sexta-feira, junho 29, 2007

História da agricultura no continente americano

Segue abaixo uma notícia sobre o passado da Agricultura que encontrei no Estadão Online:

AGRICULTURA DAS AMÉRICAS NASCEU NO PERU, INDICA PESQUISA

A agricultura estava se estabelecendo na América do Sul quase que ao mesmo tempo em que no Oriente Médio, considerado o berço universal da prática, indica uma nova pesquisa.

Evidências de que abobrinha era cultivada no Peru, há quase 10.000 anos, são apresentadas na edição desta semana da revista Science.

Uma equipe liderada pelo antropólogo Tom D. Dillehay, da Universidade Vanderbilt, também encontrou restos de amendoins de 7.600 anos atrás e de algodão de 5.500 anos atrás no chão e em fogueiras de localidades do Vale Nanchoc, no norte do Peru.

"Acreditamos que o desenvolvimento da agricultura pelo povo de Nanchoc serviu como catalisador para mudanças culturais e sociais que, no fim, levaram à agricultura intensiva, institucionalização do poder político e novas cidades nos Andes, entre 4.000 e 5.500 anos atrás", disse Dillehay.

As evidências mais antigas do cultivo de trigo, cevada e legumes data de 10.000 a 12.000 anos atrás no Crescente Fértil do Oriente Médio.

"As plantas encontradas no norte do Peru não cresciam em estado silvestre naquela área", diz Dillehay. "Acreditamos que elas devem ter sido domesticadas em outro lugar e então levadas ao vale por comerciantes ou horticultores".

Além do amendoim, da abobrinha e do algodão, os pesquisadores encontraram um grão semelhante à quinoa, mandioca e outros tubérculos e frutos nos locais, que incluem pomares, canais de irrigação e estruturas de armazenamento.

Além do Oriente Médio e da América do Sul, outros locais onde há evidência de agricultura em tempos antigos incluem China, Sudeste Asiático e o leste dos Estados Unidos.

Bioeletricidade: Um novo modelo de negócio

Foi anunciado ontem um novo modelo de negócio envolvendo a geração de energia elétrica a partir de biomassa de cana-de-açúcar. No modelo tradicional, a usina gera vapor com o bagaço que aciona geradores elétricos e o vapor de menor pressão é enviado ao processo. Esta energia é utilizada pela usina e vendida pela própria usina.

Neste modelo, uma empresa faz a geração e venda da energia a partir do bagaço da usina e engrega vapor para o processo. No modelo novo, a empresa entende do mercado de energia elétrica melhor do que a usina e com isso consegue melhores resultados:

SUEZ CONSTRUIRÁ CENTRAL ENERGÉTICA MOVIDA À BIOMASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR EM SÃO PAULO

O grupo francês de energia Suez construirá no Brasil uma nova central alimentada com biomassa (bagaço) da cana-de-açúcar, anunciou nesta quarta-feira sua filial Suez Energy International em um comunicado.

Esta central de co-geração (produção de eletricidade e vapor a partir de um só combustível) será construída em São João da Boa Vista, em São Paulo, e a produção começará em 1o de janeiro de 2010.

O investimento chega a 155 milhões de reais (60 milhões de euros) e será financiado em 70% pelo BNDES.

Com uma capacidade instalada de 70 megawatts (MW), a central será construída em parceria com um grupo agroindustrial local, Dedini Açúcar e Álcool, e consumirá 47 MW de eletricidade, assim como o vapor produzido.

A Tractebel Energia, empresa brasileira de produção da Suez Energy International é proprietária de 63% do projeto, e o restante está nas mãos da Dedini Açúcar e Álcool.

A energia produzida pela central já foi vendida pela Tractebel Energia durante um primeiro leilão de energia alternativa organizado no Brasil em meados de junho.

A Tractebel Energia, uma das principais fornecedoras de eletricidade do mercado brasileiro, já explora 13 centrais elétricas que representam 6.870 MW de capacidade instalada (Udop, Agência AFP, 27/6/07)

Odebrecht com usinas. Mais um grande player no setor

Na segunda-feira a Braskem, de propriedade do Grupo Odebrecht, lançou o plástico a partir do etanol e na quarta-feira o Grupo Odebrecht confirma sua entrada no setor de açúcar e álcool, conforme podemos verificar pela notícia publicada no Valor no dia 28 de junho:

Odebrecht planeja destinar R$ 5 bi para açúcar e álcool

O grupo Odebrecht confirmou ontem a sua entrada no setor sucroalcooleiro, prevendo injetar R$ 5 bilhões nos próximos oito anos em usinas e no plantio de cana-de-açúcar. A meta é ficar entre as três maiores empresas do setor.

Segundo Ruy Sampaio, diretor de investimentos da Odebrecht, o novo negócio faz parte do projeto de expansão do grupo de um faturamento próximo a US$ 12 bilhões em 2006 para US$ 18 bilhões em 2012. "As operações no setor de açúcar e álcool têm potencial para responder por 15% a 20% do faturamento da Odebrecht em oito anos", afirmou o executivo.

A investida em açúcar e álcool segue o plano estratégico da Odebrecht de criar um terceiro negócio depois de consolidação dos investimentos em construção e petroquímica. Em 2006, o grupo faturou R$ 24 bilhões, dos quais R$ 16,5 bilhões vieram da petroquímica Braskem (70% da receita) e R$ 7,4 bilhões da construtora CNO (30%). Nos últimos cinco anos, a receita do grupo cresceu em média 17% ao ano. A compra de ativos petroquímicos da Ipiranga em março deve elevar a receita da Braskem para perto de R$ 20 bilhões.

Como primeiro movimento no setor sucroalcooleiro, a Odebrecht vai incorporar a empresa de participações CZRE. A companhia foi criada há pouco mais de um mês por Eduardo Pereira de Carvalho (ex-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar/Unica, entidade que reúne as empresas do setor), além de Clayton Hygino Miranda, Zenilton Melo e Roger Haybittle, todos ex-executivos da Coimex.

A nova estrutura societária, sob o controle da Odebrecht e que terá os demais executivos da CZRE como sócios minoritários, será presidida por Miranda. Essa empresa terá seu nome escolhido pela agência Africa, do publicitário Nizan Guanaes.

Eduardo Pereira de Carvalho disse que a negociação durou pouco mais de um mês. "As duas empresas perceberam que tinham objetivos em comum e, para a CZRE, era mais seguro associar-se a um grupo com um projeto de longo prazo do que captar recursos de fundos, que possuem prazos para sair do negócio", justificou Carvalho.

Segundo Ruy Sampaio, da Odebrecht, a meta é abrir o capital da nova empresa no médio prazo para a captação de recursos no mercado. "Isso não ocorrerá neste ano, nem no ano que vem; depende de como vai reagir o mercado", afirmou o diretor.

A Odebrecht avalia que poderá produzir entre 30 milhões e 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano no prazo de oito anos. "Hoje o maior grupo do setor sucroalcooleiro produz isso. Se em oito anos eles estiverem produzindo 80 milhões, vamos atrás dessa nova marca. A idéia é brigar pela liderança", afirmou Clayton Miranda.

O investimento de R$ 5 bilhões não leva em consideração os aportes previstos para logística e co-geração de energia a partir do bagaço de cana, explicou Ruy Sampaio. Segundo ele, a Odebrecht também fará investimentos em armazéns e vagões para transporte do açúcar aos portos. Não está descartada a formação de parcerias para a instalação de um alcooduto para transporte do etanol. Tais negócios, no entanto, ainda estão em fase de estudos, disse Sampaio.

A formação do complexo de usinas, segundo Sampaio, será feita com a construção de unidades próprias, aquisições e parcerias com outros grupos. O foco é a formação de clusters, formados por três a quatro usinas com capacidade conjunta de moagem de 12 milhões de toneladas de cana por ano. Os locais avaliados pelo grupo são áreas de fronteira dos Estados de Minas Gerais, de Goiás, de Mato Grosso do Sul e do Paraná.

Do total de cana a ser produzido, 60% serão destinados à produção de etanol - o equivalente a 1,4 bilhão a 1,9 bilhão de litros por ano - que inicialmente serão destinados ao mercado interno. Os outros 40% irão para a produção de açúcar, o que pode render de 1,6 milhão a 2,2 milhões de toneladas por safra. Essa produção será exportado.

A nova empresa começará a operar já neste ano com a usina adquirida recentemente pela CZRE e cujo nome ainda é mantido em sigilo. A usina está localizada no Estado de São Paulo, processa 2 milhões de toneladas de cana por ano e é avaliada por especialistas do mercado em US$ 132 milhões.

Conforme Sampaio, o negócio de produção de polímeros verdes (resinas plásticas à base de cana-de-açúcar) e a produção de ETBE (aditivo para gasolina feito a partir de etanol), que serão produzidos pela Braskem a partir de 2009, não terão ligação direta com a nova empresa. "A Braskem pode até tornar-se cliente", explicou Sampaio. A demanda estimada pela Braskem é de 250 milhões a 300 milhões de litros, podendo chegar a 1 bilhão por ano até 2019.

A Odebrecht avaliou áreas diversas potenciais para a abertura do seu terceiro negócio, o que incluía investimentos em biotecnologia, transmissão de energia e mineração. Um dos fatores que pesou pela escolha do grupo pela indústria de açúcar e álcool foi o grande potencial de competitividade do país além da ainda baixa concentração de empresas grandes no setor. A Odebrecht chegou a ter outros negócios no passado, mas teve de se desfazer de ativos em reflorestamento para celulose e telecomunicações, entre outros. O alto endividamento provocado pela desvalorização do real no início da década levou o grupo a desfazer-se destes ativos, concentrando apenas nas atividades de construção e de petroquímica.

quarta-feira, junho 27, 2007

Biodiesel é mais global do que etanol segundo Lehman Brothers

Em um artigo publicado hoje no Commodity News for Tomorrow da CBOT (http://www.cbot.com/commoditynews) que tem como título Biodiesel More Global Vs Ethanol ,comenta que, segundo o Lehmann Brothers, o biodiesel tem mais chance de ser global do que o etanol em termos tanto de produção quanto de demanda pois o etanol é um produto regional enquanto que o diesel é mais global. Além disso os consumidores europeus consomem mais diesel do que gasolina


terça-feira, junho 26, 2007

Plástico Verde a partir de etanol - Uma nova era?

A Braskem (gigante brasileira no setor petroquímico) divulgou ontem em anúncio de página inteira nos principais jornais que está produzindo o plástico a partir do etanol.

Esta notícia vem reforçar o potencial do nosso etanol. A seguir a íntegra do press-release divulgado em http://www.braskem.com.br/

Braskem tem o primeiro Polietileno verde certificado do Mundo
Empresa avalia projeto para produção comercial desse plástico a partir do etanol em 2009

A Braskem anuncia a produção do primeiro polietileno a partir do etanol de cana de açúcar certificado mundialmente, utilizando tecnologia competitiva desenvolvida no Centro de Tecnologia e Inovação da empresa. A certificação foi feita por um dos principais laboratórios internacionais, o Beta Analytic, atestando que o produto contém 100% de matéria-prima renovável. O pioneirismo mundial da Braskem está alinhado com sua estratégia de tecnologia e inovação e com seu compromisso em promover o desenvolvimento sustentável, correspondendo à expectativa da sociedade brasileira e internacional por iniciativas que contribuam concretamente para a redução do efeito-estufa.

O polímero verde da Braskem - polietileno de alta densidade, uma das resinas mais utilizadas em embalagens flexíveis - é resultado de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que já recebeu cerca de US$ 5 milhões em investimentos. Parte desse montante foi destinada à implantação de uma unidade-piloto para produção de eteno - base para fabricação do polietileno - a partir de matérias-primas renováveis no Centro de Tecnologia e Inovação Braskem, que já está produzindo quantidades suficientes para o desenvolvimento comercial do produto. Os clientes-alvo do projeto receberão em breve o polietileno verde e terão oportunidade de comprovar o desempenho do produto, capaz de atender a todos os padrões de qualidade necessários para ser competitivo no mercado internacional.

"A liderança da Braskem no projeto do polietileno verde confirma o nosso compromisso com a inovação e o desenvolvimento sustentável e abre perspectivas muito positivas para o desenvolvimento de produtos plásticos feitos a partir de matérias-primas renováveis, um campo em que o Brasil possui vantagens competitivas naturais", afirma José Carlos Grubisich, presidente da Braskem.

O projeto entra agora em fase de detalhamento técnico e econômico, e o início da produção do polietileno verde em escala industrial está previsto para o final de 2009. A nova unidade deverá ter tecnologia moderna e escala competitiva, podendo atingir capacidade de produção de até 200 mil toneladas por ano. A localização e a modelagem industrial da unidade serão definidas futuramente.

A produção de plásticos a partir do etanol se destina a suprir os principais mercados internacionais que exigem produtos com desempenho e qualidade superiores, com destaque para a indústria automobilística, de embalagens alimentícias, cosméticos e artigos de higiene pessoal. Avaliações realizadas na fase inicial do projeto constataram um enorme potencial de crescimento e de valorização do mercado de polímeros verdes. Como essas resinas têm o mesmo desempenho e propriedades do produto similar obtido a partir de matéria-prima não renovável, a indústria de manufaturados plásticos deverá beneficiar-se desse importante desenvolvimento sem a necessidade de fazer investimentos em novos equipamentos.

"A Braskem tem enorme satisfação de estar à frente de um movimento de ruptura tecnológica que alinha os interesses da empresa, dos nossos acionistas, clientes e consumidores, e que além de tudo é motivo orgulho para os brasileiros", conclui Grubisich.

segunda-feira, junho 25, 2007

Cana ajuda a melhorar a competitividade da pecuária

Graças ao avanço da cana-de-açúcar em áreas de pastagem, existe um grande tendência na melhoria ainda mais da competitividade de nossa pecuária, conforme podemos verificar no artigo da Gazeta Mercantil:

PECUÁRIA BRASILEIRA TERÁ MAIS COMPETITIVIDADE COM O AVANÇO DO ETANOL

Graças ao potencial agrícola do Brasil, que tem o maior rebanho do mundo criado em pastos, a pecuária brasileira pode ganhar mais competitividade no mercado externo nos próximos anos pela expansão da produção de etanol de milho. As carnes, de um modo geral, devem ficar mais caras em países que criam os animais em confinamento - ou seja alimentados com ração - decorrente da alta dos preços grãos.

"O Brasil pode ter mais oportunidade no mundo'', disse a este jornal o diretor do Agronegócio e Energia da Bolsa de Mercadorias & Futuro (BM&F), Ivan Wedekin. Segundo ele, as preocupações internacionais para minimizar o possível aquecimento climático na atmosfera devem gerar "muitas'' oportunidades a outras atividades agrícolas do País, além da cana-de-açúcar usada na produção do etanol. Wedekin cita a pecuária, especialmente a bovina. "Nos Estados Unidos, 80% dos abates são de animais alimentados com ração, já no Brasil isso chega a apenas 5% do total abatido, pois a maioria dos animais é alimentada com pasto'', diz Wedekin.

Nos países em que predomina o confinamento, segundo o diretor da BM&F, a tendência é que o preço da carne fique mais caro. Com isso, o produto brasileiro terá mais competitividade, aumentando sua participação no mercado externo. Mas, segundo o analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, a carne bovina brasileira já é mais barata que a dos Estados Unidos, por exemplo, por conta das questões sanitárias. "Lógico que o Brasil terá mais vantagem competitiva com a expansão do etanol, mas o País ainda enfrenta barreiras sanitárias. Hoje não fornece a carne in natura para mercados mais exigentes, como Estados Unidos e Europa, que pagam mais'', acrescenta.

O analista diz, entretanto, que o Brasil tem muita vantagem competitiva entre os demais países da América do Sul, que também criam gado em pastagem, por possuir o maior rebanho do mundo - 200 milhões de cabeças - e uma cadeia mais organizada ( G.Mercantil, 14/6/07)

quarta-feira, junho 20, 2007

Agronegócio do Café no Brasil - um perfil

A matéria abaixo foi encontrado na Revista Cafeicultura (http://www.revistacafeicultura.com.br/) e retratada o perfil do Agronegócio brasileiro do café.

Perfil do Agronegócio Cafés do Brasil 2007

BRASIL: MAIOR PRODUTOR E EXPORTADOR MUNDIAL E 2º MAIOR MERCADO CONSUMIDOR DE CAFÉ

Perfil do Agronegócio Cafés do Brasil

1) O Brasil é o maior país produtor de café do mundo.

• Em 2006, foram produzidos pelos 57 países cafeicultores, 123,8 milhões de sacas.

• Os três maiores países produtores e a safra de 2006:

. Brasil – 42.512 milhões de sacas (arábica e robusta)
. Vietnã – 15 milhões de sacas (robusta)
. Colômbia – 11.600 milhões de sacas (arábica)

• Safra 2007/2008 do Brasil: 32 milhões de sacas de 60 quilos (safra menor em virtude da característica bienal da lavoura) Do total, 22,3 milhões (69,5%) serão de café arábica e 9,8 milhões de sacas (30,5%) de café robusta (Conab/2ª estimativa).

• No Brasil, o café é produzido em 11 Estados e 1.850 municípios. São 2,2 milhões de hectares plantados, e a produtividade média é de 19 sacas por hectare.

• Principais Estados produtores e previsão de safra 2007/2008:

. Minas Gerais – 14.372 milhões de sacas
. Espírito Santo – 8.882 milhões de sacas (maior produtor de robusta)
. São Paulo – 2.580 milhões de sacas
. Bahia – 2.028 milhões de sacas
. Paraná – 1.855 milhão de sacas

• Principais regiões produtoras de cafés finos e especiais:

. MG - Sul de Minas, Matas de Minas, Cerrado, Chapada de Minas
. ES – Montanhas do Espírito Santo
. SP – Mogiana, Alta Paulista e Região de Piraju
. BA – Chapada Diamantina e Oeste
. PR – Norte Pioneiro, Oeste e Noroeste

• A cafeicultura brasileira é representada por 300 mil propriedades de tamanhos diversos (2/3 são pequenos produtores), que produzem dentro de normas e critérios de sustentabilidade social, ambiental e econômica, e que empregam 8.4 milhões de trabalhadores (diretos e indiretos), gerando um valor bruto na produção de US$ 5 bilhões.

• Os produtores brasileiros, principalmente os que investem em cafés gourmets e especiais, têm uma vantagem única no mundo: em virtude do clima favorável durante a colheita, podem escolher o sistema de processamento mais adequado às necessidades de seus clientes (mercado interno e externo). As porcentagens de café natural, cereja descascado e despolpado podem ser determinadas, portanto, com base na demanda e considerando o sistema que mais favorece a qualidade para cada lote específico.

• Certames regionais, estaduais e o Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café e o Cup of Excellence, este realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais, têm influenciado e estimulado positivamente a melhoria da produção e divulgado a qualidade dos grãos brasileiros.

2) O Brasil é o maior exportador de café do mundo.

• Em 2006, as exportações mundiais de café (pelos 57 países produtores) foram de 85 milhões de sacas.

• O Brasil exportou 27 milhões de sacas, o que representou um market share de quase 32% e negócios que atingiram US$ 3,3 bilhões.

• Principais importadores de café do Brasil: Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão e Bélgica.

• De 2002 a 2006, o Brasil exportou nada menos do que 134,10 milhões de sacas.

• O setor é integrado por 220 firmas exportadoras e possui estrutura logística que interliga as fazendas aos portos, podendo responder com fluidez a qualquer volume da produção.

• O Brasil também é um dos maiores e mais tradicionais exportadores de café solúvel. Em 2006, os negócios gerados pelo setor somaram US$ 385 milhões com a exportação de quase 3 milhões de sacas. São 9 indústrias com equipamentos e tecnologia de ponta que atendem aos mercados interno e externo.

• O Brasil também exporta regularmente cafés industrializados desde 2002, por meio do PSI – Programa Setorial Integrado, realizado em convênio pela ABIC e a APEX-Brasil. Iniciou com negócios da ordem de US$ 4 milhões e, gradativamente, deu um grande salto: cresceu 510% em apenas quatro anos, tendo fechado 2006 com vendas no valor de US$ 24,5 milhões.

3) O Brasil é o segundo maior mercado consumidor mundial (1º são os EUA)

• Em 2006 os brasileiros consumiram 16,33 milhões de sacas de café.

• Os maiores consumidores mundiais são os Estados Unidos, com uma média anual entre 18-20 milhões de sacas.

• A previsão brasileira para 2007 é um consumo de 17,4 milhões de sacas (mais de 50% da safra).

• A meta brasileira é chegar a 2010 com 21 milhões de sacas (passando o Brasil a ser o maior consumidor mundial).

• O setor é integrado por mais de 1.500 torrefadoras, a grande maioria de pequeno porte, que respondem por mais de 3 mil marcas. O mercado é concentrado: as 30 maiores empresas respondem por 50,59%.

• O consumo interno de café do Brasil é um dos que mais crescem no mundo. Enquanto o mercado consumidor mundial, conforme dados da Organização Internacional do Café (OIC) cresce em média 1,5% ao ano, o mercado brasileiro evoluiu 19,2% desde 2003, de 13,7 milhões de sacas para as atuais 16,33 milhões: cresceu 9%, em 2004; 3%, em 2005, e 5,1%, em 2006.

• O consumo per capita em 2006 no Brasil foi de 4,27 kg de café torrado, quase 70 litros para cada brasileiro, registrando uma evolução de 3,9% em relação a 2005 (4,11 kg).

• Pesquisa realizada pela TNS InterScience mostra que 94% da população brasileira acima de 15 anos toma café e que, depois da água, é a bebida de maior preferência nacional.

• O café coado/filtrado é consumido por 93% da população. Mas vem crescendo substancialmente o consumo de café expresso, cuja demanda aumentou 63% em 2006, em relação a 2005. Também vem aumentando o consumo de café instantâneo, cappuccinos, descafeinado e orgânicos.

• Principais locais de consumo fora do lar: panificadoras (52 mil no Brasil) e cafeterias (2.500 unidades no Brasil – estimativa), além de bares, hotéis , lanchonetes e restaurantes.

• O segmento de cafeterias está tendo grande evolução e tem potencial de crescimento de 20% ao ano. A previsão é que em 2008 existam 3 mil unidades no País. Este segmento é considerado fundamental para a promoção dos cafés de maior qualidade, como os gourmets e especiais.


• A profissão de barista, que é o especialista no preparo de café ‘espresso’ e de drinques à base de café, cresce na proporção das cafeterias. Estimam-se dois funcionários por cafeteria (o que significa, hoje, o emprego direto de 5 mil pessoas, entre atendentes e os profissionais já formados como baristas).

• O mercado brasileiro representa 14% da demanda mundial, e mais de 50% do consumo interno de todos os 57 países produtores de café, um volume estimado pela Organização Internacional do Café - OIC em 31 milhões de sacas/ano.

4) Razões do Aumento do Consumo no Brasil.

• A ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café atribui o crescimento do consumo a um conjunto de fatores que se repete há anos, de forma consistente e duradoura. Entre estes fatores estão:

1) Melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, que foi ampliada com o PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado pela ABIC em final de 2004 e que, atualmente, já certifica mais de 200 marcas em todo o Brasil;

2) Consolidação do mercado de cafés tipo Gourmet ou Especiais, diferenciados e de alta qualidade, que despertam cada vez mais a atenção, o interesse e a curiosidade junto aos consumidores;

3) Melhora muito significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios para a saúde, como resultado dos grandes investimentos no Programa Café e Saúde, apoiado por todo o agronegócio.

4) As ações na área de Marketing e Publicidade, realizadas pelo setor e pelo PIM – Programa Integrado de Marketing, apoiado por todo o agronegócio café.

5 – Investimentos em Publicidade e Promoção.

• Os investimentos em promoção e marketing são fundamentais para assegurar o aumento do consumo de café.

• Em 2006, ao lado das iniciativas das empresas do setor, que somaram contrapartidas privadas em valor superior a R$ 2 milhões, foram aplicados R$ 5 milhões com recursos do Funcafé– Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, através do PIM – Programa Integrado de Marketing , elaborado pelo Comitê de Marketing do CDPC – Conselho Deliberativo da Política Cafeeira e coordenado pelo DCAF – Departamento do Café, da SPAE – Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

• Para 2007, o PIM 2007 está alocando mais recursos para Publicidade e Promoção dos Cafés do Brasil aqui e no exterior: R$ 13,0 milhões.

• O mercado interno está recebendo R$ 8 milhões em 2007, provenientes do Funcafé, para continuar alavancando o crescimento do consumo no Brasil, por meio do Programa Café e Saúde; de apoio para os Concursos de Qualidade; para veiculação de mensagens informativas e educativas sobre o café na mídia de massa, revistas, TV, cinemas e de um inédito programa de exposições itinerantes, a mostra “Cafés do Brasil”, em shopping centers, bem como na participação do Pan Rio 2007.

• Para a promoção dos Cafés do Brasil no exterior, o PIM 2007 alocou R$ 5 milhões, que estão sendo aplicados em feiras, exposições, projetos compradores e vendedores, road-shows, apoio às iniciativas no mercado asiático e, inclusive, uma preparação para ações durante as Olimpíadas na China em 2008.

6 – Principais fontes

- MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - http://www.agricultura.gov.br/
- APEX-Brasil – Agência de Promoção e Exportações e Investimentos - http://www.apexbrasil.com.br/
- ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café - http://www.abic.com.br/ / http://www.cafeesaude.com.br/
- ABICS – Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel
- BSCA – Brazil Specialty Coffee Association – http://www.bsca.com.br/
- CeCafé - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - http://www.cecafe.com.br/
- CNA - Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil - http://www.cna.org.br/
- CNC – Conselho Nacional do Café - http://www.cncafe.com.br/

sexta-feira, junho 15, 2007

Agricultura Orgânica

Na edição do Valor de 13 de junho encontrei duas matérias interessantes sobre a agricultura orgânica. Uma comentava a ampliação da produção européia de orgânicos e a outra sobre o interesse chinês neste mercado. Comentava ainda a falta de definição de regulamentação do governo brasileiro que torna difícil a exportação de orgânicos.

