosse presidente, aproveitaria as brechas da legislação agrícola para vetar a venda para a empresa brasileira, que depois de comprar a Swift nos Estados Unidos, se transformou na maior exportadora de carne do mundo.

Hillary é contra a consolidação porque os Estados Unidos estão perdendo espaço no mercado global de carnes. Desde 2003, as exportações de carne dos EUA despencaram.

O ex-ministro da Agricultura Marcus Vinícius Pratini de Moraes, agora presidente do comitê de estratégia global do Friboi, diz: "Pelo jeito, estamos incomodando bastante".

domingo, maio 25, 2008

Frango vs Milho nos EUA

Em reportagem publicada no AviSite podemos observar a guerra existente entre a produção de frango e a produção de etanol devido à fonte de matéria-prima de ambos setores: o Milho.

Em Washington, preço do milho opõe frango ao etanol

Campinas, 15 de Maio - Pelo que informa Cindy Skrzycki, do Washington Post, penas estão voando para todos os lados no Congresso norte-americano. Simplesmente porque – diz ela – o governo decidiu tirar o milho do bico dos frangos para colocá-lo nos tanques de combustíveis.

Conforme a jornalista, a indústria do frango – “um empreendimento de 40 bilhões de dólares” – e vários outros setores da produção animal, além de varejistas e algumas ONGs ambientalistas e de combate à fome lutam junto a seus representantes no legislativo norte-americano em busca de um “bloqueio regulatório” que impeça o desvio dos estoques de milho para a fabricação de etanol.

Consultado sobre a questão, o porta-voz do Conselho Nacional da Indústria do Frango (NCC, na sigla em inglês), Richard L. Lobb, afirma que jamais, em toda a história da avicultura, os preços pagos pelo grão evoluíram tão assustadoramente. Tanto que alcançam, no momento, o triplo do valor registrado há dois anos. “Estamos, agora, numa disputa direta com o pessoal do etanol. E eles estão levando a melhor”, lamenta.

Nas últimas semanas, grupos participantes da guerra “comida x combustível” desencadeada pelo preço do milho tem conseguido algumas vitórias. Assim, embora uma nova legislação determine que em 2022 a produção de combustível de fontes renováveis deva alcançar os 36 bilhões de galões, 15 bilhões deles a partir do milho, também prevê que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dispõe de autoridade suficiente para abandonar ou alterar a meta se ela ocasionar um problemático aquecimento da economia.

Os críticos da legislação que determina o uso do milho como combustível afirmam que ela é parcialmente responsável pela atual crise mundial de alimentos, pelo aumento generalizado de preços das commodities e, ainda, pela inflação dos preços ao nível do consumidor. “É deprimente saber que o consumidor está sendo obrigado a pensar se compra ou não compra uma dúzia de ovos”, afirma o dirigente de uma das entidades de varejistas que vêm lutando por uma imediata ação da EPA. Uma petição nesse sentido pede, por exemplo, que o volume de milho (especificado em lei) para a produção de etanol seja reduzido à metade. A Agência tem 90 dias para se pronunciar.

No Congresso, membros dos dois partidos têm se manifestado sobre o assunto, uns contra, outros ainda a favor do etanol à base de milho. E até mesmo o senador John McCain, candidato republicano à presidência do país, dirigiu petição à EPA solicitando a revisão das metas de uso do milho para a fabricação de combustível, “dada a inflação que seu uso está ocasionando no preço dos alimentos”.

Do outro lado da mesa, senadores como o republicano Charles Grassley ou o democrata Tim Johnson afirmam que o etanol de milho responde por uma fração muito pequena do aumento doméstico ou global de preço dos alimentos. Fazem coro com os agricultores, para quem o aumento de preços nos alimentos de origem animal resulta dos preços estratosféricos do petróleo, da quebra de safras em várias partes do mundo, da especulação com as commodities e, ainda, do aumento da demanda mundial pelos grãos.

Presidente de uma entidade que reúne comerciantes de combustíveis renováveis, Bob Dinneen diz não acreditar que as pressões contra o uso do milho para a fabricação do etanol tenham sucesso: “Sem o etanol, o combustível [de petróleo] que hoje consumimos estaria 15% mais caro”, comenta.

Pode ser – diz a jornalista do Washington Post. “Mas” – complementa – “essa é uma observação dura de engolir para uma empresa como a Tyson Foods” que, lembra Skrzycki, produz semanalmente 40 milhões de frango e enfrenta, nos últimos dois anos, uma elevação de custos da ordem de um bilhão de dólares só com o aumento da ração.

Apesar de tudo, porém, a Tyson também está envolvida com empreendimentos visando à produção de combustíveis renováveis: está às voltas com dois projetos visando à utilização do milhão de toneladas de gordura animal que produz anualmente em seus abatedouros e indústrias de processamento de carnes

terça-feira, maio 20, 2008

Entendendo a crise dos alimentos

Para aqueles que desejam conhecer um pouco sobre a atual crise dos alimentos, segue abaixo o link do Estado com vários gráficos em Flash explicando o tema de forma bem didática:

Preço de terras afetado pelo Investment Grade

O mercado está mexendo com o preço das terras. Primeiro foi a expansão canavieira e agora é o Investment Grade. Veja a notícia abaixo publicada pela Agência Estado:

Investment Grade e etanol impulsionam os preços das terras
Valor no País chegou a R$ 4.135 por hectare em março-abril de 2008, aumento de 35,2% ante valores de 2006

Venilson Ferreira, da Agência Estado

A elevação do Brasil a Investment Grade (Grau de Investimento), a valorização dos grãos nos mercados externo e interno e a disputa por área entre biocombustíveis e alimentos estão dando grande sustentação aos preços da terra no Brasil. A afirmação é da analista Jacqueline Bierhals, responsável pelo relatório de análise do mercado de terras da consultoria AgraFNP, que destaca a grande participação de grupos estrangeiros e fundos de investimentos no agronegócio brasileiro.

Segundo ela, o levantamento bimestral da AgraFNP revela que o preço médio das terras destinadas à agropecuária no País foi de R$ 4.135 por hectare no período de março-abril de 2008, com aumento nominal médio de 16,3% em relação ao mesmo período do ano passado e de 35,2% em comparação aos valores de 2006.

A analista diz que outro assunto acompanhado de perto por este mercado é mudança no Ministério do Meio Ambiente, com a saída de Marina Silva. "A Floresta Amazônica deve ocupar a pauta das discussões ambientais por muito tempo ainda. A questão é que o Brasil tem uma grande quantidade de área de pastagens degradadas que podem ser convertidas em lavouras, sem que se mexa na Amazônia. Por outro lado, o governo federal, através do PAC, pretende estimular o desenvolvimento na Amazônia. Resta saber como o novo ministro irá se posicionar frente ao tema."

O relatório divulgado nesta segunda pela AgraFNP mostra que as terras para cultivo de grãos continuam puxando os negócios. "A procura de terras para a produção de biocombustíveis também continua aquecida, sobretudo nas fronteiras agrícolas. Por outro lado, em São Paulo, maior estado produtor de cana-de-açúcar no Brasil, o mercado encontra-se bastante travado e com leve diminuição na demanda por terras", diz a analista.

A AgraFNP destaca neste bimestre o movimento de terras que a agroindústria de frango e de leite tem trazido a algumas regiões específicas. Em Mato Grosso, a instalação de abatedouros de frango na região de Sorriso/Lucas do Rio Verde trouxe forte aquecimento para o mercado de terras. Já em Ponta Grossa no Paraná, a bovinocultura de leite é que vem dando sustentação à compra e venda de terras.

