domingo, julho 25, 2010

Governo do DF vai comprar alimentos para merenda localmente

Sem entrar na questão entre agricultura familiar x agronegócio, achei interessante esta ação do governo do DF pois além de incentivar a agricultura local e eventualmente por causa disso remunerar melhor o agricultor, acaba comprando alimentos mais saudáveis para as crianças. A notícia abaixo é do Alô Brasília que encontrei no Notícias Agrícolas:

DF comprará R$ 12 mi de produtos da agricultura familiar para merenda escolar

O governo do Distrito Federal pretende investir quase R$ 12 milhões até o final do ano na compra de alimentos da agricultura familiar para a merenda nas escolas da rede pública. "Em agosto ou setembro, no máximo, faremos uma chamada pública de R$ 10 milhões para isso", afirmou o secretário de Educação, Marcelo Aguiar. Na segunda-feira passada (12), foi assinado um acordo com três associações de produtores familiares do DF.

Segundo Aguiar, o único fator que pode atrapalhar na execução da meta é a falta de organização dos produtores rurais. "Se eles conseguirem se organizar para participar da chamada pública, vamos cumprir. Só não vamos assinar os contratos se eles não estiverem preparados para fornecer os alimentos."

A partir da próxima segunda-feira (26), os alimentos da agricultura familiar farão parte da merenda das escolas de oito cidades do DF: Sobradinho, Paranoá, Planaltina, Taguatinga, Ceilândia, São Sebastião, Brazlândia e Plano Piloto.

De acordo com Renato Dias, gerente de Desenvolvimento Econômico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), cerca de 225 agricultores familiares das regiões administrativas de Brazlândia, São Sebastião e Sobradinho participam da primeira chamada pública. Até dezembro, eles devem fornecer hortaliças, iogurtes e bebidas lácteas às escolas públicas.

O gerente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Renato Dias, destaca que o limite de produtos a ser oferecido é baseado nos preços. Cada produtor pode fornecer até R$ 9 mil em mercadorias por ano. Os agricultores também têm de apresentar à cooperativa um planejamento, no qual deve constar um calendário com a data das entregas. "Auxiliamos o agricultor nesse plano. Cada um tem que planejar quanto vai produzir para garantir os produtos até o final do ano."

quarta-feira, julho 21, 2010

Usina de açúcar e álcool virtual

A UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) elaborou um projeto muito interessante, que ilustra de forma didática virtualmente o funcionamento de uma usina de açúcar e álcool, conforme descrito em nota disponível em seu site e reproduzida abaixo. O acesso ao site da Usina Virtual pode também ser obtido clicando-se aqui:

Usina Virtual: Conheça o processo produtivo da cana-de-açúcar

Frequentemente a UNICA recebe pedidos de visita às usinas de processamento de cana-de-açúcar associadas à entidade. São delegações de lideranças políticas, técnicos, pesquisadores, investidores, acadêmicos, jornalistas e estudantes de todos os continentes, que querem conhecer em detalhes o funcionamento de uma usina.

É notável o impacto que a visita exerce sobre todos os que podem participar. Como nem sempre a visita física é possível, a UNICA desenvolveu a Usina Virtual, projeto multimídia que permite expandir para um público muito mais amplo a experiência marcante que é ver de perto o funcionamento de uma usina.

A Usina Virtual mostra em detalhes todas as fases da produção de açúcar, etanol e bioeletricidade: do desenvolvimento de novas variedades ao plantio e a colheita da cana, passando pela moagem, fermentação, destilação, cogeração, reuso e reciclagem de resíduos e insumos, embarque dos produtos finais e o dia-a-dia dos trabalhadores do setor.