EUROPA AMPLIA PLANTIO DE PRODUTOS ORGÂNICOS

A área de plantio de produtos orgânicos mais que duplicou nos países europeus desde 1998, segundo dados divulgados ontem pela Eurostat, a agência de estatísticas da União Européia. O percentual de terras destinadas às plantações orgânicas - que não utilizam agrotóxicos - subiu de 1,8% para 4,1% do total de áreas agrícolas do continente em 2005. E a área média de cada fazenda orgânica também tem hoje mais que o dobro do tamanho das fazendas convencionais: uma proporção de 39 para 16 hectares.

Os dados incluem os novos países que aderiram à União Européia, elevando para 25 o número de membros. O bloco conta com 6,1 milhões de hectares voltados para agricultura orgânica. Aplaudido por defensores de uma alimentação mais saudável, o relatório foi sombreado pela divulgação da legislação acertada entre os ministros da Agricultura europeus a respeito do que pode ou não ser considerado orgânico. Em linhas gerais, as autoridades européias aceitaram uma "contaminação" de até 0,9% de transgênicos, que podem "acidentalmente e inevitavelmente" serem incluídos nos alimentos orgânicos. A regra foi recebida com críticas, no momento em que vários países do bloco investem e aumentam sua área agrícola sem fertilizantes ou pesticidas.

O Friends of the Earth e o Greenpeace acusaram a Europa de ter aceitado material transgênico nos orgânicos. "Com o sucesso dos orgânicos, as pessoas estão prontas para pagar mais caro por alimentos de melhor qualidade livres de transgênicos", disse Marco Contiero, do Greenpeace. A demanda por orgânicos tem sido tão forte que as autoridades européias buscam garantias de que os que elas comem é o que se diz. "Os produtos orgânicos são um sucesso e um mercado crescente. Espero que as novas regras assegurem que continue assim", disse Mariann Fischer Boel, a comissária européia para a Agricultura.

A Áustria é o país com o maior percentual de áreas orgânicas em relação a sua área agrícola total, com 11%. Atrás vem Itália (8,4%), República Tcheca e Grécia (ambas com 7,2%). No outro extremo está Malta, com apenas 0,1% de terras destinadas aos orgânicos. Em extensão a Itália sobe para a primeira posição - com 1,1 milhão de hectares -, seguida por Alemanha e Espanha, com 807 mil hectares. O Reino Unido conta com 600 mil hectares para alimentos orgânicos, ultrapassando os 500 mil hectares da França. Segundo o relatório, as maiores fazendas orgânicas estão na Eslováquia, República Tcheca e Reino Unido (Valor, 13/6/07)

CHINESES JÁ COBIÇAM ENTRAR NO VELHO CONTINENTE

Enquanto o Brasil aguarda há quase dois anos uma definição do governo federal para a regulamentação de sua produção orgânica, a China organiza-se - rapidamente - para atender as exigências externas e entrar no mercado europeu. O país iniciou no começo dos anos 90 sua produção orgânica, que, como no Brasil, se baseia fortemente na agricultura familiar. A China tem 3,1 milhões de hectares para o cultivo orgânico e produz uma média anual de 2,8 milhões de toneladas desses alimentos.

Em 2005 regulamentou a lei para o setor e, no ano passado, concedeu a entrada de certificadoras internacionais, como a Ecocert, para validar seus alimentos orgânicos. "Isso vai começar a dar credibilidade aos produtos orgânicos chineses, porque até então quem fazia a certificação eram empresas nacionais", diz Ming Liu, gerente de projeto do Organics Brasil, um dos maiores promotores dos produtos brasileiros no exterior.

Ming esteve em maio passado em Xangai, onde participou da primeira feira internacional de orgânicos realizada na China. "Eles queriam saber como nós vendemos nossos produtos, mas comprar algo da gente.... esquece. Os chineses estão de olho na Europa".

Segundo Maria Beatriz Martins Costa, diretora do Planeta Orgânico, apesar das intenções chinesas para abocanhar novos mercados neste setor, algumas dúvidas persistem em relação ao tratamento do meio ambiente e à força de trabalho. "Eles estão muito agressivos, mas ainda precisam fazer ajustes. Sinto relutância [de alguns compradores] em relação a isso".

Desenvolvidos na região leste do país, nas províncias de Xangai, Pequim e Shangdong, os alimentos orgânicos são voltados à classe média-alta chinesa e à exportação para países asiáticos, que dividem gostos culinários com os chineses.

Em 2004, a China faturou quase US$ 350 milhões com os alimentos orgânicos, segundo o dado mais recente do China Organic Food Certification Center (COFCC). O grosso da produção é primária, legumes e lácteos no topo da lista. Por esse motivo, acredita Ming, eles ainda não concorreriam diretamente com produtos brasileiros. Mas para ganhar escala e enfrentar novos players do mercado, o Brasil necessita de uma regulamentação. Apesar os apelos, o texto está parado em Brasília. Enquanto isso não ocorre, o segmento movimenta muito menos que sua capacidade, dizem os produtores. A média anual tem sido pouco mais de R$ 150 milhões (Valor, 13/6/07)

Anuário do Agronegócio - Bons resultados do setor

O lançamento do Anuário do Agronegócio da EXAME mostra que o setor encontra-se em bom momento, e em especial, o setor sucroalcooleiro. Mostra também bons resultados em outros setores.

IMPULSIONADAS PELO ETANOL, EMPRESAS DE AÇÚCAR E ÁLCOOL SÃO CAMPEÃS EM EXPORTAÇÃO, DIZ ANUÁRIO EXAME DE AGRONEGÓCIOS

O anuário mostra que o setor atravessa sua melhor fase, sob qualquer ângulo que se analise. Chega às bancas nesta quinta-feira, a segunda edição do Anuário Exame de Agronegócios. Este ano, o anuário ampliou de 400 para 500 o seu ranking das maiores empresas de agronegócio do país. No total, elas foram responsáveis por mais de R$ 400 bilhões em vendas e um lucro de 8 bilhões em 2006.

Um dos destaques da lista foi a evolução de empresas do mercado de açúcar e álcool, impulsionada pelo interesse mundial em torno do etanol: oito delas estão na relação das 20 que mais cresceram no ano passado. O setor também foi o campeão de exportações no universo avaliado pelo anuário, com vendas de R$ 9,1 bilhões em 2006.

O Anuário mostra que o setor atravessa sua melhor fase, sob qualquer ângulo que se analise. O país é líder mundial de exportação de açúcar, café, suco de laranja e soja. Assumiu também a dianteira nos segmentos de carne bovina e frango, depois de ultrapassar tradicionais concorrentes, como Estados Unidos e Austrália. Até 2015, a participação nacional no mercado internacional de soja deve crescer dos atuais 36% para 46%.

No caso do frango, o salto será de 58% para 66%. Nas áreas em que o país ainda tem uma fatia pequena do comércio mundial, as evoluções devem ser muito maiores. Na suinocultura, por exemplo, de acordo com previsões dos especialistas da área, o Brasil deve quadruplicar sua participação, conquistando metade do mercado internacional.

O ranking das 500 maiores empresas de agronegócios do país em lucro é encabeçado pela Ambev (R$ 1,7 bilhão), de controle belga, seguida pela Aracruz (R$ 864 milhões), de controle nacional e a Souza Cruz (R$ 760 milhões), de controle inglês.

A lista das que mais cresceram também é liderada por uma empresa de controle belga, a Cervejaria Miranda Corrêa (crescimento de 146,5%,) seguida da Veracel (132,1%) e da Comexport (119,3%). No universo das 500 maiores, 388 têm controle nacional, 106 têm controle estrangeiro e seis, estatal.

Notícia publicada em http://www.brasilagro.com.br

terça-feira, junho 12, 2007

Grãos - preços voláteis nos próximos 5 anos

Segundo análise do Rabobank publicado no CBOT - Commodity News for Tomorrow, os preços mundiais dos grãos permaneceram volatéis no próximos cinco anos devido à problemas na oferta.

Segundo a apresentação de Karel Valken na Conferência Anual do Grain Council, os estoques mundiais têm caido aos níveis históricos mais baixos devido a demanda dos biocombustíveis, crescimento da demanda por ração animal e quebras de safras.

Ainda disse tambem que os preços dos grãos subiram rapidamente no ano passado e neste ano parecem permanecer em valores altos devido à ausencia das condições de crescimento da oferta e que estes altos preços e crescimento da demanda irão direcionar a produção e eventualmente repos os estoques globais.

