terça-feira, maio 29, 2007

ALIMENTOS, COMBUSTÍVEIS RENOVÁVEIS E BIOPRODUTOS

Muito interessante o artigo publicado por dois professores da Engenharia de Alimentos da Unicamp hoje no Valor Econômico. Eles exploram um pouco o surrado tema Alimentos x Energia com uma visão de processos industriais e biorefinaria. Voltarei em breve a falar sobre biorefinarias com um resumo de um artigo da McKinsey.

ALIMENTOS, COMBUSTÍVEIS RENOVÁVEIS E BIOPRODUTOS
Antonio J. A. Meirelles e Gláucia Pastore

Alguns analistas vêm alertando para os riscos que nossa economia corre de desindustrialização, de se especializar na geração de produtos primários ou, ainda, de contrair alguma versão tupiniquim da "doença holandesa". O vilão da história, não há como negar, é o real apreciado. Mas outros candidatos parecem dividir a culpa.

Em tempos de aquecimento global e de enorme interesse nos biocombustíveis, os êxitos da agroindústria nacional poderiam ameaçar o futuro do país: se nos transformarmos em um imenso mar de cana e soja, correríamos o risco de aprofundar os efeitos da apreciação cambial e consolidar a especialização em produtos de baixo conteúdo tecnológico.

É neste último aspecto da análise que pretendemos nos concentrar, pois ele padece de pelo menos duas deficiências relevantes. Em primeiro lugar, revela desconhecimento acerca do desenvolvimento tecnológico da agroindústria. Em segundo, não analisa as possibilidades que tal janela de oportunidade nos oferece.

Apesar de eventuais equívocos, os êxitos obtidos pelo Pró-Álcool, após 30 anos do seu início, são inegáveis. Baseado no binômio "Alimentos e Energia", este programa elevou a flexibilidade da produção sucroalcooleira, ampliando sua escala e gerando um rápido desenvolvimento tecnológico. O resultado foi a expansão da produção de açúcar à taxa anual de 4,9% e a de álcool a 11,4%. Estima-se que a produtividade agroindustrial do setor cresceu no período à taxa anual de 3,77% (Nastari, Datagro, 2005).

Crescimento derivado de diversos ganhos de eficiência, como na quantidade de cana plantada por hectare, de 53 toneladas em 1977 para 90 em 2004, no teor de açúcar desta cana, de 9,5% para 14%, ou no tempo de fermentação do caldo de cana, que caiu a 1/3 do valor vigente no início do programa (Amorim e Lopes, 2005).

Investimentos privados, como, por exemplo, na seleção de variedades de cana ou, então, na formação de um setor de bens de capital que se expandiu em torno da produção sucroalcooleira e hoje atende a demandas de diversos outros segmentos da agroindústria, viabilizaram tal trajetória.

Um caso emblemático é a Smar: nascida no início do Pró-Álcool, ela é hoje uma empresa líder em instrumentação e controle de processos industriais, atuando em vários outros segmentos, como óleo e gás, química e petroquímica, bebidas, papel e celulose, siderurgia e mineração. Quando se considera o desenvolvimento de sistemas de instrumentação e controle de unidades industriais ou, então, de variedades de cana e soja modificadas geneticamente, não se pode considerar seriamente a idéia de que se trate de setores com baixo conteúdo tecnológico.

Como uma indústria de processos típica, uma usina envolve atividades produtivas similares às que se desenvolvem em qualquer refinaria ou petroquímica. Se o conteúdo tecnológico presente na primeira é, ainda hoje, menor, isto não decorre, em absolutamente nada, de características técnicas inerentes ao setor sucroalcooleiro.

Afinal, a incorporação rápida de tecnologia no refino de petróleo e na petroquímica resultou não de suas especificidades técnicas, mas das oportunidades de lucro e da pressão competitiva que o mercado impôs a este setor.

O Pró-Álcool elevou a flexibilidade da produção sucroalcooleira, ampliou sua escala e gerou um rápido desenvolvimento Oportunidade similar foi criada para o setor sucroalcooleiro nacional, a partir do Pró-Álcool. Considerando tais aspectos, não se pode concluir que a renovação desta oportunidade nos dias de hoje seja tão somente mais uma opção de especialização em produtos de baixo conteúdo tecnológico.

A maturidade que a agroindústria brasileira atingiu sugere que tal oportunidade não será perdida. O investimento atual em novas unidades para a produção de etanol e biodiesel deixa pouca margem à dúvida. No entanto, é necessário muito mais do que simplesmente fazer mais do mesmo, para mantermos a liderança internacional desta opção tecnológica. Os biocombustíveis devem ampliar enormemente a escala do agronegócio e, assim, viabilizar, em termos econômicos, a produção de vários outros bioprodutos.

O antigo binômio pode, nas condições atuais, gerar um trinômio de sucesso: Alimentos, Energia e Bioprodutos. Já há indicações nesta direção.

A Usina Paraíso, localizada em Campos - RJ, inaugurou a primeira planta industrial de produção de solventes, acetona e butanol, a partir do caldo de cana. Outro exemplo: a Usina da Barra licenciou processo desenvolvido por pesquisadores da Unicamp, para a produção de um ingrediente alimentício com propriedades funcionais, produzido biotecnologicamente a partir do açúcar de cana. Este produto, de maior valor agregado, concorre no mercado de alimentos funcionais, o qual, em 2006, movimentou 55 bilhões de dólares.

A transformação de usinas em biorefinarias, uma espécie de embrião de um segmento industrial de base biotecnológica, precisa ser colocada no horizonte de nosso desenvolvimento econômico. O fato é que a grande disponibilidade de terras agricultáveis, a maturidade empresarial e tecnológica da agroindústria, a existência de um setor autóctone de bens de capital para a indústria de processos e a força já adquirida pela pesquisa científica e tecnológica nesta área tornam o Brasil um dos países com melhores chances de viabilizar economicamente uma trajetória deste tipo.

Mas tal trajetória exigirá mais do que uma agroindústria madura ou uma tecnologia que pode já estar descansando nas prateleiras de universidades. Demandará também um esforço de coordenação da esfera pública para catalisar esta evolução. O recente Edital Fapesp - Oxíteno, para o desenvolvimento de tecnologias nas áreas alcoolquímica e sucroquímica, é um ótimo esforço nesta direção. Uma direção que deve pretender não só internalizar a renda advinda do boom dos biocombustíveis, mas também gerar um ciclo endógeno e diversificado de inovações industriais, de forma a completar uma trajetória que, de fato, se iniciou há 30 anos atrás.

(Antonio J. A. Meirelles é doutor em engenharia e em economia, professor titular da FEA/UNICAMP e autor do livro "Moeda e Produção", Editora Mercado de Letras; Gláucia Pastore é professora titular e diretora da FEA/UNICAMP e preside a Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos; Valor, 28/5/07)

Friboi - um gigante da carne

Hoje foi noticiada a compra da Swift pela Friboi. Sem dúvida, uma das notícias mais importantes do ano para o agronegócio brasileiro. Esta operação tornou-a a maior empresa do mundo em carne bovina. Abaixo seguem dois artigos publicados pelo www.reuters.com.br sobre o tema. O primeiro noticia a compra e o segundo analisa as sinergias resultantes e o mercado.

JBS-Friboi compra norte-americana Swift por US$1,4 bilhão
Terça-feira 29 de Maio, 2007 9:43 GMT
Por Alberto Alerigi Jr e Marcelo Teixeira.


SÃO PAULO (Reuters) - O grupo JBS-Friboi, maior produtor e exportador de carne bovina da América Latina, anunciou nesta terça-feira a compra da norte-americana Swift & Co. por 1,4 bilhão de dólares.

Segundo a JBS, a aquisição cria a maior empresa do mundo de alimentos de origem bovina. A Swift é a terceira maior processadora de carne bovina e de porco do mundo, com vendas anuais de aproximadamente 9 bilhões de dólares.

De acordo com informações divulgadas pelas duas empresas, a JBS vai pagar 225 milhões de dólares em dinheiro pelas ações da Swift em poder da HM Capital, controladora da empresa desde 2002, e vai assumir 1,2 bilhão de dólares em dívidas da companhia norte-americana e despesas relacionadas à transação.

A JBS informou que o interesse da companhia e de seus controladores não é ter um negócio de carnes paralelo à empresa e que por isso a intenção é integrar a aquisição "com a brevidade possível".

"É um grande passo para o nosso grupo no objetivo de estabelecer uma presença global", afirmou Joesley Mendonça Batista, presidente-executivo da JBS, no comunicado.

"Mais importante, a Swift vai nos permitir acesso à região do Pacífico. Considerando a atratividade desses ativos, nós estamos muito satisfeitos de podermos ter chegado a um acordo com a HM Capital", disse Batista.

O setor de carne bovina no Brasil cresceu muito nos últimos anos e hoje o país, que tem o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças, é o maior exportador global, tendo ultrapassado a Austrália e os Estados Unidos.

A compra da Swift nos EUA (a JBS já detinha a marca no Brasil e na Argentina) vai proporcionar à companhia brasileira elevar sua atuação no mercado de industrializados.

O Brasil atualmente não pode exportar carne fresca para os EUA, por questões sanitárias ainda não resolvidas, e embarca apenas o produto processado.

A aquisição foi inicialmente realizada pela J&F Participações, controladora da JBS, uma vez que a companhia brasileira deverá adequar sua estrutura de capital às obrigações e restrições dos contratos financeiros em vigor, informou a empresa em comunicado.

O fechamento da operação está previsto para ocorrer em meados de julho de 2007, informou a JBS.

EXPANSÃO INTERNACIONAL

A empresa brasileira, com uma capacidade de abate de 22,6 mil cabeças/dia, tem buscado se estabelecer em outros países para diversificar a sua atuação, diminuindo assim os riscos de sofrer embargos na eventualidade de algum problema sanitário surgir onde possui suas unidades.

A JBS-Friboi possui atualmente 21 plantas em oito Estados no Brasil e cinco unidades em três Províncias na Argentina.

A companhia brasileira realizou uma operação de oferta inicial de ações na Bovespa em março deste ano, colocando 200.000 ações ordinárias por um preço de 8 reais cada, levantando aproximadamente 1,6 bilhão de reais.

A empresa havia informado no prospecto da oferta pública que o objetivo principal com a operação era levantar recursos para expansão, tanto por meio de aquisições como através de investimentos no aumento da capacidade das atuais unidades.

Apesar das ações da empresa terem caído bastante no primeiro dia de negociação, em 29 de março, para cerca de 7 reais, analistas exaltaram o fato de a JBS ter conseguido vender todos os papéis na oferta inicial e disseram que o cenário para o setor em que ela opera é positivo.

As ações posteriormente recuperaram-se parcialmente e fecharam cotadas a 7,31 reais na segunda-feira

Com Swift, JBS aumenta presença em mercados lucrativos
Terça-feira 29 de Maio, 2007 3:11 GMT
Por Marcelo Teixeira


SÃO PAULO (Reuters) - O grupo JBS-Friboi vê nos canais de distribuição da Swift na Ásia e nos Estados Unidos mais opções para a produção que tem no Mercosul e chances de ampliar da atuação nos mercados mais lucrativos. A estratégia do grupo de fortalecer a presença no mercado comum do cone Sul, no entanto, está mantida, com avaliação de três oportunidades na Argentina.

"São várias coisas que tornam esse negócio interessante para a JBS. Primeiro é que ela entra no mercado americano de carne fresca, que é o mais rentável", afirmou o consultor da área de carne bovina Alcides Torres.

"Depois, é que existe a perspectiva de abertura, de recuperação dos mercados asiáticos para as exportações dos Estados Unidos. O cenário é muito bom", acrescentou.

O Brasil não tem permissão para exportar carne fresca para os EUA, somente carne industrializada. A JBS sinalizou que pode levar aos EUA marcas que comercializa no cone Sul.

"Exportamos ainda hoje uma baixa parcela sob nossas próprias marcas. O que nós temos visto como potencial importante são os canais de distribuição tanto no Japão como Coréia e EUA para estarmos distribuindo os nossos produtos hoje fabricados aqui", afirmou o presidente-executivo da empresa, Joesley Mendonça Batista, em conferência a jornalistas e analistas.

Batista disse que a Swift não industrializa carne (processo que envolve cozimento), apenas atua no processamento (desossa, cortes especiais). A JBS atua nas duas áreas e é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de carne bovina industrializada, tendo os EUA como grande cliente.

A Swift tem também uma unidade na Austrália, focada em abate, mas que atua também no confinamento de suínos. Como os EUA não podem exportar carne para Coréia e Japão, devido a casos de doença da vaca louca, esses mercados são parcialmente atendidos pela Austrália.

Batista se mostrou otimista que os mercados coreano e japonês se abram para o produto norte-americano em breve, mas alertou que, em contrapartida, reduziria o fornecimento desde a Austrália.

Os mercados dos EUA e de alguns países na Ásia, como o Japão, são onde a carne bovina obtém os melhores preços. "A cotação da tonelada de carne bovina no Japão é cinco vezes o que o Brasil consegue (atualmente). É um mercado fabuloso para quem tem acesso", disse Torres.

"O Friboi entrando no mercado americano consegue, por tabela, abrir os maiores mercados do mundo, Taiwan, Canadá, México, países que pagam mais", acrescentou o consultor.

SUÍNOS

Com a aquisição da Swift, o grupo brasileiro também abre uma frente de diversificação, com a entrada no setor de carne suína. Essa é uma área em que a JBS não atua no momento, mas a Swift é a terceira maior nos EUA. Batista afirmou que vai analisar o negócio num período de seis meses a um ano, para decidir se manterá a divisão.

"Não trabalhamos com suínos, não é nosso negócio, não conhecemos esse negócio. A única coisa que nos coloca bastante confortáveis de adquirir essa empresa com essa divisão é que ela é a mais bem operada, mais rentável que tem na companhia", disse.

"Na divisão de porco, estaremos mais aprendendo do que ensinando. Após seis meses a um ano, estaremos decidindo ampliar ou vender ou manter. Hoje realmente não sabemos."

O presidente da empresa brasileira afirmou que a compra da Swift norte-americana não afeta os planos da empresa para o Mercosul e de expansão de unidades no Brasil.

"Tenhamos todos em mente que nosso plano de consolidação do Mercosul está mantido em curso. Temos três novas oportunidades na Argentina que estamos olhando", afirmou.

O presidente-executivo da Friboi comentou detalhes do financiamento da operação.

Segundo ele, está sendo viabilizada uma conta garantida de 700 milhões de dólares, dos quais 400 milhões seriam utilizados imediatamente para pagar os 225 milhões à HM Capital Partners e para abater 175 milhões de dólares em dívidas.

Ao mesmo tempo, uma operação de refinanciamento de dívidas da Swift no montante de 1 bilhão de dólares está sendo conduzida com bancos norte-americanos. Batista também afirmou que serão realizadas duas emissões de bônus no mercado dos EUA, de 300 milhões de dólares cada, com prazo estimado de 10 anos.

Na luta por investimentos, o etanol ganha do biodiesel

Segundo o Banco Mundial, considerando a situação atual o etanol mostra-se muito mais viável que o biodiesel, conforme podemos ver na notícia da Agência Estado:

BANCO MUNDIAL PREFERE FINANCIAR ÁLCOOL A BIODIESEL

Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), agência do Banco Mundial que trabalha com financiamentos e operações de crédito comercial, planeja aumentar seus investimentos na produção de etanol na América Latina, mas ainda não se impressionou com projetos para a produção de biodiesel.

A afirmação foi feita pelo representante do Departamento de Agronegócios da IFC no Brasil, Marcelo Lessa, em entrevista à agência Dow Jones. "Tivemos muitas propostas para o biodiesel e não gostamos de nenhuma até agora", disse o executivo.

Lessa explica que os projetos apresentados à entidade eram baseados em matérias-primas de alto custo, como o óleo de soja, ou oleaginosas exóticas, como jatrofa (pinhão manso) e mamona, que não são cultivadas em larga escala. Lessa disse que a IFC deve anunciar mais duas usinas de açúcar e álcool no Brasil este ano.

Para ele, o Brasil serve de referência na análise de projetos de etanol em outros países. "Vamos dar suporte e financiamento para todo empreendimento que for ambientalmente sustentável e possa ser competitivo com o Brasil em termos de custo", disse Lessa.

O Brasil possui hoje o menor custo de produção no etanol. Lessa disse que a IFC estuda propostas para a produção de álcool em Colômbia, Nicarágua e Guatemala, sendo que a última já está nos estágios finais de análise. A IFC emprestou US$ 45 milhões para um investimento do Grupo Pellas na produção de etanol de cana-de-açúcar na Nicarágua em 2006.

Lessa ponderou que a maior parte dos investimentos em biodiesel é feita por pessoas que não têm experiência no setor. Segundo o executivo, alguns desses projetos não fazem nenhum sentido do ponto de vista agrícola, logístico ou de localização. "Os riscos no biodiesel neste momento são maiores.

Os investidores do etanol são pessoas com muito mais senso do que estão fazendo", comparou. Ele disse que os investimentos do banco em biodiesel também têm de considerar o impacto no preço dos alimentos e das rações. Os preços do óleo de palma bruto, por exemplo, praticamente dobraram na Europa por causa da demanda para a produção de biodiesel, segundo Lessa.

Tal demanda "inevitavelmente puxa o preço dos óleos comestíveis para os consumidores pobres da Índia, onde o óleo de palma é usado na preparação de alimentos". As informações são da Dow Jones (Agência Estado, 28/5/07)

domingo, maio 27, 2007

Commodities agrícolas e o mercado de trabalho

A questão mercado de trabalho agrícola foi levantada em um artigo publicado no Valor Econômico do dia 25 (sexta-feira). O artigo foi escrito com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005:

Commodities redefinem o trabalho na agricultura
Valor Online

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005 mostraram dois aspectos importantes no mercado de trabalho assalariado na agricultura brasileira: primeiro, a continuidade do crescimento do número total de empregados e também daqueles com registro em carteira, indicando uma recomposição do mercado de trabalho formal (28% do total de ocupados na agricultura eram empregados, sendo a principal categoria, e 32,1% dos empregados tinham registro em carteira); segundo, uma polarização na qualidade do emprego entre os empregados permanentes e os temporários, que pode ser vista por indicadores ligados ao grau de formalidade do emprego e ao nível de escolaridade.

Em 2005, 51,2% e 46,1%, respectivamente, dos empregados permanentes com residência urbana e rural tinham registro em carteira no Brasil, contra apenas 14,7% e 4,6% dos empregados temporários urbanos e rurais. O quadro mais favorável aos empregados permanentes repetiu-se em todas as regiões. Apenas para ilustrar: no Centro-Oeste, região com forte expansão da agricultura, 56,1% e 59,9% dos empregados permanentes urbanos e rurais tinham carteira assinada, contra 11,8% e 1,4% dos temporários urbanos e rurais, respectivamente.

Entre as principais culturas, os extremos na polarização foram a cana-de-açúcar e a soja, de um lado, e a mandioca e o milho, de outro. Em 2005, 89,6% e 67,9% dos empregados permanentes urbanos ocupados, respectivamente, nas culturas da cana e da soja tinham registro em carteira. Nas culturas da mandioca e do milho, os valores respectivos foram 34,9% e 26,4%. Para os permanentes rurais, os valores para a cana e a soja foram 68,4% e 76,2%, enquanto os valores para a mandioca e o milho foram 6,3% e 28,4%, respectivamente.

Para os empregados temporários, as discrepâncias também foram acentuadas: enquanto 73,9% e 10,9% dos temporários urbanos ocupados na cana e na soja tinham carteira assinada, apenas 2% e 2,3% tinham este grau de formalidade nas culturas da mandioca e do milho. Para os temporários rurais, os valores verificados na cana e na soja foram 47,1% e 27,4%, enquanto para a mandioca e o milho, foram 0,3% e 0%, respectivamente.

Como a formalidade do trabalho é uma das importantes condições para a obtenção das aposentadorias, em linhas gerais, os dados referentes à participação dos empregados na agricultura brasileira com contribuição para a Previdência Social mostram um quadro muito semelhante ao apresentado para o indicador de carteira assinada. Apenas mereceria ser reafirmado que, se é verdade que quase a metade dos empregados permanentes estão cobertos pela seguridade social, também é fato a situação dramática dos empregados temporários, principalmente dos residentes nas regiões menos desenvolvidas e ocupados nas culturas mais tradicionais.

Quanto ao nível de escolaridade, 12,7% dos empregados permanentes com residência urbana tinham oito ou mais anos de estudo no Brasil, em 2005. Para as demais categorias, os valores foram, praticamente, a metade (6,9% para os permanentes rurais e para os temporários urbanos e 6,1% para os temporários rurais). Nas regiões Sudeste e Sul, o quadro foi bem parecido com a situação nacional.

No Norte e Nordeste, além dos indicadores estarem abaixo das médias nacional e regionais, também chama atenção a participação dos empregados permanentes urbanos com oito anos ou mais de estudo ser de duas a três vezes maior que as demais categorias. No Centro-Oeste, as participações dos empregados permanentes (rurais e urbanos) eram bem próximas (11% e 10,2%), e maiores do que as observadas para os empregados temporários urbanos e rurais (8,4% e 7,7%).

Quanto às culturas, o principal destaque no arroz foi o crescimento da participação dos empregados permanentes rurais com oito anos ou mais de estudo (11,2%, em 2005, contra apenas 2,5%, em 2001). No café, houve aumentos importantes de escolaridade em todas as categorias, com exceção dos permanentes urbanos. Na cana-de-açúcar foram verificados aumentos nas participações dos empregados permanentes e temporários, com maior destaque para os residentes urbanos (em 2005, 14,2% dos permanentes e 9,7% dos temporários tinham este nível de escolaridade).

Nas culturas da mandioca e do milho, os empregados permanentes com residência urbana tinham maiores participações em relação às demais categorias (em 2005, 16,9% e 13,2%, respectivamente, destes empregados tinham oito anos ou mais de estudo). Na soja também houve um crescimento contínuo deste indicador (14,8% dos permanentes urbanos, 20,9% dos permanentes rurais, 11,3% dos temporários urbanos e 28,6% dos temporários rurais com oito anos ou mais de estudo, em 2005), o que a torna uma das atividades com os melhores níveis educacionais na agricultura brasileira.

A crescente especialização da produção nas commodities internacionais, que são componentes importantes da pauta de exportações brasileira; a marcante diferença de rentabilidade das atividades mais dinâmicas vis-a-vis as mais tradicionais, sendo que as últimas têm enormes dificuldades em formalizar e remunerar bem a força de trabalho; a modernização e a mecanização que se aprofundaram na agricultura de grande escala; a externalização ou terceirização das atividades para as empresas prestadoras de serviços na agricultura; a maior fiscalização nas empresas agrícolas de maior porte, obrigando-as a melhor cumprir a legislação trabalhista; a crescente busca por certificações nas atividades mais sustentáveis; o aparecimento e/ou expansão de algumas novas profissões, que contrastam com a grande maioria da força de trabalho utilizada nas tradicionais atividades ligadas aos tratos culturais e à colheita; a grande importância que ainda tem a mão-de-obra temporária nas atividades agropecuárias; e a fraca representação e organização sindical dos trabalhadores temporários são alguns fatores que explicam o fenômeno da polarização da qualidade do emprego agrícola no Brasil.

Renegociação de dívidas - um novo modelo

A renegociação das dívidas agrícolas, especialmente para os produtores do MT. Estes produtores foram os maiores prejudicados pela crise das duas últimas safras. A notícia foi encontrada no site da Reuters:

Novo sistema de renegociação de dívida agrícola quebra paradigma
Quinta-feira 24 de Maio, 2007 7:40 GMT
Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O novo sistema de renegociação de dívidas de produtores agrícolas com fornecedores de insumos, com a criação do Financiamento de Recebíveis do Agronegócio (FRA), quebra um paradigma ao fazer com que a garantia das operações recaia, principalmente, sobre as costas das partes privadas envolvidas e não somente sobre o governo, como tradicionalmente ocorre.

Para a renegociação das dívidas contraídas principalmente junto a empresas de adubos e defensivos nas safras 2004/05 e 2005/06, estimadas em 4 bilhões de reais, haverá uma linha de financiamento de 2,2 bilhões de reais, cuja fonte de recursos mais provável será o dinheiro da exigibilidade bancária de aplicação em crédito rural, oriunda dos depósitos à vista.

"Finalmente saiu, uma medida acertada desde dezembro, mas ainda saiu a tempo de surtir algum efeito", declarou o diretor da Agroconsult, André Pessoa, referindo-se à próxima safra.

Ele lembrou que, embora o volume da dívida supere o montante disponível para financiamento, o importante será como a renegociação será feita, sem que os cofres do governo venham ser afetados, uma vez que os recursos garantidores das operações serão formados, entre outros, por dinheiro dos próprios produtores e empresas, além de investidores.

"A quebra de paradigma é que o recurso garantidor não é assumido pelo governo", completou Pessoa. Ele disse que os recursos disponíveis levarão as instituições a serem criteriosas na concessão do crédito.

A OPERAÇÃO

Em uma operação casada, com os recursos dos depósitos à vista que os bancos são obrigados a reservar para a agricultura, o produtor pegaria um financiamento e poderia quitar sua dívida com o fornecedor de insumos.

O limite do financiamento deverá ser de 100 por cento do valor da dívida, com carência de dois anos, até para que o produtor possa ter fôlego para investir em sua atividade nesse período, recuperando-se da crise --os encargos da operação serão inferiores aos de mercado (Taxa de Juros de Longo Prazo-TJLP-, acrescida de 5 por cento).

Mas para que a operação possa ser realizada, o agricultor terá de depositar no FRA 10 por cento do valor de suas dívidas, e o fornecedor de insumos entrará com 20 por cento do valor que ele deveria receber, também para a constituição do fundo.

Com os depósitos de produtores e empresas de insumos no FRA será formado o fundo garantidor do pagamento das dívidas, que será aplicado no mercado. O Tesouro Nacional também participará como agente garantidor do pagamento do financiamento, até o limite de 15 por cento do valor total dos financiamentos contratados, caso a inadimplência exceda os recursos do fundo. O risco remanescente será assumido por investidores no FRA, que serão remunerados por isso.

Segundo Pessoa, da Agroconsult, o fundo deverá ser atraente para o investidor, na medida em que começa com um volume de recursos considerável.

O FRA, instituído por Medida Provisória na quarta-feira, ainda precisa ser regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que está à frente do Estado que é o maior produtor de soja do Brasil, o FRA é uma nova forma de refinanciar dívidas no país. "Felizmente o fundo veio e vai ajudar a agricultura mato-grossense e brasileira", afirmou ele.

"O FRA poderá se transformar num canal para a renegociação das dívidas rurais, abrindo novo espaço para a apresentação de propostas de solução para o endividamento do setor...", destacou um comunicado da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que elaborou emendas à Medida Provisória a serem sugeridas aos parlamentares.

Empresas de insumos contatadas preferiram não se manifestar sobre o FRA.

Biocombustíveis transformando o mercado de futuros em Chicago

Em notícia publicada no DCI, podemos ver a influência que os biocombustíveis já estão exercendo nos mercados futuros agropecuários mundiais:

ETANOL E BIODIESEL MUDAM OS NEGÓCIOS NA BOLSA DE CHICAGO

Até dois anos atrás, parecia impossível pensar que os fatores fundamentais que regiam o mercado mundial de commodities agrícolas poderiam mudar radicalmente de uma hora para outra. No caso do principal mercado internacional de grãos, a Bolsa de Mercadorias de Chicago (Cbot, em inglês), era difícil imaginar operadores monitorando os preços do petróleo ou negociando mais contratos de milho do que de soja.Mas é olhando para trás que Dave Lehman, o economista-chefe e diretor executivo da Cbot, consegue mensurar o impacto que os biocombustíveis tiveram na sua própria bolsa e em todo o mercado agrícola. “O biodiesel, mas mais ainda o etanol, estão mudando as regras do jogo em Chicago”, constatou ele em visita a São Paulo .

Lehman participou de um seminário de commodities promovido pelo IBC Brasil e pela Agra FNP no dia 23.Aos poucos, os operadores de mercado e a própria Cbot estão se adaptando a uma nova realidade: Lehman conta que o crescimento da produção de biocombustíveis está aumentando a volatilidade de preços. “A soja tem uma volatilidade historicamente alta, mas no caso do milho estamos vendo uma volatilidade bem acima da média histórica. E volatilidade traz especulação”, constata.Com o petróleo em alta e cada vez mais estados norte-americanos exigindo a mistura de etanol à gasolina, os Estados Unidos estão dobrando a capacidade de produção do biocombustível. O detalhe é que o país já é o maior produtor mundial. Segundo Lehman, estão operando hoje 115 refinarias capazes de produzir 21,5 bilhões de litros de álcool de milho. Mas as 79 plantas em construção terão capacidade de fabricar mais 24 bilhões de litros.Diante dessa explosão na produção de etanol, os agricultores vêem no milho as melhores perspectivas de remuneração, o que impacta o preço de todos os outros produtos agrícolas que devem perder espaço para o cereal.

Isso explica por que os contratos futuros de óleo de soja alcançaram sua maior cotação desde junho de 1984 na última sexta-feira. Os agricultores norte-americanos pretendem reduzir a área plantada com soja em 11%, para sua menor extensão desde 1996 para plantar milho, segundo a última projeção do departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês).

"A questão do mercado no momento é exatamente se os produtores norte-americanos terão mesmo condições de migrar toda essa área de soja para o milho”, assinala Lehman. Na avaliação do executivo da Bolsa de Chicago, o clima não está colaborando para o plantio de milho, o que pode fazer os produtores optarem pela soja, que possui uma janela de plantio maior e pode ser semeada mais tarde.

Além disso, Lehman diz que não há certeza se as fabricantes de fertilizantes terão condições de atender a todo o crescimento da demanda por produtos voltados ao milho. Caso não consigam o insumo ideal, os agricultores também podem desistir do milho e ficar com outras culturas.

Mas a Cbot não se contentou em ser apenas a principal formadora mundial de preços das principais matérias-primas dos biocombustíveis — milho e soja. “Acredito que o milho é uma fonte intermediária de etanol nos EUA”, avalia Lehman, considerando o avanço das pesquisas para a produção a partir da celulose.

Para não perder o barco dos biocombustíveis e ainda abocanhar um mercado que hoje é negociado na concorrente nova-iorquina, a Nybot, a Cbot já possui contratos futuros de etanol. “Os futuros do etanol ainda têm uma liquidez baixa, e por isso acabamos de lançar os contratos de swap de etanol, que serão importantes até o fortalecimento do mercado”, relata Dave Lehman (DCI, 25/5/07)

sexta-feira, maio 25, 2007

Mercados Futuros - uma boa opção aos produtores

As operações de mercados futuros ainda são pouco utilizadas pelos produtores agrícolas do Brasil. Estima-se que o mercado pode crescer algumas vezes quando comparamos com as operações em Chicago na CBOT. Abaixo segue um artigo publicado no www.jornalcana.com.br por um especialista no setor:

O ministério da saúde adverte: Não fazer hedge pode causar pânico, stress e perda de sono

Arnaldo Luiz Correa - Archer Consulting - Assessoria em Mercado de Futuros, Opções e Derivativos Ltda

O mercado de açúcar derreteu na semana, perdendo na média, 15 dólares por tonelada. A queda - confirmou-se na publicação do Commitment - foi dirigida por especulação. A posição pesada dos fundos de índice, quase não se alterou, ficando ao redor das 10 milhões de toneladas de açúcar. Opa! Quer dizer que são os fundos de índice que estão carregando nas costas todo o superávit de açúcar desse ano? Sim. Imagine em que mãos fortes estão essas 10 milhões.

O mercado fechou rigorosamente no mesmo nível de 2 anos atrás. E coincidentemente, se compararmos a máxima com a mínima dos últimos 12 meses, temos 17.25 contra 8.63, ou uma queda de 50%. Em ocasiões como essa, quando o pânico invade a sala a razão se joga pela janela. E muitas usinas podem correr o mesmo risco do ano passado quando ficaram altistas no topo do mercado, e se atiraram a comprar calls (opções de compra) e vender puts (opções de venda), podem agora ficar baixistas no chão do mercado fixando nesses níveis.

Lamentavelmente, não dá para re-inventar a roda se alguém deixou de fazer o hedge. Não fazer hedge causa desvio de atenção. Dança da chuva, nessa altura do campeonato, não vai resolver. A adivinhação (que os antigos chamavam de feitiçaria) deixou de ser o método de previsão favorito desde 1654 quando Pascal e Fermat introduziram um procedimento sistemático de cálculo de probabilidade de eventos. Dessa forma, disciplina com o hedge e não se apaixonar pela posição costumam funcionar em 99.9% dos casos. Além disso, ninguém quebra com lucro no bolso. Os gurus que nos brindaram no ano passado com sua esplendorosa sapiência e previsões mirabolantes de felicidade eterna e preços acima de 20 centavos se escondiam atrás das ilastras nos coquetéis pós-Sugar Dinner. Agora só faltam ressurgirem das cinzas, como fênix estrambelhadas para vaticinar que dessa vez o mercado vai para 4 centavos.

Não há dúvida, que o pânico via hedge de última hora por parte daqueles que estão sub-hedgeados, que seguraram a posição para dias melhores, que não chegaram e nem parecem estar a caminho, ainda pode pressionar mais o mercado. A luz no fim do túnel da esperança foi apagada para economizar energia, enquanto o custo de produção com o real valorizado eleva para 10.43 centavos de dólar por libra-peso posto usina, ou, grosso modo, um prejuízo de US$ 60 por tonelada. A situação só não é pior porque o mercado interno e o álcool acabam por compensar os preços baixos do açúcar no mercado internacional. Cálculos da Archer Consulting, no entanto, mostram que as usinas que destinam mais de 1/3 de sua produção equivalente cana para a exportação passam a operar no vermelho.

O volume de contratos negociados em NY quebrou mais um recorde em bases anuais. Nos últimos 12 meses, mais de 17 milhões de contratos foram negociados, ou 860 milhões de toneladas. Hoje, para cada tonelada negociada existem 17 no mercado futuro, fruto do da preocupação com a gestão de risco em nível global.Produtores devem apontar o lápis e fazer suas contas levando em consideração seu mix de produção e remuneração ao acionista antes de embarcar no pânico. Consumidores no mercado interno que não aproveitarem os preços baixos serão os próximos a se queixar no muro das lamentações.

Maiores informações - http://www.archerconsulting.com.br

quinta-feira, maio 24, 2007

Região Sul - novamente o celeiro do Brasil?

O atual panorama do dólar a R$ 2,00 e as dívidas roladas de outras safras, estão fazendo com que o eldorado agrícola volte à região Sul do país, especialmente para a produção de cereais.. O artigo abaixo publicado no Estado de São Paulo domingo passado mostra bem este quadro:

QUEDA DO DÓLAR MUDA MAPA AGRÍCOLA DO PAÍS

Mudou o mapa da agricultura brasileira de grãos. As regiões tradicionais produtoras do Sul, tendo como coração o Paraná, voltaram a ser mais rentáveis para exportação do que o Centro-Oeste, que durante os últimos 15 anos foi o eldorado do agronegócio em razão das terras baratas. A trajetória de queda do dólar, que na semana passada rompeu a barreira de R$ 2, provocou o rearranjo do agronegócio e já tem reflexos na renda que circula nessas regiões.

"O dólar deixou de encobrir a ineficiência da infra-estrutura" diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, que detectou as mudanças. Para ele, a moeda americana vai continuar em queda ’até onde a vista alcança’, e a alteração na geografia do agronegócio veio para ficar pelos próximos três a quatro anos, até que haja tempo hábil para consertar problemas da infra-estrutura.

Com o dólar abaixo de R$ 2, a margem de ganho do produtor de milho de Londrina, no norte do Paraná, equivale, nesta safra, a 56% do preço de exportação.

Se for incluído o gasto com frete, cai para 28%, segundo a consultoria. Trata-se de uma bela margem, diz Mendonça de Barros, se comparada à obtida pelos produtores de Rio Verde, importante pólo de grãos no sul de Goiás. A rentabilidade do produtor da região que exporta milho é 51% do preço nesta safra. Com o frete, cai para 8,5%, menos de um terço do ganho obtido pelo agricultor do Paraná.

"O produtor do Paraná está no céu", diz Mendonça de Barros. Essa também é a avaliação do produtor Carlos Roberto Pupin. O agricultor faz essa afirmação com conhecimento de causa, pois cultiva grãos no Paraná e no Tocantins.

Segundo Mendonça de Barros, os resultados desta safra indicam que a lógica que prevaleceu nos últimos 15 anos de os agricultores irem em busca de terras baratas no Centro-Norte está quebrada por causa da falta de infra-estrutura de transporte, segundo fator apontado por ele como agente da mudança. "Quem pagar agora o menor ’imposto’ de infra-estrutura vai se sair melhor"

terça-feira, maio 22, 2007

China - Eles também querem vender para o Brasil

Não é só o Brasil que tem olho grande para o mercado chinês. Eles também visualizam nosso agronegócio como mercado potencial para seus produtos. Também na edição de hoje do DCI tem um artigo sobre o interesse dos produtores chineses de agroquímicos em vender aqui parte de suas produções:

Chineses entram no mercado brasileiro de defensívos agrícolas

Luiz Silveira

Com oportunidades de crescimento saturadas nos Estados Unidos e na Europa, a indústria de defensivos agrícolas da China mira no Brasil para diminuir sua capacidade ociosa. Como maiores produtores, consumidores, importadores e exportadores de agroquímicos do mundo, os chineses querem avançar no Brasil com os defensivos genéricos, autorizados no ano passado.

O modelo de negócios buscado pelas companhias chinesas é uma parceria com empresas brasileiras que façam a distribuição de seus produtos, explica o consultor Flavio Hirata, da Allier Brasil, consultoria que mantém um escritório na China para auxiliar as indústrias de lá a encontrar parceiros e a fazer o registro de seus produtos aqui.

Só o laboratório Bioagri, de Piracicaba (SP), realizou nos últimos dois anos cerca de 20 baterias de testes de princípios ativos para defensivos produzidos na China. Os testes são necessários para o pedido de registro do produto no Ministério da Agricultura. “Antes desse período, não tínhamos nenhum cliente chinês. Agora a demanda deles cresce 50% ao ano e já representa algo como 30% dos nossos testes de defensivos”, afirma o diretor técnico do Bioagri, Roberto Bonetti.

O presidente da Associação Chinesa do Petróleo e Química, Li Yongwu, acredita que há muito espaço para os negócios com o Brasil crescerem no setor de agroquímicos. “O Brasil é o segundo maior mercado de defensivos do mundo, mas ainda há poucos produtos chineses aqui”, disse ele, que participou ontem do II Simpósio Brasil-China de Agroquímicos, realizado em São Paulo .

A China tem hoje 1.803 fabricantes de defensivos, mas Hirata ressalta que o governo chinês pretende reduzir esse número para menos de 500, de forma a garantir competitividade ao setor. “A China tem 7% do território mundial e 22% da população, por isso teve de desenvolver sua indústria de agroquímicos para ganhar produtividade”, constata Yongwu. Segundo ele, a produção chinesa de defensivos cresceu 32% em 2006.“Esperamos que o registro de produtos agroquímicos por equivalência reduza os custos de produção agrícola no Brasil, e a China será um parceiro importante para isso”, diz o coordenador-geral de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Luís Rangel.

Segundo uma fonte do mercado, a importação chinesa não tira o sono, por enquanto, nem das indústrias locais nem das multinacionais; as primeiras podem firmar parcerias com chineses e as segundas já têm fábricas no gigante asiático.

Exportação de frutas - potencial enorme do Brasil

A exportação de frutas tropicais ainda é muito pequena quando comparada ao potencial de nosso país. Entretanto, sempre tem gente buscando aumentar este volume. Em artigo publicado no DCI de hoje (22 de maio) podemos observamos ações neste sentido:

Brasil incrementa exportação de frutas

Robson Bertolino

A missão de produtores brasileiros de frutas e derivados que irá ao norte da África visitar os países do Marrocos, Egito e Tunísia, entre maio e junho, está otimista em relação à geração de negócios.

Iniciativa da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex) e Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), a missão terá como objetivo fomentar negócios de até US$ 200 milhões entre produtores brasileiros e compradores dos três países.Segundo Antônio Sarkis Júnior , presidente da Câmara, o agronegócio tem grande potencial de acordos para produtos como frutas, sucos e produtos industrializados. “O Egito, por exemplo, é forte importador de produtos do agronegócio do Brasil, o que apresenta boa oportunidade para o aprofundamento e o incremento das relações comerciais entre os países”, diz.

