quarta-feira, dezembro 31, 2008

Cotações das commodities despencam em 2008 em NY

Para terminar os posts sobre cotações, obtive também no Wikinvest cotações da principais commodities brasileiras cotadas na Chicago Board of Trade (CBOT)- milho e soja, New York Mercantile Exchange (NYMEX)- açúcar, café e cacau e New York Board of Trade (NYBOT) - algodão e suco de laranja durante todo o ano, sempre considerando-se o último vencimento:









Podemos verificar que, excessão do cacau, as demais commodities tiveram queda no preço neste ano e que todas as quedas abruptas ocorreram no final de setembro, época do agravamento da crise, mostrando como os fundos rapidamente retiram suas posições nas commodities.

Como investimento, o resultado final da médias das commodities também foi parecido ao da Bovespa e da NYSE, ou seja, de cada 100 dólares investidos em janeiro de 2008, o investidor chegou em dezembro com apenas cerca de US$60 a 65

Ações do agronegócio também caem em Wall Street

Aproveitando a análise que fiz sobre o desempenho das empresas do agronegócio na Bovespa, resolvi fazer uma análise semelhante em Wall Street para verificar se os comportamentos eram semelhantes.

Foram escolhidas 12 empresas baseados na lista da Fortune500 considerando-se os setores de produção de alimentos, produtos alimentícios de consumo e produtos florestais e papel. As 12 empresas escolhidas encontram-se na tabela e nos gráficos abaixo:





Os dados e os gráficos foram obtidos no site Wikivest, inclusive mostrando algumas anotações criadas pelos usuários para eventos importantes relacionados com as empresas. Para acessar o site, clique aqui.


Podemos observar que o desempenho médio das ações foi muito parecido com as ações da Bovespa, sendo que somente a General Mills teve desempenho positivo. Quando comparamos as ações com os 3 principais índices da bolsa de Nova Iorque, Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 que teve média igual a 62,8, verificamos que o desempenho médio das ações ainda foi ligeiramente superior à média das bolsas.

Como conclusão temos que, lá como cá, o desempenho do setor do agronegócio foi ligeiramente superior aos demais setores.




Ações recomendadas pela Exame - Análise Final

Desde o início do ano venho acompanhando 4 ações de empresas do agronegócio brasileiro recomendadas por alguns analistas à revista Exame na edição de 07 de fevereiro. As ações são:
  • Sadia (SDIA4)
  • Perdigão (PRGA3)
  • SLC Agrícola (SLCE3)
  • Aracruz (ARCZ6)

As expectativas eram de crescimento e podem ser encontradas no post de 09 de julho com o título de Ações do Agronegócio recomendadas pela Exame, bem como os resultados do primeiro semestre e a a comparação com as 6 maiores empresas do Anuário Exame do Agronegócio e adicionei por minha conta, mais duas empresas do setor sucroalcooleiro (setor em expansão).

A análise feita no primeiro semestre mostrou um excelente desempenho das ações recomendadas, com crescimento superior à média das outras oito empresas e ainda melhor do que o Índice Bovespa, entretanto a crise chegou....

Abaixo temos o gráfico mostrando o comportamento das ações durante todo o ano, que nos mostra que até o final de setembro, as ações recomendadas pela Exame (Índice Exame) tiveram um desempenho melhor do que as demais do agronegócio e ainda melhor do que o Índice Bovespa.

Porém com o agravamento da crise, o Índice Exame caiu abaixo das demais e permaneceu até o final do ano nesta condição. Podemos observar que as demais ações do agronegócio tiveram um desempenho muito similar ao do Índice Bovespa nos 3 últimos meses do ano.

Mas, como era esperado, a maior parte das ações tiveram um desempenho péssimo durante o segundo semestre devido à crise mundial. Entretanto, vale a pena ressaltar que, conforme mostrado nos dois gráficos abaixo, as ações da SLC Agrícola, Souza Cruz e JBS Friboi conseguiram ter um desempenho ligeiramente superior às demais.

Os piores desempenhos foram de Sadia, Aracruz e Votorantim Celulose e Papel principalmente devido aos problemas com derivativos de dólar.

De modo geral, durante grande parte do ano, as ações vinculadas ao agronegócio tiveram um bom desempenho quando comparadas ao Índice Bovespa devido, principalmente, a qualidade da nossa produção agroindustrial, porém a queda nos preços das commodities agrícolas devido à queda da demanda mundial e também a problemas no câmbio fez com que a queda fosse maior nestas ações tornando-as, em alguns casos, um pior investimento quando comparado à aplicação na Bovespa como um todo.

