sexta-feira, novembro 16, 2007

Biodiesel - uma utilização inteligente pelas prefeituras

A utilização de resíduos de óleos de fritura na produção de biodiesel é algo que deve ser incentivada em todos os lugares, pois além de diminuirmos a poluição do ar estamos tirando um resíduo muito grande no esgoto doméstico.

A prefeitura de Indaiatuba, município vizinho de Campinas está fazendo um projeto interessante que pode ser visto na reportagem abaixo do Portal Cosmo:


Biodiesel de Indaiatuba vai abastecer a região

Gilson Rei / Agência Anhangüera

(15/11/2007) - A primeira usina de biodiesel urbano - obtido a partir da reciclagem do óleo saturado de cozinha ou de vegetais -, do País começa a ser construída no próximo mês em Indaiatuba. Ela servirá como piloto para outras cidades brasileiras. Com a vantagem de poluir menos a atmosfera e ser mais econômico, o biodiesel vai abastecer veículos públicos de 20 municípios, incluindo cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC).

A instalação da usina vai contribuir também para manter os rios e córregos de Indaiatuba mais limpos, pois o despejo do óleo de cozinha nas pias e ralos do município será reduzido ou até deixará de existir. Outra vantagem está na geração de milhares de empregos e no desenvolvimento econômico na região de Campinas, tanto para realizar a coleta e distribuição do produto como para o plantio de vegetais por pequenos agricultores.

O biodiesel vai ser produzido na usina a partir de óleo vegetal saturado (usado para frituras em restaurantes, lanchonetes e residências) e de produtos agrícolas como girassol e mamona, entre outros. A construção da usina está orçada em R$ 3 milhões e deverá ser inaugurada em abril do ano que vem na área disponibilizada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto Barnabé, no Distrito Industrial de Indaiatuba. Para entrar em operação pelo menos 200 empregos diretos estão previstos.

O projeto será viabilizado através de uma parceria entre a Prefeitura de Indaiatuba, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto Harpia Harpyia, com apoio do governo federal. As projeções dos idealizadores indicam que a usina vai iniciar as atividades com a capacidade de produção de 50 mil litros diários de biodiesel.

O prefeito de Indaiatuba, José Onério da Silva (PDT), disse que uma planta piloto da usina funciona no município desde outubro do ano passado, a partir de uma parceria feita com a Faculdade de Agricultura (Feagri), da Unicamp, e com o Instituto Harpia Harpyia.

Em um pouco mais de um ano, a população de Indaiatuba incorporou-se ao projeto com doação de óleo de cozinha usado, assim como os proprietários de restaurantes e lanchonetes da cidade. Nesse período, foram produzidos quase 100 mil litros de biodiesel, utilizados 100% em três veículos do Saae e 50% do produto em mais 20 veículos da frota do Saae.

A experiência adquirida nessa planta piloto foi apresentada recentemente em Brasília, no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a participação do chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e de representantes dos ministérios de Ciência e Tecnologia e de Desenvolvimento Agrário.

A partir dessa reunião, os representante do governo federal comprometeram-se a fazer o investimento de R$ 3 milhões, necessários para a construção da usina. Carvalho destacou que a proposta é viável e promove a inclusão social. Além disso, o projeto foi bem visto na esfera federal porque preserva o meio ambiente e estimula a agricultura familiar.

Diante do sucesso do projeto, foi constituído também na reunião um grupo de trabalho que terá a incumbência de formar um consórcio intermunicipal da região. "Através do consórcio, cada município deverá participar na coleta e no transporte de óleo saturado para a usina, além de intermediar pequenos produtores agrícolas na produção de vegetais para a produção do biodiesel", revelou o prefeito de Indaiatuba.

Durante a reunião, foi acertado também a destinação do lucro gerado pela eventual venda do biodiesel da usina ao Fundo Municipal de Alimentação e Nutrição para financiar ações e programas de inclusão social.

O secretário de Meio Ambiente de Indaiatuba, Nilson Gaspar, disse que já começou a ser feita a terraplanagem da área de 2 mil metros quadrados doada para abrigar a usina. O local deverá iniciar as obras de dois galpões de 150 metros quadrados. A verba desse início de obras é municipal, mas o investimento do governo federal deverá vir a partir de janeiro, através dos ministérios participantes da reunião. Os primeiros contatos para a formação do consórcio intermunicipal na região também já foram iniciados.

SAIBA MAIS

O biocombustível é resultado de uma reação química chamada de transeterificação entre um ácido graxo e um álcool (ou um etanol obtido de cana ou o metanol, de cereais e madeira).

Essa reação química produz glicerina e diesel. A glicerina é separada para outras utilidades, entre elas na fabricação do sabão.

O biodiesel pode ser obtido de qualquer óleo.

Unicamp faz catalisador de alto desempenho

A proposta de utilizar o biodiesel urbano - obtido a partir da reciclagem do óleo saturado de cozinha ou de vegetais -, surgiu com a tecnologia desenvolvida nos últimos cinco anos por engenheiros e pesquisadores da Feagri, na Unicamp. No período, foi desenvolvido um catalisador que obtém resultados eficientes no processo de transformação do óleo em biodiesel. O catalisador é de alto desempenho à base de etanol e, por ser uma boa novidade no mercado, foi patenteado pela universidade em abril deste ano.

O pesquisador Osvaldo Cândido Lopes explicou que o catalisador, ou reagente, é essencial no processo de transformação do óleo vegetal em óleo combustível.

O coordenador do Programa de Biodiesel da Unicamp, Antonio José da Silva Maciel, disse que o catalisador desenvolvido na Feagri é de terceira geração, mas manteve em sigilo a composição desse novo catalisador. Adiantou apenas que é componente de matéria-prima abundante na natureza.

Além de ter criado uma planta piloto em Indaiatuba, através de uma parceria com a Prefeitura, a patente da tecnologia já foi licenciada para a BioCamp, uma empresa do Mato Grosso do Sul. Apesar disso, não há exclusividade de utilização. A tecnologia poderá ser repassada a quantas empresas desejarem utilizar o catalisador e a universidade receberá royalties pelo emprego dele.

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