A projeção do presidente da entidade é de fechar o ano de 2007, com 15% mais de exportações em frutas e derivados para aqueles países.

Outro fator, que segundo o executivo, está atraindo mais investidores, é o fato dos países visitados estarem mudando as respectivas legislações. O Marrocos já vem implementando tratados de comércio com os Estados Unidos e com a União Européia. A Tunísia passa por reformas que buscam estimular o crescimento econômico e diminuir o desemprego, em especial a reforma fiscal e a do setor bancário. Já o Egito está incentivando as exportações e o fluxo turístico interno, o que está impulsionando as perspectivas para um aumento do consumo e dos investimentos privados.

Potencial

Para Paulo Passos , consultor internacional que vai representar o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) na missão, o objetivo é abrir novos mercados, promovendo os sucos e frutas do Brasil junto aos possíveis importadores para futuras negociações. “O Marrocos importou, em 2006, US$ 46,8 milhões de frutas e sucos. Já a Tunísia comprou US$ 21,7 milhões e o Egito, 118 milhões de litros de sucos, estes números demonstram o potencial destes países para frutas e sucos, e o Brasil possui capacidade de suprir este mercado, visto que produzimos 40 milhões de toneladas de frutas”, revela.

Segundo o executivo, este ano a entidade já representou os associados (90 empresas atualmente) em feiras como a Gulf Food realizada em Dubai que contou com a presença de cinco empresas brasileiras que efetivaram negócios na ordem de US$ 400 mil e prevêem mais US$ 3 milhões em negócios para os próximos 12 meses.

E no segundo semestre deste ano o Ibraf irá realizar o Brazilian Fruit Festival, ação de promoção, degustação e comercialização de frutas frescas e derivados, em redes de varejo em Dubai. Outro evento na Alemanha terá a participação de uma comissão de produtotes brasileiros.

Negócios

Uma das empresas participantes é a Predilecta Alimentos , que já mantém relação comercial com compradores do Egito e prospecta ampliar seus negócios. De acordo com Ivini Granado , gerente de Exportação da empresa, os produtos da companhia já estão presentes em 55 países e, com a missão, essa participação tende a crescer. “Já vendemos polpa de fruta para o Egito. Nossa projeção é de fazer negócios da ordem de US$ 100 mil em médio prazo e triplicar em três anos”, constata.

A executiva acredita que a efetivação de acordos comerciais são fundamentais para as empresas do setor ampliarem suas margens de negócios. “Alguns países não consomem determinadas frutas e divulgar o produto é fundamental”, conta.

De acordo com Eduardo Moraes , sócio gerente da Latinex , empresa que comercializa produtos alimentícios com sede em Curitiba (PR), a empresa deverá assinar um contrato com um importador líbio para embarcar o equivalente a US$ 60 mil por mês em leite e sucos durante um ano, valor que ele acredita chegar em US$ 100 mil mensais. “A participação na missão do norte da África será uma forma de intensificar nossa presença na região”, conta.

domingo, maio 20, 2007

Boas notícias para o Agronegócio Brasileiro

Em nota tambem publicada na edição 893 da Exame, podemos verificar a retomada do agronegócio brasileiro. No último Agrishow o movimento foi cerca de 42% superior ao ano passado, totalizando R$ 710 milhões de reais.

Quando este número é somado aos números de produção da safra - recorde de 130 milhões de toneladas de grãos e ao aumento da produção de cana (26% de aumento) e ao setor de bebidas (crescimento de 20%) temos um quadro amplamente favorável ao setor.

No levantamento realizado pela Exame para a elaboração do Anuario do Agronegócio aparecem ainda os seguintes dados:
  • 27% do PIB
  • 36% das exportações
  • 37% dos empregos
  • Faturamento de R$ 400 bilhões
  • Lucro de R$ 8 bilhões

Sem dúvida, são excelentes números e com boas perspectivas de crescimento nas próximas safras

Suco de laranja - Não tem para ninguém

A revista Exame em sua última edição, traz uma reportagem sobre o domínio do suco de laranja brasileiro no comércio mundial e o difícil crescimento em um mercado onde as grandes empresas brasileiras já detêm 80% do market share. Os dados de produção e exportação encontram-se na figura ao final do artigo baseados em dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Os concorrentes viraram suco

Por Alexa Salomão

Na esteira do avassalador sucesso do agronegócio brasileiro, um pequeno grupo de empresários locais acaba de consolidar uma posição capaz de matar de inveja seus pares mundo afora. Ao longo de 2006, os fabricantes de suco de laranja alcançaram um domínio quase total do mercado internacional -- atualmente, 81% de todo o suco de laranja negociado é brasileiro, um feito sem paralelo no agronegócio mundial. Consumidores de 70 países já tomam suco made in Brazil. Tal desempenho é sustentado por apenas quatro empresas -- todas sediadas no estado de São Paulo. Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Coinbra concentram 90% da produção brasileira e foram responsáveis pela exportação de 2 bilhões de dólares no ano passado. Para conquistar essa posição, as "quatro irmãs" arrasaram a concorrência internacional. "Hoje não existe ninguém capaz de medir forças com a indústria local", diz Paulo Celso Biasoli, ex-executivo da Cutrale e sócio da consultoria GSA. A Flórida, nos Estados Unidos, o grande rival histórico na produção de laranja, vive um período de declínio e já não representa ameaça aos produtores paulistas. Quase 20% das árvores sucumbiram desde o início desta década, vítimas de furacões, pragas naturais e da expansão imobiliária que transforma fazendas em condomínios e resorts. Segundo Thomas Spreen, professor na Universidade da Califórnia e estudioso do setor há 15 anos, a recuperação da Flórida será lenta -- e talvez ela nunca volte a ser o grande produtor de outros tempos. O México, terceiro no ranking, não tem cacife para brigar com o Brasil. "Ainda não temos organização ou infra-estrutura para competir no mercado global", diz Alberto de La Fuente, diretor da Citrofruit, maior indústria mexicana de sucos cítricos. Nem mesmo a China, ameaça a quase todos os setores da economia, parece capaz de encarar a indústria brasileira. Estima-se que os chineses vão demorar uma década para montar sua indústria e abastecer o mercado interno antes de pensar em exportações.

Não é de hoje que o fator sorte -- ou o azar dos concorrentes -- tem ajudado a produção brasileira. A exemplo do que ocorre agora, a entrada do Brasil no mercado internacional, nos anos 60, foi facilitada por uma geada que dizimou milhões de árvores na Flórida, então o maior produtor mundial de laranjas e de sucos, e catapultou os preços. "A indústria brasileira soube aproveitar o momento de fragilidade dos concorrentes e se preparou para ser um grande competidor", diz Maurício Mendes, diretor da Agra FNP, consultoria em agronegócio. Foi nessa época que José Cutrale Júnior, então um comerciante de frutas que herdara do pai uma banca no Mercado Municipal de São Paulo, viu a possibilidade de crescer nos negócios com laranjas e assumiu a Suconasa, uma empresa endividada que serviu de embrião para a atual Cutrale, a maior indústria do setor. Nos anos 70, quando os Estados Unidos se recuperaram, os empresários brasileiros entenderam que era preciso ter escala para ser competitivo e iniciaram um agressivo processo de consolidação. As quatro grandes de hoje compraram nas últimas três décadas mais de 15 indústrias. Houve também preocupação com a infra-estrutura de distribuição. Elas foram pioneiras no transporte a granel, sistema capaz de carregar gigantescas quantidades a custos mais baixos, enquanto a maioria dos concorrentes insistiu em usar os tradicionais latões. Uma das cartadas mais recentes e decisivas foi a instalação de um terminal portuário no Japão no fim dos anos 90, que abriu o mercado asiático para o Brasil.

A ironia é que o sucesso colocou a in dústria brasileira diante de uma questão -- o que fazer para manter o crescimento. Com pouco espaço para ganhar fatias dos concorrentes, a alternativa é vender mais para os mesmos clientes. Existem dois grandes desafios nessa empreitada. O primeiro é atender às novas exigências dos consumidores. O mercado cresceu com a exportação de suco concentrado, mas cada vez mais gente em todo o mundo prefere o suco natural, considerado mais nutritivo. Os fabricantes precisam se reestruturar para essa nova realidade. Igualmente importante será garantir a matéria-prima. Os laranjais têm perdido espaço para outras culturas, como a da cana-de-açúcar, e sofrido com o avanço das pragas naturais. "Desde 1990, a área plantada caiu 21%", diz Mendes, da Agra FNP. "Houve um aumento de 70% na produtividade, mas chegará o momento em que o setor terá de ampliar a cultura para garantir a matéria-prima."


sexta-feira, maio 18, 2007

MIlho transgênico finalmente liberado

Reunião do CTNBio liberou finalmente o milho transgênico da Bayer aumentando para 3 os produtos liberados no Brasil. Veja abaixo a integra da reportagem do Valor Econômico:

APÓS NOVE ANOS NA FILA, MILHO DA BAYER É LIBERADO PELA CTNBIO

Após nove anos de disputas na Justiça entre grupos contrários e favoráveis aos organismos geneticamente modificados, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem, durante reunião aberta ao público por determinação judicial, a liberação comercial do milho transgênico "Liberty Link", produzido pela alemã Bayer CropScience.

Por 17 votos favoráveis, quatro contrários e um pedido de diligência, a maioria do colegiado concluiu que o milho tolerante a herbicidas à base de glufosinato de amônio não apresenta evidências de ameaça à saúde humana, animal ou ao meio ambiente.

A comissão já havia permitido a comercialização no país da soja transgênica "Roundup Ready" (1998) e do algodão "Bollgard" (2003), ambos da multinacional Monsanto.

A decisão dos cientistas da CTNBio será agora submetida ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), composto por 11 ministros de Estado, para a avaliação dos aspectos da "conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional" da liberação comercial. Para obter o registro definitivo, o produto precisará do voto da maioria absoluta dos ministros - o quórum mínimo do CNBS é de seis ministros.