Resta agora esperar o próximo ano para observar se as perdas serão recuperadas e os fantásticos números do primeiro semestre na Bovespa se repitam.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Embrapa desenvolve alternativa aos fertilizantes importados

A agricultura moderna é cada vez mais dependente de fertilizantes que são derivados do petróleo, além disso o Brasil importa quantidade representativa deste insumo, que no futuro pensará ainda mais em nossa balança comercial. A Embrapa desenvolve pesquisas visando a diminuição desta dependência, bem como um aumento no grau de sustentabilidade de nossa agricultura. A notícia abaixo foi publicada na Gazeta Mercantil de sexta-feira passada:

Projeto reduz dependência externa de nutriente

SÃO PAULO, 26 de dezembro de 2008 - Em parceria com empresas do setor privado, a Embrapa Solos está desenvolvendo fertilizantes orgânicos à base de resíduos industriais. Com isso, o Brasil poderá reduzir a importação de nutrientes, que representa atualmente 75% do total de 30 milhões de toneladas consumidas por ano.

Segundo o pesquisador José Carlos Polidoro, um dos coordenadores do projeto, atualmente o país importa 75% dos nutrientes que consome na agricultura, seja em resíduos orgânicos ou minerais, o que corresponde a um total de 22 milhões a 24 milhões de toneladas por ano. Quanto ao potássio, o país importa anualmente 92% do volume consumido. "E a tendência é aumentar."

A Roda d'Água, de Minas Gerais, foi a primeira empresa privada que procurou a Embrapa, interessada em criar produtos inéditos no mercado de agricultura orgânica, desenvolvendo fertilizantes próprios para a agricultura tropical, para maior aproveitamento dos nutrientes. Polidoro disse que o objetivo da Embrapa Solos é estimula empresas nacionais que já produzem fertilizantes orgânicos por processos não-tecnológicos, baseados na simples compostagem de resíduos orgânicos, oferecendo apoio tecnológico para que seus produtos tenham garantias técnicas mínimas que substituam o produto importado.

Inicialmente, a Embrapa Solos aproveitará resíduos usados pelo grupo Roda d'Água como matéria-prima - resíduos de cervejaria, como bagaço da cevada, fornecido pela Ambev, e do restaurante industrial da montadora de automóveis Fiat, para transformar em fertilizante orgânico. "O que queremos agora é aprimorar esse fertilizante."

De acordo com Polidoro, o produto atende as exigências para registro no Ministério da Agricultura. "Só que não compete com o fertilizante mineral importado, porque tem teor muito baixo de nutrientes." Com esse serviço, a Embrapa busca usar sua tecnologia para colocar no mercado um fertilizante em condições de competir com o importado.

Outro aspecto positivo é a proteção do meio ambiente por intermédio do reaproveitamento de resíduos na produção do fertilizante. Para Polidoro, o uso de fertilizantes adequados é um dos fatores necessários para a agricultura orgânica brasileira alcançar alta produtividade com baixo impacto ambiental. "Aí, torna-se uma atividade profissional, que sempre se deve procurar na agricultura." A terra preta, fertilizante encontrado comumente em supermercados, não é um insumo adequado para sustentar uma agricultura de alto padrão, disse o pesquisador, em entrevista à Agência Brasil.

Oito pesquisadores trabalham no projeto de fertilizantes orgânicos, que usa também resíduos como aparas de grama, carvão, biofortificação e dejetos de cavalos. "Além de ser uma alternativa viável para diminuir a dependência externa de insumos, evita-se o impacto ambiental desses resíduos todos', afirmou Polidoro.

Ele ressaltou que mesmo os produtos importados têm de ser bem aproveitados na agricultura: "Não podemos jogar fertilizante fora, nem deixar que resíduos como potássio sejam destinados a lixões e aterros sanitários, ou que fiquem acumulados em pátios de indústrias. Isso tem de se tornar fertilizante." Para ele, as empresas precisam começar a produzir fertilizante orgânico competitivo a partir de resíduos industriais, com adição de tecnologia. Para a agricultura brasileira, que depende de 75% de fertilizantes importados, trata-se de uma questão de 'segurança nacional', uma vez que o país precisa do agronegócio para manter a balança comercial positiva, disse.

"É um perigo depender tanto de uma importação dessa, porque são poucos os países que exportam nutrientes". Os principais exportadores de potássio são Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Polidoro informou que o único nutriente para fertilizantes produzido atualmente no Brasil é o fosfato, que equivale a 50% do consumo. Em 1993, o país produzia 100% de fosfato. "Tinha até excedente, que exportávamos para a América Latina. Hoje, importamos metade do fosfato". Com elevada reserva de fosfato, Marrocos é o principal fornecedor desse mineral ao Brasil.