A Usina Virtual foi idealizada pela UNICA, com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e produzida pelo Grupo TV1 de São Paulo

Diesel de cana já em testes em SP

Parece que logo saberemos se o diesel de cana irá vingar no Brasil. Notícia do Portal Exame de autoria de Vanessa Barbosa fala sobre os inícios dos testes de 3 ônibus com adição de 10% do diesel de cana na cidade de São Paulo:

Biocombustível inédito de cana-de-açúcar chega às ruas de SP
Ônibus abastecidos com uma solução de 10% do novo derivado começam a rodar, a partir desta terça (20), em toda a cidade

São Paulo - Nos próximos meses, as ruas de São Paulo servirão de pista de teste para uma minifrota de ônibus especiais. Eles vão rodar com um combustível inédito no País e menos poluente do que os de origem fóssil comuns: o diesel de cana-de-açúcar

Desenvolvido pela subsidiária brasileira da empresa americana Amyris, o novo derivado é praticamente livre de enxofre e chega aos tanques dos veículos numa proporção inicial de 10% misturada ao diesel derivado do petróleo.

O primeiro ônibus a utilizar a solução foi abastecido nesta terça (20) durante cerimônia no terminal da empresa de transporte Viação Santa Brígida. Ao todo, três veículos movidos a mistura deverão percorrer regiões nevrálgicas da cidade, com altos índices de congestionamento e poluição.

Depois, eles terão suas performances comparadas a outros três veículos que realizam o mesmo percurso, abastecidos, entretanto, com o diesel comum. Ambas as frotas possuem motores iguais (veja foto do novo diesel na página seguinte).

Se bem sucedido no testdrive, que vai até dezembro, sob monitoramento da SPTrans (Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo), o novo biocombustível poderá ser usado por outros tipos de veículos, como caminhões e utilitários.

Estima-se que a redução de gases de efeito estufa pelo diesel de cana seja superior a 90% quando comparado ao derivado fóssil - média bem acima da alcançada por outros biocombustíveis em uso no mundo. O etanol da cana comercializado no Brasil, por exemplo, reduz em cerca de 80% as emissões; e o etanol de milho, utilizado nos EUA, apresenta redução de apenas 30%.

Os testes iniciais com o novo diesel foram feitos pela Mercedes-Benz, na empresa da fábrica em São Bernardo do Campo (SP). "Comparado ao diesel fóssil, mesmo em uma proporção tão pequena de 10%, o diesel produzido a partir da cana emite 9% menos material particulado na atmosfera, que é altamente prejudicial à saúde ", afirma o vice-presidente de ônibus para a América Latina da Mercedes-Benz, Ricardo Silva.

Café de fezes da Indonésia pode acabar

Em notícia do G1 publicado no Portal do Agronegócio tomei conhecimento do fato de que o governo da Indonésia, por motivos religiosos, está querendo banir a bebida provavelmente mais nojenta do mundo: o café obtido das fezes de um animal chamado Luwak. Nunca provei o Kopi Luwak, mas não imagino-o como uma coisa saborosa. Por curiosidade procurei pelo produto na net e descobri um site http://www.civetcoffee.net/ que vende 1 libra (454 gramas) de café arábica pela bagatela de US$ 159,95 com frete grátis... Após a notícia seguem fotos do animal e do café:

Grupo islâmico quer banir café de fezes na Indonésia
São produzidos apenas 450 quilos do Kopi Luwak por ano. Órgão defende sua proibição por considerar o produto impróprio

O principal órgão islâmico da Indonésia quer banir o café feito a partir dos grãos recolhidos das fezes de um animal do país, o luwak, que é considerado o café mais caro do mundo. O grupo defende sua proibição por considerar o produto impróprio para o consumo, por conta das regras de dieta islâmica.

São produzidos apenas 450 quilos do Kopi Luwak por ano. Por isso, o quilo custa mais de US$ 440. Além de raro, o café fabricado à base de grãos recolhidos das fezes do Luwak apresenta um sabor diferenciado, já que os grãos passam por um processo natural de fermentação no aparelho digestivo do animal.

