segunda-feira, outubro 12, 2009

Mecanização avança nos canaviais e necessita de pessoal qualificado

A mecanização da cana-de-açúcar é uma realidade sem volta. Quem conhece o cotidiano dos canaviais sabe que a reportagem abaixo publicada no Estado de São Paulo de 07 de outubro é pura realidade.

Esta mudança de mão do obra necessita um trabalho intenso e contínuo de qualificação, pois a cada ano as máquinas ficam mais sofisticadas. Com certeza este desenvolvimento das pessoas será prolongado às comunidades locais, formando assim lugares melhores e mais desenvolvidos.

Segue abaixo notícia na íntegra:

Em vez do facão, palm top e computador

Vaidosa, a ex-cortadora de cana Isaura de Freitas Souza resume bem o que mudou desde que deixou o corte no canavial para se tornar operadora de colhedora de cana-de-açúcar. "Engordei 13 quilos em cinco meses. O trabalho no corte era uma academia; hoje, subo só a escadinha da máquina", compara, rindo. Isaura, que cortou cana por 21 anos, foi uma das primeiras operadoras, vindas do corte, na Usina Costa Pinto, do Grupo Cosan, em Piracicaba (SP). Para chegar à atual função, Isaura fez 440 horas de curso. Teve aulas sobre colheita de qualidade, segurança no trabalho, mecânica e até preservação ambiental e acompanhou a colheita da safra.

"Quando via a colhedora, tinha medo por causa do tamanho. Mas já tinha habilitação e resolvi tentar." Hoje, ela não só opera uma colhedora sofisticada, com computador de bordo, como faz a manutenção do equipamento se precisar. Na Costa Pinto, segundo o diretor de Recursos Humanos, Luís Carlos Veguin, 138 ex-cortadores foram capacitados em 2008; este ano, 44 pessoas estão em processo de formação.

Com o avanço da mecanização no canavial, a história de Isaura deve se repetir com outros cortadores. Para cumprir o Protocolo Agro-Ambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, de 2007, que proíbe a queima de cana até 2014, e estimuladas pela assinatura, em junho, do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, iniciativa do governo federal que incentiva a adoção de boas práticas, indústrias estão investindo em programas de capacitação profissional de cortadores de cana.

"A indústria está tendo uma posição proativa no cumprimento do protocolo. Ninguém quer esperar chegar 2014 para fazer alguma coisa", diz a responsável pela Gerência de Responsabilidade Social Corporativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Maria Luiza Barbosa. Para ter-se ideia, uma pessoa pode cortar 12 toneladas/dia de cana queimada. Sem a queima da palha, esse volume cairia para 3 toneladas/dia, mas, como o corte manual da cana crua é inviável, mecanizar é a saída.

Motorista, operador de colhedora, tratorista, mecânico e fiscal são algumas das opções de recolocação profissional dos cortadores. "Cortar cana exige só esforço físico. Como motoristas de caminhão, temos mais responsabilidade. É uma mudança radical", dizem as ex-cortadoras Lucinéia Aparecida dos Santos e Rosineide Aparecida Ribeiro, da Usina São Manoel, em São Manuel (SP).

Crescimento

"É um crescimento profissional e pessoal", diz a ex-cortadora Geraldine Fátima dos Santos, que, após curso de três meses, tornou-se fiscal e, há um ano, trocou o facão por um palm top. "Como fiscal, faço um relatório eletrônico diário de cada cortador. Aprendi a resolver problemas e a lidar com pessoas, já que fiscalizo 60 cortadores. E, como cortei cana por 18 anos, sei como o trabalho funciona", diz Geraldine.

Há quatro meses, a rotina do ex-cortador Fernando Aparecido Melão é outra. Depois de um ano e meio no corte, virou operador de colhedora na São Manoel. "É uma máquina sofisticada, com computador, mas sempre quis ser operador e consegui." Para ele, a chance de deixar o corte "abriu a cabeça". Segundo o gerente administrativo financeiro, Sílvio Luís Nicoletti, 120 pessoas são capacitadas por ano, desde 2003, na São Manoel.

"Se conseguimos chegar até aqui, podemos fazer qualquer coisa. Ser operador é bom, melhorou a qualidade de vida, melhorou tudo. Mas se aparecer oportunidade melhor, vamos tentar", animam-se os ex-cortadores Agnaldo de Oliveira e Márcio Luís Rodrigues. "O nível de motivação de quem sai do corte é diferente", confirma Veguin.

Seleção

O processo de seleção é o mesmo de qualquer empresa. A vaga é anunciada e os interessados se apresentam. Há entrevista e, ao fim do processo, o resultado é avaliado. "O requisito é querer aprender", diz a coordenadora de Planejamento e Desenvolvimento de Pessoas da Unidade Quatá da Zilor, em Quatá (SP), Maria Elvira Scapol. A unidade já capacitou, desde 2006, 300 pessoas - 50% tornaram-se tratoristas.

"Em dois anos, um cortador é alfabetizado e tira carteira de habilitação", diz o gerente agrícola da Quatá, João Paulo Pires Martins. A unidade já mecanizou 75% da área. "Uma colhedora substitui o cortador, mas cria outras funções, como tratorista, mecânico e fiscal." Veguin, da Costa Pinto, confirma: "Uma colhedora demanda 20 pessoas, ela não depende só do operador."

2 comentários:

Unknown disse...

Bom dia, sou profissional de logística e quero me mudar para o interior de São Paulo, gostaria de saber com o colunista ou mesmo da Isaura onde e como ela fez os cursos de qualificação.


Obrigado

Diogo Franco

Anônimo disse...

Boa Tarde,

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