As empresas interessadas na parceria para produção de fertilizante orgânico tecnológico devem procurar a Rede Nacional de Fertilizantes, recém-aprovada no Sistema Embrapa de Gestão de Projeto. A rede é liderada pela Embrapa Solos e integrada por indústrias em geral, fábricas de fertilizantes, órgãos de fomento e universidades, além de agricultores. Seu foco central é a diminuição da dependência externa de nutrientes do Brasil.

As informações são da Agência Brasil (Redação - InvestNews)

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Aumenta internacionalização na produção de álcool no Brasil

Conforme era esperado devido aos grandes investimentos realizados por empresas internacionais no setor sucroalcooleiro, o Valor Econômico de hoje noticia o aumento da participação destas empresas na produção canavieira. Abaixo segue a notícia na íntegra:

Cresce a participação dos estrangeiros na moagem de cana
Mônica Scaramuzzo, de São Paulo

A participação de grupos estrangeiros na moagem de cana no Brasil deverá crescer de forma expressiva na safra 2009/10, que terá início a partir de março de 2009. A fatia saltará dos 12,4% neste atual ciclo para 14,4%, segundo levantamento da consultoria Datagro. No início dos anos 2000, o capital internacional respondia por pouco mais de 1% da produção nacional.

O crescimento do capital estrangeiro no setor sucroalcooleiro deve-se, sobretudo, aos novos projetos "greenfield" (construção a partir do zero) que estão entrando em operação no país, e aos recentes investimentos de grupos internacionais.

Nesta safra, a 2008/09, os grupos estrangeiros deverão moer cerca de 70 milhões de toneladas de cana, aumento de 24% sobre o ciclo passado (de 56,25 milhões de toneladas). Para 2009/10, a expectativa é de que o processamento da cana de usinas controladas por capital internacional atinja 85 milhões de toneladas.

O avanço do capital externo no setor começou a se intensificar a partir do ano passado, com fortes aportes de grupos e fundos de investimentos no país. No início de 2007, o grupo francês Louis Dreyfus comprou, de uma só tacada, comprou cinco usinas, totalizando oito unidades. Para 2009/10, a companhia planeja processar 20 milhões de toneladas, um aumento de 30% sobre 2007/08.

Neste ano, a Bunge anunciou aquisições e projetos de construção de usinas, aumentando sua fatia no setor. Fundos estrangeiros, como a CEB (Clean Energy Brazil), também aportaram recursos em usinas nacionais.

Segundo Plínio Nastari, presidente da Datagro, o balanço também inclui a fatia de investidores estrangeiros em grupos nacionais, como a Cosan, São Martinho e Tereos, controlador da Açúcar Guarani. A trading japonesa Sojitz também adquiriu participação na ETH Bionergia, da Odebrecht. Em 2009, a ETH, com duas usinas em operação, planeja dar início às operações de três novas unidades.

Para a safra 2009/10, a Datagro prevê uma moagem de 588 milhões de toneladas de cana no Brasil, um aumento de 4,2% sobre o atual ciclo, de 564 milhões de toneladas. No Centro-Sul, onde estão concentrados os principais grupos estrangeiros, o processamento de cana está estimado em 520 milhões de toneladas, aumento de 4,4% sobre o atual ciclo (498 milhões de toneladas).

A moagem de cana poderia ser maior no país, caso as usinas processassem toda cana disponível nas lavouras. A Datagro prevê que entre 20 milhões e 30 milhões de toneladas deverão ficar em pé nos canaviais em 2008/09. Em 2009/10, esse volume poderá atingir até 40 milhões de toneladas.

Com escassez de crédito, boa parte das usinas deverá renovar pouco os canaviais e reduzir os reparos em equipamentos industriais. "Não acho que essa seja a pior crise de todos os tempos para o setor. Apesar da turbulência, a demanda para açúcar e álcool é crescente, diferentemente de outros setores, como mineração, por exemplo", disse Nastari.

Segundo Nastari, a pior crise do setor ainda é a de 1999. "O setor iniciou a safra 2000/01 com estoques de 1,8 bilhão de litros de álcool nas mãos das usinas. Foi um período muito difícil, logo após a desregulamentação do governo sobre os preços. O setor não tinha experiência na comercialização independente de álcool", observou. Àquela época, as cotações do álcool no mercado estavam três vezes abaixo dos custos de produção.

Nesta safra, os preços do álcool também operaram abaixo dos custos durante o pico da colheita. Na sexta-feira, o litro do anidro fechou a R$ 0,,879 (sem imposto), queda de 0,28% sobre a semana anterior; o hidratado fechou a R$ 0,7386, alta de 0,36% sobre a semana anterior, segundo o Cepea.

