Parece que a crise não atingiu o mercado imobiliário rural. A notícia do DCI de quinta-feira comenta o assunto e mostra como o valor subiu em cada região apesar da tendência de queda no valor das commodities. Acredito que isso só indica o potencial de crescimento do agronegócio brasileiro.
Complementando esta notícia, na edição atual da Exame saiu uma reportagem sobre o fundo de investimentos Brookfield que tem US$ 6 bilhões para investir por estas bandas, sendo que 850 milhões só para o plantio de cana, florestas e pastagens adicionando terra aos 220.000 hectares que já possuem.
Preço de terras sobe 5% em um ano, mesmo com a crise
Após um ano do início da crise financeira mundial, os preços das terras agrícolas no Brasil voltam a se valorizar mesmo com as cotações estagnadas para a maioria das commodities. O efeito cambial não deverá ser um fator inibidor da tendência já que grande parte da liquidez do mercado de terras no País tem vindo de fora, com os investimentos de grupos estrangeiros.
Um levantamento feito pela AgraFNP revelou que o preço médio das terras no Brasil no bimestre setembro-outubro de 2009 foi de R$ 4.548 por hectare, valor 5,04% acima daqueles praticados há 12 meses (R$ 4.330 em novembro-dezembro de 2008). Em relação ao bimestre julho-agosto de 2009, a alta é de 1,25%. Já na comparação com o início da safra 2006/2007, quando o setor de grãos saía da sua última grande crise, a valorização média das terras no País foi de 43,9%, o que com uma inflação de 17,54% acumulada no período, refletiu em um ganho real de 8,1%.
As áreas de maior expansão continuam sendo as de fronteira agrícola, especialmente a região conhecida como Mapito - Maranhão, Piauí e Tocantins.
De acordo com Jacqueline Bierhals, analista do mercado de terras na AgraFNP, a maior demanda tem sido de produtores de grãos que buscam terras que já tenham um bom potencial produtivo. "Além do centro-oeste, que sempre tem mercado, a procura agora é por regiões de fronteira agrícola", disse. Segundo a analista, a crise havia esfriado a procura no Maranhão e Tocantins, mas com a retomada, as vantagens competitivas que a região tinha continuam valendo e a valorização tem se mostrado constante e fundamentada.
Bierhals destacou, no entanto, que a Bahia, que comumente era citada junto com outros estados promissores, dá sinais de já ter encontrado um teto para os preços praticados na região. "De forma geral, a gente conseguiu perceber o mercado voltando a ficar aquecido, isso se concentra em algumas regiões, não é um movimento homogênio", avaliou a analista da AgraFNP.
A Região Sul continua apresentando as maiores cotações para as terras agrícolas. Nos últimos 12 meses, o preço do hectare na região saltou de R$ 8.495 para R$ 9.275. Em termos de valorização, os três estados do sul do País também apresentam o maior percentual, mesmo com os efeitos climáticos danosos nas duas últimas safras. "A questão do clima ainda tem um impacto muito marginal. Apesar da recorrência dos problemas climáticos, isso não é novidade para o mercado. O produtor conhece as regiões de risco e, de maneira geral, isto já está muito bem precificado", explica Bierhals.
Seguindo a Região Sul, os maiores preços por hectare estão no sudeste (R$ 7.853), centro-oeste (R$ 3.424), nordeste (R$ 2.020) e norte (R$ 1.418). Apesar do bom desempenho no sudeste, a analista da AgraFNP alertou para o fato de que o Estado de São Paulo poderá ter um crescimento limitado. Isso porque a procura por terras para o cultivo da cana-de-açúcar dá sinais de desaceleração na região.
Do lado dos grãos, o movimento altista nos preços das terras é visto com surpresa uma vez que as cotações de commodities como milho e soja, principais sinalizadoras de preços para as terras, seguiram estagnados nos últimos meses. A AgraFNP destaca que é época de entressafra de soja no Brasil, mas os preços do grão estão mais baixos que há alguns meses, uma vez que tradings e esmagadoras têm seus estoques compostos. O Indicador Cepea/Esalq (média de cinco regiões do Paraná) da soja em grão teve queda de 2,13% na última semana, fechando a R$ 43,5 por saca. Este Indicador é o menor valor deste ano.
O milho, por sua vez, também continua dependente das intervenções governamentais para escoamento da produção. Os preços do grão voltaram a cair nos últimos dias, pressionados pelo menor interesse comprador. Além disso, de acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os prazos de pagamento nos negócios efetivos também aumentaram. Especialmente em outubro, compradores adquiriram maiores volumes de milho para atendimento das necessidades até final do ano
2 comentários:
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