Caberá à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, convocar a reunião do conselho. "A aprovação não significa que vão sair plantando por aí, até porque não tem semente para isso. Será submetida ao CNBS", afirmou o presidente da CTNBio, o médico bioquímico Walter Colli. Segundo ele, que votou a favor, a liberação do milho da Bayer está condicionada às regras de monitoramento pós-colheita e de coexistência com variedades convencionais. "Sem isso, não se aprova. Já pedi uma minuta sobre isso", afirmou. Mais do que atender aos condicionantes posteriores da própria CTNBio, a primeira espécie de milho aprovado no país enfrentará novas batalhas judiciais. O

Ministério Público Federal continuará a questionar os aspectos processuais da liberação do "Liberty Link" por meio de uma ação de nulidade. "Os pareceristas deveriam ter recebido os documentos apresentados na audiência pública. Me parece que não houve atendimento", afirmou a procuradora regional da República Maria Soares Cordioli, representante do MP no colegiado. "No âmbito administrativo, acho impossível que a comissão possa reverter a decisão. A via é judicial", disse.

A ação deve ser proposta, na Justiça Federal de Brasília, pelo procurador Francisco Guilherme Bastos. Além disso, Cordioli afirmou que o MP pode questionar outras "falhas" no processo, como a falta de estudos de impacto ambiental, de regras de monitoramento e a "viabilidade institucional" da própria CTNBio. Na reunião de ontem, foram apresentados seis pareceres favoráveis e um contrário à liberação do milho transgênico. Sob o argumento da "equivalência substancial" com espécies convencionais, os cientistas defenderam o produto por seus benefícios à agricultura e à liberdade de decisão dos produtores.

Além disso, indicaram a ausência de problemas relatados na literatura científica ou em países onde o milho já foi liberado. Não haveria, segundo as análises, riscos de alergenicidade ou toxicidade do transgênico. O parecer contrário acusou falhas processuais, falta de avaliação de riscos no Brasil, de planejamento para monitoramento e de estudos experimentais, além de respostas genéricas e evasivas da Bayer sobre questões adicionais ao processo. Votaram a favor da liberação Anibal Vercesi, Edilson Paiva, Patrícia Fernandes, Gisele Grilli, Mônica Fragoso, Carlos Moreira Filho, Clóvis Ilha, Walter Colli, Eliana Abdelhay, Alexandre Nepomuceno, Luiz Barreto de Castro, Fernando Torres, Vania Moda-Cirino, Marcio Silva Filho, José Lima Filho e Giancarlo Pasquali (Valor, 17/5/07)

terça-feira, maio 15, 2007

Commodities e a pobreza

Em encontro realizado em Brasília na semana passada a Global Iniciative on Commodities produziu um relatório onde indica que o mercado mundial de commodities tem um papel importante e fundamental na diminuição da pobreza mundial. Veja a seguir nota publicada no site do MAPA (www.agricultura.gov.br).

COMMODITIES NO CENTRO DO DEBATE

A redução da pobreza mundial só será possível se o mercado de commodities estiver no centro do debate da comunidade internacional. Esta conclusão está no documento produzido pelas delegações dos 70 países reunidos no Global Initiative on Commodities e publicado hoje (10/05) em Brasília. O documento conjunto dá sugestões para melhorar a condição de vida de mais de 2,5 milhões de pessoas que tiram dos produtos de base a sua sobrevivência.

O evento, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Global Fund for Commodities (CFC) pretende chamar a atenção do mundo para a relação entre a produção e comercialização de commodities e o combate à pobreza. “Iniciativas como esta, que pretendem lançar bases a caminho de fixar um marco legal para este mercado, obter transparência, instituir padrões e lutar pela diversificação de culturas são fundamentais para fortalecer o mercado de commodities”, acredita o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto.

Hoje, a discussão sobre commodities – produtos de base, não-industrializados e com baixo valor agregado -- se torna ainda mais importante diante da expansão do mercado de agroenergia, do qual países de clima tropical podem se beneficiar produzindo etanol e biodiese1. “O boom na produção de alguns commodities deve estar conectado à redução da pobreza. Pela sua experiência, o Brasil é capaz de ensinar preciosas lições para os países produtores de commodities”, acredita Lakshmi Puri, diretora da divisão de Comércio Internacional e Commodities da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

Para Célio Porto, o encontro em Brasília é exemplo de como a cooperação sul-sul, entre os países em desenvolvimento, será capaz de influenciar as discussões no âmbito da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). “É preciso combater os subsídios agrícolas praticados por países desenvolvidos e assim permitir a entrada dos commodities nesses mercados. O combate à escalada tarifária – que impõe taxas de importação mais altas à medida que aumenta o grau de industrialização dos produtos – também é uma preocupação dos países dependentes de commodities. “Esse tipo de tarifa impede que produtores obtenham parcela maior de renda sobre o preço do produto final”, explica o diretor-chefe do CFC, embaixador Ali Mchumo

Ganhos em produtividade nas próximas 3 décadas

Segundo artigo publicado na Gazeta Mercantil, a Basf acredita que a produtividade agrícola irá aumentar consideravelmente nos próximos 30 anos e o Brasil será a "China dos alimentos". Veja a seguir artigo na integra:

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DEVE DOBRAR EM 30 ANOS

A Basf, líder no mercado de fungicidas para a soja e de inseticidas para cana-de-açúcar, aponta a produtividade como a chave para a agricultura. Para o presidente mundial da divisão agrícola da Basf, Michael Heinz, Brasil tem potencial para se tornar uma grande potência para o setor nos próximos anos. "O Brasil será para a agricultura o que hoje a China é para a manufatura", disse Heinz.

Para ele, a produtividade na agricultura terá de dobrar nos próximos 30 anos para atender à demanda por alimentos em um cenário de recursos hídricos e área disponível cada vez mais escassos. "Em 2030, teremos 9 bilhões de habitantes na Terra, contra os 6,5 bilhões de hoje. Verificamos, nos últimos tempos, uma mudança no padrão de alimentação, com um consumo maior de frutas e legumes, e um aumento significativo na demanda por carne nos países asiáticos devido ao aumento de renda verificado nessas regiões", observou.

Para melhorar o rendimento das lavouras, a empresa aposta na biotecnologia vegetal. "Temos de trabalhar para o aumento da produtividade", afirma o diretor no Brasil para a divisão agro da Basf, Eduardo Leduc. "A inovação será necessária para aumentar a produção agrícola", acrescenta Heinz.

A Basf iniciou sua atuação em biotecnologia em 1999, mas deve intensificar seus projetos com a parceria recém-fechada com a Monsanto. No fim de março, as duas empresas anunciaram parceria em biotecnologia vegetal para o desenvolvimento de produtos que possibilitem alto rendimento e tolerância a condições ambientais desfavoráveis ( G.Mercantil, 10/5/07)

domingo, maio 13, 2007

Segundo ambientalistas, a produção de etanol de milho é poluente

Em um artigo publicado no Commodity News for Tomorrow da CBOT é discutido a poluição ambiental causada pelas refinarias de etanol de milho nos EUA.

Segundo o artigo, apesar do etanol substituir a gasolina e todos os problemas ambientais causados pelo petróleo, também emitem toneladas de poluentes incluindo óxido nitroso. Estes poluentes irão aumentar em 1% os níveis de poluição em muitas áreas segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA).

Um estudo recente da Universidade Stanford concluiu que mais de 200 pessoas irão morrer por ano devido à problemas relacionados ao ozônio, componente da poluição, se todos os veículos americanos consumirem etanol em mistura com a gasolina em 2020.

Porém críticos do estudo, como membros do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC) e da Associação de Combustíveis Renováveis (RFA) dizem que o etanol é melhor que a gasolina tradcional sobre todos os aspectos. E segundo Brian Jennnings, vice-presidente da American Coalition for Ethanol diz que áreas que tem histórico de utilização de mistura de 10% de etanol têm obtido melhoras na qualidade do ar.

Devemos analisar com muito cuidado o que é escrito e publicado pois existem interesses enormes por trás deste negócio.

quinta-feira, maio 10, 2007

Energia Elétrica ou Comida?

Enquanto no Brasil temos visto dezenas de artigos discutindo a expansão da agroenergia, em especial a cana, e o medo de muitas pessoas de não existirem áreas agrícolas disponíveis para os alimentos, li no Commodity News for Tomorrow da Chicago Board of Trade uma nota de autoria da BBC que diz que o governo do Quenia está racionando a energia elétrica das residências, liberando apenas 4 horas por dia, para poder irrigar as plantações de trigo de inverno.

Interessante uma notícia dessas passar desapercebida pelas grandes empresas brasileiras de comunicação, enquanto gastam tanto tempo e papel discutindo o avanço dos canaviais (mais no máximo 3 milhões de ha)em um país com mais de 40 milhões de hectares disponíveis.

terça-feira, maio 08, 2007

Comida x Combustivel: O debate continua

O debate entre utilizar os recursos agrícolas na produção de alimentos ou combustíveis está em alta. Até mesmo a revista Veja dedicou 6 páginas de sua última edição para o tema. Segua abaixo integra do texto:

COMIDA X COMBUSTÍVEL

No mundo, a produção de energia tira espaço dos alimentos no campo e recoloca o Brasil no injusto papel de vilão ambiental.

O etanol passou do papel de mocinho para o de bandido em poucas semanas. De alternativa de energia ecologicamente correta capaz de livrar o mundo da dependência do petróleo e aliviar a emissão de poluentes na atmosfera, virou um elemento com potencial para bagunçar o sistema agrícola mundial e inflacionar o preço dos alimentos. Essa percepção negativa foi manifestada recentemente por vários políticos e especialistas. No início do mês passado, por exemplo, um artigo publicado pelos economistas C. Ford Runge e Benjamin Senauer na respeitada revista americana Foreign Affairs alertava que a produção do álcool pode levar a um aumento do preço da comida, agravando o problema da fome nos países mais pobres. Dias depois, durante a 1a Cúpula Energética Sul-Americana, realizada na Venezuela, o presidente do país anfitrião, Hugo Chávez, pressionou para que o documento final do encontro fizesse um alerta sobre os problemas que poderiam ser causados pela expansão do biocombustível, mas a diplomacia brasileira barrou a idéia. Até o ditador cubano Fidel Castro, afastado do governo por problemas de saúde, resolveu meter sua colher na polêmica. Num texto publicado pelo jornal oficial Granma, Fidel caprichou na retórica apocalíptica, classificando a política de investimento no etanol como a "internacionalização do genocídio".