Dados sobre Etanol e Biodiesel no Brasil

Na edição do Anuário EXAME 2008-2009 de Infra-estrutura encontrei alguns dados interessantes sobre biocombustíveis que irei compartilhar.

O primeiro dado interessante está relacionado à matriz energética brasileira, mostrado na figura abaixo. Nela podemos ver a importância do etanol e seus derivados (no caso, o bagaço) representando 16% do total, ou seja, um sexto do total. Outra importante fonte oriunda do agronegócio é o carvão vegetal que ainda é obtida grande parte de madeira não cultivada para este fim, mas existe a tendência do aumento das florestas cultivadas para uso energético.

Etanol

Segundo a Exame, o preço do etanol brasileiro ainda é imbatível apesar do aumento nos custos de produção ocorrido nos últimos 12 meses, passando de 22 para 45 centavos de dólar o litro do álcool anidro pois os custos do etanol de milho nos EUA e de beterraba produzido na Europa são respectivamente, 0,66 e 1,28 dólar o litro. Entretanto, necessitamos de investimento em pesquisa em etanol celulósico para não perdermos esta liderança.

Com relação ao etanol, antes de falar sobre os dados gerais, comentarei sobre a avaliação geral do segmento realizada pela revista que levou em conta marco regulatório, questões legais, tributárias e institucionais além dos aspectos relacionados aos investimentos. Para cada item foi dada um critério verde, amarelo e vermelho, que representam uma escala de problemas impedindo a realização dos investimentos necessários para atender às exigências do país.

As avaliações positivas (verde) foram dadas para o marco regulatório, questões institucionais enquanto que os demais itens (questões legais, tributárias e investimentos) a avaliação foi a amarela, principalmente devido à falta de legislação que impede a criação de um mercado futuro de etanol, diferenças significativas na alíquota do ICMS e a crise internacional que fez com que ocorresse problemas de liquidez que podem afetar os investimentos.

Os principais desafios ao setor estão relacionados à escassez de milho nos EUA que pode aumentar a nossa exportação e à criação de infra-estrutura de transporte ainda muito dependente das rodovias, entretanto para tanto necessitamos de investimentos na capacidade produtiva e na infra-estrutura necessária para viabilizar exportação de grandes volumes.

Os principais dados do setor encontram-se nas figuras abaixo:







Das figuras acima vale a pena comentar a perda da primeira posição na produção mundial de etanol para os EUA e que mesmo assim ele importou cerca de 25% do total exportado pelo Brasil, apesar do total exportado ser muito pouco ainda perto do total produzido, menos de 10%.

Com relação ao mercado interno, vemos a supremacia paulista na produção enquanto que o estado de Goiás caminha firme para a segunda posição em virtude do grande número de novas usinas a serem instaladas lá.

O mercado de carros bicombustível já está se estabilizando em patamares próximos a 90% do total de veículos fazendo com que o mercado interno cresça ano a ano.

Biodiesel

O biodiesel apresenta um cenário diferente, tanto é que enquanto que o título para o análise do etanol era “O preço brasileiro ainda é imbatível” o mesmo para o biodiesel é “Faltou combinar com o mercado”, mostrando os problemas de mercado que enfrenta.

A principal matéria-prima, a soja, teve um grande aumento em suas cotações causando sérios problemas aos produtores devido à diferença entre a cotação do grão e o baixo preço do combustível pago pelos leilões, isso fez com que a Agência Nacional do Petróleo autorizasse a compra direta das distribuidoras nos produtores possibilitando a formação de estoques. Após aumentar a mistura obrigatória de 2% para 3% em julho, o governo pensa em antecipar a meta de adição de 5% de 2013 para 2009 ou 2010 na tentativa de melhorar o cenário ajudando a emplacar o programa.

Diferente do etanol que obteve 2 avaliações positivas e 3 avaliações intermediárias, o biodiesel recebeu 2 avaliações negativas e 3 avaliações intermediárias. As avaliações negativas (vermelhas) foram dadas para o marco regulatório que ainda necessita de marco regulatórios e algumas empresas venderam produto nos leilões e não entregam e não houve nenhuma tipo de punição e também as questões intitucionais pelo fato da Petrobras estreiar como produtora de biodiesel com 3 usinas inauguradas com capacidade de produção de 13% do mercado atual, mostrando assim um sinal de concentração e estatização do segmento.

As questões legais mostram que apesar do aumento da adição de 2% para 3% não ocorreu diminuição do diesel importado devido ao aumento do consumo e que a mistura de 5% não fará com que o preço final do óleo diesel abaixe, pois o biodiesel ainda é mais caro que o óleo diesel.

Nas questões tributárias, o biodiesel ainda é muito dependente dos subsídios do governo e atrelar redução de impostos à compra de matéria-prima de pequenos produtores pode comprometer a escala de produção.