Na média do bimestre, a região Centro-Oeste teve a valorização mais expressiva: de 40,1% na comparação com 36 meses atrás. Mas foi no Norte onde se registrou a maior apreciação de preços no período, de 818% na área de mata em Macapá, estado do Amapá. No Nordeste a alta foi de 39,3%. As regiões Sudeste e Norte tiveram valorizações médias muito próximas, de 35,4% e 35,2%, respectivamente. Por fim, a região Sul apresentou 29,7% de valorização e já ultrapassa os preços médios da região Sudeste.

segunda-feira, maio 19, 2008

Preços das commodities sem o etanol de milho

A Gazeta Mercantil mostrou hoje, em uma nota, como seriam os preços do trigo e do milho caso o milho não fosse desviado para a produção de etanol nos EUA:

Etanol sem milho – 20%

A suspensão temporária da produção de etanol baseada em grãos reduziria os preços do milho em 20% e ajudaria a reverter a alta súbita nos custos dos alimentos, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Política de Alimentos. O preço do trigo cairia 10%.

domingo, maio 18, 2008

CTC - Um belo exemplo para o setor

Na edição 918 da Revista Exame publicada nesta semana, saiu um artigo sobre o lugar que tenho muito orgulho de trabalhar: o Centro de Tecnologia Canavieira, antigo Centro de Tecnologia Copersucar onde trabalho desde 1994.

Segue na íntegra o texto da revista:

Em busca do etanol do futuro

Mantido por usineiros, o CTC criou a base competitiva da cultura de cana. Exemplo raro de centro de pesquisa privado no país, seu novo desafio é sair na frente com o álcool de celulose

Por Gladinston Silvestrini

Cercado de canaviais, o agrônomo Tadeu Andrade, de 55 anos, lidera hoje um grupo de oito pesquisadores de elite em Piracicaba, no interior de São Paulo, epicentro da maior indústria de álcool do mundo. Durante mais de duas décadas, os cientistas que ali trabalham permaneceram obscuros, dedicando-se a estudar a cana-de-açúcar. Não havia charme nenhum nesse trabalho — e os recursos eram escassos. Ainda assim, Piracicaba se transformou no centro mundial da pesquisa canavieira. Foi o que ocorreu até que o petróleo atingisse cotações perigosamente altas e o etanol despontasse como uma alternativa energética séria. Hoje, ele e os pesquisadores do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) conduzem parte de pesquisas que movimentam bilhões de dólares e milhares de cientistas em alguns dos principais centros de inovação do mundo. Como diretor de pesquisa e desenvolvimento do CTC, Andrade é o responsável por ganhar a corrida que levará ao etanol de celulose. Piracicaba passou a concorrer com o Vale do Silício, na Califórnia, pela paternidade desse novo etanol. Um combustível que, pelo menos em teoria, poderá ser extraído da celulose de qualquer resíduo vegetal, desde pedaços de madeira até grama, passando pelo bagaço da cana-de-açúcar. “Em 20 anos, a nova tecnologia pode dobrar a produção brasileira de etanol sem aumentar um único hectare de área plantada”, diz Andrade. “O mundo inteiro está atrás dessa descoberta. E não há um momento em que a gente deixe de sentir a pressão para conseguir resultados rapidamente.”

Boa parte da importância que a cana ganhou na economia brasileira, e da atração que hoje exerce sobre investidores estrangeiros, se deve às realizações do CTC, criado em 1969 como um laboratório da Copersucar e bancado desde 2004 por 175 empresas do setor. “Não dá para imaginar a competitividade do álcool brasileiro sem a tecnologia desenvolvida lá”, diz Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, entidade que reúne os principais produtores de açúcar e álcool do país, boa parte deles também mantenedora do CTC. Nas últimas quatro décadas, o CTC se consolidou como um centro de excelência do agronegócio brasileiro — espécie de Embrapa da iniciativa privada. Dos campos experimentais e dos laboratórios de Piracicaba saíram as bases para tornar o etanol de cana o biocombustível mais competitivo do mundo. No início dos anos 80, o CTC criou a primeira variedade comercial brasileira de cana cultivada em larga escala para abastecer o Proálcool. Das 100 variedades mais cultivadas no país, 60 foram desenvolvidas em Piracicaba ou em outras das 12 unidades do CTC espalhadas pelo país. Seus técnicos também foram responsáveis por melhorias no processo de fermentação que aumentaram o rendimento da produção de álcool e por técnicas de co-geração que tornaram as usinas brasileiras auto-sustentáveis em energia elétrica. Nos últimos anos, projetaram máquinas como a plantadeira de cana, que facilitou a mecanização e a expansão da cultura para fora da Região Centro-Sul do país — no estado de São Paulo, 40% das lavouras já são mecanizadas, e espera-se que o pesado trabalho manual seja totalmente eliminado até 2014. Hoje o centro conta com 350 funcionários dedicados à pesquisa, 51 deles com títulos de mestre ou doutor.

Eles trabalham em áreas que vão da criação de variedades de cana — inclusive transgênicas, que estão à espera de aprovação do governo — ao desenvolvimento de equipamentos para as usinas. Um núcleo com oito pesquisadores trabalha para produzir em laboratório quantidades de álcool de celulose que enchem apenas um frasco de perfume. Até o final do ano, a escala deve aumentar para alguns litros. A expectativa é pôr em operação uma usina piloto de etanol de celulose em 2010.

O trabalho desenvolvido pelo CTC é um bom exemplo de como a tecnologia impulsionou o agronegócio brasileiro nas últimas três décadas. No final dos anos 70, na gênese do Proálcool, o país nem sequer tinha variedades nacionais de cana-de-açúcar — antes de o CTC desenvolver a primeira delas, os produtores brasileiros cultivavam uma variedade importada da Argentina. Naqueles tempos, 1 hectare permitia produzir pouco mais de 3 000 litros de etanol. Atualmente, a mesma área de cana rende 7 000 litros. Esse ganho de produtividade é um dos fatores que tornaram o etanol competitivo no mercado de combustíveis. No ano passado, a energia produzida pela cana representou 16% da matriz energética brasileira, à frente das hidrelétricas e atrás apenas dos derivados de petróleo, de acordo com balanço da Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia. “De certa forma, dá para dizer que nosso trabalho com a cana é semelhante ao que foi realizado até os anos 90 com a soja e com o milho”, diz Andrade. “Assim como as pesquisas da Embrapa melhoraram as lavouras de grãos, também estamos empenhados em aumentar a produtividade dos canaviais e expandir o seu cultivo para novas fronteiras agrícolas, como o Centro-Oeste.”

A diferença é que o trabalho realizado pelo CTC contou quase que exclusivamente com recursos da iniciativa privada. Até 2004, o centro tinha orçamento anual em torno de 20 milhões de reais, bancado pelas usinas ligadas à Copersucar. Hoje, conta com 40 milhões de reais por ano para desenvolver pesquisas. Mas tais recursos podem ser insuficientes diante dos desafios que há pela frente, como os estudos para a produção de álcool de celulose. Só nos Estados Unidos, governo e iniciativa privada devem investir 1,5 bilhão de dólares ao ano nessa área. “Apenas metade das usinas brasileiras são sócias do CTC”, diz Nilson Zaramella Boeta, ex-executivo de empresas como DuPont e Protein Technologies que desde 2006 preside o centro. “Para aumentar nosso orçamento, nos próximos dois anos queremos ter pelo menos 90% das empresas do setor como associadas.”

O potencial de negócios cada vez maior da cana-de-açúcar também estimula a concorrência nacional. No Brasil, entre os principais concorrentes do CTC estão a Petrobras, que tem seu próprio programa de pesquisa do etanol de celulose, e um conjunto de três empresas da Votorantim Novos Negócios: a Canavialis, que desenvolve variedades de cana, a Allelyx, dedicada à biotecnologia, e a Biocell, criada para estudar formas de produzir etanol celulósico. Em comum, as iniciativas de CTC, Petrobras e Votorantim se concentram na transformação biológica da celulose da cana em açúcar, com a utilização de enzimas. A Dedini, fabricante de equipamentos para a indústria canavieira, mantém um projeto que utiliza ácidos em vez de enzimas. Trata-se de um tipo de concorrência que poucas vezes o CTC teve de enfrentar — até há pouco tempo, o centro esteve praticamente sozinho no desenvolvimento de tecnologias para a cana-de-açúcar no Brasil. Para os pesquisadores, no entanto, não há novidade no desafio de apresentar resultados. “O CTC sempre foi mantido pela iniciativa privada, com a obrigação de criar soluções para tornar mais competitivas as lavouras e a produção de álcool e açúcar nas usinas”, diz Boeta.

