sexta-feira, outubro 30, 2009

PTB e sua visão distorcida do agronegócio.

Encontrei este post no Blog Mundo Agro da Fabiane Stefano que fica no Portal Exame. Como concordo integralmente com o texto dela resolvi colocá-lo integralmente abaixo. Ainda bem que os setores envolvidos na economia do agronegócio, apesar do conflito inerente entre o produtor rural e a agroindústria, não dão bola para isso e continuam produzindo.

Agricultura sem agroindústria?
Por Fabiane Stefano 30/10/2009 - 19:02

Ontem, um comercial de 30 segundos na TV aberta me chamou a atenção. Dizia assim: "Se você planta cana, mas não tem usina. Ou cria gado, mas não tem frigorífico. Se você planta laranja e não exporta suco. Ou colhe soja e não vende torta ou óleo. Você sabe a diferença entre ser ruralista e representante do agronegócio. O ruralista movimenta a economia verde do Brasil. Enquanto o agronegócio fica com os lucros e o reconhecimento do governo." O filme de 30 segundos foi produzido pelo PTB e entrou na cota de inserções nacionais do partido.

O que surpreende no vídeo é a visão estreita defendida pelo PTB. Quem produz - qualquer coisa - precisa vender para alguém. E quanto mais estruturada é uma cadeia produtiva, maiores ganhos são divididos para todos os participantes. É claro que em alguns segmentos as relações entre fornecedores e indústrias são extremamente tensas - é só lembrar como andam as negociações no setor de laranja. Mas, mesmo quando a situação está desgastada, nenhuma das partes pode abrir mão da outra.

Veja aqui o filme do PTB que está no youtube.

PS: Antes do vídeo que mencionei, há outros dois filmes ambos sobre o fator previdenciário.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Será que BRF comprará o Independência?

Parece que a onda das fusões e aquisições no setor de proteína animal no Brasil ainda não passou. Pelo visto a BRFoods está de olho gordo no Frigorífico Independência conforme notícia publicada nesta tarde pelo Portal Exame.

Sem dúvida, esta aquisição complementará o portfólio de produtos da empresa, aumentando a sua competitividade.

Brasil Foods pode comprar frigorífico Independência, diz site
A Independência fará assembleia para avaliar recuperação


A Brasil Foods (BRFoods), resultado da fusão entre as empresas de alimentos Sadia e Perdigão, tem interesse em comprar o frigorífico Indepência depois que este reestruturar sua dívida, segundo informou o site IFR, da agência de notícias Thomson Reuters.

De acordo com o IFR, a BRFoods visa expandir a sua atuação na comercialização de carne bovina, já que em relação ao comércio de frango, a empresa já detém uma posição dominante.

Tendo em vista essa estratégia, o Independência seria um alvo fundamental, já que é um dos maiores exportadores de carne bovina do Brasil, com atuação em sete Estados brasileiros e no Paraguai.

Mesmo sendo referência no setor de carnes, a companhia não escapou dos impactos da crise econômica, que acarretaram uma queda excessiva no comércio global e a diminuição de preços na exportação acima da desvalorização da moeda brasileira.

O frigorífico pediu recuperação judicial no início de março deste ano. Atualmente, a empresa espera a decisão da assembleia geral de credores sobre o plano de reestruturação.

Na opinião do analista de mercado Juan Cruz, do banco britânico Barclays, mesmo que a operação entre Independência e Brasil Foods não se concretize, a indústria de alimentos vai continuar se consolidando.

Somente neste ano, além da união entre Sadia, e Perdigão, houve a compra da Seara pelo frigorífico Marfrig e a aquisição da Pilgrim´s Pride e do Bertin pela JBS Friboi.

Para Cruz, o fato de o Independência estar em fase de recuperação judicial poderia viabilizar a venda para a Brasil Foods por um valor atrativo.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Estradas que não prestam, custos que aumentam

Em notícia que encontrei no UOL, podemos verificar as pobres condições que estão as nossas estradas. A relação desta situação com o Agronegócio é direta, visto que a maior parte dos produtos agrícolas tem um baixo valor e o custo de transporte tem um peso muito importante.

Quem sabe a Copa e as Olimpíadas podem ajudar isso também né????

Brasil precisa investir R$ 32 bilhões para recuperar estradas

BRASÍLIA - O Brasil precisa investir R$ 32 bilhões para recuperar todas as estradas que estão em más condições de tráfego, segundo pesquisa divulgada hoje (28) pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Entre os problemas encontrados estão a má qualidade do asfalto (63,9%), estradas com sinalização ruim (54,2%) e rodovias sem acostamento (46,3%).

A pesquisa foi feita durante 45 dias e foram analisados 89.552 quilômetros de rodovias, o que inclui todas as estradas federais pavimentadas e as principais estaduais. O presidente da CNT, Clésio Andrade, disse que os investimentos ainda não são suficientes para manter ou recuperar as estradas.

"O governo tem condições de colocar todo o sistema em condições ideais em 10 anos. Depende de recursos financeiros e de boa vontade política", disse. Apesar da situação ruim, houve melhoras em relação a última pesquisa, em 2007. Segundo Andrade, houve melhoria de 26% a 32% das rodovias classificadas como ótima ou boa.

As piores estradas estão na região Norte: mais de 90% das estradas apresentam más condições. A situação mais crítica é no Amazonas, que tem toda a malha rodoviária considerada como regular, péssima ou ruim. Em seguida está o Acre, que tem 98,7% das estadas em condições precárias. Roraima foi o que teve a maior parte das estradas avaliadas como ruins (43,6%) - a BR-210 foi considerada a pior estrada no estado.

As melhores rodovias estão na região Sudeste, onde 45,7% estão em boas condições. São Paulo apresenta as melhores condições das estradas. Mais de 70% delas estão em boas ou ótimas condições. A melhor estrada é a BR-478 (entre Limeira e o litoral sul de SP), que foi avaliada como ótima. A SP-070 (que é privada) liga a capital paulista a Taubaté e foi avaliada como a melhor estrada.

O Estado de Minas Gerais, que possui a maior malha rodoviária do país, tem as piores estradas da região Sudeste. Um total de 73,7% das estradas mineiras foram avaliadas como ruins, péssimas ou regulares. Apenas as BR-496 (no norte do estado) e 464 (próxima a Uberaba) foram avaliadas como ótima ou boa. As outras nove foram avaliadas como péssimas, ruins ou regulares, sendo que a BR-482 (na região de Viçosa) foi a que recebeu a pior classificação.

No total, 69% das estradas brasileiras são ruins e 31% estão em boas condições. Entre as rodovias sob gestão pública, 77,6% não apresentam boas condições para os motoristas e o restante (22,4%) tem boa trafegabilidade. No caso das rodovias privatizadas, a situação se inverte: 76,5% estão em boas condições e 23,5% apresentam problemas.(Agência Brasil)

Dois processos iguais, duas decisões tomadas em tempo muito diferentes

O Brasil está melhorando em muitas coisas, porém as notícias abaixo mostram a diferença de tempo na tomada de decisão dos orgãos competentes em dois eventos semelhantes. A primeira notícia é da Agência Safras do dia 15 de outubro e a segunda de hoje da Folha de Sâo Paulo.

