quarta-feira, junho 25, 2008

Evento da BM&FBovespa mostra cenário positivo para agronegócio

Participei ontem de do Seminário "Perspectivas para o Agribusiness 2008 e 2009" em São Paulo e abaixo encontra-se a resenha elaborada pela BM&F e todas as apresentações podem ser obtidas no site da BM&F:

Brasil tem uma “janela de oportunidade” no agronegócio

As oportunidades que o País pode ter com o atual cenário das commodities agrícolas e as altas nos custos de produção foram as tônicas do seminário “Perspectivas para o Agribusiness 2008 e 2009” promovido pela BM&FBOVESPA e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 24 de junho, em São Paulo. Na conferência de abertura do evento, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, lembrou que o mundo passa por novo momento e que o Brasil tem área suficiente para aumentar a oferta de alimentos mundiais. Em sua avaliação, o País tem pelo menos 50 milhões de hectares de áreas degradadas de pastagens a serem utilizadas pela agricultura e número semelhante ainda não explorado.

Stephanes acredita que os patamares de preços mundiais dos alimentos continuem nos níveis atuais em 2009, podendo ter “novo choque” no ano seguinte. Quanto aos custos elevados de produção, o ministro disse que o Brasil tem dependência grande da importação de alguns insumos, mas espera em cinco a 10 anos ser auto-suficiente na produção de fósforo.

O presidente do Conselho de Administração da BM&FBOVESPA, Gilberto Mifano, destacou, na abertura do evento, o tamanho do agronegócio brasileiro, que responde por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) e 36% das exportações, lembrando que o atual cenário de preços mais altos dos alimentos é, na verdade, uma oportunidade. Acrescentou que “a agricultura é uma ilha, cercada de riscos por todos os lados” e, nesse sentido, que a cobertura de hedge ainda é muito pequena em face do tamanho do agronegócio. Por sua vez, o vice-chairman do CME Group, Charles Carey, também destacou as oportunidades de negócios no País: “O Brasil é um mercado muito atrativo.”

Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), apoiadora do seminário, disse que “tudo se desenha para um recorde em 2008/09”. Mas se mostrou preocupado com a questão do crédito para o financiamento do setor, uma vez que os custos estão mais altos. Segundo ele, será importante uma compensação do governo (via instrumentos de comercialização), além da necessidade de desoneração tributária do setor.

O otimismo frente ao cenário mundial só foi desfeito pelo economista Paulo Rabello de Castro, sócio-diretor da RC Consultores. De acordo com ele, a recessão nos Estados Unidos pode provocar um freio na expansão da economia de outros países e, por conseqüência, os preços das commodities teriam queda de 7%.

O secretário de Política Agrícola do ministério, Edílson Guimarães, destacou a importância do aporte do seguro rural e também do desenvolvimento de novos mecanismos de financiamento do agronegócio, como os títulos agropecuários.

O diretor de Produtos de Agronegócio e Energia da BM&FBOVESPA, Ivan Wedekin, disse que o setor ainda tem grande possibilidade de crescimento, lembrando que os contratos futuros financeiros giram oito vezes o PIB nacional, enquanto os agropecuários apenas 4,5 vezes. Wedekin acredita que a parceria da BM&FBOVESPA com o CME Group possibilitará a expansão desses contratos e anunciou novos papéis criados para o setor, em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esses contratos foram detalhados pela gerente de Pecuária e Energia da BM&FBOVESPA, Fabiana Perobelli. Segundo ela, o contrato de milho terá base local (seis praças) e o do algodão formação de preço em Santos (SP). Também será lançado o contrato do Índice de Commodities Agrícolas.

O encontro foi encerrado por Gustavo Franco, da Rio Bravo Investimentos, que destacou a importância de o País fazer a lição de casa e reduzir os gastos, sem aumentar os juros.

Setoriais

O seminário teve palestras setoriais à tarde. Quanto aos produtos milho, aves e suínos, a avaliação de Leonardo Sologuren, sócio-diretor da Céleres, é que o Brasil tem condições de aumentar a área plantada e, se os Estados Unidos se focarem no etanol deste grão, haverá oportunidade de exportação para o Brasil. A consultoria prevê 24,1 milhões em 2017/18. Fernando Pereira, da Agroceres, estima que as exportações de suínos cresçam, em volume, 8% este ano. “Estamos em um cenário único tanto para aves quanto para suínos, mas dependemos da produção de grãos”, lembrou. Por sua vez, Fernando Pimentel, da AgroSecurity, afirmou que o milho se “commoditizou” tanto quanto a soja e, portanto, os consumidores (indústrias de frango e suíno) devem usar mecanismos de proteção e compras antecipadas.

Para o algodão, Eduardo Figueiredo, da Tradeagro, disse que o Brasil precisa aproveitar a oportunidade de queda de produção em outros países, em detrimento dos grãos, para expandir sua exportação. Nesse sentido, diante da maior rentabilidade dos grãos, ele insistiu em intervenção estatal que estimule o plantio da fibra.

Para o café, de acordo com Aguinaldo José de Lima, do Mapa, o cenário é de uma safra menor no ano que vem. Segundo ele, a bianualidade, em relação à produção atual, que é grande, seria entre 10% e 20% menor. Ele lembra também que apesar da safra atual maior, os preços não tendem a cair significativamente porque os estoques estão baixos. Mas alertou que o câmbio irá reduzir a rentabilidade do setor.

A questão climática nos Estados Unidos foi ponto central do cenário para a soja. O diretor da Agroconsult, André Pessôa, lembrou que os estoques da oleaginosa estão baixos nos EUA e que há chance de que caiam ainda mais diante das perdas que aquele país deve ter em função das inundações. Informou que, apesar de um cenário de preços mais altos, os custos também se elevaram, ressaltando a importância da necessidade de financiamento. Segundo ele, a migração, no Brasil, do milho para a soja ou vice-versa dependerá do emprego de tecnologia.

Para a pecuária, os especialistas destacaram a continuidade do ciclo de alta, com a capacidade de abate brasileiro superior à oferta.

Para açúcar e álcool, os especialistas afirmaram é que a tendência é a safra continuar mais alcooleira. O cenário, de acordo com Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting, é de 70% para o álcool a 30% para o açúcar em cinco anos.

Nenhum comentário: