quinta-feira, dezembro 13, 2007

Começam as ações para reverter imagem do agrronegócio

O agronegócio brasileiro está tomando atitudes que visam melhorar sua imagem perante à opinião pública internacional, principalmente no que diz respeito ao meio-ambiente e condições de trabalho.

A primeira atitude foi a criação do Ares (Instituto do Agronegócio Responsável) em setembro passado por 19 entidades importantes do agronegócio brasileiro: Abag, AbagRP, Abef, Abia, Abiec, Abimilho, Abiove, Abipecs, Abrasem, Anda, Andef, Aprosoja, BSC, CNA, CNPC, Ícone, OCB, SRB e Unica.

Nesta semana, o governador do Mato Grosso lança em Bali durante a onferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, um grande programa ambiental, conforme podemos verificar na reportagem publicada ontem no Valor Econômico e que pode ser encontrada na íntegra abaixo:

MAGGI LANÇA 'SOJA MAIS VERDE' EM BALI

O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), deve ter surpreendido empresários e políticos europeus presentes em Bali, onde ocorre a 13ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-13). Ele anunciou, durante jantar ontem para cerca de 70 pessoas, a disponibilidade de US$ 1 milhão para a regularização ambiental de cerca de 5 mil propriedades de soja do Estado.

O dinheiro foi recolhido pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso), com quem o governo firmou um pacto, na tentativa de reverter a imagem do Estado que mais desmata em todo o país. A The Nature Conservancy (TNC), organização não-governamental com forte atuação na região, aderiu ao movimento e entrará com US$ 1 para cada US$ 10 arrecadados, até US$ 1 milhão. A ONG fará ainda o mapeamento das propriedades, o primeiro passo para a regularização ambiental.

A expectativa é que o projeto, nomeado "Soja Mais Verde", consiga regularizar cerca de 3,5 mil propriedades. A partir daí, o Estado terá em mãos dados concretos sobre os passivos ambientais para que, juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), proponha soluções. Os principais problemas são a falta de Reserva Legal e de mata ciliar, exigidos por lei.

Segundo a TNC, dos 5,4 milhões de hectares com soja no Mato Grosso, espera-se assegurar 2 milhões em áreas protegidas. "É histórico", disse Marli Santos, coordenadora de recursos da informação da TNC. "Nunca um setor e um Estado inteiro concordaram em regularizar sua situação ambiental".

Com a recuperação dos preços do grão no mercado internacional, a área de soja voltou a crescer no Mato Grosso. Segundo dados da Conab, o aumento foi de 6,2% entre as safras 2006/07 e 2007/08.

O cenário favorável ao grão é visto por especialistas como o principal fator para a retomada do desmatamento entre julho e setembro deste ano na Amazônia, além da falha fiscalização do Ibama.

O Mato Grosso foi catapultado ao mundo em 2005 com a Operação Curupira, a maior operação da história contra a máfia do desmatamento na Amazônia. Maggi ganhou de ambientalistas o troféu "Moto-Serra de Ouro". Em 2006, a União Européia criou moratória contra soja em área da Amazônia.

Em seu segundo mandato, o governador Maggi, que também é um dos maiores sojicultores do país, parece tentar provar ao público externo que o passado, passou.


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