Nos EUA, a aprovação da compra da Pilgrim's pela JBS foi resolvida em um mês, enquanto isso no Brasil, a fusão anunciada na metade de maio só será aprovada ou não no ano que vem.

Seguem as notícias na íntegra:

Departamento de Justiça aprova compra da Pilgrim’s pela JBS
Aprovação final da Corte Falimentar deve ocorrer até o final do ano

A JBS Friboi informou que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu nesta quinta, dia 15, pela aprovação da incorporação da Pilgrim's Pride pela JBS USA Holdings Inc., anunciada em 16 de setembro.

– Com a decisão do Departamento de Justiça, foi concedido à JBS o direito de atuar, de forma significativa, no segmento de carne de aves americano, aguardando apenas a aprovação da Corte Falimentar. Tendo em vista nosso êxito nos segmentos de carne bovina e suína nos EUA, acreditamos estar bem posicionados para trazer a mesma energia para a Pilgrim's Pride, seus funcionários e clientes – afirmou o CEO da JBS USA, Wesley Batista, em comunicado enviado ao mercado.

Com uma compra no valor de US$ 800 milhões, a JBS USA passará a deter 64% do capital da Pilgrim's, o que representa US$ 2,8 bilhões do valor de firma. A JBS estima que a aprovação final da Corte Falimentar seja feita até o final do ano.

Segundo comunicado divulgado no mês passado, os recursos serão utilizados para cumprir algumas obrigações do plano de reorganização do processo de concordata. Todas as ações ordinárias da empresa norte-americana serão canceladas, e os atuais acionistas irão receber o mesmo número de novas ações ordinárias, representativas de 36% do capital da Pilgrims reorganizada.

A Pilgrim's Pride fica no Estado do Texas e atua nos segmentos de criação, abate, processamento e comercialização de carne de frango.


Brasil Foods e CADE: decisão só no ano que vem
São Paulo, SP, 28 de Outubro de 2009 - A perspectiva de solução para o caso BRF (Brasil Foods) no Cade não é muito animadora, segundo analistas de mercado. Um novo relator do órgão foi apontado para acompanhar a incorporação de Sadia e Perdigão. A decisão não deve sair ainda neste ano. "Esperar isso seria otimista demais", disse um analista.

As duas companhias seguem, por ora, separadas. Apenas no mercado internacional a BRF teve autorização para unir as operações. As vantagens pela atuação conjunta são estimadas entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões, segundo fontes de corretoras.

A epopéia de alimentar uma cidade segundo Carolyn Steel

A autora do livro Hungry City (Cidade Faminta em tradução livre), Carolyn Steel, faz uma apresentação (em inglês com legendas) sobre a epopéia de como alimentar uma cidade e como elas foram transformadas pelos alimentos. Esta palestra faz parte de um conjunto de palestras muito interessantes sobre diversos temas promovidas por uma organização não-governamental chamada TED (Technology,Entertainment, Design) e o seu site é http://www.ted.com/.

Carolyn Steel é uma urbanista da alimentação e seu livro tem como sub-título "How food shapes our lives", ou seja, "Como a alimentação molda as nossas vidas" pode ser lido parcialmente clicando no site do livro:

O resumo da palestra é o seguinte: Em cada dia, em uma cidade do tamanho de Londres, 30 milhões de refeições são servidas. Mas de onde toda esta comida vem? A arquiteta Carolyn Steel discute o milagre diário de alimentar uma cidade, e mostra como rotas antigas dos alimentos moldaram o mundo moderno.

Apesar de não concordar com algumas idéias, principalmente a questão do consumo de produtos locais, porque acredito que isso é uma forma disfarçada de protecionismo, acredito que a palestra é interessante, principalmente quando mostra assuntos relacionados ao desenvolvimento histórico das cidades devido à localização dos alimentos.

E como curiosidade, ela mostra durante a apresentação aquela famosa foto da colheita simultânea de muitas colhedoras de grãos no Mato Grosso.

A palestra aconteceu em julho de 2009 e tem a duração de 15 minutos. Pode ser acessada integralmente clicando aqui:

Agricultura aumenta emissão de CO2 desde 1994

Parece que temos que reduzir a quantidade de CO2 emitido pela agricultura pois ocorreu um aumento de 30% nos últimos anos, conforme descrito na notícia abaixo da Agência Estado.

Esta tarefa, sem dúvida, caberá ao corpo técnico atuante no agronegócio. Não tenho dúvida que é possível uma redução deste níveis:

CO2 emitido pela agropecuária sobe 30% em 13 anos

Brasília, DF, 28 de Outubro de 2009 - As emissões de gás carbônico pelo setor agropecuário subiram 30% entre 1994 e 2007. A agropecuária representa 25% das emissões brasileiras e é a segundo maior fonte brasileira de gases que provocam mudanças climáticas, atrás apenas do desmatamento.

Ainda assim, a estimativa das emissões preparada pelo Ministério do Meio Ambiente mostra que, entre quatro setores econômicos, a agropecuária é que menos cresceu. As indústrias tiveram, no período, um aumento de 56%, apesar de representarem apenas 1,7% das emissões brasileiras. A área de energia, responsável hoje por 20% das emissões, aumentou 54%.

Apesar de serem tradicionalmente apontados como culpados por boa parte das emissões de gases que prejudicam o clima - no caso, o metano produto da flatulência --, bois e vacas ficam apenas em segundo lugar na lista de emissões. É o manejo do solo para plantação o responsável por 39% das emissões, com a preparação da terra com adubos e fertilizantes.

A "fermentação entérica" - o processo digestivo do gado que, como resultado, emite metano - fica em segundo lugar, com 25% das emissões. Em terceiro lugar surge o manejo de dejetos animais. A queima de resíduos agrícolas, como a do bagaço da cana, está em terceiro lugar mas, ao mesmo tempo, é a que mais cresceu, 59% entre 1994 e 2007.

No total, o setor agropecuário emite 479 milhões de toneladas de CO2 por ano. A estimativa para as emissões brasileiras em 2007 era de 1,9 bilhões de toneladas de gás carbônico. Dessas, 52% seriam causadas pelo desmatamento, especialmente na região amazônica. No entanto, esse índice já foi maior.

Em 1994, representava 55,2%. Nesse período, o desmatamento chegou a ser reduzido, mas a matriz energética se tornou mais suja - entraram em ação das termelétricas e o uso de combustíveis fósseis cresceu, o que representou um aumento de 54% nas emissões -, houve crescimento industrial, assim como da produção de resíduos industriais e de lixo no País. (Lissandra Paraguassu)

Energia Verde. O seu próximo trabalho será neste setor.

Parece que o setor das energias limpas ou verdes pode ser uma boa oportunidade de crescimento profissional de muita gente em um futuro breve. A notícia abaixo do site português Ambiente Online comenta a possibilidade de criação de 8 milhões de empregos no setor em 20 anos.

Com certeza, o Brasil, devido às suas características, pode ser um grande beneficiário deste "boom".