Os investimentos estão caindo devido à questão do custo de produção alto porém a Petrobras Biocombustíveis planeja montar mais uma usina para produzir a partir de dendê e girassol.

Os principais desafios estão relacionados à encontrar uma matéria-prima competitiva e sustentável, dissociar política energética da política social para garantir escala de produção e tambem criar marcos regulatórios definidos e desenvolver o biodiesel como commodity.

Abaixo alguns dados sobre o setor:




Com relação aos dados apresentandos, podemos verificar a hegemonia da soja representando 2/3 do total e a capacidade instalada atualmente é muito superior a capacidade utilizada, fazendo com que existam poucos projetos em autorização.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Mesmo com petróleo mais barato, plástico verde se viabiliza

Apesar dos valores do petróleo estarem em queda e terem caido, por pouco, abaixo de 40 dólares, parece que a viabilidade econômica dos plásticos de etanol chegou para ficar. Abaixo segue a reportagem de quarta-feira do Valor Econômico que fala sobre isso e para comparação, no final da reportagem o gráfico do valor do barril do petróleo nos últimos meses com dados do Invertia do TERRA:

BRASKEM: PLÁSTICO VERDE SE VIABILIZA COM PETRÓLEO A US$ 40

Nem 2008 acabou nem 2009 começou. Mas o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, já começa a pensar como será a maior petroquímica da América Latina em 2020. Até meados do próximo ano, Gradin, que assumiu o cargo em agosto, apresentará ao conselho de administração uma proposta para definir o modelo pelo qual espera sustentar o crescimento da companhia no futuro. "A proposta que faremos é como vamos nos tornar uma empresa global, e como crescer muito mais que na região", disse Gradin, em entrevista ao Valor.

A Braskem, que se formou em 2002 unindo inúmeras fábricas de produção de petroquímicos no Brasil, é hoje uma empresa com ativos com presença nacional e interesses na região da América Latina - maior empresa petroquímica do país, ela tem planos bilionários de investimento na Venezuela para o início da próxima década.

As diretrizes do projeto conhecido como Visão 2020 prevêem transformar a Braskem numa petroquímica com presença de fábricas em outros continentes. "Os veículos e que regiões e como chegar é que serão detalhados ao longo do próximo ano", afirmou Gradin.

Antes do plano de expansão internacional além das Américas, a Braskem tem dois grandes projetos que Gradin classifica de "emblemáticos" - a fábrica de polietileno fabricado a partir do etanol de cana-de-açúcar e o projeto de construção de um novo pólo petroquímico na Venezuela à base de gás natural.

Gradin avalia que a fábrica de produção de plástico "verde" se viabiliza mesmo numa situação com o preço do petróleo ao redor de US$ 40 o barril. Para ele, o plástico à base de etanol será cada vez mais competitivo, com aumento da produtividade da cana, usinas integradas e geradoras de energias e sistemas logísticos aperfeiçoados.

Por outro lado, o presidente da Braskem avalia que o preço do petróleo não deve ficar por muito tempo na casa dos US$ 40 por um motivo bastante singelo: falta petróleo no mundo, assegura. Gradin acha que será uma tendência cada vez maior, e não relegada a um nicho de negócio.

"A Braskem está se posicionando como a primeira empresa a fazer um projeto em escala e muita gente irá repetir", disse. Nas contas de Gradin, até 2020, a expectativa é que a Braskem tenha cerca de 20% de sua produção de polietileno com fonte de matéria-prima renovável - cerca de 800 mil toneladas, quatro vezes mais do que a capacidade inicial da primeira fábrica, prevista para o Rio Grande do Sul até o início da próxima década.

Nos últimos tempos, a Braskem definiu reduzir sua dependência à nafta, um derivado do petróleo, que tem diminuído à rentabilidade da companhia. Dizendo-se otimista, Gradin avalia que o investimento na Venezuela não deverá passar por dificuldades para ser financiado.

"No nosso pacote financeiro, temos acordo com agências multilaterais, que são mais acíclicas que outras instituições, e os fornecedores de equipamentos tem o interesse no projeto", disse.

A diretoria da Braskem apresenta hoje ao conselho de administração seu plano de investimento para a 2009. O valor deve ser inferior ao de 2008, que deverá fechar em cerca de R$ 1,2 bilhão.

A razão para um valor menor, segundo a companhia, é que pesaram neste ano os investimentos para consolidação - compra de ativos do grupo Ipiranga - e a parada de manutenção das centrais petroquímicas.

Um outro lado da crise é que a petroquímica avalia que seus futuros investimentos poderão sair mais em conta com o desaquecimento da economia mundial. "Fizemos um primeiro orçamento em setembro, mas decidimos esperar para que viesse melhor", disse Gradin.

