terça-feira, maio 29, 2007

Friboi - um gigante da carne

Hoje foi noticiada a compra da Swift pela Friboi. Sem dúvida, uma das notícias mais importantes do ano para o agronegócio brasileiro. Esta operação tornou-a a maior empresa do mundo em carne bovina. Abaixo seguem dois artigos publicados pelo www.reuters.com.br sobre o tema. O primeiro noticia a compra e o segundo analisa as sinergias resultantes e o mercado.

JBS-Friboi compra norte-americana Swift por US$1,4 bilhão
Terça-feira 29 de Maio, 2007 9:43 GMT
Por Alberto Alerigi Jr e Marcelo Teixeira.


SÃO PAULO (Reuters) - O grupo JBS-Friboi, maior produtor e exportador de carne bovina da América Latina, anunciou nesta terça-feira a compra da norte-americana Swift & Co. por 1,4 bilhão de dólares.

Segundo a JBS, a aquisição cria a maior empresa do mundo de alimentos de origem bovina. A Swift é a terceira maior processadora de carne bovina e de porco do mundo, com vendas anuais de aproximadamente 9 bilhões de dólares.

De acordo com informações divulgadas pelas duas empresas, a JBS vai pagar 225 milhões de dólares em dinheiro pelas ações da Swift em poder da HM Capital, controladora da empresa desde 2002, e vai assumir 1,2 bilhão de dólares em dívidas da companhia norte-americana e despesas relacionadas à transação.

A JBS informou que o interesse da companhia e de seus controladores não é ter um negócio de carnes paralelo à empresa e que por isso a intenção é integrar a aquisição "com a brevidade possível".

"É um grande passo para o nosso grupo no objetivo de estabelecer uma presença global", afirmou Joesley Mendonça Batista, presidente-executivo da JBS, no comunicado.

"Mais importante, a Swift vai nos permitir acesso à região do Pacífico. Considerando a atratividade desses ativos, nós estamos muito satisfeitos de podermos ter chegado a um acordo com a HM Capital", disse Batista.

O setor de carne bovina no Brasil cresceu muito nos últimos anos e hoje o país, que tem o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças, é o maior exportador global, tendo ultrapassado a Austrália e os Estados Unidos.

A compra da Swift nos EUA (a JBS já detinha a marca no Brasil e na Argentina) vai proporcionar à companhia brasileira elevar sua atuação no mercado de industrializados.

O Brasil atualmente não pode exportar carne fresca para os EUA, por questões sanitárias ainda não resolvidas, e embarca apenas o produto processado.

A aquisição foi inicialmente realizada pela J&F Participações, controladora da JBS, uma vez que a companhia brasileira deverá adequar sua estrutura de capital às obrigações e restrições dos contratos financeiros em vigor, informou a empresa em comunicado.

O fechamento da operação está previsto para ocorrer em meados de julho de 2007, informou a JBS.

EXPANSÃO INTERNACIONAL

A empresa brasileira, com uma capacidade de abate de 22,6 mil cabeças/dia, tem buscado se estabelecer em outros países para diversificar a sua atuação, diminuindo assim os riscos de sofrer embargos na eventualidade de algum problema sanitário surgir onde possui suas unidades.

A JBS-Friboi possui atualmente 21 plantas em oito Estados no Brasil e cinco unidades em três Províncias na Argentina.

A companhia brasileira realizou uma operação de oferta inicial de ações na Bovespa em março deste ano, colocando 200.000 ações ordinárias por um preço de 8 reais cada, levantando aproximadamente 1,6 bilhão de reais.

A empresa havia informado no prospecto da oferta pública que o objetivo principal com a operação era levantar recursos para expansão, tanto por meio de aquisições como através de investimentos no aumento da capacidade das atuais unidades.

Apesar das ações da empresa terem caído bastante no primeiro dia de negociação, em 29 de março, para cerca de 7 reais, analistas exaltaram o fato de a JBS ter conseguido vender todos os papéis na oferta inicial e disseram que o cenário para o setor em que ela opera é positivo.