Energia limpa pode criar 8 milhões de empregos até 2030

Um estudo realizado pelo Greenpeace, em parceria com o Conselho Europeu de Energias Renováveis, conclui que a indústria das energias renováveis, bem com os programas e medidas de eficiência energética, têm capacidade para gerar 8 milhões de empregos em todo o mundo até 2030.A conclusão consta do relatório “Trabalhando para o clima: energias renováveis e a revolução dos empregos verdes”, que estima que se nada for feito no sentido da “(R)evolução Energética”, o sector da energia irá perder 500 mil empregos.

O estudo, apresentado recentemente, indica que actualmente as energias renováveis dão emprego a 1,7 milhões de pessoas. Só este sector será capaz de gerar mais 5 milhões de postos de trabalho, num cenário de “(R)evolução energética”, em 2030.

Mas para isso, revela o documento, são necessários incentivos políticos «urgentes». Antes de mais, é preciso chegar a um «novo acordo climático global na Conferência de Copenhaga, em Dezembro», que garanta que o “pico” mais alto em termos de emissões de gases com efeitos de estufa seja atinjido em 2015. Por seu turno, são necessárias políticas nacionais que capacitem as “economias verdes” dos países, acabando com os subsídios e incentivos económicos que ainda encorajam práticas de uso ineficiente da energia. «Não deverá ser feito qualquer investimento em fábricas de carvão, petróleo ou energia nuclear», sublinha o relatório do Greenpeace.

Importa também estabelecer metas e tarifas para as energias renováveis, e suportar a inovação tecnológica neste domínio. Por último, o estudo sugere o estabelecimento de parâmetros de eficiência e limites às emissões, para levar a procura de energia a um patamar sustentável.

A substituição do carvão por eletricidade gerada a partir de fontes renováveis, por exemplo, evitará a emissão de 10 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, lê-se no documento.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Porque o biodiesel não decola?

Em editorial do Estado de São Paulo publicado hoje, é discutida a situação atual do biodiesel que apesar de todo o incentivo do governo, não conseguiu decolar principalmente com relação à agricultura familiar.

O que será que está faltando para isso acontecer? Será que o biodiesel, assim como o etanol, precisa de escala de produção que inviabiliza a produção familiar, principalmente no Norte e Nordeste, foco principal do governo? Ou será que falta pesquisa para as culturas que participariam deste programa?

Uma coisa é certa, existe um mercado garantido por medidas do governo que tem que ser suprimido. Portanto, cabe ao governo executar ações que viabilizem as culturas indicadas à agricultura familiar.

O fracasso do biodiesel

Criado há cinco anos para, como disse então o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, transformar-se em "mais uma chama acesa no coração da gente nordestina", o Programa Nacional de Biodiesel está se apagando. Até agora não alcançou nenhuma das metas sociais que o governo lhe atribuiu nem estimulou o plantio de novas culturas, como mamona, girassol e dendê, que impulsionaria a agricultura familiar nas regiões mais pobres do País.

O programa foi criado para estimular a produção de um combustível mais limpo e biodegradável, derivado de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, para substituir total ou parcialmente o diesel derivado do petróleo utilizado em caminhões e ônibus e como combustível para gerar energia e calor. Mas, para transformar o programa em uma das estrelas de seu governo, o presidente Lula acrescentou-lhe outros objetivos, como o estímulo à produção agrícola nas regiões menos desenvolvidas, como o Norte e o Nordeste, e sobretudo o combate à pobreza nas áreas rurais.

Nada disso está sendo alcançado, como mostrou o Estado, em reportagem de Nicola Pamplona.

O presidente escolheu a mamona como símbolo do programa. A produção dessa matéria-prima por agricultores familiares, especialmente no Nordeste, abriria o caminho para essas famílias trocarem as difíceis condições de vida que enfrentam hoje por um pouco mais de conforto e segurança econômica - daí ele ter falado em "chama acesa no coração" dos nordestinos.

A reportagem deixou claro que o programa praticamente não utiliza a mamona e outras oleaginosas alternativas. Sobrevive graças, sobretudo, à produção de biodiesel a partir da soja (que responde por 78,7% da produção total). O sebo bovino aparece como segunda matéria-prima mais utilizada (14,6%) e o óleo de algodão, como terceira (4,1%). As demais fontes para a produção do biodiesel, como as sempre citadas pelo presidente, respondem por apenas 2,6% do volume produzido atualmente.

A incontestável predominância do uso da soja na produção do biodiesel contraria frontalmente dois dos principais objetivos do programa do governo. Em lugar da pretendida desconcentração regional da produção, a soja está levando à concentração, pois as Regiões Centro-Oeste e Sul já respondem por 71,6% do combustível produzido. E é uma matéria-prima cultivada em grande escala, o que tende a afastar dessa cultura pequenos agricultores que não disponham de recursos tecnológicos, embora parte da produção da soja do Sul do País saia de propriedades familiares.

Era previsível que, na primeira fase do programa do biodiesel, a soja fosse utilizada amplamente, por ser uma cultura com grande volume de produção e por questões logísticas. Mas ela não é a matéria-prima mais adequada para o biodiesel, pois seu rendimento é mais baixo. Calcula-se que apenas 18% de cada grão de soja pode ser utilizado para fazer óleo; nas demais oleaginosas, o rendimento é de cerca de 40%. Além disso, como seu preço está mais sujeito às oscilações do mercado mundial do que o das demais matérias-primas potenciais, a soja torna o programa brasileiro de biodiesel mais vulnerável.

"O governo errou no timing", diz o coordenador do programa do biodiesel, Arnoldo de Campos, pois esperava uma diversificação mais rápida das matérias-primas. Talvez pudesse ter evitado o erro se levasse em conta fatores conhecidos quando lançou o programa. O dendê, por exemplo, além de só poder ser cultivado com eficiência numa determinada faixa do território brasileiro, leva oito anos para gerar a primeira colheita.

Mas o erro mais notável está no caso da mamona, que simboliza o programa do biodiesel. Seu óleo tem um alto valor de mercado, de cerca de três vezes o preço do biodiesel. Era previsível que os produtores, a fornecer a mamona por preço menor para a produção de biodiesel, iam preferir vendê-la às empresas que pagam mais, que são as indústrias química - que com ela produz óleos lubrificantes -, de cosméticos e farmacêutica.

O presidente da Petrobrás Biocombustíveis, Miguel Rossetto - um dos criadores do programa de biodiesel -, diz que, em três anos, podem surgir matérias-primas competitivas para substituir a soja. Pode ser, mas, então, o presidente que tanto falou do biodiesel e da mamona não estará mais no poder.

Rio Brilhante - 2º maior produtor de cana do Brasil!!!!

A notícia não é tão nova, é do dia 17 de outubro, porém vale a pena comentá-la, pois para mim foi uma grande surpresa.

Acostumado com os canaviais do Estado de São Paulo, ao ler esta notícia no BrasilAgro, fiquei muito surpresa. Isto só mostra a força da indústria sucro-energética e a transformação pela qual está passando neste momento. Segue abaixo na íntegra a notícia da Folha de São Paulo:

Rio Brilhante/MS já é o 2º maior produtor de cana do país

Estimulado pelo desenvolvimento do mercado nacional de carros bicombustíveis, o cultivo da cana-de-açúcar ganhou força em 2008 em Estados próximos a São Paulo, principal produtor do país. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o crescimento foi maior principalmente nos Estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste.

