segunda-feira, março 22, 2010

Mercado de carbono - Será que um dia pega?

O mercado de carbono ainda está em seu início apesar de tudo o que já foi falado. Espero que um dia este mercado decole pois, a agricultura brasileira tende a ganhar neste cenário. Para entender um pouco melhor a situação atual, encontrei na semana passada três notícias no BrasilAgro.

A primeira dela da Folha Online comenta sobre a opinião do famoso colunista do New York Times, Thomas Friedman que acredita é necessário taxar o carbono para que a economia verde prospere, a segunda da Agência Estado que fala sobre o anúncio de que o governo paulista criou um fundo para financiar investimentos que reduzam a emissão de gases de efeito estufa e por fim, uma notícia do DCI, que mostra que mercado de crédito de carbono deve ter giro de 6 bilhões de dólares em 2020, apesar de ter movimentado apenas 125 milhões no mundo inteiro no ano passado.

É preciso taxar carbono para ter economia verde, diz colunista do "NYT"

O jornalista norte-americano Thomas Friedman, um dos principais colunistas do "New York Times", afirma que os EUA podem "voltar aos trilhos" e recuperar sua liderança global com investimentos maciços em tecnologias de energia limpas.

Para isso, será necessária uma estrutura tributária que preveja, por exemplo, taxação sobre o preço do carbono, segundo entrevista de Natália Paiva publicada na terça-feira (16) na Folha de S. Paulo.

Essa é a ideia central do livro "Quente, Plano e Lotado" (ed. Objetiva, 605 págs.), que chega às livrarias brasileiras no dia 24 (quarta-feira).

A publicação é um aprofundamento do best-seller "O Mundo é Plano" (ed. Objetiva), que desde 2005 vendeu 85 mil exemplares só no Brasil.

Para ele, mesmo que algumas pessoas não acreditem no aquecimento global, há cada vez mais delas se juntando à classe média mundial e consumindo como americanos. Além disso, o mundo está cada vez mais "lotado", com mais pessoas no geral.

Desta forma, Friedman chama a atenção para que os países invistam em "segurança energética, nacional e econômica, companhias inovadoras e respeito global". Ele diz querer que todos aspirem a ser uma nação assim, especialmente a dele.

O entrevistado não crê em decisões tomadas em conferências globais. "Na falta disso, quero liberar meus inovadores e engenheiros para tentar o mesmo objetivo por meio da inovação", declara ele.

SP financiará empresa que reduzir emissão de gases

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), anunciou hoje a criação de uma linha de financiamento para projetos que reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa em empresas de médio e pequeno porte do Estado. O lançamento ocorre antes mesmo de o governo estadual concluir o inventário dos setores produtivos mais poluidores, instrumento que servirá de base para estabelecer metas setoriais de redução de emissões, como prevê a Política Estadual de Mudanças Climáticas. De acordo com a lei, sancionada em novembro, o diagnóstico seria o primeiro passo para o processo de redução das emissões do Estado em 20% até 2020.

A linha de crédito Economia Verde tem como limite o total de recursos da própria agência de fomento paulista, a Nossa Caixa Desenvolvimento, de R$ 600 milhões. Quando terminarem os aportes do Banco do Brasil pela compra do banco Nossa Caixa, o capital da agência chegará a R$ 1 bilhão. Serra prometeu destinar mais recursos para a área se necessário. "Se os recursos escassearem, por excesso de demanda, será uma grande notícia. Nós trataremos de abrir outras linhas, inclusive com financiamento externo do BNDES. A taxa de juros é ''de mãe''", definiu o governador, ao se referir à taxa de 6% ao ano.

O anúncio foi feito durante seminário sobre sustentabilidade promovido pela Nossa Caixa Desenvolvimento para um público de 600 pessoas no Auditório do Ibirapuera, na capital paulista. Serra discursou por 15 minutos sobre os feitos de sua gestão na área ambiental. "Nossa Lei de Mudanças Climáticas é a mais avançada do Brasil e, sem risco de exagero, a mais avançada do Hemisfério Sul", afirmou.

Cotado para disputar a Presidência, Serra colocou o lançamento da linha de crédito como um modelo para o País. "O projeto é inovador no nosso Estado e no Brasil. Vamos dar um belo efeito de demonstração", disse o tucano. "Sem dúvida é um programa para o BNDES fazer também." Questionado se, caso fosse eleito presidente, implantaria a ideia em âmbito nacional, sorriu, virou as costas e encerrou a entrevista coletiva à imprensa.

EMPRESAS

A linha de crédito Economia Verde anunciada hoje emprestará recursos para empresas com faturamento anual entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões, a juros anuais de 6% corrigidos pelo IPC-Fipe e com prazo de pagamento de até cinco anos, com um ano de carência e financiamento de 100% do projeto. Os empreendedores interessados deverão submeter à Nossa Caixa Desenvolvimento, por meio de entidades de classe, projetos que resultem na redução da emissão de gases de efeito estufa de sua empresa. Serão beneficiados os setores de agroindústria, transportes, saneamento, energia, indústria, construção civil e de recuperação florestal e manejo de resíduos.

A Nossa Caixa especificou 22 projetos que podem pleitear financiamento da Linha Verde. Alguns deles: substituição de combustível fóssil por combustível alternativo, substituição de energia não renovável por energia renovável, tratamento e aproveitamento de resíduos (como reciclagem), redução de perda energética no processo produtivo, instalação de aparelhos que reduzam a geração de gases poluentes, reflorestamento, construções sustentáveis e elaboração de inventários de emissão de gases de efeito estufa.