As ações posteriormente recuperaram-se parcialmente e fecharam cotadas a 7,31 reais na segunda-feira

Com Swift, JBS aumenta presença em mercados lucrativos
Terça-feira 29 de Maio, 2007 3:11 GMT
Por Marcelo Teixeira


SÃO PAULO (Reuters) - O grupo JBS-Friboi vê nos canais de distribuição da Swift na Ásia e nos Estados Unidos mais opções para a produção que tem no Mercosul e chances de ampliar da atuação nos mercados mais lucrativos. A estratégia do grupo de fortalecer a presença no mercado comum do cone Sul, no entanto, está mantida, com avaliação de três oportunidades na Argentina.

"São várias coisas que tornam esse negócio interessante para a JBS. Primeiro é que ela entra no mercado americano de carne fresca, que é o mais rentável", afirmou o consultor da área de carne bovina Alcides Torres.

"Depois, é que existe a perspectiva de abertura, de recuperação dos mercados asiáticos para as exportações dos Estados Unidos. O cenário é muito bom", acrescentou.

O Brasil não tem permissão para exportar carne fresca para os EUA, somente carne industrializada. A JBS sinalizou que pode levar aos EUA marcas que comercializa no cone Sul.

"Exportamos ainda hoje uma baixa parcela sob nossas próprias marcas. O que nós temos visto como potencial importante são os canais de distribuição tanto no Japão como Coréia e EUA para estarmos distribuindo os nossos produtos hoje fabricados aqui", afirmou o presidente-executivo da empresa, Joesley Mendonça Batista, em conferência a jornalistas e analistas.

Batista disse que a Swift não industrializa carne (processo que envolve cozimento), apenas atua no processamento (desossa, cortes especiais). A JBS atua nas duas áreas e é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de carne bovina industrializada, tendo os EUA como grande cliente.

A Swift tem também uma unidade na Austrália, focada em abate, mas que atua também no confinamento de suínos. Como os EUA não podem exportar carne para Coréia e Japão, devido a casos de doença da vaca louca, esses mercados são parcialmente atendidos pela Austrália.

Batista se mostrou otimista que os mercados coreano e japonês se abram para o produto norte-americano em breve, mas alertou que, em contrapartida, reduziria o fornecimento desde a Austrália.

Os mercados dos EUA e de alguns países na Ásia, como o Japão, são onde a carne bovina obtém os melhores preços. "A cotação da tonelada de carne bovina no Japão é cinco vezes o que o Brasil consegue (atualmente). É um mercado fabuloso para quem tem acesso", disse Torres.

"O Friboi entrando no mercado americano consegue, por tabela, abrir os maiores mercados do mundo, Taiwan, Canadá, México, países que pagam mais", acrescentou o consultor.

SUÍNOS

Com a aquisição da Swift, o grupo brasileiro também abre uma frente de diversificação, com a entrada no setor de carne suína. Essa é uma área em que a JBS não atua no momento, mas a Swift é a terceira maior nos EUA. Batista afirmou que vai analisar o negócio num período de seis meses a um ano, para decidir se manterá a divisão.

"Não trabalhamos com suínos, não é nosso negócio, não conhecemos esse negócio. A única coisa que nos coloca bastante confortáveis de adquirir essa empresa com essa divisão é que ela é a mais bem operada, mais rentável que tem na companhia", disse.

"Na divisão de porco, estaremos mais aprendendo do que ensinando. Após seis meses a um ano, estaremos decidindo ampliar ou vender ou manter. Hoje realmente não sabemos."

O presidente da empresa brasileira afirmou que a compra da Swift norte-americana não afeta os planos da empresa para o Mercosul e de expansão de unidades no Brasil.

"Tenhamos todos em mente que nosso plano de consolidação do Mercosul está mantido em curso. Temos três novas oportunidades na Argentina que estamos olhando", afirmou.

O presidente-executivo da Friboi comentou detalhes do financiamento da operação.

Segundo ele, está sendo viabilizada uma conta garantida de 700 milhões de dólares, dos quais 400 milhões seriam utilizados imediatamente para pagar os 225 milhões à HM Capital Partners e para abater 175 milhões de dólares em dívidas.

Ao mesmo tempo, uma operação de refinanciamento de dívidas da Swift no montante de 1 bilhão de dólares está sendo conduzida com bancos norte-americanos. Batista também afirmou que serão realizadas duas emissões de bônus no mercado dos EUA, de 300 milhões de dólares cada, com prazo estimado de 10 anos.

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