É cedo para saber se o CTC, ou outros centros brasileiros, vai vencer a corrida pelo etanol do futuro. “Acredito que os resultados comerciais da pesquisa com etanol de celulose que desenvolvemos no CTC vão começar a aparecer em cinco a dez anos”, afirma Tadeu Andrade. Em setembro do ano passado, ele firmou uma parceria com a finlandesa Novozymes, uma das líderes mundiais no desenvolvimento de enzimas, para estudar em conjunto o processo de transformar a celulose da cana em álcool. A parceria já resultou no pedido de depósito de quatro patentes ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial. “Estamos só no começo do processo”, afirma Andrade. “Nossos concorrentes no exterior têm mais dinheiro, mas temos a vantagem de conhecer cana-de-açúcar como ninguém.”

quinta-feira, maio 15, 2008

Difusor: Um substituto da moenda?

O tema Etanol está tão em pauta no noticiário que até a tecnologia utilizada na extração do caldo da cana-de-açúcar é tema de nota em blog da Exame.

A nota abaixo publicada em 08 de maio no Mundo Agro, blog de agronegócios da Exame, comenta a tecnologia do Difusor que pode ser utilizada em substituição das moendas. Entretanto, a discussão não é tão simples quanto parece, pois envolve vários fatores. Porém vale a pena ler o artigo para compreender o tema:

O fim das moendas

A era das moendas gigantes nas usinas de cana-de-açúcar parece estar com os dias contados no Brasil. Há duas evidências para isso. De um lado, várias usinas em construção no país estão preferindo o sistema por difusão. A CNAA, por exemplo, está construindo 4 usinas, em Minas Gerais, que irão utilizar a tecnologia. De outro, há uma nova empresa apostando na fabricação desse tipo de equipamento, a Jaraguá - que entra para concorrer com a Sermatec, de Sertãozinho. A Jaraguá, que adota a tecnologia desenvolvida pela a alemã BMA, está negociando os contratos para a fabricação de dois difusores.

Mas, afinal, o que é um difusor? Ao contrário da moenda, que esmaga a cana e extrai o caldo, o sistema por difusão retira o caldo por imersão - do mesmo jeito que se faz um chá. Há várias vantagens dos difusores sobre as moendas. Primeiro é o custo menor de aquisição - e um gasto menor ainda com a manutenção do equipamento. No caso das moendas, é preciso desmontar todo o equipamento no fim da safra, limpá-lo e remontá-lo para a temporada seguinte - o que não ocorre com os difusores. Outra vantagem é uma extração de um maior índice de sacarose. O que seria motivo mais que suficiente para justificar a adoção da tecnologia, mas o que de fato tem chamado a atenção dos usineiros é o baixo consumo de energia do sistema. Isso faz toda a diferença quando as perspectivas de longo prazo apontam para a geração de bioeletricidade como o segundo negócio mais importante das usinas - depois apenas do etanol (o açúcar será o terceiro!)

Em tempo: até a Dedini, que fabricou boa parte das moendas do país, está se rendendo à tecnologia também.

segunda-feira, maio 12, 2008

O que os alemães pensam do biocombustível brasileiro

Encontrei a reportagem abaixo no Der Spiegel em inglês. Nele podemos verificar como os alemães enxergam a nossa produção de biocombustível e fazem um "mea culpa" com relação aos subsídios:


Carne Barata é mais ameaçadora para a Amazônia do que os biocombustíveis?
Por Christian Schwägerl

Brasil planeja expandir consideravelmente sua produção de biocombustíveis, mas os ambientalistas preocupam-se com os efeitos disso na floresta amazônica. O Ministro do Meio Ambiente alemão, que recentemente visitou o país, pensa que a demanda por carne barata representa um perigo ainda maior.

Quando o Ministro do Meio Ambiente Minister Sigmar Gabriel visitou um Centro de Pesquisa na Amazônia em Belém, se viu repentinamente no meio da discussão sobre os perigos que a floresta amazônica enfrenta. “Abaixo os preços dos alimentos!” gritava uma multidão de pessoas, quando elas marchavam em frente ao Museu de História Natural Goeldi, balançando bandeiras vermelhas. Naquele momento, Gabriel viu com seus próprios olhos porque sua visita ao Brasil é tão politicamente explosiva.

Os biocombustíveis – foco das negociações de Gabriel com o governo brasileiro durante sua visita de uma semana - ultimamente tem sido os culpados pela carência global de alimentos e a destruição da floresta.

Como o gigante verde, Brasil que subir ao conjunto de potências energéticas, usando o bioetanol produzido da cana-de-açúcar. Cerca de 70.000 quilômetros quadrados (7 milhões de hectares) já está sendo utilizados com esta cultura de rápido crescimento. No período de quatro anos está área está prevista para crescer para 120.000 quilômetros quadrados (12 milhões de hectares) e em 2025 para 210.000 quilômetros quadrados (21 milhões de hectares) – cerca do tamanho da Grã-Bretanha.

O bioetanol poderá tornar o Brasil independente de importações de petróleo e ser capaz de suprir 5% da demanda mundial de combustíveis. Para uma país emergente, isso é um cenário promissor – uma chance de adquirir um acento na mesa dos grandes e poderosos. Infelizmente estes sonhos estão agora sob ameaça conforme a euforia inicial dos biocombustíveis tem dado lugar ao ceticismo e em alguns casos até mesmo a pura rejeição.

Políticos têm medo que a demanda por áreas para a produção de biocombustíveis esteja diminuindo a produção agrícola e, como resultado, continuando a pressionar os preços dos alimentos para cima. Grupos ambientalistas, como o Greenpeace da Alemanha, dizem que embora a expansão do cultivo da cana-de-açúcar esteja ocorrendo em áreas longe da floresta amazônica, pode deslocar a produção de soja e a pecuária para áreas sensíveis do ponto de vista ecológico. No topo destes, os cientistas calcularam que o bioetanol produz mais gases do efeito estufa do que a gasolina normal.

Defendendo os Biocombustíveis

Na capital, Brasília, a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva está montando a defesa dos biocombustíveis. Ela é considerada uma política com muita credibilidade, alguém que conhece as necessidades dos pobres. Depois de ter nascido em condições de muita pobreza, somente aprendendo a ler e escrever quando adolescente.
A proteção da floresta amazônica está em seu coração. Como filha de um seringueiro, ela cresceu na floresta. O líder da sua organização de proteção da floresta, Chico Mendes, foi morto como resultado de suas atividades.

Silva apresentou a Gabriel dados que faz com que os biocombustíveis pareçam verdes e ela lhe garantiu que o governo não esta está enganando. A expansão do cultivo da cana-de-açúcar está sendo regulado, ela disse, de forma que as savanas não estão sacrificadas e o plantio será feito principalmente em áreas de pastagens degradadas.
De acordo com Silva, no momento somente 1% do país é plantado com cana-de-açúcar – de forma que não possível estar competindo com a produção de alimentos. Ela adicionou que o banimento da utilização de soja para a produção de biocombustível está em previsão. E para proteção da floresta Amazônica, ela disse, o governo tem passado regras duras, que permite o bloqueio de empréstimos bancários para pecuaristas ilegais.

Gabriel pareceu confiante: “Do que eu ouvi, podemos aderir à importação”, disse o Ministro. Será dada aos brasileiros a “chance de provar que isto é possível”. A obrigação de demonstrar uma estratégia agrícola ambientalmente correta será parte do pacto de energia Alemanha-Brasil a ser assinado pela Primeira Ministra Ângela Merkel em breve em Brasília.