"Há expectativa de que os valores dos investimentos vão cair 30% a 40%. A restrição é para quem não tem caixa ou problema de crédito - nestas situações, a Braskem está muito bem"

Cotações do Barril de Petróleo

Fonte:Invertia (Portal Terra)

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Cana: Crescimento da moagem e muita cana deixada em pé

Duas notícias da Agência Estado publicadas hoje mostram o cenário atual do setor sucroalcooleiro. A primeira notícia disponibilizada às 12 horas e disponível na íntegra aqui, fala sobre a projeção da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que mostra um crescimento de cerca de 14% na cana moída nesta safra, totalizando 570 milhões de toneladas em 8,5 milhões de hectares.

E uma segunda notícia disponibilizada às 15 horas (disponível originalmente aqui) mostra que cerca de 320 mil hectares serão deixadas em pé nesta safra. Isso pode ter ocorrido devido à queda de demanda que favoreceu a decisão de não cortar a cana, problemas na montagem de usinas que atrasou a safra em algumas usinas e também a problemas de clima no início da safra.

Abaixo seguem as notícias na íntegra:

Conab: esmagamento de cana deve atingir 571,4 mi/t em 2008

Brasília, 15 - A indústria sucroalcooleira vai processar neste ano 571,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume 13,9% superior ao processado no ano passado. A área cultivada com canaviais é de 8,5 milhões de hectares. A região Centro-Sul será responsável pela moagem de 87,9% da cana e o restante (12,1%) será processado nas regiões Norte e Nordeste. Os dados fazem parte do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de cana 2008, divulgado hoje.

Segundo o levantamento, as usinas irão processar 246,9 milhões de toneladas de cana para produção de 32,1 milhões de toneladas de açúcar. A produção de etanol vai consumir 325,3 milhões de toneladas de cana. A Conab estima a produção de álcool combustível em 26,6 bilhões de litros, sendo 10,1 bilhões de anidro e 16,5 bilhões de hidratado. Do total de cana processado pelo setor sucroalcooleiro, o volume destinado a produção de açúcar cresceu 6,7% e para o álcool, 20,1%.

O presidente da Conab, Vagner Rossi, avaliou que apesar da instabilidade registrada nos últimos meses, a valorização do dólar ajudou em parte o produtor a recuperar o preço de venda, estimulando as exportações. "Somos um dos maiores produtores de açúcar do mundo e referência na fabricação de combustível a partir de matrizes de energia renováveis", afirmou.

A produção total de cana-de-açúcar no País neste ano somará 651,5 milhões de toneladas. Para cachaça, rapadura e ração animal serão destinadas 80,1 milhões de toneladas de cana.

A Conab informou ainda que a matéria-prima plantada em 315,9 mil de hectares só irá para indústria no início do próximo ano, porque com as chuvas ocorridas em abril e maio na região Centro-Sul e o atraso do início de operação de novas unidades de produção, os usineiros não tiveram tempo suficiente para moer toda a cana. (Fabíola Salvador)

Cana deixada em pé reflete crise no setor, avalia Conab

Brasília, 15 - O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi, afirmou hoje que a crise financeira internacional reduziu a demanda por açúcar e álcool e influenciou na decisão da iniciativa privada de deixar de colher 315,9 mil hectares de cana-de-açúcar na safra atual. Ele disse que as chuvas verificadas nos meses de abril e maio no Centro-Sul também determinaram esse quadro.

O diretor de Cana-de-açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Alexandre Strapasson, informou que o volume de cana que não foi cortado vai acabar favorecendo o mercado de açúcar e álcool no ano que vem. "As unidades vão antecipar o esmagamento", comentou ele, ao lembrar que a entressafra da cana termina em abril.

Strapasson afirmou que o governo esperava volume maior de cana "bisada", que é um termo técnico para o canavial que não é cortado no ano-safra em que deveria ser tido colhido. De acordo com ele, o volume ficou abaixo do previsto pelo governo porque muitas usinas continuaram esmagando a safra além do período normal. Ele observou que muitas usinas do Centro-Sul ainda estão esmagando a cana, quando o normal seria a paralisação das atividades nesta época do ano.

O presidente da Conab ressaltou que a crise internacional, que resultou na falta de crédito, prejudicou o ritmo de instalação de novos projetos de usinas sucroalcooleiras. A falta de recursos também deve comprometer a adubação dos canaviais, o que pode reduzir a produtividade da cana no ano que vem. "A euforia não é bom conselheiro para os negócios. É preciso fazer negócios com segurança", afirmou Rossi.