Enquanto em São Paulo a área destinada aos canaviais aumentou 16,8% no ano passado, em Mato Grosso do Sul o incremento foi de 31,8%, e, em Goiás, de 49,7%. Minas Gerais, na região Sudeste, teve alta de 22,84%.

Localizado no sudoeste de Mato Grosso do Sul, Rio Brilhante foi o município que mais se destacou, passando da 13ª colocação no ranking dos maiores produtores de cana para a 2ª posição, atrás apenas de Morro Agudo ( SP). Em relação a 2007, o crescimento da produção no local foi de 109,8%, e os 6,2 milhões de toneladas colhidos representaram 1% do total nacional. Uberaba, em Minas Gerais, foi outro destaque. Com uma produção 64,9% superior à de 2007, o município passou da 7ª para a 4ª posição. Os municípios que completam a lista dos dez maiores produtores de cana-de-açúcar são todos do Estado de São Paulo.

PREÇOS ACESSÍVEIS

Segundo o técnico da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, a expansão rumo ao Centro Oeste é motivada pela maior disponibilidade de terras, o que torna os preços mais acessíveis nessa região.

Ele destaca ainda que o avanço dos canaviais não é significativo na área do entorno do Pantanal, que o governo pretende proteger de novos projetos sucroalcooleiros com o plano de zoneamento enviado ao Congresso. Mesmo com a expansão rumo ao interior do país, porém, a liderança paulista no cultivo da cana segue absoluta - em 2008, o Estado respondeu por 59,8% da produção nacional. Em seguida vêm Paraná (7,9%) e Minas Gerais (7,4%).

Apesar de terem apresentado as maiores taxas de crescimento na área cultivada, Goiás e Mato Grosso do Sul ainda ocupam a quarta e a sexta posições, respondendo, respectivamente, por 5,1% e 3,3% do total produzido no país. Mas o avanço já se faz notar: em 2007, esses percentuais eram de 4,1% e 2,9%.

QUEDA NO PREÇO

A expansão da safra nacional, no entanto, não foi acompanhada por um crescimento similar no valor recebido pelos agricultores. Enquanto a produção subiu 17,3% em 2008, atingindo nível recorde, o valor recebido por ela aumentou apenas 2%.

A redução do preço recebido por tonelada foi influenciada pela grande quantidade de açúcar produzido na Índia e pela queda do preço do barril de petróleo, que, depois de chegar a US$ 147, fechou o ano em torno de US$ 40, tornando o álcool combustível menos atraente.

Segundo Guedes, porém, a conjuntura em 2009 está mais favorável para o produtor brasileiro que decidiu investir na cana. Além de uma redução na produção indiana de açúcar, a oferta interna sofreu redução e os preços já apresentaram alta.

Uma homenagem à mulher do campo por Roberto Rodrigues

Em artigo da Folha de São Paulo de sábado passado, o ex-ministro Roberto Rodrigues faz uma pequena homenagem às mulheres do agronegócio pelo dia da Mulher Agricultora comemorado em 15 de outubro.

Um texto simples e muito bem escrito, que mostra a força das mulheres em diversas fases que a agricultura passou pela história. Sem dúvida, vale a pena ler:

A mulher no campo
Roberto Rodrigues

Mulheres fortíssimas e valentes estão na base da nossa agricultura; a elas, o respeito do povo brasileiro.

No dia 15 deste mês o mundo todo celebrou o Dia da Mulher Agricultora. Se há um povo que deveria soltar rojões para comemorar a data, somos nós: afinal, na presidência da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) temos, pela primeira vez na história, uma mulher lúcida, lutadora, corajosa, determinada, defensora incondicional da agropecuária brasileira, a senadora Kátia Abreu.

Com uma história construída na batalha permanente em favor do campo, Kátia Abreu vem marcando sua trajetória presente com os mesmos valores que a trouxeram à presidência da mais importante organização de agricultores e pecuaristas do Brasil. E tivemos outras líderes.

Alice Ferreira, ex-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Nelore, fez um trabalho exemplar em sua passagem pela entidade, sobretudo porque marcada por dificuldades de toda ordem para o setor.

Dona Lia Souza Dias, outra formidável guerreira, presidiu a Orplana (Organização dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo) na desigual disputa com usineiros: Golias enfrentou David com galhardia. E temos Bia Martins Costa, do Planeta Orgânico. Aliás, é bom lembrar que conforme o Censo Agropecuário 2006, 13,7% dos estabelecimentos da agricultura familiar eram dirigidos por mulheres!

Mas gostaria de tratar das mulheres que não apareceram, não se notabilizaram por ações extraordinárias, não têm seus nomes aclamados pela memória dos militantes do campo, e, no entanto, foram a fortaleza dos produtores que construíram a fronteira agrícola brasileira.

Quantas mulheres gaúchas, catarinenses, paranaenses, paulistas, mineiras, subiram em caminhões com tudo o que possuíam de bens materiais e, empurrando as famílias para o sertão, construíram, do nada, patrimônios poderosos! Sem elas, seus homens não teriam sabido avançar. Elas, com seu espírito prático, montaram lares provisórios, com fogões improvisados e cozinharam para a família e os agregados, anos a fio no meio do mato, até que houvesse renda para fazer a casa e, então, poder governar toda a turma, com pulso firme e objetivos claros e definidos, na direção do crescimento e da estabilidade.

Lembro-me quando, há quase 40 anos, viajando pelo Mato Grosso, encontrava, nos confins do nada, posto de gasolina em que o frentista era uma loirinha gaúcha, chamando a gente de tchê, mãos calejadas pelo trabalho pesado...

Por sua vez, as mulheres nordestinas se embrenharam pela floresta amazônica com seus pais, irmãos e maridos para sangrar seringueiras no ciclo da borracha, e sua presença dominante deu consistência à incorporação do Acre ao nosso território.

Voltando no tempo ainda mais, para o começo do século 20, tivemos famílias inteiras de italianos que deixaram tudo para trás e vieram cuidar dos cafezais paulistas e paranaenses. E alemães e holandeses que foram para o Sul plantar flores, uvas e frutas de clima temperado.

Todos trouxeram tecnologias, pratos novos, e com a posição marcante das mulheres, forjaram este cadinho de raças único que é o Brasil.

Dos muitos livros que contam a saga dessas famílias construtoras do nosso progresso, há um, da família Bellodi, cujo título é: "Os Que Dizem Adeus Não Olham Para Trás". É isso.

Mulheres valentes, fortíssimas, estão na base da nossa agricultura.

Deixaram suas raízes por uma nova pátria.

A elas, o respeito reverente de todo o povo brasileiro. E uma dívida irresgatável.

Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp - Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula)

sexta-feira, outubro 23, 2009

Setor sucroalcooleiro do Brasil é maior do que o Uruguai

Para aqueles que tratam de maneira inadequada o setor sucroalcooleiro, a notícia abaixo servirá como reflexão e quem sabe para mudança de alguns paradigmas. A notícia foi encontrado no Ethanol Brasil Blog com fonte do Estado de São Paulo.