Em uma viagem pela Amazônia, o porta voz do Greenpeace expressou apoio aos planos governamentais. “Agora a cana-de-açúcar não é um problema. Ao contrário disso, ela pode ser parte da solução,” ela disse. Ainda, uma pesquisa do ministério do Meio Ambiente mostra como é tênue a linha para as importações de etanol: Somente quando a cana-de-açúcar é cultivada em áreas degradadas ela cria um balanço positivo de CO2. Mas os custos de fertilizar este tipo de solo podem estar entre US$ 400 e 500 por hectare.

Gabriel também está preocupado com os planos do Brasil em expandir sua produção de biodiesel. O Presidente Lula da Silva não quer utilizar soja como combustível, porque é uma importante fonte de alimento. Entretanto, o governo tem menores restrições quando se utiliza óleo de palma, mesmo que ele esteja consumindo florestas tropicais na Indonésia e Malásia como uma doença infecciosa.

Entretanto, o ministro alemão do Meio Ambiente não parece ver os biocombustíveis posando com o maior perigo para as florestas tropicais. Ele percebeu algo desconfortável: o grande problema relaciona-se com a soja que a Europa importa como ração animal, e os subsídios que são dados aos fazendeiros europeus. “Agricultores alemães estão lucrando com a derrubada da floresta tropical muito mais do que os brasileiros”, disse Gabriel. Ele argumenta que a sociedade alemã deve dar um olhar duro ao seu consumo de carne.

De seu ministério em Berlin, Gabriel está trabalhando em colocar um índice de sustentabilidade na ração animal e em outros produtos. Isto pode ter sérias conseqüências para empresas e consumidores em ter carne barata graças ao desmatamento da floresta tropical.

Mas após suas conversas em Brasília, Gabriel está agindo cuidadosamente com seus planos para certificar todos os produtos. “Quando algo vai muito rapidamente, a oportunidade de negociar é perdida”, ele disse. Mas esperar muito pode ser muito tarde para a Amazônia e Ásia.

domingo, maio 11, 2008

Mercado de milho no Brasil: Uns exportando e outros querendo importar

O mercado de milho no Brasil está meio "maluco" enquanto os produtores do Centro-Sul estão exportando, os avicultores nordestinos querem a importação de milho transgênicos. Leiam abaixo as duas matérias sobre o assunto, a de importação foi retirada da Agência Brasil e da exportação do Globo Rural:

País poderá importar milho transgênico para atender produtor de frango do Nordeste

Danilo Macedo

Brasília - O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse hoje (8) que há possibilidade de o país importar milho transgênico, para atender necessidades dos criadores de frango do Nordeste.
Segundo ele, fica mais barato importar o produto no Nordeste do que comprá-lo do Centro-Oeste, em função das despesas de transporte.

“Isto vai ser colocado [para exame] na CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] possivelmente ainda neste mês e não há nenhuma razão para não aprovar, até porque ela já aprovou o plantio de duas variedades de milho transgênico”.

Para Stephanes, seria interessante manter um canal aberto de importação desse produto para o Nordeste de forma administrada, mas permanente.

Cresce exportação de milho

Conab divulga que, este ano, o Brasil deve exportar 11 milhões de toneladas de milho convencional.

Uma montanha de milho que abastece o Brasil e países da Europa, Ásia e África. As exportações estão crescendo. Nos primeiros quatro meses deste ano, quase 1,9 milhão de toneladas de milho foram transportadas. Foi um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. A cooperativa de Campo Mourão está entre as que mais exportam. "Não não temos frango, suinos e somos um grande recebidor de milho. Então são aí 1,8 milhão de toneladas que nós temos que escoar para o mercado interno e externo", explica Aroldo Galassini, presidente da Coamo.

A previsão da Coamo é exportar pelo menos 300 mil toneladas do grão até o final do ano. O que impulsiona os negócios lá fora e também no Brasil é o bom preço do produto. Em Campo Mourão os agricultores acompanham a cotação diariamente. Muitos ainda têm milho da última safra pra vender. "Eu vendi uma parte. Agora vamos esperar porque tem a safrinha ali e não se sabe o que pode acontecer e no mundo inteiro está faltando alimento. Com certeza o preço deve reagir no futuro", diz Paulo Greggio, agricultor.

sexta-feira, maio 09, 2008

Tributos podem aumentar custos de insumos

Além dos problemas relacionados às altas dos insumos enfrentados pelos produtores, existe a possibilidade dos governos, através de uma disputa tributária, causarem mais confusão ainda neste mercado. O artigo abaixo publicado pelo Valor de hoje mostra isso:

DISPUTA TRIBUTÁRIA PODE INFLACIONAR INSUMOS

Uma querela tributária entre os Estados pode acentuar ainda mais o cenário já inflado de preços dos insumos agrícolas, que têm encarecido sob a combinação de aumento da demanda e a disparada das cotações das matérias-primas básicas, como, no caso dos fertilizantes, o petróleo. Os aumentos projetados para os preços totais dos insumos chegam aos bilhões de reais, caso o impasse permaneça.

O alerta para fabricantes e produtores rurais ocorreu com a rejeição, no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), da prorrogação de um convênio entre os Estados que reduz a base de cálculo do ICMS sobre insumos agropecuários. O Confaz reuniu-se no dia 24 de abril, e a Secretaria da Fazenda de Mato Grosso rejeitou a proposta de prorrogação até 31 de dezembro do Convênio 100/97, que reduz a base de cálculo do imposto. As decisões tomadas no Confaz são ratificadas apenas sob consenso entre as Fazendas estaduais.

Como alternativa, foi aprovado convênio que prevê prorrogação até 31 de julho. Depois disso, se não houver acordo no Confaz - reversão semelhante já ocorreu no passado -, o ICMS passa a incidir sobre fertilizantes, defensivos, sementes, calcário e ração animal, entre outros insumos.
Calcula-se que, apenas no caso dos defensivos, a não-renovação, se mantida depois de 31 de julho, aumentará os custos do setor em US$ 350 milhões. Com o projetado repasse do aumento dos gastos, os alimentos, com preços já ascendentes, podem ficar ainda mais caros.

"A situação é uma temeridade. O aumento deve ocorrer justamente na época em que os produtores estarão se abastecendo com insumos para plantar a próxima safra", afirma Cássio Camargo, secretário-executivo da Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas (APPS). Atualmente, os insumos ficam isentos de ICMS nas vendas feitas dentro dos Estados. Em vendas realizadas entre Estados, há um abatimento de 60% na base de cálculo da alíquota.

O veto de Mato Grosso à prorrogação do convênio que limita a base de cálculo de ICMS sobre insumos agropecuários não tem relação com uma eventual intenção do Estado de aumentar sua arrecadação com a venda dos insumos, afirma o secretário da Fazenda de Mato Grosso, Eder de Moraes Dias. "Queremos garantir nossos coeficientes de repasse [da Lei Kandir] para 2008 e 2009. Eles não têm sido cumpridos", diz o secretário.

Segundo ele, a fatia dos repasses prevista para Mato Grosso em 2008 era de 7,12%, mas o Estado vinha recebendo 4,46%. "E queremos 12% para 2009. Vamos contra tudo e contra todos enquanto isso não se definir", disse. A Lei Kandir desonerou o ICMS das exportações a partir de 1997, o que gerou perdas aos Estados exportadores. Posteriormente, ficou definida uma compensação financeira de acordo com a participação de cada Estado nas exportações.

Situação de impasse semelhante ocorreu há três anos, segundo Cássio Camargo, da APPS. Sem saber se deveriam ou não embutir o imposto, as fornecedoras de insumos incluíram o custo adicional. Depois, quando a prorrogação da isenção foi definida, os compradores foram ressarcidos em dinheiro.