O presidente da Conab acrescentou que, antes da crise, havia disponibilidade de dinheiro no mercado internacional, o que facilitava a construção de novas usinas. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, existem 417 usinas instaladas no Brasil, das quais 30 foram inauguradas este ano. O número de inaugurações é similar ao do ano passado.

Strapasson informou que existe potencial para exportação de etanol, mas que muitos mercados ainda não foram efetivamente abertos. O diretor comentou também sobre o abastecimento de álcool na entressafra na Região Centro-Sul, que vai de janeiro a março. Nesse período, ele acredita que haverá pequena elevação dos preços do álcool. "Há um custo para carregar estoques e a iniciativa privada vai repassá-lo aos preços". Ele não falou sobre níveis de preço, mas lembrou que a variação está diretamente relacionada ao preço da gasolina.

Estoque

O diretor do Ministério da Agricultura disse que a expectativa é de estoque ajustado à demanda no início de 2009. Hoje o estoque soma cerca de 5,2 bilhões de litros de álcool e a variação até o período de entressafra dependerá da relação de preço entre álcool e gasolina.

Strapasson observou que este ano o mercado foi de preço baixo para o consumidor, o que favorece a população, mas impede novos investimentos. Ele salientou que o cenário é positivo para o mercado de açúcar, já que as projeções indicam crescimento da demanda mundial. Ele disse que as projeções indicam déficit de 3 milhões a 7 milhões de toneladas de açúcar no mercado internacional. Parte desse déficit é justificada pela queda na produção da Índia.

O Brasil é responsável, segundo Strapasson, por cerca de 40% do mercado mundial de açúcar. Apesar da aposta no mercado externo, ele disse que no caso do álcool o grande potencial de venda está no mercado doméstico, onde a demanda por carros flex (bicombustível) é cada vez maior.

Sobre o mecanismo de apoio à produção de açúcar e álcool do Nordeste, prevista na Medida Provisória 449, Strapasson comentou que a expectativa é que o modelo de apoio seja definido e aprovado nas próximas semanas. (Fabíola Salvador)

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Crise fará com que agronegócio recue 3 anos

Segundo nota publicada no Blog Mundo Agro do Portal Exame, apesar dos bons resultados deste anos, a crise, segundo analistas, fará com que o saldo da balança comercial do agronegócio recue para valores de 2006. Na sequência nota na íntegra que também pode ser encontrada no blog clicando aqui:

Um recuo de três anos

O Ministério da Agricultura acabou de divulgar os dados de exportação do agronegócio brasileiro. Os números mostram que, nos primeiros 11 meses de 2008, as vendas externas somaram 67 bilhões de dólares, um crescimento de quase 27% em relação ao mesmo período de 2007.

O saldo comercial da balança comercial do campo também avançou - passou de 45,9 bilhões de dólares para 56,1 bilhões de dólares (também no mesmo período de onze meses). As notícias são muito boas, mas infelizmente os dados não são capazes de mudar o futuro. As projeções para 2009 apontam uma forte redução, decorrente da crise mundial.

A RC Consultores estima que o saldo comercial do agronegócio deve fechar em quase 39 bilhões de dólares no ano que vem, uma queda de 27%. Uma ressalva: as projeções da RC costumam ser menores porque não consideram as exportações de alguns setores ligados ao agronegócio, como o de papel e celulose, por exemplo. De qualquer forma, se a projeção da consultoria se confirmar, o saldo brasileiro voltará quase ao nível de 2006 - ano em o superávit comercial do agronegócio chegou a 35,3 bilhões de dólares. Esse recuo de três anos deixará conseqüências.

A expansão da produção agropecuária deverá ser bem mais complicada na safra seguinte, 2009/2010. O volume menor de dólares entrando no Brasil também irá exercer uma pressão de alta na cotação da moeda americana por aqui. Resultado: o país inteiro pagará a conta.

Por Fabiane Rodrigues Stefano

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Fundamentos do etanol estão bem, segundo UNICA

Apesar das notícias do post anterior, a UNICA (União da Agroindústria de Cana-de-Açúcar) avalia que os fundamentos do setor sucroalcooleiro estão bem. Abaixo segue nota publicada pela UNICA em seu site:

UNICA: Fundamentos do etanol de cana continuam fortes

Os fundamentos do setor sucroenergético brasileiro são bons em comparação com a realidade de outras indústrias de bicombustível. A avaliação foi feita pelo representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na América do Norte, Joel Velasco, em duas apresentações realizadas no Canadá: uma durante o “Canadian Renewable Fuels Summit”, em Ottawa, a outra para o “Canadian Council of the Americas”, em Toronto.

