domingo, junho 07, 2009

30 anos de Pró-álcool - Um pouco de história parte I

Em maio de 1979 foram abertos os primeiros postos de combustível com álcool no Brasil e por isso foi notícia mês passado. Para melhor compreensão deste momento, resolvi, com certo atraso, escrever três posts distintos sobre o tema.

A primeira notícia é do G1 sobre o aniversário e encontra-se abaixo, enquanto que nos posts seguintes seguem, respectivamente, uma reportagem histórica da Veja de junho de 1979 sobre o tema e uma sequência de 3 posts do Blog Ethanol Brasil Blog intitulado O mercado sucroalcooleiro, sua história e o momento de glória, que comenta sobre a evolução do setor durante estes 30 anos.

Na notícia no site G1 encontra-se um interessante infográfico sobre o tema que pode ser acessado clicando aqui:

Álcool combustível completa 30 anos nos postos com previsão de crescimento
Produto chegou aos postos em maio de 1979, segundo a Petrobras. Setor deve abrir pelo menos 20 novas usinas produtoras neste ano.

Foi em maio de 1979, quatro anos depois da criação do Proalcool, programa estatal de alternativa ao petróleo, que os 16 primeiros postos de combustível começaram a receber o álcool combustível.

Foi também há 30 anos que começaram a chegar ao mercado os primeiros carros que circulavam somente a álcool.

Atualmente, de acordo com a Petrobras Distribuidora, o álcool combustível está disponível em todo o país. Para Edimário Oliveira Machado, diretor de rede de postos da Petrobras Distribuidora, “o álcool é uma realidade irreversível, um combustível bom, que tem apelo ecológico”.

Para participantes do mercado sucroalcooleiro, os 30 anos do início da distribuição do álcool hidratado – o país também produz o anidro, que é misturado à gasolina – marcam também o fim da consolidação do produto na matriz energética brasileira.

Início

Depois de alguns anos de crescimento regular, a produção da "primeira fase" da produção do álcool combustível no Brasil atingiu o ápice em 1986, quando mais de 90% dos carros de passeio produzidos no país eram movidos a álcool.

Como o preço do petróleo caiu e o do açúcar subiu, a produção se desequilibrou, e o país, com uma extensa frota a álcool, enfrentou desabastecimento do combustível. Isso prejudicou a credibilidade do produto e fez com que o consumo sofresse uma forte retração.

Durante os anos 90, o índice de carros a álcool saindo das fábricas caiu para cerca de 1%, e a demanda por etanol no país passou a se resumir à frota antiga movida a álcool e ao combustível anidro, misturado à gasolina.

Retomada

Entretanto, desde 2003, com o advento do carro flex fuel – que pode circular com qualquer mistura de álcool e gasolina –, o mercado de etanol viu seu espaço crescer muito: hoje, mais de 80% dos veículos de passeio produzidos no Brasil são “flex”.

A produção de álcool combustível também deu um salto no país. De acordo com dados da Unica, entidade que reúne os produtores do setor sucroalcooleiro, a produção da safra 08/09 atingiu 14,3 bilhões de litros de álcool hidratado, contra 9,4 bilhões do ciclo anterior.

Até o ano passado, o produto viveu uma espécie de “febre”. O crescimento do etanol de cana de açúcar rendeu até uma visita do ex-presidente dos EUA, George W. Bush, ao Brasil, em 2007.

Isso fez, de acordo com o diretor-técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, com que a oferta crescesse mais do que a demanda, graças ao interesse internacional pelo etanol e à alta do preço do petróleo, que chegou perto de US$ 150 em 2008.

Desde então, porém, a crise econômica reverteu essas duas expectativas. Por isso, diz ele, o crescimento da safra atual, em relação à do ano passado, será bem inferior, de cerca de 1 bilhão de litros do combustível.

Apesar disso, segundo a Unica, o país abrirá entre 20 e 24 usinas de produção de álcool e açúcar até o fim do ano. Atualmente, 400 unidades produtoras estão em funcionamento.

Desafios

Pelo menos por enquanto, portanto, a expectativa de conquistar o mundo com o etanol foi posta de lado com a crise econômica. “O mercado ainda é volátil. Mais de 50% das exportações (são) para o mercado americano, (que) tem excedente de produto neste momento”, ressalta Pádua.

O diretor da Unica admite que as grandes oportunidades para o produto ainda estão no mercado interno. Mas, como no momento como a demanda está completamente atendida, ele diz que as usinas, que estão preparadas para fabricar álcool e açúcar, devem migrar mais para o último por conta da alta do preço desta commodity no mercado internacional.

Com a redução da queima da cana, especialmente no estado de São Paulo, Pádua diz que o etanol poderá ganhar mais pontos no quesito “ecologia”, além de eliminar o subemprego do corte de cana na cadeia produtiva. Atualmente, de acordo a entidade, o setor sucroalcooleiro gera cerca de 800 mil postos de trabalho diretos.

Distribuição

O setor também vê melhorias na distribuição e fiscalização do produto. Para Edimário Oliveira Machado, da Petrobras Distribuidora, é preciso combater a sonegação de impostos na cadeia produtiva do combustível. Machado diz que a tributação poderia ser concentrada na produção de álcool, a exemplo do que é feito nas refinarias de gasolina.

Para Pádua, da Unica, o preço também poderia baixar para o consumidor caso alguns postos diminuíssem as margens de lucro sobre o produto. “Tem posto com margens superiores ao preço de venda do produtor. Tem posto com margem de R$ 0,65, e o produtor está entregando o produto (com preço) abaixo disso”, ressalta.

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