Nova Zelândia dá bom exemplo na produção de leite

Artigo publicado no Wall Street Journal mostra como pode-se obter ganhos de produtividade na agricultura a partir do exemplo da Nova Zelândia na pecuária leiteira. O Brasil também pode facilmente fazer isso em várias culturas:

NA NOVA ZELÂNDIA, UM EXEMPLO DOS LIMITES NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Com a inflação dos alimentos provocando protestos do Egito à Indonésia, fica evidente que o mundo precisa aumentar a produção. Mas a situação da Nova Zelândia é um bom exemplo de como essa reação pode ser lenta demais.

A Nova Zelândia é a Arábia Saudita do leite. O país é o maior exportador mundial de laticínios. Com o crescimento da demanda mundial, uma cooperativa que vende a maior parte do leite do país tentou captar US$ 1 bilhão ou mais de investidores externos para expandir a produção.

Contudo, ela precisava do consentimento dos cooperados - ou seja, de cerca de 11.000 produtores rurais. Satisfeitos com a estrutura da cooperativa e temerosos de dar a investidores externos influência em suas decisões, os produtores até agora bloquearam o plano. "Os fazendeiros não construíram isso aqui do nada só para jogar tudo fora da noite para o dia", diz Frank Brenmuhl, presidente da divisão de laticínios do principal sindicato de produtores rurais do país.

O impasse na Fonterra Cooperative Group Ltd. - que tem no Brasil, em sociedade com a Nestlé, a Dairy Partners America - revela um conflito no centro da agropecuária mundial. Em outras commodities, como metais e petróleo, quando os preços aumentam de modo sustentado, grandes empresas com caixa farto investem para desenvolver novas fontes. Os preços dos alimentos também subiram em praticamente todos os segmentos, do arroz ao óleo de palma. Mas a produção ainda é dominada por milhões de pequenos produtores.

Políticos e sociólogos preferem assim; as pequenas propriedades mantêm as comunidades rurais vivas e, especialmente nos países em desenvolvimento, fornecem empregos essenciais. Mas, quando se trata de reagir rapidamente a uma explosão na demanda, as pequenas propriedades são problemáticas. Elas tendem a ser menos produtivas do que as maiores. E geralmente não têm o capital para o pesado investimento em maior capacidade de produção que muitos economistas dizem ser necessário agora.

Os investidores têm o capital. Contudo, novamente por causa da estrutura fragmentada em pequenas propriedades, quem quer apostar no aumento da produção de alimentos não tem muito onde investir. O resultado é uma cadeia mundial de produção quase no limite, com os menores estoques de grãos das últimas décadas.

Calcula-se que a demanda por laticínios cresça de 2,5% a 3% por ano - sendo mais de 10% por ano na China -, mas a produção tem crescido apenas em torno de 1,5% a 2%, segundo o banco holandês Rabobank.

O déficit corroeu os grandes estoques de outrora e deixou os preços de laticínios vulneráveis à mesma volatilidade do petróleo. Quando uma seca no ano passado diminuiu a produção da Austrália, outro grande exportador de laticínios, o preço do leite em pó, que há anos pairava na faixa de US$ 2.000 por tonelada, passou dos US$ 5.000 pela primeira vez, ainda de acordo com o Rabobank.

Como ficou evidente com a seca, o capital não é a único fator que limita a resposta rápida à alta dos alimentos; também há a irrigação, a qualidade do solo e das estradas, o armazenamento e as restrições ao comércio, entre outros. Entretanto, o Banco Mundial argumentou num relatório recente que "um aumento acentuado no investimento" agropecuário é necessário para atender à demanda mundial por alimentos, especialmente em lugares como a África subsaariana, onde se calcula que as importações de alimentos devem mais que dobrar até 2030.

Algumas fazendas do mundo em desenvolvimento têm se consolidado e conseguido investimento externo, mas elas são exceções. Em muitos países, como México, Índia e Tailândia, os governos têm políticas restritivas para a propriedade rural, ou proíbem investimento estrangeiro para proteger os pequenos produtores e desencorajar a formação de empresas muito grandes, mais propícias a demitir empregados.

Uma conseqüência dessas políticas é que, apesar do enorme interesse dos investidores, "quase não há" empresas que podem receber esses recursos, diz Thomas Murphy, chefe de pesquisa de investimento do Deutsche Bank AG na Austrália.
A Nova Zelândia não tem muitas das pressões que motivam os governos a manter pequenas as propriedades agrícolas - mas o investimento e o potencial de expansão são limitados mesmo assim.

A água abundante e os enormes pastos fazem da Nova Zelândia um país ideal para a pecuária. Os pecuaristas de leite do cinturão da manteiga do país formaram a Fonterra em 2001, com a fusão de suas principais cooperativas de laticínio, com o objetivo de aumentar seu prestígio nos mercados internacionais. Cerca de 95% dos pecuaristas de leite da Nova Zelândia são membros. Para aderir, eles compram cotas da cooperativa e concordam em vender a ela o leite.

A receita da cooperativa superou os US$ 10 bilhões no ano passado e deve aumentar em 2008 porque os preços dos laticínios dobraram em alguns casos nos últimos 18 meses. O rendimento médio dos cooperados subiu mais de 50% ao longo de um ano. Em Ashburton, na ilha sul da Nova Zelândia, Porsches e Range Rovers povoam as ruas.

"Dez anos atrás, a agropecuária era um setor em decadência na Nova Zelândia", diz Willy Leferink, um fazendeiro que tem um barco e um Mercedes em sua garagem. "Agora as pessoas correm todas para ela."

Mas seria difícil para o país aumentar a produção dos latícinios muito mais. Boa parte do pasto disponível já tem gado bovino ou ovino. E muitos fazendeiros estão mergulhados em dívida por causa dos empréstimos que tomaram para expansão.

Em novembro passado, a Fonterra propôs um plano de reestruturação que lhe permitiria produzir mais leite no exterior. Os ativos da cooperativa seriam transferidos para uma nova empresa, que registraria suas ações na Bolsa de Valores da Nova Zelândia. Analistas estimaram que a medida poderia captar até US$ 1,5 bilhão de investidores.

A cooperativa usaria o dinheiro para criar "mini Fonterras" em outros países, como China e partes da Europa e América Latina. Isso aumentaria a presença da Fonterra em mercados onde a demanda está crescendo mais rápido e lhe permitiria produzir mais leite, que é difícil de transportar em longas distâncias.

Ela já investiu em duas fazendas experimentais e uma empresa de distribuição no Chile e está desenvolvendo uma fazenda com 3.000 cabeças de gado na China com um parceiro local.

Henry van der Heyden, um dos presidentes da cooperativa, anunciou o plano em novembro. Ele disse que essa era a única maneira de se alcançar a meta de crescimento. Depois da venda de ações, os membros da Fonterra ainda teriam cerca de 80%.

Mas alguns produtores questionaram a capacidade da cooperativa de produzir de maneira rentável em outros países. Eles temiam que investidores externos os pressionassem a aceitar preços menores pelo leite, para gerar caixa e pagar dividendos.

O plano exigia a aprovação de 75% dos produtores da Fonterra. A oposição foi tão forte que em fevereiro a cooperativa cancelou um referendo sobre o plano (The Wall Street Journal Américas, 9/05/08)

quinta-feira, maio 08, 2008

A importância da Energia da Cana

A importância do setor sucroalcooleiro aumenta a cada dia. Na reportagem abaixo podemos verificar isto. Em um cenário de crescimento da produção de álcool e bioeletricidade, esperamos que em breve se torne o primeiro:

Cana-de-açúcar se torna segunda fonte de energia do país

CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio


A cana-de-açúcar ultrapassou a energia hidráulica e já é a segunda fonte primária de energia do país, informou a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) nesta quinta-feira.

Pelos dados preliminares do BEN (Balanço Energético Nacional) de 2007, a participação dos produtos derivados da cana chegou a 16% na matriz energética brasileira, ficando atrás apenas de petróleo e derivados, com 36,7%. A energia hidráulica foi responsável por 14,7% da matriz brasileira.

