Um acontecimento inusitado ocorreu em Haia na semana passada. Maurílio Biagi, voz ativa no setor sucroalcooleiro, disse umas verdades aos europeus que precisam ser ditas. Na sequência reportagem na Gazeta Mercantil de 16 de abril sobre o assunto:
O ministro, o usineiro e o padre, na Holanda
Eny Sacchi
A passagem da comitiva do presidente Lula pela Holanda na semana passada foi tão devastadora quanto a imagem que a Europa faz da devastação da Amazônia. Na conferência de Haia, capital administrativa do País, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, atropelou o protocolo, deixou de lado o programado apelo por investimentos no Brasil e achou melhor iniciar "uma campanha de esclarecimentos neste momento de tantos ataques da Europa contra a produção de cana-de-açúcar".
O usineiro Maurílio Biagi Filho tinha atrás de si um telão com o mapa do Brasil - nem se preocupou se estava ou não Holanda: "A cana devasta a Amazônia? A floresta amazônica fica aqui", e apontou para ela; "aqui, fica o Nordeste, que vocês invadiram duas vezes, no século 17. Se vocês tivessem invadido a Amazônia, aí sim, ela não existiria mais!". Com essa alfinetada, o empresário acordou a platéia, que voltara do almoço e não teve tempo para se indignar, porque ele emendou: "Os canaviais estão distantes daquela região e não somos nós que vamos lá cortar madeira para fazer móveis e vender na Europa", cutucou Biagi, olhando em volta para ver se não tinha nada feito de madeira brasileira.
Silêncio...
Miguel Jorge. surpreso, esperou pela avalanche de críticas contra a produção do etanol. Segundo ele, esse fenômeno se deve à falta de informação e ao protecionismo europeu. Na viagem, tanto ele como Lula destacaram a importância do etanol. Exibindo mapas, insistiram que as principais áreas produtoras de cana estão longe da fronteira agrícola e da Amazônia e que o Brasil não substitui plantações de alimentos por outras destinadas à produção de biocombustível, como nos EUA, e que o uso do etanol nos carros flex reduz a poluição do ar.
O ministro informou que o "ataque explicativo" começará in loco nesta semana, quando chegará ao Brasil o ministro do Comércio Exterior da Holanda, Frank Heemskerk. De improviso, o presidente Lula disse que o ministro holandês já será pego no aeroporto com um carro movido a etanol, "sem aquele cheiro ruim e poluidor da gasolina", e passará o dia só se locomovendo com este tipo de veículo.
Maurílio Biagi informou que sempre espanta estrangeiros: "O consumidor brasileiro é o único do planeta que no posto pode escolher entre o etanol e a gasolina. E o que fala mais alto para qualquer um é o bolso. Atualmente, 90% dos carros brasileiros são flex." E concluiu: "A cana só aumenta a produção de alimentos no Brasil, pois onde ela é plantada há uma renovação do solo, com a plantação de leguminosas."
Depois de 48 horas, a passagem dos brasileiros ainda repercutia. No jornal da noite, a TV holandesa pedia ao governo que não aderisse ao consumo de biocombustível. Pela manhã, na missa das 10h30 o padre Gerard Bruggink, da paróquia de St. Vitus, em Hilversum, a 85 quilômetros do local da conferência, parecia bravo com a fome do mundo e com o encarecimento da comida.
O ministro, o usineiro e o padre, na Holanda
Eny Sacchi
A passagem da comitiva do presidente Lula pela Holanda na semana passada foi tão devastadora quanto a imagem que a Europa faz da devastação da Amazônia. Na conferência de Haia, capital administrativa do País, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, atropelou o protocolo, deixou de lado o programado apelo por investimentos no Brasil e achou melhor iniciar "uma campanha de esclarecimentos neste momento de tantos ataques da Europa contra a produção de cana-de-açúcar".
O usineiro Maurílio Biagi Filho tinha atrás de si um telão com o mapa do Brasil - nem se preocupou se estava ou não Holanda: "A cana devasta a Amazônia? A floresta amazônica fica aqui", e apontou para ela; "aqui, fica o Nordeste, que vocês invadiram duas vezes, no século 17. Se vocês tivessem invadido a Amazônia, aí sim, ela não existiria mais!". Com essa alfinetada, o empresário acordou a platéia, que voltara do almoço e não teve tempo para se indignar, porque ele emendou: "Os canaviais estão distantes daquela região e não somos nós que vamos lá cortar madeira para fazer móveis e vender na Europa", cutucou Biagi, olhando em volta para ver se não tinha nada feito de madeira brasileira.
Silêncio...
Miguel Jorge. surpreso, esperou pela avalanche de críticas contra a produção do etanol. Segundo ele, esse fenômeno se deve à falta de informação e ao protecionismo europeu. Na viagem, tanto ele como Lula destacaram a importância do etanol. Exibindo mapas, insistiram que as principais áreas produtoras de cana estão longe da fronteira agrícola e da Amazônia e que o Brasil não substitui plantações de alimentos por outras destinadas à produção de biocombustível, como nos EUA, e que o uso do etanol nos carros flex reduz a poluição do ar.
O ministro informou que o "ataque explicativo" começará in loco nesta semana, quando chegará ao Brasil o ministro do Comércio Exterior da Holanda, Frank Heemskerk. De improviso, o presidente Lula disse que o ministro holandês já será pego no aeroporto com um carro movido a etanol, "sem aquele cheiro ruim e poluidor da gasolina", e passará o dia só se locomovendo com este tipo de veículo.
Maurílio Biagi informou que sempre espanta estrangeiros: "O consumidor brasileiro é o único do planeta que no posto pode escolher entre o etanol e a gasolina. E o que fala mais alto para qualquer um é o bolso. Atualmente, 90% dos carros brasileiros são flex." E concluiu: "A cana só aumenta a produção de alimentos no Brasil, pois onde ela é plantada há uma renovação do solo, com a plantação de leguminosas."
Depois de 48 horas, a passagem dos brasileiros ainda repercutia. No jornal da noite, a TV holandesa pedia ao governo que não aderisse ao consumo de biocombustível. Pela manhã, na missa das 10h30 o padre Gerard Bruggink, da paróquia de St. Vitus, em Hilversum, a 85 quilômetros do local da conferência, parecia bravo com a fome do mundo e com o encarecimento da comida.
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