E concluiu dizendo que a produção mundial de grãos tem um enorme potencial de crescimento.

segunda-feira, junho 11, 2007

Comida x combustível - o debate continua!

Ajudando no melhor esclarecimento sobre este interessante tema, coloco dois artigos recentes escritos por duas autoridades do setor sucroalcooleiro, um é representante dos plantadores de cana (agricultores) e o outro dos usineiros que apesar de deixar recentemente a presidência da Unica, escreveu o artigo no começo do mes:

A CANA E A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan

A discussão iniciada a partir dos posicionamentos dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e de Cuba, Fidel Castro, de que os bicombustíveis são uma séria ameaça à produção de alimentos merece alguns esclarecimentos. O primeiro deles é seu viés político. Quinta exportadora mundial de petróleo, a Venezuela não tem muito interesse no sucesso dos combustíveis renováveis. E o fato de a questão favorecer os Estados Unidos, que são os maiores produtores de etanol e críticos à política dos dois presidentes, já é o suficiente para colocar os dois países no grupo dos contras.

Pelo que observamos até agora, transcorridos pelo menos três anos desse período de expansão do setor, a cana está avançando em São Paulo principalmente sobre as áreas de pastagem degradada. Se observarmos a estimativa para a safra paulista de grãos, veremos que haverá redução na área de alguns itens, por conta também das condições desfavoráveis do mercado. A cana substitui culturas menos rentáveis ou aquelas mais vulneráveis a fenômenos climáticos.

No caso dos grãos, por exemplo, se ocorre estiagem ou chuva em excesso, o índice de perdas pode chegar a 70%, 80%, como o que aconteceu nas últimas safras em regiões produtoras importantes. Já no caso da cana, nas mesmas condições as perdas chegam a, no máximo, 10%. Assim, a possibilidade de maior renda e menores riscos em relação à produção são os critérios que o produtor usa na hora de decidir o que plantar.

No entanto, a recuperação dos preços de alguns grãos _ especialmente soja, milho e trigo_ poderá estimular a expansão da área dessas culturas ou mesmo impedir que a cana avance sobre elas. Além disso, os ganhos de produtividade podem compensar eventuais reduções de área. Na safra 1976/77, por exemplo, a área plantada com grãos no Brasil era de 37,3 milhões de hectares e a produção beirava os 50 milhões de toneladas. Na safra passada, colhemos 120 milhões de toneladas, mais que o dobro, em uma área apenas 22% maior. Já a produtividade saltou de 1.258 kg/ha para 2.852 kg/ha, um crescimento de quase 160%.

Além disso, a produtividade da cana também deverá ter um salto importante graças aos resultados das pesquisas. Vejamos. Na década de 60 produzíamos 65 litros de álcool por tonelada de cana. Hoje, com o desenvolvimento de variedades e o aumento na eficiência no processo industrial, chegamos a 100. Daqui a alguns anos certamente esse resultado será mais interessante, sobretudo se considerarmos que a produção de etanol a partir do bagaço e da palha da cana será competitiva dentro de alguns anos. Estaremos produzindo mais etanol em uma área provavelmente bem menor do que estimamos hoje.

O ciclo da cana também permite a consorciação e a rotação de culturas. A região de Ribeirão Preto, por exemplo, é a maior produtora de amendoim do país por conta da utilização do grão como rotação. Há também a utilização do milho, da soja e outros grãos. Culturas com ciclo de 90 dias também poderão ser utilizadas de forma consorciada à cana, prática que está em desuso, mas que poderá ser viabilizada.

Assim, esse temor de que os bicombustíveis irão comprometer a produção de alimentos e provocar o aumento da fome, como pregam Fidel e Chávez, não encontra respaldo. É normal que, numa discussão, surjam posições extremas. Mas é preciso esclarecer a questão para não cairmos naquela velha história de que uma mentira repetida reiteradas vezes pode se transformar em uma verdade absoluta.

(Manoel Carlos de Azevedo Ortolan é presidente da Canaoeste - Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo http://www.canaoeste.com.br/)


FIDEL MALTHUS CHAVEZ
Eduardo Pereira de Carvalho

O medo da fome surgiu com Noé, ganhou paradigma com os “sete anos de vacas magras” do alto império egípcio, justificou insurreições da plebe romana e, desde então, freqüenta a civilização ocidental com a regularidade das marés. Hoje, as duas sociedades contemporâneas que lideram as exportações de alimentos – Estados Unidos e o Brasil – são chamadas à razão porque se mostram dispostas a mobilizar o Continente para garantir uma oferta confiável de biocombustíveis a preços competitivos para o planeta Terra. Profetas do pessimismo ensinam-nos, com impaciente desdém, que a população cresce tão rápido que todas as terras agricultáveis precisam ficar reservadas à produção de comida. Com dois séculos de atraso, replicam o catastrofismo do clérigo inglês Thomas Malthus (1766-1834) – que no seu lúgubre ensaio sobre “o melhoramento futuro da sociedade”, de 1798, advertia para a colisão entre o fenômeno populacional e a capacidade limitada para garantir alimentos a todos os viventes.

O que se passou realmente depois que o fundador da demografia vaticinou o pior, figura entre as grandes lições acerca do engenho humano. Os Estados Unidos, por volta de 1915, quando a população arranhava os 100 milhões, usavam 300 milhões de acres para dar de comer à sua gente. No intervalo de quatro gerações, aquela agricultura continuou a ocupar a mesma área, só que deve atender a três vezes mais gente – fora a exportação de 60 milhões de toneladas anuais de grãos. O século 20 testemunhou uma revolução na produtividade do campo – pela mecanização do plantio e da colheita, melhoramento de sementes, uso intensivo de fertilizantes e defensivos e manejo científico dos recursos naturais. O milho híbrido e variedades hiperprodutivas de trigo estão na base da multiplicação espetacular da produção, começando na América do Norte e rapidamente espalhando ganhos em todos os azimutes. A colheita planetária, de 630 milhões de toneladas em 1950, quando começa a série estatística das Nações Unidas, baterá em 2,1 bilhões de toneladas neste ano.

Também no Brasil se anotam progressos da mesma grandeza. Éramos capazes de produzir 20 milhões de toneladas de grãos em 1960 – quando por sinal a colheita da cana-de-açúcar estava na mesma ordem de grandeza. Agora, caminhamos para uma colheita de 130 milhões de toneladas de grãos, enquanto a cana supera os 400 milhões de toneladas. Transformações espetaculares se acotovelaram num ciclo frenético: a pesquisa e o fomento que abriram caminho para a soja, do Brasil Central, a correção intensiva dos solos pelo calcário, a introdução do pasto mais fértil com gramíneas aclimatadas, tipo braquiaria, e o maior caso de sucesso na história da moderna agricultura tropical, que foi a incorporação do “cerrado” como fator de produção. O resultado desse trabalho multidisciplinar é conhecido de todos: o Brasil, que eventualmente importava várias espécies de alimentos duas gerações atrás, exibe saldo comercial superior aos US$ 50 bilhões no período de doze meses encerrado em março último.

O velho Malthus tinha alma de contador, era metódico na coleta das estatísticas e, discípulo de Cambridge, onde estudou e ensinou praticamente a vida toda, era versado na matemática genial do colega e predecessor Sir Isaac Newton, que tinha domado a mecânica celeste um século antes com base nos princípios da ação e da reação. Determinado a identificar o componente de uma relação de natureza biunívoca, que por exigência “científica” teria de acompanhar inexoravelmente o fenômeno da explosão populacional, selecionou a desgraça da Fome e com isso passou à História como paradigma do pessimismo. Era acadêmico: um bicho da cidade, para quem os mistérios da fotossíntese eram casos maçantes da existência caipira.

Mais que relembrar feitos do passado recente, é imperioso notar que a transformação radical da agricultura está engatinhando: o próximo capítulo virá com as modificações genéticas na estrutura das plantas, com resultados ainda mais surpreendentes. E no caso da produção de biocombustíveis, a próxima arrancada só tomará vigor quando acionada pelos maiores países produtores. E tanto Brasil como Estados Unidos não têm qualquer motivo e nem disposição para dispensar as posições duramente conquistadas na hierarquia dos fornecedores de alimentos para o mundo. Porta-vozes acadêmicos de uma visão pessimista fazem parte da paisagem das idéias. Recente artigo na “Foreign Affairs” representa uma variedade do magistério cívico fundado por Malthus -- e cuja existência é tão importante quanto necessária para que o conhecimento evolua sem ingenuidade ou complacência.