Não existem registros precisos sobre a história do Kopi Luwak, mas acredita-se que a origem data de cerca de 200 anos atrás, quando os colonizadores holandeses iniciaram plantações de café nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawesi, onde hoje é a Indonésia.






quarta-feira, julho 14, 2010

Meio rural e a internet - web é mídia preferida

Na notícia abaixo da Meio & Mensagem, publicada no BrasilAgro, é comentado o sucesso da internet no meio rural e agronegócio, principalmente com relação à comunicação de mensagens publicitárias:

Internet se destaca no agronegócio. A web está entre as mídias preferidas dos consumidores que vivem no meio rural

O crescimento do interesse de consumidores com rendas relacionadas ao agronegócio pela internet pode ser constatado pela mais recente pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio à Ipsos Marplan. Dos entrevistados, 20% consideram que esse é o meio mais indicado para a veiculação de mensagens publicitárias relacionadas a produtos e serviços do agronegócio.

"Em alguns segmentos como o de produtores de soja esse percentual sobe para quase 40%", destaca o diretor de mercado do Canal Rural, Nilson Moysés. O Canal Rural é um dos apoiadores da pesquisa. Para o executivo, esse dado indica como o comportamento de mídia do campo está sintonizado com o do meio urbano. Nesse cenário, a TV é citada por 64% dos participantes da pesquisa como o meio ideal para as campanhas, seguida do Rádio com 43%, Jornal com 18% e Revistas Especializadas, com 10%.

De posse desses dados, o Canal Rural, do Grupo RBS, começou a fazer uma série de 50 roads shows para mostrar a anunciantes e agências de publicidade os hábitos de mídia dessa audiência, além de reafirmar a relevância desse mercado para a economia nacional. O agronegócio brasileiro responde por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) e movimenta algo em torno de R$ 700 bilhões por ano.

Moysés informa que o levantamento foi feito em 230 municípios de 14 Estados, com 2.450 entrevistados que decidem a compra de insumos e máquinas agrícolas. Desse total, 74% são proprietários e 16% administradores. O Canal Rural é citado por 92% da comunidade rural e 89% dos produtores como o veículo que melhor representa o setor. "Quando perguntado quais os canais assistidos nos últimos sete dias, aparecemos na quinta posição, atrás das emissoras abertas Globo, SBT, Record e Bandeirantes e na frente de todos os outros canais por assinatura e segmentados", grifa.

Cama de frango como fonte de biomassa para energia

Como entusiasta da utilização de biomassa para a geração de energia, achei muito interessante a reportagem do AviSite que encontra-se abaixo e como comentário adicional, utilizando-se dados do artigo podemos concluir que somente o Paraná poderia gerar combustível para uma termoelétrica de 220 MW. Como comparação: cada uma das 20 turbinas de Itaipu gera 700 MW, ou seja, uma energia nada desprezível:

EUA: geração de energia é única destinação para cama de frango

Campinas, 14 de Julho de 2010 - Recente matéria do The Wall Street Journal observa que a avicultura norte-americana enfrenta na atualidade um problema monumental.

Literalmente. Produz, anualmente, cerca de 17 milhões de toneladas de cama, o que representa seriíssimo desafio ambiental. Por isso, os pesquisadores convergem cada vez mais para a mesma solução: independentemente dos custos ou dos resultados, o único caminho é utilizar a cama de frango como gerador de energia elétrica.

Até agora, a maior parte do setor utiliza a cama como fertilizante – como, aliás, ocorre também no Brasil, onde o uso como alimentação animal foi proibido. Mas o elevado e sempre crescente volume adicionado ao solo vem sendo apontado como culpado pela contaminação dos lençóis freáticos, o que tem levado os ambientalistas a proporem a proibição do uso da cama como adubo. O que fazer?

A Fibrowatt LLC é, entre várias outras, uma das empresas que diz ter a resposta para esse problema. E quer instalar plantas de geração de energia tocadas pela cama nos principais estados norte-americanos produtores de frango, como Georgia, Arkansas e Carolina do Norte.

A Fibrowatt é subsidiária de uma empresa britânica que desenvolveu a primeira usina do gênero no Reino Unido no decorrer dos anos 1990. E nos EUA implantou a primeira “planta conversora de cama de aviário em energia” no Minnesota, o estado que detém a maior produção de perus do país.