Por ser um dos maiores produtores de etanol do mundo, o Brasil encontra-se hoje sob a mira dos críticos. Na visão de muitos deles, o aumento do uso da cultura da cana para a fabricação de etanol representa uma ameaça à produção de alimentos para o país e para todo o mundo. Com isso, o país foi recolocado no posto de vilão ambiental do planeta . Além de uma imagem injusta, o raciocínio de que o investimento nacional em etanol vai agravar o problema da fome no mundo não encontra lastro na realidade. Embora tenha aumentado a destinação de matéria-prima para a produção de combustível, o Brasil não reduziu seu ritmo de produção de alimentos. Pelo contrário. A atual safra de grãos, de 125 milhões de toneladas, bateu recorde histórico. Além disso, o país tem hoje as melhores condições para multiplicar as áreas de canaviais, sem prejuízo de outras culturas. Um grupo do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República identificou 12 novas fronteiras adequadas ao plantio da cana-de-açúcar, sem qualquer tipo de impedimento legal ou ambiental. Elas se concentram em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás e totalizam quase 80 milhões de hectares, área equivalente à soma dos territórios de Alemanha e Espanha. "Além de termos terra sobrando, somos campeões de produtividade em etanol", afirma Eduardo Carvalho, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar.

Em boa parte, as preocupações a respeito dos efeitos colaterais da expansão do etanol têm sido baseadas no comportamento dos preços mundiais de alguns grupos de alimentos nos últimos meses. Um episódio emblemático ocorreu em fevereiro, quando dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de dez cidades do México para realizar o protesto que ficou conhecido como a marcha das tortillas. Prato de resistência da culinária local, a iguaria teve seu preço aumentado em 400% nos últimos meses. A variação foi provocada pelo aumento de seu principal ingrediente, o milho, que no caso mexicano é importado dos Estados Unidos. Como os americanos estão transformando em etanol boa parte dos grãos produzidos em seu território, o alimento está cada vez mais escasso para exportação. Com isso, a tortilla se tornou vítima de uma alta gerada pela clássica lei da oferta e da procura. De um ano para cá, a cotação do milho nas bolsas de Chicago e Nova York sofreu valorização de 50%. O alto preço da commodity pode afetar uma extensa cadeia de empresas que utilizam a matéria-prima na fórmula de seus produtos ou como ração para animais. A lista inclui leite, carne de frango e refrigerantes, entre outros itens.

Outro dos efeitos colaterais da corrida em busca dos combustíveis verdes são as queimadas que estão destruindo largas porções de florestas nativas na Ásia, sobretudo na Malásia e Indonésia. Isso ocorre para que a mata possa ser ocupada por plantações de palmeiras de dendê, cujo óleo é uma das matérias-primas para o biodiesel. No Brasil, o que preocupa os ecologistas é a expansão dos canaviais, que estaria empurrando a pecuária para áreas de preservação ambiental. "Mato Grosso do Sul é um dos exemplos de locais onde esse processo está ocorrendo", afirma Sérgio De Zen, professor de economia e administração da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em São Paulo.

À luz da alta recente de preços alimentares e de problemas ambientais, cada vez mais gente tem embarcado no pessimismo quando o assunto é etanol. Segundo essa corrente, o mundo estaria conhecendo hoje apenas os primeiros sintomas de uma doença muito mais grave, pois os investimentos na fabricação do etanol vêm se multiplicando. No Brasil, quase metade da cana-de-açúcar que entra no processamento das usinas já é destinada exclusivamente à produção de etanol, avançando sobre a fatia antes usada para o açúcar. Segundo as estimativas do setor, até 2014 a proporção de matéria-prima destinada à fabricação de combustível deve chegar a quase 70% (veja quadro). O dado fica mais impressionante quando se considera que o país deverá dobrar no período a área desse cultivo. Nos Estados Unidos, ocorre um fenômeno semelhante. Atualmente, apenas 14% do milho plantado vira etanol. Em 2014, a proporção vai subir para 36%.

O avanço das culturas destinadas à produção do combustível realmente impressiona, mas isso não significa que o planeta corre o risco de virar um grande milharal e canavial. Em suas previsões apocalípticas sobre o tema, muitos críticos simplesmente estão ignorando o efeito do avanço tecnológico na produção agrícola. Isso fica claro quando se analisa o cenário brasileiro. A curto prazo, o país tem boas chances de evoluir rapidamente na produção de etanol com a aprovação e o uso de novas variedades de sementes transgênicas. Elas têm potencial de aumentar em média 4,5% ao ano a produtividade das culturas de cana-de-açúcar. Outra forma que está sendo utilizada para melhorar a performance no campo é a transformação da pecuária extensiva em semi-intensiva. Com isso, largas áreas ocupadas por gado podem ser utilizadas para cultivo de produtos agrícolas. Além de não prejudicar a produtividade da pecuária, esse sistema aumenta a rentabilidade do produtor. "Ganho dinheiro arrendando parte das minhas terras para uma usina de álcool da região e economizo em ração, pois meu gado passou a ser alimentado com bagaço de cana-de-açúcar", afirma o fazendeiro Francisco Junqueira, um dos maiores pecuaristas de São Paulo. Há dois anos, quando firmou um acordo com a usina, metade dos 7 000 hectares de suas propriedades em Lins, no interior paulista, deixou de servir de pasto. No lugar, hoje se vêem tapetes de canaviais. Junqueira continua criando as mesmas 10 000 cabeças de gado, mas numa área muito menor.

No caso do principal concorrente brasileiro no mercado do combustível verde, o cenário é outro, a ponto de a revista inglesa The Economist, num artigo recente, usar as expressões bom e mau etanol para ilustrar a diferença. Segundo a revista, a produção brasileira está no campo positivo e, a americana, no negativo. Nos Estados Unidos, a briga por espaço no campo entre culturas destinadas à comida e à energia é uma realidade. Como o terreno para a expansão agrícola é bem mais restrito por lá, as plantações de milho só podem crescer se roubarem espaço de outras culturas, como a de cevada, o que pode levar as cervejas a sofrer o efeito tortilla. Em razão das quantidades cada vez maiores de grãos canalizados para a fabricação de etanol, os avicultores também enfrentam problemas. Estima-se que seus custos vêm crescendo à média de 1,5 bilhão de dólares por ano em razão da alta de preço do milho utilizado nas rações. As mudanças no agronegócio americano são tão abruptas que a capital do gado, o Texas, transformou-se na terra do etanol. Duas das maiores usinas de álcool do país estão sendo construídas no estado e devem entrar em operação até dezembro. Ao todo, os Estados Unidos estão investindo 16 bilhões de dólares na construção de 80 novas usinas para a fabricação de combustível nos próximos anos.

Apesar da facilidade que a maior potência econômica tem para injetar dinheiro no negócio, está cada vez mais claro que o modelo em que ele se sustenta hoje é equivocado. Além de provocar transformações negativas no agronegócio americano, a fabricação de etanol com base no milho está longe de ser um exemplo em termos de eficiência. O combustível obtido no Brasil com a cana-de-açúcar leva vantagem no preço final (25% mais barato) e na produtividade de litros por hectare (o dobro da média americana). Se não bastasse, a cana-de-açúcar gasta quatro vezes menos energia do que o milho para que se fabrique o etanol (ou seja, não adianta nada ter um combustível verde que precisa de uma quantidade enorme de diesel para ser fabricado). Os Estados Unidos vêm comendo poeira nessa área mesmo com o governo George W. Bush injetando subsídios no setor (foram 9 bilhões de dólares só no ano passado). Para proteger o mercado interno, Bush ainda dificulta a importação do produto impondo barreiras -- cada galão de etanol brasileiro paga 0,54 dólar de "pedágio" para entrar nos Estados Unidos.

Mas a evolução tecnológica também pode mudar as coisas por lá -- pelo menos é o que apostam algumas das figuras mais destacadas da sociedade americana. "A atual geração de etanol envolve uma certa polêmica, mas, se trabalharmos corretamente, em cinco anos teremos uma nova geração de combustíveis verdes", afirmou numa palestra recente o ex-vice-presidente americano Al Gore. Um dos produtos mais promissores dessa nova geração é o chamado etanol celulósico, que pode ser feito de qualquer tipo de planta, incluindo a palha de milho e o bagaço da cana-de-açúcar. Na visita recente de George W. Bush ao Brasil, os dois países firmaram um acordo que prevê parcerias em pesquisa para o desenvolvimento comercial do produto. As previsões de quando isso pode acontecer variam de cinco a dez anos. "Com essa tecnologia, vai ocorrer uma expansão vertical da produção", afirma Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). "O combustível obtido da celulose vai permitir dobrar a produtividade do etanol, atualmente de 7 000 litros por hectare."

Em razão dos benefícios que os avanços tecnológicos devem trazer a esse campo, é mais fácil Fidel Castro se naturalizar cidadão americano do que o etanol gerar uma "internacionalização do genocídio". Em termos de futuro, o que é líquido e certo é que o mapa agrícola mundial nunca mais terá a mesma cara depois do advento dos biocombustíveis. No Brasil, além da expansão da cana-de-açúcar, a tendência é ocorrer um investimento maior na cultura do milho, a fim de suprir a demanda dos Estados Unidos de grãos para alimentação. Num futuro próximo, largas porções da Ásia e da Europa devem privilegiar culturas destinadas a irrigar a produção de biodiesel.

A velocidade das transformações no mapa agrícola mundial vai depender do aumento da demanda pelos combustíveis verdes. Nos Estados Unidos, a intenção do presidente Bush é que, dentro de uma década, eles representem 15% do total consumido por carros e caminhões no país. Na Europa, a idéia é que eles substituam 6% do diesel atualmente consumido até 2010. Planos semelhantes vêm sendo adotados em outros países, como o Japão, com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Alguns analistas entendem que, mesmo se o movimento conduzir a um pequeno aumento de preço dos alimentos -- por ora algo ainda no terreno das hipóteses --, não será necessariamente uma coisa ruim. Faz sentido. Não há mesmo como chamar de catástrofe um processo que pode, ao mesmo tempo, melhorar a renda no campo e a qualidade de vida no planeta.

