Sempre tive curiosidade pelo agronegócio chinês. Achar informações interessantes sobre este tema é difícil, mas encontrei algo legal no AviSite que está disponível na íntegra abaixo:
China: “Da fome ao fast-food em duas gerações”
Campinas, 3 de Junho - Em matéria para o The Guardian, o jornalista Jonathan Watts, correspondente do jornal britânico no leste asiático, escreve que graças a duas décadas de crescimento “de dois dígitos”, centenas de milhões de chineses saíram do nível de subsistência: “Duas gerações atrás, a China enfrentava a estagnação. Uma geração atrás, as carnes eram reservadas apenas para as ocasiões especiais. Agora se tornou comum. Em todo o mundo, o consumo de proteínas tende a crescer com a riqueza. Na China, de 1980 para cá, o consumo per capita de carnes cresceu de uma média anual de 20 kg para 54 kg”.
Conforme o jornalista, entre os fatores envolvidos estão a urbanização – que transforma trabalhadores rurais em operários – e a industrialização – que faz as fábricas ocuparem o lugar de fazendas. A cada ano, 8,5 milhões de pessoas se transferem do campo para as cidades. O lado bom do processo é o aumento da eficiência produtiva e das atividades econômicas. O lado ruim é a explosão do consumo e... de lixo. A transformação de áreas agrícolas em áreas industriais vem sendo tão intensa que, só no ano passado, a área de terras agricultáveis caiu para cerca de 121,7 milhões de hectares, um número muito próximo do mínimo necessário para alimentar a população chinesa – informa o correspondente do The Guardian.
Estima-se que cerca de 150 milhões de chineses tenham renda superior a 20 mil iuanes anuais (cerca de R$4.700), o que, frente aos padrões chineses de consumo, deixa alguma renda disponível. Isso correspondeu ao surgimento de uma nova classe média, que quase dobrou em uma década e fez crescer o consumo de proteínas. Grandes cadeias estrangeiras de supermercados vêm se instalando no país. À frente delas, as cadeias de fast-food.
Analisando individualmente o consumo dos chineses, Watts observa que está aquém do registrado em países desenvolvidos. Afirma, por exemplo, que os americanos consomem em média 124 kg de carne por ano, “principalmente bovina, menos eficiente como conversora de grãos em proteína, pois requer quatro vezes mais alimentos que o frango”, enquanto os europeus se encontram em um nível mais baixo – cerca de 89 kg/ano. Apesar, porém, de se encontrar nos 54 kg/ano, a China é o maior consumidor mundial – graças ao seu bilhão de habitantes e à economia em rápido crescimento.
O correspondente do The Guardian na Ásia encerra sua matéria lembrando que embora a China não seja a responsável pela atual escalada mundial de preços dos alimentos – petróleo, biocombustíveis, mudanças climáticas e expansão da economia estão entre os principais fatores – também vem ajudando a aumentar os preços na medida em que expande o consumo e enfrenta problemas de produção em decorrência de doenças animais: “não é por menos que as carnes vêm, desde o ano passado, ficando cada vez mais cara para os chineses”. Tais acontecimentos sinalizam que a China continuará a desempenhar importante papel no comércio mundial de alimentos – mas não mais como exportadora e, sim, como grande importadora. Conforme Jonathan Watts, há indicações de que em 2008 se esgotará a auto-suficiência chinesa na produção de proteínas.
China: “Da fome ao fast-food em duas gerações”
Campinas, 3 de Junho - Em matéria para o The Guardian, o jornalista Jonathan Watts, correspondente do jornal britânico no leste asiático, escreve que graças a duas décadas de crescimento “de dois dígitos”, centenas de milhões de chineses saíram do nível de subsistência: “Duas gerações atrás, a China enfrentava a estagnação. Uma geração atrás, as carnes eram reservadas apenas para as ocasiões especiais. Agora se tornou comum. Em todo o mundo, o consumo de proteínas tende a crescer com a riqueza. Na China, de 1980 para cá, o consumo per capita de carnes cresceu de uma média anual de 20 kg para 54 kg”.
Conforme o jornalista, entre os fatores envolvidos estão a urbanização – que transforma trabalhadores rurais em operários – e a industrialização – que faz as fábricas ocuparem o lugar de fazendas. A cada ano, 8,5 milhões de pessoas se transferem do campo para as cidades. O lado bom do processo é o aumento da eficiência produtiva e das atividades econômicas. O lado ruim é a explosão do consumo e... de lixo. A transformação de áreas agrícolas em áreas industriais vem sendo tão intensa que, só no ano passado, a área de terras agricultáveis caiu para cerca de 121,7 milhões de hectares, um número muito próximo do mínimo necessário para alimentar a população chinesa – informa o correspondente do The Guardian.
Estima-se que cerca de 150 milhões de chineses tenham renda superior a 20 mil iuanes anuais (cerca de R$4.700), o que, frente aos padrões chineses de consumo, deixa alguma renda disponível. Isso correspondeu ao surgimento de uma nova classe média, que quase dobrou em uma década e fez crescer o consumo de proteínas. Grandes cadeias estrangeiras de supermercados vêm se instalando no país. À frente delas, as cadeias de fast-food.
Analisando individualmente o consumo dos chineses, Watts observa que está aquém do registrado em países desenvolvidos. Afirma, por exemplo, que os americanos consomem em média 124 kg de carne por ano, “principalmente bovina, menos eficiente como conversora de grãos em proteína, pois requer quatro vezes mais alimentos que o frango”, enquanto os europeus se encontram em um nível mais baixo – cerca de 89 kg/ano. Apesar, porém, de se encontrar nos 54 kg/ano, a China é o maior consumidor mundial – graças ao seu bilhão de habitantes e à economia em rápido crescimento.
O correspondente do The Guardian na Ásia encerra sua matéria lembrando que embora a China não seja a responsável pela atual escalada mundial de preços dos alimentos – petróleo, biocombustíveis, mudanças climáticas e expansão da economia estão entre os principais fatores – também vem ajudando a aumentar os preços na medida em que expande o consumo e enfrenta problemas de produção em decorrência de doenças animais: “não é por menos que as carnes vêm, desde o ano passado, ficando cada vez mais cara para os chineses”. Tais acontecimentos sinalizam que a China continuará a desempenhar importante papel no comércio mundial de alimentos – mas não mais como exportadora e, sim, como grande importadora. Conforme Jonathan Watts, há indicações de que em 2008 se esgotará a auto-suficiência chinesa na produção de proteínas.
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