O trabalho completo que serviu de base para a notícia foi elaborado pelo Marcos Fava Neves da USP e encontra-se disponível para download na íntegra no site da UNICA clicando aqui:

"PIB" das usinas equivale a um Uruguai

Os elevados investimentos feitos nas últimas décadas fizeram do setor sucroenergético uma das mais poderosas indústrias do Brasil. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do segmento ficou na casa dos US$ 28 bilhões, valor equivalente à economia do Uruguai ou 1,5% do PIB nacional. Os dados fazem parte de um estudo inédito feito pelo Centro de Pesquisa e Projetos em Marketing e Estratégia (Markestrat), da USP.

O trabalho, intitulado Mapeamento e Quantificação do Setor Sucroenergético, faz um retrato da indústria da cana-de-açúcar no País e os negócios que ela cria em toda cadeia de produção, desde os insumos até o consumidor final. "Procuramos fazer um desenho completo do sistema agroindustrial sucroenergético. Os números do setor são impressionantes", diz o coordenador da pesquisa, Marcos Fava Neves, da Faculdade de Economia e Administração/USP de Ribeirão Preto.

Um dos dados mais expressivos, na avaliação dele, é o da movimentação financeira de toda cadeia produtiva, que somou US$ 86,83 bilhões. Desse total, 23% referem-se aos insumos agrícolas e à produção de cana de açúcar. Segundo o estudo, preparado por uma equipe de 10 pesquisadores por cinco meses, o setor foi responsável por 47% dos tratores de alta potência (acima de 200 cv) vendidos pela indústria no ano passado e 22% das colheitadeiras produzidas - apesar da crise global que abalou as finanças do setor.

O grosso da movimentação financeira, porém, está no setor industrial, que responde por mais de dois terços do que é faturado no setor. Só a cadeia responsável pela construção e modernização das usinas faturou US$ 6,41 bilhões. O valor considera o investimento em 29 unidades iniciadas por volta de 2006 e concluídas no ano passado.

O faturamento das usinas com a comercialização de açúcar e etanol somou US$ 22,64 bilhões. A distribuição dos produtos responde por mais US$ 23,7 bilhões. "No ritmo que o setor está, apesar da crise, vamos ter valores completamente diferentes de quando refizermos esse estudo nos próximos anos", prevê Fava.

Ele destaca que o Brasil deve fechar 2009 com 50% da exportação mundial de açúcar. "Nos próximos cinco anos essa fatia deve chegar a 60%."

No caso do etanol, o professor acredita que o futuro do combustível está no mercado interno por causa das várias implicações no ambiente internacional. "Estima-se que, em 2015, 80% do combustível consumido por automóveis leves seja de etanol. Hoje o setor já tem pouco mais 50% do mercado nacional."

Real valorizado pode prejudicar algumas indústrias

Encontrei no portal Exame, uma notícia da Agência Estado que comenta o fato da Bunge estar preocupado com a situação cambial. Isto é a consequência da valorização do real frente ao dólar. O que é bom para alguns setores, é especialmente trágico para os exportadores, como o agronegócio. Segue notícia na íntegra:

Real forte pode forçar Bunge a fechar unidades no Brasil

O presidente e executivo-chefe da gigante norte-americana de agronegócio Bunge, Alberto Weisser, disse hoje que a companhia está reduzindo custos no Brasil por causa da valorização do real e que, por conta disso, unidades poderão ser fechadas no País. O executivo afirmou que, na visão da empresa, a moeda brasileira deve continuar forte. As declarações foram dadas durante entrevista para comentar os resultados do terceiro trimestre.

Na divulgação dos números, hoje cedo, a companhia disse que, além dos problemas com a questão cambial, a redução do plantio de milho e algodão no Brasil afetou as vendas de adubos no País, seu principal mercado. Contudo, Weisser se disse otimista a respeito da recuperação do setor de fertilizantes em 2010 na medida em que a Bunge recompor estoques ao custo de mercado e registrar recuperação na demanda brasileira.

O presidente da Bunge também afirmou que continua confiante de que o aumento na demanda por alimentos vai puxar o segmento agribusiness da companhia, embora a desvalorização do dólar ante o real e o euro seja um fator preocupante. "Apesar da crise (econômica), nada mudou", disse. "Precisaremos de mais alimentos".

Ele e outros executivos do setor agrícola se mantêm otimistas a respeito do aumento na demanda por alimentos no longo prazo por conta de fatores demográficos, apesar de os investidores estarem vendendo agressivamente os papéis do setor desde o estouro da bolha das commodities, em 2008. Weisser observou que os preços historicamente altos de alguns produtos agrícolas apontam para a necessidade de aumentar a oferta.

A demanda por carne e lácteos nos mercados em desenvolvimento continua a aumentar, apesar de quedas registradas nos Estados Unidos e na Europa, ponderou. A Bunge é uma das maiores processadoras mundiais de grãos e outros produtos agrícolas e também atua no setor de fertilizantes. Mais cedo, a companhia informou queda de 1% no lucro do terceiro trimestre fiscal, para US$ 232 milhões, resultado creditado ao mau desempenho do setor de adubos.

Como outros produtores desse insumo, a Bunge tinha estoques altos quando os preços despencaram em 2008. A esperada recuperação no segundo semestre deste ano não ocorreu. Por conta disso, a Bunge mais uma vez reduziu sua previsão de resultados para 2009. Agora, a companhia espera lucro anual de US$ 3,10 a US$ 3,50 por ação, ante intervalo entre US$ 4,90 e US$ 5,40 por ação previsto em abril. As informações são da Dow Jones. (Agência Estado)

quarta-feira, outubro 21, 2009

Melhores do Agronegócio 2009 - Globo Rural

Em cerimônia realizada na segunda-feira passada em São Paulo, foram apresentadas as empresas vencedoras do Prêmio "Melhores do Agronegôcio 2009" da Revista Globo Rural.

A grande campeã da noite foi a Suzano Papel e Celulose e as demais vencedoras e as respectivas categorias encontram-se nas figuras abaixo:





Brasil também exporta cérebros do agronegócio

Em artigo publicado na Exame, que encontrei no BrasilAgro, podemos ver que além de exportar matérias-primas agrícolas e tecnologia do setor sucroalcooleiro (algo que vem crescendo nos últimos tempos) estamos também exportando cérebros qualificados na área de produção vegetal.

Isto só mostra o estágio atual de nosso agronegócio e a primazia na agricultura tropical conseguida com muito trabalho de pesquisa e desenvolvimento. Segue artigo na íntegra:

ALÉM DE SOJA, EXPORTAMOS CÉREBROS

Eis mais uma mostra do avanço do agronegócio brasileiro: profissionais levam tecnologia, conhecimento e experiência daqui para outros países.