OPORTUNIDADES PARA O BRASIL

À medida que os agricultores americanos se dedicam a expandir as plantações de milho para a produção de etanol, em prejuízo de outras culturas, surgem espaços no mercado dos Estados Unidos que podem ser aproveitados pelos produtores brasileiros

Milho Com as plantações nos Estados Unidos canalizadas para a produção de combustível, começa a faltar milho no país para alimentação. Em razão disso, o preço do produto já aumentou 40%. O Brasil é o país que tem maiores possibilidades de suprir essa demanda

Soja As plantações do grão perdem espaço para o milho nos Estados Unidos. A tendência é uma valorização da soja, e o único país capaz de expandir rapidamente a fronteira é o Brasil.

segunda-feira, maio 07, 2007

Agronegócio Brasileiro e o Mercado Financeiro

Depois da abertura de capital do grupo COSAN, e mais recentemente Grupo São Martinho e Friboi, leio nos jornais desta semana que o Grupo Nova América também pretende abrir seu capital e que a BM&F bate recorde do número de contratos comercializados.

As duas notícias encontram-se abaixo:

NOVA AMÉRICA FAZ PEDIDO DE ABERTURA DE CAPITAL NA CVM

O Grupo Nova América, dono do açúcar União, marca líder no varejo brasileiro, registrou pedido para abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no fim de abril. Se concretizada a operação, será a terceira empresa com atuação na área de açúcar e álcool do país a emitir ações no mercado, depois das usinas paulistas Cosan, a maior do segmento, e São Martinho.

Controlado pela família Rezende Barbosa, o grupo Nova América está em expansão, e recentemente anunciou investimentos da ordem de R$ 1 bilhão na construção de duas usinas de açúcar e álcool no Mato Grosso do Sul.

A companhia quer ampliar seu processamento de cana dos atuais 7 milhões de toneladas para 15 milhões nos próximos dois anos. Com duas usinas em operação em São Paulo, nas cidades de Tarumã e Maracaí, a Nova América também prepara uma emissão de debêntures para alavancar recursos e viabilizar seus novos projetos. Procurado, o grupo informou que não comentaria o assunto.

Na safra 2006/07, encerrada no dia 30 de abril, o faturamento do grupo deve ter alcançado cerca de R$ 1,7 bilhão, ante R$ 1,4 bilhão obtidos na temporada 2005/06. Há mais de um ano, a Nova América deu início a um processo de reestruturação.

O Valor apurou que, a partir do pedido registrado na CVM, a emissão pública de ações (IPO, na sigla em inglês) é uma das opções que poderão ser adotadas, mas não necessariamente a única. De gestão familiar, o grupo opera atualmente em três grandes frentes: açúcar e álcool, laranja e pecuária de corte e leiteira (tem gado bovino no Mato Grosso do Sul e no Paraguai).

A companhia também é proprietária de um terminal portuário de açúcar, o Teaçu, em Santos (SP). Esse terminal tem capacidade para escoar 2 milhões de toneladas de açúcar a granel e 1 milhão de toneladas de açúcar ensacado. O grupo também faz parte de um pool de usinas que, ancoradas pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), deverá negociar soluções logísticas para o escoamento de álcool para exportação das principais regiões produtoras do país até os portos.

A divisão de agroenergia do grupo é coordenada por Roberto Rezende Barbosa, presidente da companhia. José Eugênio, irmão de Roberto, está à frente da divisão de citros, que também está em expansão. Neste segmento, o grupo possui uma área de 3 mil hectares, com produção de cerca de 3,5 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranja, volume que deverá atingir 8 milhões de caixas nos próximos anos.

No varejo, a Nova América tem forte presença, sobretudo com marcas próprias de suco. O controle das fazendas e da área de pecuária do grupo fica a cargo de Renato Eugênio de Rezende Barbosa (Valor, 4/5/07)


MAIS UM MÊS DE MOVIMENTO RECORDE NA BM&F

Como já se tornou rotina nos últimos anos, abril foi mais um mês de recordes agropecuários na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Foram negociados 146.131 contratos (futuros, opções e ex-pit) no total, 62,5% mais que no mesmo mês de 2006, que representaram um volume financeiro de US$ 1,365 bilhão, um crescimento de 59,1% em igual comparação. Em ambos os casos, foi o melhor abril da história.

Conforme levantamento divulgado ontem (dia 3) pela BM&F, também foram recordes para abril as negociações com café arábica e boi gordo - 61.877 e 39.382 contratos (futuros e opções), respectivamente. E, no caso da soja, os 25.258 papéis negociados representaram o maior volume mensal já apurado.

"Continuamos constatando a presença de novos players no mercado. No lado da venda, mais produtores e cooperativas. E no lado comprador, sobretudo na soja, mesmo as grandes tradings, que são pragmáticas, já preferem comprar soja em Paranaguá [porto paranaense onde é feita a entrega do produto segundo os termos dos contratos da BM&F]", afirmou Félix Schouchana, chefe do departamento agrícola da bolsa.

Para Schouchana, outro fator que vem impulsionando a movimentação é a maior participação de fundos multimercado nas negociações agropecuárias, um movimento também observado nos últimos anos nas bolsas americanas de Chicago e Nova York.

De acordo com o executivo, nesse ritmo as negociações com futuros e opções tendem a aumentar quase 50% no acumulado deste ano, para aproximadamente 2 milhões de contratos. Ver mais em www.bmf.com.br (Valor, 4/5/07)

quarta-feira, maio 02, 2007

Eficiência Energética do Biodiesel

Em uma nota distribuída por sua assessoria de imprensa, a empresa Brasil Ecodiesel diz produzir o biocombustível mais "verde" do mundo. Segundo a empresa a cada unidade de energia gerada para a produção do oléo obtem-se 10,5 unidades. Para o etanol de cana este valor é de 8 vezes enquanto que para o etanol de milho é menor que dois, conforme estudo realizado pelo CTC. Abaixo segue a nota integral:

BRASIL ECODIESEL PODE PRODUZIR O BIOCOMBUSTÍVEL MAIS “VERDE” DO MUNDO

A Brasil Ecodiesel anunciou, nesta segunda-feira, 30/4, que o biodiesel com base em óleo de mamona a ser fabricado na sua unidade de Iraquara, na Bahia, apresenta um balanço energético superior ao de qualquer outro biocombustível produzido hoje no mundo. Esta conclusão faz parte de um estudo realizado pela EcoSecurities, empresa especializada no comércio de crédito de carbono, com sede em Londres, que constatou que para cada unidade de combustível fóssil consumida no processo de produção, será possível gerar 10,5 unidades de combustível renovável.

O comunicado foi feito em Nova York durante o Fórum de Desenvolvimento Sustentável 2007, evento promovido pela Associação das Nações Unidas-Brasil e que contou com a participação dos ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e George Bush.

“O estudo mostra que o biodiesel brasileiro possui o maior potencial de substituição das fontes fósseis de energia do mundo. A Brasil Ecodiesel tem orgulho não só por assumir uma postura pioneira uma vez mais na história do biodiesel, mas, principalmente, por contribuir de forma efetiva e responsável para a preservação do meio ambiente”, afirmou Nelson Côrtes da Silveira, presidente da Brasil Ecodiesel.

Criada em 2003, a Brasil Ecodiesel estruturou-se para ser não apenas economicamente eficiente, mas teve também a preocupação de estabelecer uma cadeia de produção sustentável, com modernas práticas ambientais em todo o processo produtivo. Desde o cultivo de suas oleaginosas no campo, onde grande parte da colheita é feita manualmente, até a utilização de veículos movidos 100% a biodiesel. Além disso, todos os co-produtos são reinseridos no processo industrial como geradores de energia e calor dentro das unidades de transesterificação.

A sustentabilidade de diferentes biocombustíveis só pode ser avaliada a partir da comparação de seus balanços energéticos, ou seja, a relação entre a energia renovável gerada e os materiais fósseis utilizados no processo de produção. Até o momento, o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar brasileira era o biocombustível que apresentava o balanço energético de maior valor (8,3). Com a mamona, este índice atingiu 10,5.

Segundo a companhia, o balanço energético será ainda mais positivo quando se utilizar o pinhão manso como matéria-prima e caso o metanol usado atualmente no processo seja substituído pelo etanol. Desta forma, o índice poderá atingir a marca de um para 40

Etanol provoca mudanças na produção de carnes

A grande preocupação que existe atualmente sobre o avanço do etanol sobre outras culturas deve ser evitada, pois o que ocorre é que as terras remanescentes aumentam de produtividade, conforme nos mostra a reportagem abaixo publicado pelo jornal Valor Econômico de 3 de abril:

FEBRE DO ETANOL ESTIMULA CONFINAMENTO

O avanço do plantio de cana-de-açúcar por conta da febre do etanol, especialmente no Estado de São Paulo, levou os pecuaristas a investirem mais no confinamento de gado de corte. De acordo com estimativa da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), o número de animais confinados, que no ano passado aumentou 17%, para 1,77 milhão de cabeças, deve chegar este ano a 2,5 milhões de animais.

"O avanço da cana-de-açúcar tem se dado basicamente sobre áreas de pecuária, e muitos pecuaristas estão preferindo arrendar parte das terras para usineiros e fazer a terminação [engorda do gado adulto] em confinamento", afirma Fábio Dias, diretor executivo da Assocon. Dias observa que, mesmo com a expansão, o confinamento de gado no país ainda é pouco representativo: apenas 5% dos animais abatidos no país passam pelo processo de engorda fora dos pastos. "Historicamente, os pecuaristas se utilizam do confinamento durante a fase de entressafra, entre setembro e dezembro, quando o clima seco provoca piora nos pastos", observa.

Conforme a entidade, confinamento de animais tende a aumentar fora do período de entressafra, mas essa expansão pode ser limitada pelo aumento nos custos da ração. "Os preços dos grãos subiram de 30% a 50% neste ano e houve reajuste na ração. Os custos ficaram mais altos e obviamente isso terá reflexo nos preços da carne bovina vendida pelos frigoríficos", diz. Na última sexta-feira, o preço médio da arroba do boi gordo negociado à vista estava estável a R$ 55,18, de acordo com o indicador Esalq/BM&F.

Recentemente o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), as indústrias do setor têm buscado mudar a formulação de produtos, mas ainda assim haverá reajuste nos preços. Por ano, o gado de corte brasileiro consome em média 1,56 milhão de toneladas de ração, enquanto o gado leiteiro consome 4,07 milhões de toneladas.