Nessa família de profetas de catástrofes, contudo, irrompem subitamente alguns protagonistas cuja biografia se misturava com a esperança. Conhecido entusiasta da possibilidade que o etanol da cana-de-açúcar oferece às nações tropicais que dispõem de terras e de água abundante, Fidel Castro virou casaca no prazo de quatro semanas, arrastando consigo Hugo Chavez, num súbito dueto de lideranças continentais dispostas a se contrapor ao projeto de disseminação da bioenergia co-patrocinado pelos Estados Unidos e pelo Brasil. Ainda no começo deste ano, a Venezuela manobrava ativamente para criar uma base produtiva de etanol a partir da cana-de-açúcar: Chavez articulou pessoalmente acordos para construção de uma dezena de unidades produtivas com tecnologia brasileira e outras tantas com suporte de profissionais cubanos. Numa declaração minuciosamente ditada ao jornal “Granma”, alinhada com discurso do aliado de Caracas, o veterano Castro assumiu a defesa da produção incondicional de alimentos – e se tornaram, portanto, insuspeitados discípulos de Thomas Malthus, apóstolo do “laissez-faire”. Que a fase neoliberal lhes seja leve!

(Eduardo Pereira de Carvalho é presidente da UNICA - União da Agroindústria Canavieira de São Paulo http://www.unica.com.br/)
Publicado na Folha de S. Paulo em 06 de maio de 2007

domingo, junho 10, 2007

O governo brasileiro também tem interesse em mercados futuros para o etanol

Como toda commodity internacional que se "preza", existe uma grande necessidade de tornar com liquidez contratos futuros internacionais do etanol. A BM&F vem trabalhando neste sentido com o lançamento do novo contrato e o governo também tem grande interesse. Neste artigo encontrado no site G1 da www.globo.com, o ministro da Agricultura trata também de outros temas relacionados ao agronegócio.:

GOVERNO PODERÁ INCENTIVAR MERCADO FUTURO DE ÁLCOOL

O incentivo à criação de um mercado futuro efetivo para o álcool de cana-de-açúcar poderá ser uma das medidas adotadas pelo governo federal para controlar o sobe-e-desce no preço do combustível. De acordo com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, é preciso evitar que o preço do etanol varie tanto conforme o período da safra. "Este tipo de volatilidade não é benéfica para o produtor e nem para o consumidor", ressalta.

O mercado futuro, que negocia contratos futuros e tira parte do combustível de circulação durante o pico de produção, pode ser uma forma de evitar que o preço caia tanto no início da safra – como está ocorrendo no momento. Outra proposta dentro das medidas para suavizar a variação do preço do etanol, segundo o ministro, é a formação de estoques reguladores do produto. Essas medidas, disse ele, devem entrar em prática no curto prazo: "Não vamos chegar à próxima safra nesta situação".

A outra medida do governo para ajudar o setor agrícola, de acordo com Stephanes, é a queda nos juros de financiamentos para agricultores. "Os juros vão cair", afirmou, sem no entanto dizer para quanto.

SECRETARIA E ÁREA PLANTADA

Dentro do objetivo de profissionalizar o mercado de etanol no Brasil, Stephanes afirmou que a criação de uma secretaria federal ligada à Presidência da República é uma "boa idéia", embora não necessariamente viável no curto prazo. Segundo o ministro, a idéia – que é capitaneada pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues – já é discutida dentro do governo, mas ele lembra que a decisão final será da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O ministro voltou a confirmar que a concentração de álcool na gasolina, uma medida para aumentar o consumo em tempos de preço baixo, deverá estar concretizada até o fim deste mês. Stephanes disse que toda a parte burocrática do aumento da mistura de álcool no derivado de petróleo – que passará dos atuais 23% para 25% - já está acertado. "Acredito que (entre em vigor) ainda neste mês", afirmou.

Ele também voltou a afirmar que há um grande espaço para o aumento da produção de etanol no Brasil. A área plantada com cana-de-açúcar vem crescendo em velocidade inferior à da produtividade – enquanto a área plantada de cana cresceu 7% neste ano, a produtividade aumentou 11%. Hoje, conforme o ministro, apenas 1% da área destinada à agricultura no Brasil é destinada à produção do combustível. "E só de pastagens degradadas temos 30 milhões de hectares. Se essas áreas forem ocupadas por cana, elas serão recuperadas. É um passo no caminho certo".

BIODIESEL E FERTILIZANTES

O ministro também afirmou que a produção de biodiesel no Brasil depende de um mapeamento das potencialidades de cada matéria-prima – estudo que está sendo feito pela Embrapa. Segundo ele, o país ainda precisa definir maneiras de aumentar a produtividade da mamona e maneiras de definir os perigos – pragas e doenças que podem afetar outras culturas – do pinhão-manso, que já se provou uma alternativa de alta produção.

Stephanes também se queixou do cartel de fertilizantes e defensivos agrícolas, que aumentou os preços dos produtos após o 'boom' de consumo provocado pelo crescimento da área plantada de milho nos EUA e do crescimento da agricultura na China. "O problema é que é um mercado dominado por poucas empresas. É um cartel", disse. O ministro afirmou que esse problema afeta especialmente os produtores de soja brasileiros, hoje em situação econômica menos privilegiada.

sábado, junho 09, 2007

Perspectivas para o café - bons ventos até 2011

O café é uma das culturas mais interessantes do ponto de vista do marketing do agronegócio. Ela é tanto uma commodity cotada internacionalmente em bolsas de mercadoria quanto um produto altamente diferenciado.

Desta forma, ela permite ao seu produtor maiores ações e consequentemente uma maior necessidade de informação e conhecimento.

Abaixo segue um artigo da Safras & Mercados que comenta sobre o anor passado e as perspectivas futuras para o café. O artigo pode ser encontrando em http://www.safras.com.br/safra2007/apresentacao5.asp

BOM MOMENTO DEVE SE ESTENDER PELO MENOS ATÉ 2010/11

As perspectivas para o próximo ano também são boas para a cafeicultura nacional e mundial. Nahum projeta que o mercado estará equilibrado por pelo menos mais quatro anos, com produção e consumo não sofrendo grandes alterações. Segundo o "trader", dificilmente neste período os preços do arábica em Nova Iorque ficarão abaixo de US$ 1,00/lb, e em alguns momentos deverão até mesmo operar acima de US$ 1,30/lb. Barabach, ainda mais otimista, acredita que os preços do arábica iniciem o ano tentando superar a máxima de 136,75 cts/lb registrada em 2005. "As cotações tendem a manter a tendência de valorização, principalmente no primeiro semestre. Os estoques mundiais estão baixos, principalmente os nossos, e não podemos menosprezar a certeza de que o Brasil terá uma safra menor, além da previsão de déficit entre oferta e demanda mundial".

Conforme indica o analista, os principais concorrentes brasileiros não assustam, pelo menos por enquanto. "A Colômbia deve continuar produzindo entre 11 a 12 milhões de sacas por ano, e o Vietnã não deve aumentar muito sua safra. O volume da produção mundial vai continuar oscilando de acordo com a volatilidade da safra brasileira", acredita. O diretor do Cecafé também está tranqüilo em relação ao ano de 2007. "Como o quadro de equilíbrio entre oferta e demanda vai continuar, os preços deverão seguir firmes. Não espero altas muito significativas nas cotações, mas elas permanecerão em níveis muito bons".

No mercado interno, a realidade externa de preços em ascensão deverá ser refletida com ainda mais intensidade. Com as exportações estimadas para 2007 em cerca de 26 milhões de sacas, mais um consumo interno de 17 milhões, seriam necessárias 43 milhões de sacas somente para atender essas duas pontas. "Com a produção brasileira não devendo superar 35,85 milhões de sacas, 2007 é um ano onde certamente vai faltar café, reduzindo quem sabe a estimativa de exportações para o período", avalia Barabach. SAFRAS & Mercado projeta uma safra 2007/2008 de 34,25 a 35,85 milhões de sacas.

Porém, os corretores do mercado de café trabalham com números mais expressivos, acreditando até mesmo que o Brasil fechou a produção brasileira de 2006 totalizando 48 milhões de sacas, devendo colher mais 36 milhões em 2007, volumes que garantiriam uma situação de oferta tranqüila para abastecer demanda interna e exportações por pelo menos mais dois anos. "Não temos estoques grandes, mas nenhuma ponta do mercado ficará desabastecida em 2007, e não podemos esquecer que em 2008 colheremos uma safra grande novamente", observa Nahum.

O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli, também está entre aqueles que confiam num mercado altista até no médio a longo prazo. "Deveremos ter um bom preço para o café nos próximos dois anos pelo menos", avalia. O assessor de negócios da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Otto Vilas Boas, concorda e diz que o mercado deve continuar numa tendência positiva, "a não ser que surjam novidades".