O agrônomo paulista Cláudio de Oliveira era coordenador de desenvolvimento de produtos na subsidiária brasileira da Basf no ano 2000 quando se deparou com uma situação digna de fábula infantil. Meses após o lançamento de um fungicida (produto usado no combate a fungos), Oliveira começou a receber relatos de agricultores de todo o país. Eles diziam que, além do controle de parasitas, o produto estaria gerando vegetais mais verdes, maiores e mais produtivos. O fenômeno deixou os pesquisadores eufóricos. Sob coordenação de Oliveira, a Basf brasileira iniciou uma investigação dos supostos efeitos extraordinários do fungicida, envolvendo pesquisadores de uma dezena de universidades. Seis anos após os primeiros relatos, os produtos do selo AgCelence -- criado com o resultado das pesquisas lideradas por Oliveira -- tinham potencial de venda avaliado em 500 milhões de euros anuais. Dos Estados Unidos à Itália, o conceito passou a ser adotado em filiais da Basf pelo mundo. No final de 2007, o sucesso da descoberta levou à transferência de Oliveira para a matriz da multinacional, na Alemanha. Num laboratório situado em Limburgerhof, ao sul de Frankfurt, ele hoje coordena a equipe global de desenvolvimento de fungicidas. "Fui chamado para reproduzir aqui a experiência que desenvolvemos no Brasil", diz.

Casos como o dele mostram que o agronegócio brasileiro não se limita a exportar commodities como soja e açúcar. Os cérebros também conquistam espaço lá fora. "Nossas competências estão avançando muito em termos globais", afirma Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Um bom indicador é o número de brasileiros que trabalham em multinacionais do setor espalhados pelo mundo. Na Basf, há 29 expatriados do Brasil. Nas unidades da americana Monsanto, há 16. No grupo suíço Syngenta, são 14. Na também americana John Deere, 12. A ideia de que estadas no exterior são apenas etapas de qualificação na carreira ficou para trás. "Hoje, os brasileiros são transferidos não apenas para aprender, mas especialmente para ensinar", afirma Ricardo Miranda, diretor da Monsanto do Brasil.

Do campo aos laboratórios, a demanda por conhecimentos e práticas aprimoradas por brasileiros é diversificada. Em março, o engenheiro de produção Rodrigo Abud, de 30 anos, deixou o posto que ocupava na Syngenta em São Paulo para assumir na Suíça o desenvolvimento, em dez países do Leste Europeu, de uma solução de negócio em que ele já acumulava cinco anos de experiência e bons resultados no Brasil. Pelo modelo, o produtor tem a opção de pagar parte da compra de sementes e defensivos com sacas de produto ao final da colheita. Por trás da aparente simplicidade do modelo, há uma operação financeira que envolve cálculos e projeções dos preços no mercado futuro e a logística de entrega da produção. A complexidade é maior quando se considera que isso é feito ao mesmo tempo com milhares de agricultores. A solução contorna a crônica escassez de crédito no campo -- problema comum a economias em desenvolvimento. "O cenário no Leste Europeu hoje é muito semelhante ao que encontrávamos no Brasil há alguns anos", diz Abud.

O caso mais evidente da difusão de tecnologias e de competências brasileiras no agronegócio é o processo de internacionalização da Embrapa. A primeira incursão da Embrapa no exterior data de 1998, com a instalação de um laboratório de cooperação científica em Maryland, nos Estados Unidos. Hoje, a estatal mantém outros três laboratórios em países da Europa e na Coreia. Na África, em novembro de 2006, foi inaugurado em Acra, capital de Gana, o primeiro escritório de transferência de tecnologia da Embrapa no exterior. Em menos de três anos, o escritório foi procurado por 35 países. "Atendemos demandas de países que conhecem o sucesso do Brasil na área agrícola e querem reproduzir nossos conhecimentos", afirma o agrônomo Paulo Galerani, funcionário da Embrapa em Gana. Agora, a empresa estuda a criação de uma unidade em Moçambique. Para Chade, Mali, Burkina Faso e Benim foi criado o programa Cotton 4, que transfere tecnologia de produção de algodão. A presença da Embrapa na África também tem servido para a ligação de empresas brasileiras do agronegócio com governos e grupos privados africanos interessados em obter tecnologia. "Recebemos pelo menos uma demanda por semana", diz Galerani. As intermediações já deram origem a vendas de sementes, máquinas e fábricas completas. "O potencial do mercado africano para as empresas brasileiras é enorme", afirma Mark Lundell, especialista em agricultura do Banco Mundial. "A Embrapa está se transformando numa abridora de portas para elas."

Em alguns casos, a exportação de conhecimento se dá em níveis mais básicos. Há dois anos, o agrônomo goiano Rodrigo Camargo foi contratado pela agropecuária Muguidjana, empresa controlada pelo grupo português Thanda Vantu, para a execução de um projeto de pecuária no norte de Angola. Assolado por uma guerra civil que durou três décadas, o país havia perdido a pouca tradição que tinha no trato com o gado. "Tive de ensinar como tocar uma fazenda praticamente do zero", diz ele. Os ensinamentos hoje ficam a cargo de 20 técnicos brasileiros que foram enviados ao país para treinar 70 angolanos que moram na propriedade. A rotina passa por aulas de montaria a cavalo, manejo de tratores e instalação de cercas. "Agora os angolanos já fazem sozinhos boa parte do trabalho", diz Camargo. Sim, mas com jeito brasileiro.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Mecanização avança nos canaviais e necessita de pessoal qualificado

A mecanização da cana-de-açúcar é uma realidade sem volta. Quem conhece o cotidiano dos canaviais sabe que a reportagem abaixo publicada no Estado de São Paulo de 07 de outubro é pura realidade.

Esta mudança de mão do obra necessita um trabalho intenso e contínuo de qualificação, pois a cada ano as máquinas ficam mais sofisticadas. Com certeza este desenvolvimento das pessoas será prolongado às comunidades locais, formando assim lugares melhores e mais desenvolvidos.

Segue abaixo notícia na íntegra:

Em vez do facão, palm top e computador

Vaidosa, a ex-cortadora de cana Isaura de Freitas Souza resume bem o que mudou desde que deixou o corte no canavial para se tornar operadora de colhedora de cana-de-açúcar. "Engordei 13 quilos em cinco meses. O trabalho no corte era uma academia; hoje, subo só a escadinha da máquina", compara, rindo. Isaura, que cortou cana por 21 anos, foi uma das primeiras operadoras, vindas do corte, na Usina Costa Pinto, do Grupo Cosan, em Piracicaba (SP). Para chegar à atual função, Isaura fez 440 horas de curso. Teve aulas sobre colheita de qualidade, segurança no trabalho, mecânica e até preservação ambiental e acompanhou a colheita da safra.

"Quando via a colhedora, tinha medo por causa do tamanho. Mas já tinha habilitação e resolvi tentar." Hoje, ela não só opera uma colhedora sofisticada, com computador de bordo, como faz a manutenção do equipamento se precisar. Na Costa Pinto, segundo o diretor de Recursos Humanos, Luís Carlos Veguin, 138 ex-cortadores foram capacitados em 2008; este ano, 44 pessoas estão em processo de formação.

Com o avanço da mecanização no canavial, a história de Isaura deve se repetir com outros cortadores. Para cumprir o Protocolo Agro-Ambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, de 2007, que proíbe a queima de cana até 2014, e estimuladas pela assinatura, em junho, do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, iniciativa do governo federal que incentiva a adoção de boas práticas, indústrias estão investindo em programas de capacitação profissional de cortadores de cana.