De acordo com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o crescimento da cana-de-açúcar como fonte primária de energia "é uma tendência meio irreversível" no país. Pela primeira vez a cana passou a energia hidráulica.

"É um fato inédito. A cana passará a ter papel superior ao da hidráulica mesmo com a previsão de entrada de grandes hidrelétricas como as usinas do Madeira e a de Belo Monte", disse Tolmasquim.

O crescimento da cana-de-açúcar na matriz energética foi impulsionado pelo elevado consumo de álcool no país. No ano passado, a produção de álcool hidratado --o chamado álcool puro, usado para abastecer automóveis-- aumentou 45,2%, totalizando 14,3 bilhões de litros. Já o consumo de álcool hidratado teve incremento de 46,1%, somando 10,4 bilhões de litros.

Ao mesmo tempo, a gasolina perdeu espaço entre os combustíveis, com redução de 3,9%.
Os derivados da cana-de-açúcar foram responsáveis ainda por mais de 40% do aumento do consumo. Ao todo, a oferta interna de energia no Brasil em 2007 cresceu 5,9% mediante um incremento de 5,8% do consumo.

Renovável

Segundo a EPE, o Brasil teve a participação de fontes renováveis --incluem energia hidráulica, produtos da cana-de-açúcar, lenha e carvão vegetal-- na matriz energética ampliada em 2007. Elas foram responsáveis por 46,4% da oferta energética no país em 2007, totalizando 111 milhões de tep (toneladas equivalentes de petróleo). No ano anterior, essas fontes respondiam por 44,9% da matriz.
As fontes não renováveis --petróleo e derivados, gás natural, carvão mineral-- corresponderam a 53,6% da oferta de energia no ano passado, ante participação de 55,1% em 2006. Ao todo, foram ofertados 128,3 milhões de tep oriundos de fontes não renováveis em 2007.

Mais sobre o debate inflação de alimentos

Abaixo mais um pouco para formação de opinião sobre o debate da inflação de alimentos escrito pelo Professor Marcos Fava Neves da FEA-RP da USP publicado no Valor:

A MIOPIA DO DEBATE SOBRE A INFLAÇÃO DE ALIMENTOS

Nas últimas semanas, presenciamos várias discussões mundiais acerca da explosão dos preços dos alimentos, trazendo inflação e fome. É uma preocupação real na Europa (3,6%), China (8,3%), EUA (4,0%), Rússia (12,7%) e em outros mercados. Diversos estudos têm apontado apenas os biocombustíveis (a) como causa da alta nos preços, ignorando outros fatores, velhos conhecidos, como o crescimento da população mundial (b), enquanto outros são fenômenos recentes, como o desenvolvimento e a distribuição de renda (c) em países populosos; programas governamentais (d) de assistência e acesso a alimentos; o impacto da urbanização (e) e formação de megacidades, aumentando o consumo e mudando hábitos; os preços do petróleo (f), cujo barril subiu de US$ 35 para US$ 125 em 5 anos (aumento no custo de produção e dos transportes); a desvalorização do dólar (g); escassez na produção devido à fatores climáticos e doenças (h) e movimentos de fundos de investimentos nas commodities (i). Qual é a porcentagem de responsabilidade de cada um desses nove fatores, que juntos trouxeram o problema da inflação? Se são apenas os biocombustíveis, por que preços de produtos não relacionados têm subido intensamente nos últimos anos (arroz, feijão, suco de laranja, por exemplo)?

Investimentos globais sustentáveis em biocombustíveis têm sido severamente prejudicados por opiniões equivocadas. Um economista bem informado declarou que "mesmo políticas para biocombustíveis aparentemente positivas, como a fabricação brasileira de etanol de cana-de-açúcar, aceleram o aquecimento global ao promover desmatamento", ignorando nossa geografia. Representante da ONU classificou biocombustíveis como "crime contra a humanidade" e o diretor geral do FMI considerou-os como "problema moral". Pesquisas sérias atestando experiências positivas em sustentabilidade dos biocombustíveis devem ser lidas e estudadas antes que se emitam opiniões. Periódicos internacionais publicam artigos negativos com metodologias obscuras e generalizam os resultados de forma perigosa. Biocombustíveis não podem ser colocados na mesma cesta, há grandes diferenças entre as diversas matérias primas. A sociedade mundial deve se perguntar quem está patrocinando esses "estudos" e por quais interesses. Um bom ponto de partida seria analisar quem perde margens com as mudanças. Como contribuição para o debate sobre inflação, uma agenda global de 10 pontos seria um caminho a ser percorrido, trazendo resultados à produção sustentável de alimentos e biocombustíveis.

Expandir horizontalmente a produção (1) em novas áreas, com sustentabilidade ambiental. A América do Sul usa apenas 25% de sua capacidade e este crescimento poderia ser a redenção da África. No Brasil, reconhecidas instituições atestam mais de 120 milhões de hectares a serem usados, em sua maioria tomando terras degradadas de pastagem e sem tocar em ecossistemas frágeis. Há também a expansão vertical (2) em terras que poderiam produzir mais caso fossem feitos investimentos em tecnologia. A quantidade de milho que um fazendeiro norte-americano pode produzir é duas ou mesmo três vezes maior que outros países.

Redução das tarifas de importação, outras barreiras importantes e protecionismo (3). Os preços de certos alimentos são artificialmente inflacionados. A carne bovina na União Européia chega a custar quatro ou cinco vezes mais que a de mesmíssima qualidade encontrada nas lojas do mesmo varejista europeu no Brasil ou na Argentina. Outras taxações e impostos internos sobre gêneros alimentícios poderiam ser reduzidos aliviando os preços. O novo patamar alcançado pelos preços agrícolas pode permitir que as agriculturas locais se tornem competitivas. Investimentos em logística (4) para que custos sejam reduzidos. Parte dos países produtores apresenta logística extremamente deficitária, como nosso caso. Os governos deveriam aumentar já investimentos nessa área e promover as mudanças institucionais necessárias para facilitar a privatização (para ontem) ou PPPs de portos, estradas, aeroportos, ferrovias e outros equipamentos para distribuição de alimentos. O grau de investimento trará muitas oportunidades de investimentos para privatização, desde que o governo remova suas travas ideológicas e administrativas.


Redução dos custos de transação (5), via reformas institucionais, uma vez que cadeias internacionais de alimentos são mal coordenadas e apresentam redundâncias, mal uso de ativos, corrupção, oportunismo e ineficiências que são responsáveis por grande parte das perdas, aumento dos custos e presença de agentes que não adicionam valor à cadeia de alimentos. Uso das melhores fontes de biocombustíveis (6), de maneira totalmente sustentável. O Brasil produz etanol usando apenas 1% das terras aráveis e suprindo 50% do consumo de combustível, sem causar impacto nos alimentos. São Paulo mostra ser possível avançar na produção de alimentos e biocombustíveis. Produzir etanol a partir de milho não se mostra a melhor solução.

Investimentos em novas gerações de fertilizantes (7), de fontes alternativas, em plantas que absorvam maiores quantidades de energia do sol e em reciclagem de subprodutos como fonte de fertilizantes para mitigar os enormes riscos e custos destes no futuro. Pesquisa e investimentos em inovação (8) principalmente no desenvolvimento genético, novas sementes, para que soluções sejam levadas para a produção com sustentabilidade. Necessitamos de mais contratos de fornecimento sustentáveis para produtores (9). Estímulos nos preços são o melhor incentivo para o crescimento da produção com tecnologia e inclusão. A concentração de agroindústrias e varejo retém margens que poderiam ser melhor distribuídas aos produtores rurais, estimulando o desenvolvimento. Finalmente, trabalhar a mudança do comportamento de consumo de alimentos e combustíveis (10). Alimentos são, por vezes, excessivamente consumidos em muitos países, levando à obesidade, uma grande preocupação da saúde. Também o investimento e o uso de transportes coletivos pela sociedade é fundamental e suas políticas de conscientização.