Mais informações podem ser obtidas no site da agência de fomento, no endereço www.nossacaixadesenvolvimento.com.br.

Crédito de carbono deve ter firo de US$ 6 bilhões no Brasil

A BM&F Bovespa realizará no próximo dia 8 de abril o primeiro leilão de créditos de carbono no mercado voluntário. Ao todo serão leiloadas 180 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente (a unidade corresponde a um crédito de carbono), em três lotes de 60 mil cada um. Os dois primeiros lotes têm valor de saída de R$ 10. Para o último lote, o preço será de R$ 12. O maior lance vencerá o leilão on-line, cujo tempo máximo será de 15 minutos. A expectativa da Bolsa é captar acima de R$ 2 milhões.

A expectativa do mercado mundial é de que a venda de créditos (asset) gere US$ 170 milhões este ano, sem a entrada do governo norte-americano na conta. Ano passado, o mundo negociou US$ 125 milhões em CO2 equivalente. Em 2020, a previsão é de movimentar US$ 3 trilhão no mundo e US$ 6 bilhões no Brasil.

Segundo o Banco Mundial, os principais compradores de créditos entre janeiro de 2004 e abril de 2005 foram o Japão (21%), a Holanda (16%), o Reino Unido (12%) e o restante da União Europeia (32%). Em termos de oferta de créditos (volume), a Índia lidera o ranking, com 31%. O Brasil possui 13% do share, o restante da Ásia (inclusive China) tem 14%, e o restante da América Latina, 22%.

Para o banco, o Brasil será beneficiado como vendedor de créditos de carbono e também como alvo de investimentos em projetos engajados com a redução da emissão de gases poluentes, como é o caso, por exemplo, do biodiesel. Pela projeção da instituição, o País poderá ter uma participação de 10% no mercado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), equivalente a US$ 1,3 bilhão em 2007.

Levantamento do mercado aponta que os projetos na área de biocombustíveis equivalem a 50% dos projetos de redução da emissão de carbono no Brasil.

O diretor executivo da Cantor CO2 - empresa de serviços financeiros para os mercados de energia e meio ambiente -, Divaldo Rezende, explica que existem dois grandes mercados mundiais: o voluntário e o regulado. O primeiro é feito por países e empresas que não têm obrigação de reduzir a emissão de CO2, como é o caso do Brasil. Por sua vez, o segundo mercado, o regulado, existe para países e empresas que são obrigados a reduzir os níveis do poluente, nos quais o não-cumprimento da meta implica multa. "A tendência é que o mercado voluntário seja incorporado antes de o mercado estar regulado."

A negociação de contratos futuros de crédito de carbono já ocorre na Bolsa de Chicago e em países como Canadá, República Tcheca, Dinamarca, França, Alemanha, Japão, Holanda, Noruega e Suécia. Futuramente, entrará em vigor o mercado regional europeu, batizado de European Union Emission Trading Scheme.

Rezende destaca que gerar créditos de carbono não é um processo simples. Ele exemplifica citando a construção de uma linha de metrô. "É preciso avaliar se o carbono foi importante ou não para executar a obra. Depois disto há a verificação de entidades independentes, para gerar o título ou não. O passo seguinte é negociar", complementa.

O diretor executivo ressaltou que a cotação do asset caiu durante a crise financeira, porque os bancos se desfizeram dos papéis, com o que o preço despencou. "A cotação era de 33 euros antes da crise; já pela cotação da terça-feira o valor era pouco mais de 11 euros. O preço, porém, deve subir em breve". Segundo ele, hoje, a exportação de carbono já ocupa a 17ª posição na pauta de comércio brasileira.

LEILÃO

Para o gerente de Produtos da BM&F Bovespa, Guilherme Fagundes, a maior dificuldade de se fazer um leilão deste tipo de ativo era a comprovação de que ele é único e a não-negociação dupla do produto. "Hoje existe um sistema que funciona de forma similar à de um banco, que garante que o título é único", afirma o gerente. De acordo com Fagundes, quando a empresa compradora utiliza o certificado para neutralizar a emissão, o contrato torna-se inválido, e nunca mais será negociado novamente. "É a grande garantia para o comprador e para o emissor."

Outra forma de utilização do título é a negociação em mercados futuros. "Muitos compradores revendem, como se faz com um título, e especulam o preço para ganhar dinheiro", explicou.

Ele projeta que quando o mercado de carbono amadurecer será possível a venda "a termo", não somente "à vista". "Hoje é preciso ter uma cesta de projetos reunidos para que a Bolsa possa efetuar o leilão. Os leilões serão feitos caso a caso, projeto a projeto. A Bovespa garante a transparência e credibilidade." Fagundes afirmou que a documentação dos interessados deve ser entregue em corretoras cadastradas na Bovespa até o dia 5 de abril.

De acordo com a Bovespa, os créditos a serem leiloados foram gerados a partir de nove projetos de biomassa renovável em cerâmicas localizadas em São Paulo (Panorama, Paulicéia), Pará (São Miguel do Guamá), Pernambuco (Lajedo, Paudalho), Sergipe (Itabaiana), Minas Gerais (Ituiutaba) e Rio de Janeiro (Itaboraí).

Um comentário:

saiba um pouco sobre o gado disse...

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