Essa planta – na qual foram investidos US$200 milhões – queima, anualmente, 500 mil toneladas de cama de peru. No processo é gerado vapor que movimenta turbinas com capacidade para 55 megawatts, o suficiente para suprir a eletricidade de 40 mil residências, afirma a Fibrowatt.

A reportagem do jornal nova-iorquino é ilustrada com um gráfico (reproduzido abaixo) que mostra, para os 10 principais estados produtores de frango dos EUA, o número de cabeças abatidas e o correspondente volume de cama produzido.

Notar, a propósito, que vários estados brasileiros apresentam produção similar. O Paraná, por exemplo, alojou no ano passado 1,3 bilhão de pintos de corte que, provavelmente, devem ter se transformado em pelo menos 1,250 bilhão de cabeças de frango (96% de viabilidade). Aceitos os mesmos parâmetros do The Wall Street Journal (cerca de 1,8 kg/ano de cama por frango), o volume total de cama foi superior ao apontado para o estado de Arkansas.

sábado, julho 10, 2010

Cana ocupa pastagens em SP

A notícia não é nova, pois é de 30 de junho, mas serve para acabar com alguns mitos que existem no senso comum sobre a expansão canavieira e ela foi publicada no Notícias Agrícolas com fonte do Valor Econômico:

Canaviais "preferem" antigos pastos, aponta a Conab

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentou ontem(29) um amplo mapeamento da atividade sucroalcooleira em todo o país. A despeito de se tratar da safra 2008/09 e de trazer, portanto, dados que tiveram expressivas mudanças no último ano - como a concentração de mercado -, o estudo traça um completo perfil da atividade industrial, que abrange desde a origem da matéria-prima até o mix de produção das usinas, passando por indicadores da atividade agrícola por Estado, incluindo produtividade.

Entre as informações destacadas pela Conab está a que mostra quais as atividades foram substituídas pelo cultivo da cana na temporada 2008/09. O mapeamento mostra que no Centro-Sul a cultura ocupou principalmente áreas de pasto (79%), seguidas por área de soja, milho e laranja. Confirma, ainda, que foi em São Paulo onde se concentrou o crescimento de área cultivada. Dos 414,605 mil hectares de cana expandidos na safra 2008/09 em todo país, 194 mil foram nesse Estado. O segundo maior em crescimento foi Minas Gerais, com 75,5 mil hectares, seguido de Goiás e Mato Grosso do Sul. Nas regiões Norte e Nordeste, a cana avançou em 33,839 mil hectares, sendo 20,709 mil hectares em área de pasto e em 1,977 mil hectares em áreas novas, sendo a maior parte delas (1,447 mil hectares) no Maranhão. No Amazonas não houve nenhum cultivo.

O levantamento confirma São Paulo como o Estado de maior área cultivada com cana (4,6 milhões de hectares), seguido por Minas Gerais (715 mil hectares). No Nordeste, Alagoas tem a maior área (483 mil hectares).

Americanos precisam melhor sustentabilidade da agricultura

Parece que os americanos precisam melhorar as suas práticas do ponto de vista da sustentabilidade. Veja esta notícia do Valor Econômico que encontrei no Notícias Agrícolas:

Nos EUA, uma agricultura pouco sustentável
Cenário: Órgão do governo reconhece importância do aumento na produção, mas diz que país precisa evoluir.

Os agricultores americanos estão produzindo mais alimentos do que nunca, mas a pesquisa agrícola está concentrada demais no aumento da produção e precisa se empenhar ao considerar consequências como poluição da água e do ar, segundo relatório publicado por um grupo consultivo federal.

O relatório do Conselho Nacional de Pesquisa das Academias Nacionais concluiu que os agricultores estão sendo exigidos a produzir mais para sustentar a população mundial, porém com pouca ênfase além da quantidade de bushels de grãos ou quilos de vegetais ou carne que possam gerar.

"Para os agricultores conseguirem satisfazer as demandas futuras, o sistema agrícola dos EUA terá de evoluir para se tornar sustentável e começar a raciocinar em termos amplos - para além do resultado fundamental de precisar produzir o máximo possível", disse Julia Kornegay, que preside o comitê do conselho em Washington que redigiu o relatório e chefe do Departamento de Estudos de Horticultura na Universidade da Carolina do Norte.