Minha contribuição neste artigo foi organizar nove efeitos causadores da inflação e propor 10 sugestões para este importante debate. Passamos por um momento crítico, um ponto de inflexão. Nós podemos retroceder, tentando aumentar o protecionismo, fomentar a auto-suficiência de regiões ineficientes, banir os biocombustíveis, criar taxas de exportações, ou mesmo ameaçar transformar companhias privadas em empresas públicas. Ou, então, a sociedade pode caminhar para frente; e eu realmente espero que os interesses globais nos permitam seguir uma agenda positiva, no trilho certo para a sustentabilidade, para o desenvolvimento dos países mais pobres, vencendo interesses escusos e pensamentos medievais (Marcos Fava Neves é professor de Estratégia da FEA-USP de Ribeirão Preto (www.favaneves.org).

Algumas considerações sobre o fim do corte manual de cana

O tema Corte Manual de Cana e as Queimadas é sempre algo polêmico pois, de um lado involve a sociedade e sua pressão pelo final das queimadas e do outro uma parcela da população que realiza um trabalho árduo.

No sentido de melhor esclarecer este tema, segue abaixo a reportagem publicada ontem pelo G1:

BÓIAS-FRIAS DEVEM ACABAR ATÉ 2015, DIZ PESQUISADOR

'Processo de mecanização vem avançando bastante' na colheita de cana, diz. Hoje, cerca de 300 mil pessoas trabalham na colheita da cana no centro-sul.
Estudo do professor de economia agrícola Pedro Ramos, do Instituto de Economia da Unicamp, aponta que o trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar, conhecidos como bóias-frias, deve acabar até 2015 ou mesmo antes desse ano.

“Em primeiro lugar, o fator principal que eu embaso esta perspectiva estão os esforços que vêm sendo feitos para a mecanização da cana, do corte de cana, para total extinção da prática de queimar cana no estado de São Paulo e no Brasil”, disse Ramos ao G1.
“Como hoje o bóia-fria está associado à queima de cana, se você impede a queima, você inviabiliza o corte manual. Você poderia fazer o corte de cana crua, mas o corte de cana crua é muito menos eficiente do que o corte de cana queimada”, destacou ele.

De acordo Ramos, que tem doutorado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), o fim do trabalho de bóias-frias na colheita de cana-de-açúcar pode acabar antes mesmo de 2015, já que “o processo de mecanização vem avançando bastante” no segmento.

“O segundo aspecto é que você tem possibilidade de, até 2015, ter máquinas produzidas no Brasil para o corte mecânico de cana”, disse o professor, destacando que há um protocolo assinado pelos usineiros com o governo de São Paulo para acabar com a queima de cana.

Hoje, segundo o estudo de Ramos, “cerca de 300 mil pessoas trabalham na colheita da cana-de-açúcar no centro-sul”, que engloba estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. “Deste total, 200 mil estão no estado de São Paulo”, afirmou.

O pesquisador enfatiza ainda que algumas usinas já aboliram o trabalho de bóias-frias. “Uma ou outra já fez isso em São Paulo, mas principalmente as novas indústrias que estão sendo instaladas nas regiões de fronteira estão com idéia de mecanização integral, de não ter mais trabalhador cortando cana”, destacou.

Para Ramos, a mecanização do corte de cana-de-açúcar pode baixar os custos da produção. “Estima-se que o barateamento vai chegar até 30%”, disse o professor, que acredita, porém, que o principal benefício da mecanização é a questão ambiental.

“A poluição da cana é exatamente no período de pouca chuva, que é o período de inverno aqui no centro-sul. Evitando queimar a cana, você evita a poluição nesse período. Você também tem a grande vantagem de aproveitar a palha da cana, que é um material energético.”

terça-feira, maio 06, 2008

Agrishow em um ambiente otimista

O cenário do agronegócio está muito favorável e já era esperado um otimismo no Agrishow, conforme podemos verificar na reportagem abaixo:

OTIMISMO FOI MARCA DA AGRISHOW; SECRETARIA APRESENTOU NOVIDADES

Cerca de 135 mil visitantes passaram pela 15ª edição da Agrishow Ribeirão Preto até o último dia 2, com pico de visitação no feriado de 1º de maio (35 mil pessoas). A organização do evento, que começou na última segunda-feira e segue até este sábado, tem previsão de receber 140 mil visitantes. A próxima edição já está agendada para 27 de abril a 2 de maio de 2009. A marca de 2008 foi o otimismo.

Durante todo o período da feira, o gabinete do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João Sampaio, foi transferido para a Ribeirão. Uma série de eventos marca a presença da Pasta: apresentação de novas variedades, programas e ações desenvolvidas pelos institutos de pesquisa, órgãos de assistência técnica e defesa agropecuária.

Os enfoques foram a sustentabilidade e o alimento seguro, com apresentação das variedades desenvolvidas em 2007, demonstradas em plantio no próprio local. Destaques para as cinco variedades de cana, cinco de feijão e quatro tipos especiais de arroz. Os visitantes também puderam saber mais sobre o Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, com ações voltadas para o controle de erosão, recuperação de matas ciliares e fortalecimento das associações de produtores rurais.

Na área de financiamento, conheceram o trabalho executado pelo Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) da Secretaria, que oferece linhas de financiamento com juros de 3% ao ano e prazos de pagamento de até cinco anos aos produtores rurais paulistas com renda bruta anual de até R$ 400 mil, via Banco Nossa Caixa, o agente financeiro do Feap.

ENCONTROS

Vários eventos paralelos reuniram autoridades, setores público e privado em discussões em torno do agronegócio. Marcada pelo fechamento de grandes negócios, no entanto, a Agrishow também teve muita troca de informação e aproximações entre os diversos agentes do setor.

Uma comitiva do México, por exemplo, visitou o estande da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria (Cati) para conhecer os trabalhos direcionados à agricultura familiar, devido à similaridade entre São Paulo e o estado de Puebla. Na oportunidade, os secretários de Agricultura João Sampaio e Alberto Merino, do México, assinaram um protocolo de intenções de cooperação técnica e intercâmbio de recursos humanos, que envolve culturas como cana-de-açúcar, biocombustíveis, hortaliças e aqüicultura.

TRATORES

O governador José Serra esteve na Agrishow, terça. Ele trouxe uma notícia inovadora para os produtores: o incentivo do Estado para que eles possam adquirir tratores com taxa de juro zero, por meio do Programa Agricultura Moderna. São seis mil máquinas e o produtor poderá escolher três modelos, conforme o tamanho de sua propriedade.

“É um incentivo para a modernização da nossa agricultura, para o aumento da produtividade e para fortalecer o pequeno e médio produtor”, observou o governador, na ocasião.

Serra anunciou, ainda, o financiamento para aquisição de notebooks e equipamentos de informática e recursos para obras de infra-estrutura nas propriedades, com o propósito de incrementar a produção e garantir qualidade dos produtos. As medidas valerão a partir de julho.

O último item do pacote anunciado pelo governador é a desburocratização, com maior agilidade no processo de repasse da subvenção ao produtor rural. Com isso, ao contratar o seguro, o produtor não terá mais de pagar à seguradora o valor correspondente à subvenção estadual, uma vez que o pagamento será feito pela Nossa Caixa, diretamente às seguradoras, mediante autorização da Secretaria.

AFTOSA

Outro ponto de destaque da feira foi no dia 1º, quando o secretário lançou a primeira etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa. O pecuarista deve vacinar todo o seu rebanho até o dia 31. O pecuarista tem até 9 de junho para comunicar e comprovar a vacinação na unidade de defesa agropecuária do seu município ou região, sob pena de multa se não o fizer.

O mesmo vale para a vacinação contra a raiva dos herbívoros, que ocorre no mesmo período, obrigatoriamente somente em três regiões do Estado: Mogi das Cruzes, Guaratinguetá e Pindamonhangaba.