Com o comentário, o executivo da UNICA respondeu às preocupações quanto ao impacto dos altos custos de produção e da crise no sistema financeiro global sobre a produção de etanol, manifestadas especialmente por produtores de etanol dos Estados Unidos e do Canadá que vem pedindo socorro a seus governos. Conforme noticiado pelo diário The Hill, que circula nos meios políticos de Washington, os produtores americanos querem não só um aumento no limite de etanol de milho que pode ser misturado à gasolina (hoje, o limite é de 10%), mas também pedem mais incentivos fiscais (leia-se subsídios) do governo americano.
Entre os fatos apresentados por Velasco que exemplificam os fundamentos do etanol brasileiro está o que mostra que o setor sucroenergético produz açúcar e bioeletricidade, além do etanol a partir da cana-de-açúcar. “Em breve vamos ter outros produtos, como plásticos e hidrocarbonetos, todos originados da cana”, afirmou.

A expansão sustentável do setor sucroenergético no Brasil também figurou nas argumentações apresentadas. “Tanto do ponto de vista ambiental como econômico e social, a indústria de cana brasileira tem se mostrado sustentável. Por isso, continuamos recebendo novos investidores, como ADM e Monsanto, apenas para citar duas grandes empresas que anunciaram investimentos no setor recentemente”, concluiu Velasco.

Nesta semana, o JP Morgan divulgou um relatório que dá sustentação ao discurso feito por Velasco no Canadá. O documento demonstra claramente que o setor sucroenergético brasileiro oferece muitas oportunidades, como o número crescente de outros produtos, além do etanol, que podem ser produzidos a partir da cana-de-açúcar.

“No Canadá”, informou o executivo da UNICA, “ainda se usa muito milho e trigo para produzir etanol, embora haja também muito investimento em tecnologias para produção do etanol celulósico. Talvez a mais bem sucedida usina de etanol celulósico seja a da Iogen.
Para baixar a apresentação feita por Velasco nos eventos no Canadá, clique aqui.

Será que petróleo barato inviabilizará biocombustíveis?

Encontrei nesta semana duas notícias interessante sobre a questão preço do petróleo versus viabilidade de biocombustíveis. A primeira é uma nota publicada em 28/11 no Blog Mundo Agro da Fabiane Stefano no Portal Exame onde ela comenta o problema do petróleo barato e a possibilidade de tirar a viabilidade do biodiesel e do etanol.

E a segunda é análise do Merryll Lynch publicada na Folha de São Paulo hoje que fala de petróleo na faixa dos 25 dólares no ano que vem em virtude da queda da demanda. Seguem abaixo as duas notícias:

O PROBLEMA DO PETRÓLEO BARATO

A cotação do barril de petróleo na casa dos 50 dólares jogou um banho de água fria no entusiasmo em relação aos biocombustíveis no Brasil. Em junho, o preço do petróleo bateu 145 dólares, viabilizando a produção de quase todos os combustíveis verdes do mundo. Com a crise, a commodity desceu ladeira abaixo e deve promover um forte rearranjo no setor de biocombustíveis.

O etanol brasileiro, feito a partir de cana de açúcar, continua no páreo. Sua viabilidade econômica resiste a um petróleo a 35 dólares o barril. Mas as pretensões de tornar o combustível uma commodity global não combinam com esse patamar, uma vez que a produção de outros tipos de etanol (como o de milho e o de trigo, nos Estados Unidos e na Europa, respectivamente) fica economicamente inviável.

E, como não existe commodity global produzida em único país, fica difícil convencer o mundo rico a adotar um biocombustível cuja formação de preço está restrita a um único lugar (nesse caso o Brasil).

Naturalmente, a situação pode mudar. Mas os dados mais recentes indicam uma desaceleração que pode ser duradoura. Ou seja, o plano de internacionalização do etanol brasileiro deve permanecer em compasso de espera.

Se há fôlego para o etanol brasileiro com o petróleo baratinho, não se pode dizer o mesmo do biodiesel. Antes da queda da commodity, o combustível a partir de óleo vegetal (soja, girassol, mamona e outros) operava a base de subsídios públicos. No mundo todo, o biodiesel só é viável com forte subvenção governamental. E com o petróleo a 50 dólares, é puro voluntarismo.

MERRILL LYNCH PREVÊ PETRÓLEO A US$ 25

O preço do barril de petróleo voltou a cair ontem devido às preocupações com a recessão dos Estados Unidos e atingiu o seu menor valor desde janeiro de 2005. Ontem, a cotação recuou 6,7% em Nova York, valendo US$ 43,67 no fim do pregão -o menor preço desde 4 de janeiro de 2005. O banco Merrill Lynch prevê que, caso a crise se agrave, o preço pode chegar a US$ 25 no ano que vem, o que não ocorre desde 2003.