O relatório recomenda que a agricultura concentre mais estudos sobre os efeitos das práticas agrícolas para melhorar a sustentabilidade integrando, ao mesmo tempo, a pesquisa de uma vasta gama de disciplinas e gastando mais com esse estudo mais amplo. O relatório é uma continuação do estudo de 1989 do conselho, "Agricultura Alternativa". O conselho assessora o governo federal em Ciências e Engenharia.

O documento elogia os agricultores dos EUA por produzirem 158% mais alimentos agora do que há 50 anos, e reconhece o que chama de "surgimento notável" de inovações que apoiam a agricultura sustentável - definida como prática que satisfaz a necessidade de ter lavouras tanto de alimentos como de biocombustíveis, ao mesmo tempo protegendo o ambiente e aprimorando a viabilidade econômica da agricultura familiar.

O relatório recomenda pesquisa focada, para aprimorar a sustentabilidade da agricultura - o estudo, por exemplo, de práticas como plantio em áreas reduzidas, culturas de cobertura e diversificação das lavouras em estabelecimentos agrícolas individuais. Todas são práticas que muitos agricultores usam em graus distintos, mas o relatório sugere que é necessário realizar mais pesquisas para estudar a eficácia e as consequências dessas práticas.

O Departamento da Agricultura dos EUA (USDA) e as universidades estaduais precisam trabalhar juntas nessas pesquisas e aumentar seus estudos sobre a viabilidade e os efeitos dessas práticas, recomendam os autores.

A maioria das pesquisas, sustenta o relatório, está sendo conduzida para lidar com um problema particular - como livrar campos de soja de uma erva daninha específica ou incrementar a produção de tomate e ao mesmo tempo consumir menos água - e dois terços dos gastos em pesquisa agrícola pública estão focados nesses tipos de estudo.

Os autores pedem uma abordagem mais ampla e integrada a pesquisas que sejam mais abertas e que empreguem várias disciplinas. Em particular, os autores querem que o USDA, a Fundação Nacional da Ciência, universidades públicas e grupos liderados por agricultores articulem uma iniciativa centrada nos efeitos da agricultura sobre a terra e as bacias hidrográficas.

Os consumidores, diz o relatório, ajudaram a criar alguns desses mercados através do seu relativamente recém-descoberto interesse na forma como os seus alimentos são cultivados ou criados, e da pressão que eles aplicam sobre os varejistas. "Aqueles mercados emergentes podem motivar os agricultores a migrar para sistemas de cultivo que equilibrem e satisfaçam múltiplas metas de sustentabilidade".

O relatório diz ainda que as políticas públicas tiveram apenas um efeito ambíguo sobre a sustentabilidade agrícola. O USDA deveria gastar mais com o seu próprio estudo dos efeitos das políticas públicas, como subsídios e projetos de políticas no planejamento burocrático.

terça-feira, julho 06, 2010

Ainda a invasão estrangeira

Interessante a matéria abaixo do Canal Rural que, inclusive no link original está disponível em vídeo, sobre a questão da compra de terras por estrangeiros. Ela contempla algumas visões de pessoas do setor sobre o tema:

Série Especial: Lideranças e autoridades falam sobre compra de terras por estrangeiros
Em cada canto do país, o impacto dos investimentos internacionais é diferente
Mariane De Luca

Desde a semana passada, o Rural Notícias exibe a série Terra à Vista: Os Novos Donos do Solo Brasileiro. A equipe do Canal Rural percorreu fronteiras agrícolas e locais onde o agronegócio já está consolidado para mostrar os impactos que os investimentos de empresas e cidadãos estrangeiros em terras brasileiras estão causando. Toda essa movimentação, que não pára de crescer, traz também preocupações.

Em cada canto do país, o impacto dos investimentos internacionais é diferente. Porém, há algo que não muda de um lugar para o outro. Que consequências a presença cada vez maior de estrangeiros em solo nacional podem causar a longo prazo?