"A indústria está tendo uma posição proativa no cumprimento do protocolo. Ninguém quer esperar chegar 2014 para fazer alguma coisa", diz a responsável pela Gerência de Responsabilidade Social Corporativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Maria Luiza Barbosa. Para ter-se ideia, uma pessoa pode cortar 12 toneladas/dia de cana queimada. Sem a queima da palha, esse volume cairia para 3 toneladas/dia, mas, como o corte manual da cana crua é inviável, mecanizar é a saída.

Motorista, operador de colhedora, tratorista, mecânico e fiscal são algumas das opções de recolocação profissional dos cortadores. "Cortar cana exige só esforço físico. Como motoristas de caminhão, temos mais responsabilidade. É uma mudança radical", dizem as ex-cortadoras Lucinéia Aparecida dos Santos e Rosineide Aparecida Ribeiro, da Usina São Manoel, em São Manuel (SP).

Crescimento

"É um crescimento profissional e pessoal", diz a ex-cortadora Geraldine Fátima dos Santos, que, após curso de três meses, tornou-se fiscal e, há um ano, trocou o facão por um palm top. "Como fiscal, faço um relatório eletrônico diário de cada cortador. Aprendi a resolver problemas e a lidar com pessoas, já que fiscalizo 60 cortadores. E, como cortei cana por 18 anos, sei como o trabalho funciona", diz Geraldine.

Há quatro meses, a rotina do ex-cortador Fernando Aparecido Melão é outra. Depois de um ano e meio no corte, virou operador de colhedora na São Manoel. "É uma máquina sofisticada, com computador, mas sempre quis ser operador e consegui." Para ele, a chance de deixar o corte "abriu a cabeça". Segundo o gerente administrativo financeiro, Sílvio Luís Nicoletti, 120 pessoas são capacitadas por ano, desde 2003, na São Manoel.

"Se conseguimos chegar até aqui, podemos fazer qualquer coisa. Ser operador é bom, melhorou a qualidade de vida, melhorou tudo. Mas se aparecer oportunidade melhor, vamos tentar", animam-se os ex-cortadores Agnaldo de Oliveira e Márcio Luís Rodrigues. "O nível de motivação de quem sai do corte é diferente", confirma Veguin.

Seleção

O processo de seleção é o mesmo de qualquer empresa. A vaga é anunciada e os interessados se apresentam. Há entrevista e, ao fim do processo, o resultado é avaliado. "O requisito é querer aprender", diz a coordenadora de Planejamento e Desenvolvimento de Pessoas da Unidade Quatá da Zilor, em Quatá (SP), Maria Elvira Scapol. A unidade já capacitou, desde 2006, 300 pessoas - 50% tornaram-se tratoristas.

"Em dois anos, um cortador é alfabetizado e tira carteira de habilitação", diz o gerente agrícola da Quatá, João Paulo Pires Martins. A unidade já mecanizou 75% da área. "Uma colhedora substitui o cortador, mas cria outras funções, como tratorista, mecânico e fiscal." Veguin, da Costa Pinto, confirma: "Uma colhedora demanda 20 pessoas, ela não depende só do operador."

Agricultura ajuda no crescimento do poder de compra do brasileiro

A notícia abaixo não é nova, pois foi publicada no dia 02 de outubro passado, mas fiz questão de colocá-la pois mostra a força do agronegócio e como ele foi uma das principais âncoras da fase de crescimento atual de nossa economia:

Agronegócio eleva em 24% poder de compra do brasileiro

Entre 1994 e 2006, quase mesmo período decorrido entre os dois últimos censos agro do IBGE, o poder aquisitivo do consumidor aumentou 24% frente à alimentação (produtos agropecuários), segundo pesquisas do coordenador científico do Cepea, professor titular da Esalq/USP Geraldo Barros. Além desta contribuição direta aos brasileiros, o setor contribuiu com mais de US$ 300 bilhões (superávit da balança do setor no período) para as reservas do País, que ajudaram consideravelmente no pagamento da dívida externa. Para um período mais longo, que vai de 1975 a 2006, outros estudos de Geraldo Barros mostram que os preços agropecuários caíram em média 60%, a produtividade dobrou – favorecendo o aumento real dos salários –, mas a lucratividade média do setor diminuiu 20%.

Apesar deste desempenho do setor, o professor destaca que, ao comparar 1995 e 2006, os dados do IBGE indicam a quase ausência do estado no cumprimento de seu papel de apoio à agropecuária, principalmente nas regiões mais carentes. Em sua análise, considera alarmantes o grau de analfabetismo entre os agricultores, a ampla falta de orientação técnica, o acesso muito baixo ao crédito rural.

“Apesar de todo barulho em torno da questão da reforma agrária, ainda 85% dos trabalhadores rurais acham-se amontoados nos pequenos estabelecimentos. São, na maioria, trabalhadores da mesma família que não contam com terra suficiente que assegure condição de vida satisfatória. Certamente deveriam ser priorizados na distribuição de terra.”

Quanto às demais informações estruturais – como a distribuição da posse da terra – Geraldo Barros observa que o censo de 2006 mostra alterações muito pequenas em relação a 1995, “o que não deixa de ser interessante”, destaca. O período foi de expressiva expansão do setor, tanto na produção de alimentos, como de fibras e energia.

“Houve grande crescimento com queda significativa de preços para o consumidor e com avanço considerável no mercado externo, apesar do protecionismo dos países desenvolvidos, que tem prejudicado a lucratividade do setor. Tudo isso com queda de quase 7% na área dos estabelecimentos rurais, o que ajuda muito no controle do uso da terra do Cerrado e da Amazônia.”

A comparação dos resultados pontuais de 2006 é desaconselhada pelo coordenador científico do Cepea, já que aquele ano não foi bom para a agropecuária. A renda foi 2% menor do que em 2005 e 12% inferior a 2004. O resultado foi impacto negativo nos gastos com insumos, que encolheram 15% em relação a 2004, e provavelmente na produtividade, comenta. Com base em dados do próprio IBGE, o professor lembra que a produção de soja relatada para 2006, por exemplo, de 40,7 milhões de toneladas foi 17,3% inferior à de 2004, de 49,2 milhões de toneladas. A produção de algodão encolheu em terço (33%) entre 2004 e 2006. (Fonte:CEPEA)

Será o mercado interno a salvação para a citricultura?

Li na edição de outubro da Dinheiro Rural a reportagem intitulada "É só bagaço...." que fala sobre a situação atual de nossa citricultura onde prevalece a queda de braço entre a indústria de suco congelado e os produtores de laranja agravada pela queda de cerca de 17% no consumo mundial de suco entre 2001 e 2008 (ver gráfico abaixo)

Apesar dos esforços da Associação Nacional do Exportadores de Sucos Cítricos em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação (APEX) parece que o mercado externo não parece muito promissor. Analisando o cenário econômico atual parece que a solução deste problema está na frente de todos: o mercado interno.

O que vem salvando a economia em todos os setores durante a atual crise econômica mundial é o mercado interno. Mercado que nunca foi muito considerado pela indústria. Porque não desenvolver ações de marketing para estimular o consumo de suco congelado aqui, passando, é lógico, por uma precificação adequada do produto, algo que nunca aconteceu.