Gil Barabach adverte que a demanda é um gargalo estrutural visível. Ou seja, o consumo mundial cresce lentamente a uma taxa constante e por isso o mercado é sensível a qualquer salto na produção. Foi exatamente isso que ocorreu com desequilíbrio da oferta em relação à demanda em 2002, quando os produtores enfrentaram a mais recente crise de baixos preços, e é certamente o que os cafeicultores no Brasil não querem nunca mais ver se repetir

quinta-feira, junho 07, 2007

Seguro Agrícola - uma necessidade para o desenvolvimento do agronegócio

A utilização cada vez maior por parte dos agricultores do seguro agrícola é uma necessidade para o desenvolvimento de uma atividade com menos riscos.

Na edição do dia 04 de junho da Folha de São Paulo, temos dois artigos distintos sobre o tema. Um fala que o mercado está em expansão e o outro comenta a saída de uma grande empresa do nergocio devido às fraudes.

AGRICULTURA EVOLUI E ESTIMULA SEGURO RURAL

Com movimentação anual de US$ 40 milhões em prêmios, Brasil deve superar Argentina e tornar-se maior mercado da região. Tamanho, variedade de culturas e participação maior do governo devem garantir o desenvolvimento do setor no país. O seguro rural no Brasil ainda está bem distante do de outros países, que há poucas décadas estavam no mesmo estágio inicial de desenvolvimento do sistema brasileiro atual. Mas o avanço das tecnologias na agricultura e na pecuária está trazendo uma profissionalização maior e uma nova mentalidade entre os produtores, que começam a encarar o seguro rural como um custo necessário, segundo analistas do setor.

Luiz Carlos Meleiro, superintendente de agronegócio da AGF Seguros diz que está otimista com o crescimento do setor no Brasil. O país se consolida como um grande produtor mundial de commodities. Avança nos setores de grãos, de biocombustível e de florestas.

A cultura do agricultor está mudando e ele começa a entender que o seguro é parte do risco da produção. Meleiro diz que cada país tem um modelo específico de seguro rural, principalmente porque os problemas e as características de produção são diversos. E o Brasil deve chegar ao seu modelo com rapidez. Algumas mudanças estão sendo fundamentais para o desenvolvimento do setor, segundo Meleiro. O dinheiro a ser recebido pelos produtores já chega mais rapidamente e o governo participa mais do setor, com o aumento da subvenção -pagamento de parte do prêmio do seguro devido pelo produtor. Exemplo de melhoria no setor são as discussões sobre a nova Lei de Catástrofes, que está sendo desenvolvida pelos ministérios da Fazenda e da Agricultura. Essa lei vai dar segurança tanto aos produtores como às seguradoras. "Esse é um lado positivo do setor, que está sendo desenvolvido de forma rápida", acrescenta o superintendente da AGF Seguros.

José Maria Cullen, diretor técnico da Seguradora Brasileira Rural, diz que o país caminha para ser o maior mercado da América Latina. Tem tamanho, variedade de culturas agrícolas e o governo está consciente da necessidade de participar mais desse mercado. A Argentina, com cem anos de tradição em seguro agrícola e com a atuação de 30 seguradoras, movimenta US$ 100 milhões em prêmio por ano. O Brasil movimenta US$ 40 milhões e tem apenas cinco seguradoras no setor, mas deve ultrapassar a Argentina em breve, segundo ele. Cullen diz, no entanto, que falta muito para o produtor brasileiro entender que o seguro é um instrumento para evitar perdas financeiras.

Mesmo acreditando no crescimento do mercado brasileiro, Cullen diz que não haverá explosão do seguro rural no país porque as seguradoras não estão preparadas. A evolução será lenta até pela estrutura do mercado e pelos riscos.

Luciano Marcos de Carvalho, assessor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), diz que falta diálogo entre as duas pontas. O produtor quer o seguro, mas em condições financeiras mais favoráveis. Já as seguradoras querem vender, mas com um grau de risco menor. Não existe modelo pronto para o país, principalmente devido às diferenças no setor: clima, culturas e tecnologias utilizadas, na avaliação de Carvalho. "É preciso descobrir esse modelo por meio de conversas entre todos os participantes do setor: seguradoras, cooperativas e entidades de classe, órgãos que conhecem as necessidades do campo", afirma o assessor da CNA.

Mas o setor tem "alguns pontos nevrálgicos", na avaliação de Meleiro. Seguro é estatística, e algumas estações climáticas não dispõem de dados para o setor. Essas informações são importantes porque facilitariam a formação das taxas de seguro, o que beneficiaria áreas com risco menor.

É importante também a maior participação do governo nas subvenções, embora isso já venha ocorrendo após as recentes crises agrícolas. Na safra 2005/6, o governo participou com subvenções de R$ 2,3 milhões. Na de 2006/7, o valor subiu para R$ 31 milhões. Para 2007/8, são esperados pelo menos R$ 90 milhões.

Outro ponto que não pode ser abandonado é o desenvolvimento desse fundo de catástrofe, que dará maior segurança a todos os participantes do setor. Além disso, a área de seguro não passará por uma fase de desenvolvimento sem um aculturamento do campo, trabalho que não deve ser apenas tarefa do governo, mas também das empresas do setor.

O mercado ficará mais atrativo, e outras empresas virão para o setor, aumentando a competitividade e reduzindo as taxas de custos.

FRAUDE TIRA MAIOR SEGURADORA RURAL DO PAÍS

Empresa norte-americana Rain and Hail sai do Brasil no momento em que o governo tenta desenvolver seguro no setor agrícola. Custo do serviço no Brasil é alto e cobertura se limita a algo entre 50% e 60% da produção; setor defende melhor regulamentação.

A norte-americana Rain and Hail, a maior empresa de seguro rural do mundo, está deixando o Brasil. Segundo a Folha apurou, um dos principais motivos da saída da empresa são as fraudes ocorridas no setor, que dificultam o avanço do seguro rural no país.

A saída da norte-americana ocorre no momento em que o governo tenta ampliar o uso do seguro rural, considerado essencial para o desenvolvimento do agronegócio. Um bom sistema de seguro teria aliviado a situação de produtores nas últimas safras, quando o setor acumulou pesadas dívidas, principalmente com a forte seca no Sul e chuva e ferrugem da soja no Centro-Oeste. Esses problemas climáticos fizeram o governo intervir no setor com a adoção de vários pacotes de apoio ao agricultor. Como disse o ex-ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, quando estava à frente do ministério, "a ação do governo deve ser a de prevenir, e não a de remediar depois do fato ocorrido". Tanto o governo quanto os produtores avaliam que a falta de seguro é hoje um dos principais problemas da agricultura brasileira.

Na avaliação da companhia norte-americana, as fraudes colocam os custos do seguro rural em patamares elevados, impedindo o desempenho dessa modalidade de proteção aos produtores no país. Pior ainda, essa tendência deve continuar, segundo a empresa.

DESVIO

Conforme a Folha apurou, entre as fraudes mais comuns que estariam sendo praticadas por agricultores está o desvio da produção para outras pessoas da família, declarando uma produção menor.
Outra prática adotada por parte dos produtores é a da distribuição da produção por vários receptores, o que dificulta a avaliação da produção total obtida pelo agricultor.

A conivência de cooperativas e de outras empresas de recebimento de produtos agrícolas agrava a situação.

O setor vive, ainda, dificuldades de entendimento na Justiça sobre as especificidades dos contratos, o que dificulta, inclusive, a reclamação judicial das empresas contra as eventuais fraudes.

A falta de expansão no setor impede uma boa remuneração dos participantes desse mercado e uma especialização dos profissionais. Com isso, sem uma visão clara dos problemas do campo, muitas vezes as seguradoras e corretoras não conseguem falar a mesma linguagem do produtor.

Outro ponto que precisaria ser desenvolvido, na avaliação da norte-americana, é uma participação sólida do governo neste sistema. Seguro agrícola é caro, mas isso não ocorre apenas no Brasil. A diferença é que em outros países há uma participação maior dos governos.

Essa mescla de fraudes e de mercado pequeno torna o seguro rural pouco atrativo para todos. O produtor paga um alto preço pelo serviço e seguradoras e corretoras vendem um produto caro, mas não ganham dinheiro, na avaliação da empresa norte-americana.

Os custos médios de seguro no setor de grãos no Brasil vão de 5% a 8%, dependendo do produto, e o produtor tem o retorno de 50% a 60% do valor da produção. Nos Estados Unidos, a cobertura vai de 80% a 90% da produtividade prevista. Casos específicos chegam a garantir ao produtor até 150% das estimativas de produção.

Na avaliação do mercado, no entanto, a saída da norte-americana tem a ver também com o uso de um modelo importado, que não deu certo no Brasil. Cada país tem suas peculiaridades e a montagem de um modelo apropriado é demorada, segundo informações do setor.

