quinta-feira, maio 08, 2008

Algumas considerações sobre o fim do corte manual de cana

O tema Corte Manual de Cana e as Queimadas é sempre algo polêmico pois, de um lado involve a sociedade e sua pressão pelo final das queimadas e do outro uma parcela da população que realiza um trabalho árduo.

No sentido de melhor esclarecer este tema, segue abaixo a reportagem publicada ontem pelo G1:

BÓIAS-FRIAS DEVEM ACABAR ATÉ 2015, DIZ PESQUISADOR

'Processo de mecanização vem avançando bastante' na colheita de cana, diz. Hoje, cerca de 300 mil pessoas trabalham na colheita da cana no centro-sul.
Estudo do professor de economia agrícola Pedro Ramos, do Instituto de Economia da Unicamp, aponta que o trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar, conhecidos como bóias-frias, deve acabar até 2015 ou mesmo antes desse ano.

“Em primeiro lugar, o fator principal que eu embaso esta perspectiva estão os esforços que vêm sendo feitos para a mecanização da cana, do corte de cana, para total extinção da prática de queimar cana no estado de São Paulo e no Brasil”, disse Ramos ao G1.
“Como hoje o bóia-fria está associado à queima de cana, se você impede a queima, você inviabiliza o corte manual. Você poderia fazer o corte de cana crua, mas o corte de cana crua é muito menos eficiente do que o corte de cana queimada”, destacou ele.

De acordo Ramos, que tem doutorado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), o fim do trabalho de bóias-frias na colheita de cana-de-açúcar pode acabar antes mesmo de 2015, já que “o processo de mecanização vem avançando bastante” no segmento.

“O segundo aspecto é que você tem possibilidade de, até 2015, ter máquinas produzidas no Brasil para o corte mecânico de cana”, disse o professor, destacando que há um protocolo assinado pelos usineiros com o governo de São Paulo para acabar com a queima de cana.

Hoje, segundo o estudo de Ramos, “cerca de 300 mil pessoas trabalham na colheita da cana-de-açúcar no centro-sul”, que engloba estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. “Deste total, 200 mil estão no estado de São Paulo”, afirmou.

O pesquisador enfatiza ainda que algumas usinas já aboliram o trabalho de bóias-frias. “Uma ou outra já fez isso em São Paulo, mas principalmente as novas indústrias que estão sendo instaladas nas regiões de fronteira estão com idéia de mecanização integral, de não ter mais trabalhador cortando cana”, destacou.

Para Ramos, a mecanização do corte de cana-de-açúcar pode baixar os custos da produção. “Estima-se que o barateamento vai chegar até 30%”, disse o professor, que acredita, porém, que o principal benefício da mecanização é a questão ambiental.

“A poluição da cana é exatamente no período de pouca chuva, que é o período de inverno aqui no centro-sul. Evitando queimar a cana, você evita a poluição nesse período. Você também tem a grande vantagem de aproveitar a palha da cana, que é um material energético.”

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