Ao terminar este post, encontrei no Financial Times duas notícias de sexta-feira passada que comentam sobre o aumento dos preços futuros do suco de laranja devido à queda da produção na Flórida e consequentemente escassez da commodity.

As notícias originais em inglês podem ser acessadas clicando-se nos links: Juice jumps on Florida production fears e Futures rise on citrus scarcity

sábado, outubro 10, 2009

Previsão de safra melhor do que o USDA? Empresa fatura com isso

Existem certos setores que aparentemente a atuação do Estado é imbatível, e a previsão de safras é claramente um deles. Porém parece que um empresário está mudando isso nos EUA. Uma reportagem da Dinheiro Rural de outubro que segue abaixo na íntegra mostra como a Landworth está prevendo melhor a safra que o poderoso USDA:

O novo mapa da mina... da soja...do milho...
Previsões do governo americano perdem espaço para uma pequena empresa dos EUA que tem o incrível costume de acertar nas contas

Conhecido como autoridade mundial para a previsão de safras, o Usda, departamento de agricultura dos Estados Unidos, conseguiu um concorrente à altura. A empresa Landworth, de dois criativos empresários, criou um sistema capaz de antecipar as previsões da autoridade oficial. Ao combinar imagens de satélite por meio de softwares, a empresa tem cravado as previsões de área plantada e até a produtividade das lavouras. Com o sucesso das previsões, fundos de investimento e todo tipo de investidor rural têm pago verdadeiras fortunas para ter acesso aos dados. Em alguns casos, há clientes que pagam US$ 250 mil anuais. "Somos a Intel da previsão de safras", disse Sandroch Verna, presidente da empresa, referindo-se à mais prestigiosa fabricante de processadores para computadores.

A Landworth analisa vastas faixas de fotos de satélites norte-americanos acessados gratuitamente a partir do sistema de satélites da Nasa Landsat, criado originalmente em 1972 para vigiar a agricultura soviética. As fotos são atualizadas diariamente e cada uma cobre uma área de 220 mil hectares. Cada pixel na fotografia representa um quadrado de 270 metros, o que oferece bastante precisão. Para cada quadrado são atribuídos valores de germinação, potencial produtivo e identificadas as chances de a cultura ser soja ou milho. O programa de computador ainda faz a estimativa dos hectares plantados e o rendimento previsto, levando em consideração uma complexa análise de cores.

A precisão nas comparações pode ser vista nos próprios dados. Em 2008, o governo americano previu uma safra de 11,7 bilhões de bushels, enquanto a Landworth apostou em 12,2 bilhões.

No fim das contas, entre idas e vindas da autoridade nacional daquele país, eis que a melhor previsão ficou com a empresa privada. É interessante notar que praticamente todos os meses o Usda emite suas revisões de expectativa de safra. E raramente crava o resultado. Segundo analistas, o que importa é a tendência, mas em alguns casos há erros de mais de bilhões de toneladas, o que pode influenciar os mercados e causar prejuízos de alguns milhões de dólares.

Com o banco de dados disponibilizados pelo governo, a empresa ainda consegue puxar imagens de anos anteriores e fazer um comparativo de produtividade. Para aumentar as chances de acerto, a Landworth trabalha com uma equipe de oito engenheiros agrônomos que percorrem as principais regiões produtivas - realizando análises nos próprios locais. "Eles determinam questões como nível de germinação, por exemplo", comenta o presidente.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Nova safra alcançará 140 milhões de toneladas

A CONAB acaba de divulgar o primeiro levantamento da safra 09/10 e prevê que a safra poderá cerca 6 milhões de toneladas a mais que a passada. Abaixo segue o comunicado integra da CONAB e o relatório completo pode ser acessado clicando aqui:

Nova safra de grãos deve ultrapassar 140 milhões de toneladas

Brasília, DF, 7 de Outubro de 2009 - Após colherem a segunda maior safra de grãos da história, os agricultores brasileiros começam o novo plantio com expectativa de ampliar a produção em até 6,5 milhões de toneladas. É o que indica o primeiro levantamento do ciclo agrícola 2009/10, realizado pela Conab e divulgado nesta quarta-feira (7) pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Com isso, o Brasil deve colher no próximo ano entre 139,06 e 141,62 milhões t, ou 2,9% a 4,8% a mais que as 135,16 milhões t da safra passada.

O aumento da produção se deve à recuperação da produtividade, considerando que, na safra anterior, a estiagem nos principais estados causou perdas, principalmente às culturas de milho e soja. Já a área plantada vai ficar entre 47,35 (-0,7%) e 48,06 milhões de hectares (+0,7%). “Nossa expectativa é que não tenhamos tantos problemas climáticos como no ano passado. Isso ajuda o Brasil a se aproximar do recorde de 144,1 milhões de toneladas”, diz o presidente da Conab, Wagner Rossi. Segundo ele, se confirmadas as estimativas, o destaque desse período será a soja, que poderá bater mais um recorde.

O baixo preço do milho no mercado deve fazer com que as lavouras de soja ocupem parte da área que era destinada ao cereal. A previsão é de que os sojicultores cultivem de 22,28 (+2,6%) a 22,65 milhões ha (+4,2%). A produtividade média sobe 6,3%, atingindo 2.794 kg/ha. No total, a colheita deve ser concluída entre 62,26 (+9,1%) e 63,27 milhões t (+10,8%).

A produção do feijão 1ª safra também deve crescer entre 5,5% e 8,5%, atingindo de 1,42 a 1,46 milhão t, com destaque para as lavouras do Paraná e São Paulo. Os paranaenses devem aumentar a produtividade em 34,2%, colhendo cerca 1.390 kg/ha. Já os paulistas aumentam a área entre 15% e 20%, chegando a 103,6 mil ha.

Os plantios de algodão, arroz e milho 1ª safra devem registrar diminuição de área. O primeiro cai entre 10,6% e 4,4%, ficando entre 753,4 a 805,6 mil ha. A produção (pluma e caroço) está calculada entre 2,89 e 3,10 milhões t. Depois de uma produção recorde, a colheita de arroz também sofrerá queda, ficando entre 12,15 (-3,9%) e 12,27 milhões t (-2,9%). Já a área será mantida em 2,9 milhões ha. O milho 1ª safra ocupará de 8,49 (-8,2%) a 8,71 (-5,7%) milhões ha. A produção também diminui: de 32,79 (-2,5%) a 34,04 milhões t (+1,2%).

Regiões – Para o Sul do país, a Conab estima produção entre 57,85 (+8%) e 59,02 milhões t (+10,2%). No Sudeste, a colheita fica entre 16,35 (-3,7%) e 16,96 milhões t (-0,2%). Já no Centro-Oeste, o intervalo é de 48,89 (-0,4%) a 49,67 milhões t (+1,2%).

A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 18 de setembro nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Norte e Nordeste, onde o plantio começa em dezembro, foram considerados os dados de área da safra anterior e a produtividade média dos cinco últimos anos, descartando-se os anos atípicos. (Conab - Assessoria de Comunicação)