CENÁRIO DISTINTO

Cooperativa consultada pela Folha diz que o cenário do setor não é exatamente o traçado pela seguradora norte-americana. Quando um produtor comunica o sinistro à seguradora, ela deveria fazer a vistoria da área e avaliar a produtividade no próprio local da colheita.

"Fraudes existem, mas não ocorrem apenas no setor agrícola e somente no Brasil. Ocorrem em qualquer lugar do mundo", avalia Luiz Carlos Meleiro, superintendente de agronegócio da AGF.
Luciano Marcos de Carvalho, assessor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), diz que "a fraude acontece quando não se tem boa regulação. São necessários marcos regulatórios mais eficientes no setor."

Apesar dos problemas, o pagamento de prêmios em seguros rurais cresceu no ano passado, depois de dois anos de queda.

sábado, junho 02, 2007

Crescimento sustentável do agronegócio brasileiro

Muito interessante o artigo abaixo onde o autor considera aspectos gerenciais, tecnológicos,financeiros e macro-econômicos para fazer sua análise:

SERÁ SUSTENTÁVEL O CRESCIMENTO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ?
José Roberto Mendonça de Barros

Argumentamos na primeira parte desta coluna, publicada em 5 de maio passado, que a força do agronegócio brasileiro vem de mais de 30 anos de construção de um sistema de produção de larga escala eficiente e muito flexível. É um sistema único que levou a uma agricultura tropical os mesmos padrões de produtividade e eficiência das regiões temperadas.

Discutimos também que no período recente foram se avolumando problemas, derivados especialmente de nosso sistema tributário e da deterioração da infra-estrutura, o que resultou em elevações persistentes de custos, que devem piorar no futuro próximo.

Mencionamos as restrições ideológicas ao progresso tecnológico, em particular a questão da pesquisa e utilização de organismos geneticamente modificados. Finalmente, argumentamos que a questão do aquecimento global veio para ficar, gerando estímulos à expansão da energia renovável mas, ao mesmo tempo, impondo restrições severas ao desmatamento e à queima da floresta amazônica.

Para completar o quadro mais amplo do desafio atual do nosso agronegócio, é preciso incorporar mais três considerações, a começar pela questão da taxa de câmbio. Como se sabe, o real continuou a valorizar-se e rompeu a barreira de R$ 2,00/US$. Não é o caso de discutir aqui quais as causas desta valorização, ou se a política econômica poderia ter produzido resultado diferente.

O fato é que o juro tem se mantido elevado por muito tempo, ao mesmo tempo em que os preços de commodities tem sido muito favoráveis (melhorando os nossos termos de troca), devido à China e ao forte crescimento mundial, que já vai para cinco anos.

Aliado a uma liquidez internacional sem precedentes, o fluxo de dólares entrando no país produziu este processo de valorização que, tudo indica, ainda não terminou. A valorização do real, em valores abaixo de R$ 2 deverá se manter por um longo período (dois anos, talvez), a menos que ocorra uma crise mundial, possível mas não esperada.

No caso do agronegócio, haverá uma redução na margem de operação, uma vez que a receita em reais se contrai enquanto que boa parte do custo de produção não se altera, pois é determinado por fatores e insumos locais, tais como mão-de-obra, sementes, terra.

Mesmo máquinas, implementos e combustíveis têm uma formação de preços em reais algo descolada dos preços internacionais corrigidos pela taxa de câmbio. Apenas fertilizantes e defensivos repassam diretamente a valorização cambial. Por conta disto, a valorização do real bate diretamente nas margens, exceto nos casos onde a cotação internacional suba, de sorte a compensar o valor do dólar.

O efeito cambial soma-se à elevação do custo do transporte, reforçando a questão geográfica já mencionada. Produtos como o café, cujos preços não estão brilhantes, sofrem. O mesmo se pode dizer do açúcar: com o preço em torno nove centavos de dólar por libra peso e o dólar a R$ 1,95, fica muito difícil gerar bons resultados operacionais.

Incidentalmente, no caso deste setor o mercado vai esfriar um pouco e a corrida por terras e novos projetos vai arrefecer por uns tempos. A viabilidade de longo prazo do etanol não é, entretanto, alterada.

A gestão de fazendas e empresas agrícolas também deverá ser ajustada às novas condições. Em primeiro lugar, a expansão da produção só deverá ser realizada com total atenção às boas práticas e à produtividade. Apenas produções de boa qualidade vão ser capazes de passar por estes dois anos de pressão na rentabilidade.

De outro lado, quem não atender as exigências de sanidade, rastreabilidade, boas práticas trabalhista será certamente punido por preços mais baixos. O mesmo se pode dizer das práticas conservacionistas, especialmente no que tange ao trato da água (erosão, nascentes, matas ciliares) e da reserva florestal.

Por outro lado, a gestão financeira precisa continuar a se sofisticar, especialmente pela prática de hedge. Não são poucas as pessoas arrependidas porque deixaram de fechar posições de açúcar a preços superiores a quinze centavos de dólar, como já aconteceu em passado recente com a soja e o café.

Para as empresas maiores, o mercado de capitais é uma excelente oportunidade de reforçar a base de capital para o crescimento, como atestam vários casos bem-sucedidos de colocações de bônus e ações nos mercados locais e internacionais.

Finalmente, a agroindústria deve buscar sua autonomia energética para evitar o choque de custos que vem por aí: projetos locais de biomassa e biodiesel e otimização da queima de bagaço de cana para maximizar a co-geração de energia elétrica, são exemplos a multiplicar.

Finalmente, gostaria de mencionar duas questões gerais. A primeira é que considero absolutamente equivocada a preocupação levantada por alguns analistas de uma eventual contradição entre produzir energia e alimentos, no caso brasileiro.

Em agriculturas maduras ou com restrições de terra a disputa por fatores é evidente, como atesta a forte elevação dos preços do milho nos Estados Unidos. Entretanto este não é o caso do Brasil, que só de pastagens tem algo como 200 milhões de hectares. Deslocar seis milhões de hectares para a cana permite dobrar a produção nacional sem afetar em nada a atividade pecuária ou desmatar a Amazônia.

O segundo ponto é a questão de uma eventual condenação do país a produzir commodities de baixo valor, que também reputo de um redondo equívoco. O sistema produtivo brasileiro é amplo o suficiente para produzir commodities e especialidades, coisa que deve ser estimulada por todos os meios.

Já existem casos muito evidentes: produzimos cafés especiais, leveduras e plásticos em usinas de açúcar, lecitinas, produtos orgânicos etc. Muito mais pode e deve ser feito, mas a rota da adição de valor nas cadeias agrícolas está apenas começando.

Concluo dizendo que o agronegócio deverá crescer de forma sustentável, especialmente dados os estímulos da nova agenda mundial. Terá, entretanto, que ajustar sua rota aos novos tempos.
(José Roberto Mendonça de Barros é economista da MB Associados; Valor, 31/5/07)

Europeus buscam na África o biodiesel para seus motores

Em nota publicada ontem no "Commodity News for Tomorrow" da CBOT (www.cbot.com/commoditynews), um grupo ucraniano com operações agrícolas e logísticas, ESV Group, está iniciando uma plantação de pinhão manso em Moçambique.

O pinhão manso (jatropha em inglês) é uma planta resistente à seca, de rápido crescimento e pode ser plantado em áreas degradadas. Além disso seu potencial de óleo por hectare é um dos maiores.

A produção de biocombustíveis busca terras mais baratas e a África mostra-se muito boa para isso. O arrendamento anual de um hectare em Moçambique é de US$1 enquanto é US$ 40 na Ucrânia e US$450 na Inglaterra.

A grande demanda de biodiesel na Europa surgida pela adição de 5,75% em 2010 e 10% em 2020 pode ajudar no desenvolvimento das nações africanas e o Brasil tem todo o potencial para ser o principal fornecedor de tecnologia de produção agrícola tropical.

sexta-feira, junho 01, 2007

Insanidades tributárias prejudicando o agronegócio

Ouvi ontem na rádio Jovem Pan um comentário de um consultor financeiro que discorria sobre a insanidade de nosso sistema tributário. Ele comentava sobre o que acontece com nossos fertilizantes.

Atualmente o Brasil importa cerca de 2/3 de todo o fertilizante necessário e existem estados com grandes jazidas. Mas estes estados não são consumidores deste produto e os estados agrícolas que poderiam consumir, preferem comprar importado que devido às grandes tarifas do ICMS ainda sai mais barato do que comprar de outro estado aqui no Brasil.

Quando analisamos que existe demanda crescente de fertilizante para suportar a produção agrícola, vemos que o quadro é realmente insano e em breve o Brasil importará quase 80% deste poderoso insumo.

Outra insanidade ocorre com o etanol em Minas Gerais. Apesar do estado já ser o 2º maior produtor de cana do país, o etanol não consegue ser competitivo frente à gasolina devido aos impostos, especialmente o ICMS.