Dentre as novidades apresentadas, destaque para a admissão de 356 novos profissionais, informatização dos procedimentos e certificação de propriedades livres de doenças.

Na última campanha de vacinação contra aftosa, em novembro de 2007 São Paulo alcançou 99,18% de um rebanho total de 12 milhões de cabeças

Mudanças em GO trazidas pela cana

Os novos ventos do desenvolvimento trazidos pela cana em Goiás são descritos por esta reportagem do Valor Econômico de hoje:

DISPUTA ENTRE CANA, SOJA E GADO REVIGORA CAMPO GOIANO

"Estou aqui de teimoso. Minha mãe até insistiu para eu ficar, mas vim assim mesmo", diz Deiverson Gomes, com os olhos baixos. Dezoito anos, jeito de menino, primeiro grau completo, Deiverson saiu da região do Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas, para o sudoeste de Goiás atrás de emprego. "Nunca tinha saído de casa antes. Vim com meus amigos. Quero voltar logo". Deiverson faz parte de uma leva de migrantes, recrutados por várias usinas do centro-sul do país para trabalhar nos novos canaviais que se formam no Centro-Oeste. "Nem sabia para que servia a cana", diz.

Ele não é o único. Deiverson é amigo de Rafael Ferreira, 18 anos, que é amigo de Edmar Pires, 23. Os três mosqueteiros do Vale do Jequitinhonha, um dos maiores celeiros de bóias-frias do país, trabalham no mesmo talhão de cana na região de Jataí. Dividem os mesmos gostos musicais e a preferência por óculos escuros. Com exceção de Edmar, nunca tinham pisado em um canavial.

O sudoeste de Goiás virou um ímã para o setor sucroalcooleiro e atrai migrantes de todo país. Dos mais de 80 projetos de novas usinas protocolados no Estado, quase metade é para esta região, com terras de pastagens disponíveis e mais baratas que São Paulo. As cidades de Jataí, Mineiros e Caçu, distante cerca de 120 quilômetros uma das outras, somam aportes de R$ 2,5 bilhões em projetos em andamento, tocados pelos grupos Brenco, Cosan e ETH Bionergia, do Odebrecht.

Com tradição em grãos e pecuária, estas cidades começam a tirar proveito da expansão da cana, que promete emprego e progresso. Há quase dois anos, a cana era considerada uma "praga" paulista. Resignados, os produtores de soja e milho percebem que é um caminho sem volta. Nestas cidades, os aluguéis inflaram, os restaurantes lotam e hotéis são construídos. Bem diferente de 50 anos atrás, quando Jataí era uma pacata cidade do interior que servia de abrigo para vítimas de hanseníase e Mineiros vivia de superstições ainda da época dos quilombos.

Ganharam destaque com o plantio de grãos e pecuária e atraíram os frigoríficos. E até há pouco tempo, a Perdigão reinava quase sozinha lá. Com um complexo industrial em Rio Verde, e investimentos para Jataí e Mineiros, hoje divide os holofotes com as usinas. Ao mesmo tempo em que traz um ânimo novo para a economia desses municípios, a chegada das usinas expõe uma fragilidade típica das cidades pequenas: falta de mão-de-obra especializada. "Se aparecesse um engenheiro, contrataria agora", diz Vitor Gaiardo, dono da Mecol, empresa de instalação elétrica de Jataí.

O mercado está aquecido não só para Mecol. Há vagas também para nível técnico, como operadores de máquina. Sobram emprego em Jataí e Mineiros. Mas só há vagas disponíveis e bons salários para cargos qualificados. A mão-de-obra braçal, usada em larga escala no campo, é ocupada por trabalhadores locais e migrantes. Com projetos bilionários para a região, Brenco, Cosan e ETH estão aproveitando mão-de-obra local nos canaviais. Mas é insuficiente. Trabalhadores da região e de fora começaram a ser treinados nas matrizes. "Recrutamos e levamos para São Paulo", afirma Roberto Sanches, gerente-regional da Cosan, que se mudou com sua família de Piracicaba (SP) para Jataí.

Os amigos Deiverson, Rafael e Edmar foram contratados como cortadores de cana pela Cosan, mas têm a opção de fazer curso para operar máquina. A Cosan está construindo uma usina em Jataí, que começa a operar em 2009, outra em Montevidiu, prevista em 2010, e também em Paraúna.

O prefeito de Jataí, Fernando Henrique Peres (PR), ri à-toa. Ele diz que, além da Cosan, outros três grupos vão erguer usinas na região: Sinimbu, de Alagoas, Elcana, do Rio, e grupo Cabrera, de São Paulo. Jataí terá um zoneamento para cana, mas não fará restrição, como ocorreu em Rio Verde, que limitou o plantio a 10% da área agricultável. Em Mineiros, o cenário é o mesmo. "A cidade vive um momento de êxtase, com a economia se fortalecendo no campo", afirma a prefeita da cidade, Neiba Barcellos (PSDB). Das 960 vagas à disposição de dezembro ao início de abril, só cerca de 200 foram preenchidas. No dia 9 de abril, a Perdigão tinha disponíveis 30 vagas para cargos de nível médio.

Essas cidades crescem, atraem gente de fora, mas temem uma migração desenfreada, sobretudo de mão-de-obra barata. Jataí, com 82 mil habitantes, e Mineiros, com 45 mil, podem crescer 20% no médio prazo, calculam os prefeitos. Como os novos projetos de expansão do setor não contemplam corte de cana manual, a figura do cortador de cana ganhou novos contornos por causa da mecanização. Os tradicionais cortadores são contratados como plantadores de cana. O trabalho não é menos leve. Eles têm carteira assinada para um trabalho temporário de cerca de seis meses. O piso é de cerca de R$ 450, mas o salário pode ser dobrado, de acordo com a produtividade. Um tradicional cortador de cana pode até tirar o triplo.

Estudos mostram que o cortador de cana é um verdadeiro maratonista: 200 batimentos cardíacos por minuto durante o horário de trabalho. Extremamente exaustivo, o trabalho nos canaviais virou alvo de fiscalização do Ministério Público, após nove mortes denunciadas no campo em 2005 em São Paulo. Em 2007, foram quatro mortes no Estado. Nem a Brenco escapou desta patrulha. Com duas usinas em construção em Mineiros e outra em Perolândia, na mesma região, o grupo foi autuado.

A Procuradoria do Trabalho alegou que 17 trabalhadores estavam em condições degradantes em Mineiros. A Brenco nega. O grupo contratou cerca de 700 trabalhadores para plantar cana para colocar em pé um grande complexo de etanol no Estado. José Taragano, diretor da Brenco, diz que boa parte da mão-de-obra poderá ser absorvida nas usinas que estão em construção. Esses trabalhadores estão em alojamento construído pela Brenco na região de Mineiros.

E na expectativa que os mesmos ventos de Jataí e Mineiros soprem na pequena Caçu, de 11 mil habitante, o prefeito da cidade, Gilmar Guimarães (PPS), que se apresenta como futuro governador de Goiás, diz que a cidade, ainda toda revestida por paralelepípedos, está preparada para se tornar um pólo econômico da região. Além das duas usinas da ETH, que também terá uma terceira unidade no Estado em Itarumã, Caçu abrigará cinco hidroelétricas. Como falta mão-de-obra na cidade, a ETH também busca trabalhadores na cidade vizinha, Cachoeira Alta, de 6 mil habitantes. E para chegar nos canaviais recém-formados em Caçu, é preciso pedir licença para os bois.

E eles o abrem o caminho: uns vão pra direita, outros pra esquerda, tudo sob a batuta dos boiadeiros. Assim, na mesma sintonia, o carro rasga a estrada por mais de 30 quilômetros. E lá de longe, onde tudo antes já foi árvores e pastos, abre-se uma longa trilha de cana.