Consequência 1: Desequilíbrio no preço das terras

Quando você tem uma procura muito grande, acaba criando uma inflação, no bom sentido, porque se eu sou produtor da terra, a terra está subindo, para mim é interessante que o preço suba, mas como um investidor local e também comprador, você vai até um patamar que você acha viável do ponto de vista de investimento. Se subir demais, não interessa eu investir nessa área, então causou em algum momento um desequilíbrio — diz o produtor rural Walter Horita.

Consequência 2: Dificultar a reforma agrária

— Nós estamos falando de milhões de trabalhadores que estão sem terra e não é permissível que os trabalhadores brasileiros permaneçam sem terra e o capital estrangeiros absorva essa terras para condições de especulação de produção de grãos — avalia o secretário de política agrária da Contag, Willian Clementino.

Consequência 3: Perda de soberania nacional

— Uma coisa é o cidadão vir e comprar uma usina, comprar a fábrica. Outra coisa é ele comprar a terra da fábrica, a terra da soja. Outra coisa é ele comprar a terra do minério. Daqui a pouco, nós estamos ficando com nosso território diminuto — afirma o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Polêmica

O discurso do presidente no início de junho deu início a uma onda de reportagens nos mais diversos jornais e revistas do país. Até a ONU entrou na discussão. E aí começa uma polêmica até difícil de quantificar. Quem faz o levantamento oficial do cadastro de imóveis rurais é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No último, divulgado em maio, consta que uma área de 4,348 milhões de hectares estão em nome de estrangeiros. Só que este número pode não representar a realidade. É o que alerta o professor do Grupo de Estudos Agrários da USP, Samuel Luiz Araújo.

— O Incra se baseia nas informações que são enviadas pelo cartório de registro, e o cartório se baseia na escritura, quando se trata de imóveis desmembrados, ou se baseia nos registros anteriores. O fato é que os registros anteriores não refletem a realidade do imóvel. Você pode ter um registro de com área de 100 hectares quando na verdade você tem uma área de 80 ou 150 hectares — explica Araújo.

O que você pensa disso?

Além disso, muitas terras compradas por pessoas de fora do país são registradas por empresas ou cidadãos brasileiros. E esse número total até o Incra reconhece que é impossível levantar.

— Não é possível estimar esse número, porque nós teríamos que levantar todos os imóveis adquiridos por empresas no Brasil, depois abrir um processo de fiscalização em todo imóvel desses para verificar se de fato existe ali uma empresa estrangeira ou capital estrangeiro — esclarece o diretor de ordenamento de estrutura fundiária do Incra, Richard Torsiano.

Além do tamanho e da titularidade das terras, a discussão ainda envolve a regularidade dos títulos.

No Mato Grosso do Sul, o Ministério Público Federal vem liderando ações nesse sentido. Um caso que ficou famoso no Estado envolvia o reverendo Moon. Líder de uma organização religiosa coreana, ele teria comprado mais de 80 mil hectares de terra no Mato Grosso do Sul. O caso virou até CPI na Assembléia Legislativa do Estado e também deu origem a uma investigação criminal.

— Houve pelo próprio MPF uma investigação criminal, que não verificou pelas noticias que foram veiculadas, que essas terras, seriam derivadas de entrada irregular de divisas, lavagem de dinheiro. Isso não foi apurado. Agora, se essa aquisição foi irregular, ou seja, se desrespeitou os parâmetros estabelecidos pela legislação, ou seja, se não houve burla na aquisição na ocasião — disse o procurador do Ministério Público Federal de Dourados (MS), Marco Antônio de Almeida.

A preocupação é maior ainda quando se trata da Amazônia. O pesquisador Maurício Torres, que foca os estudos na região, diz que, além de aquisições para mineração e extração de madeira, existe uma nova busca dos estrangeiros na região Amazônica. Há compra de áreas de floresta para preservação.

— Uma coisa que eu acho absolutamente infantil e inocente, que é a compra de terras de estrangeiros com interesse ambiental. Na Europa, é muito comum você ter essas propagandas, compre não sei quantos hectares, proteja não sei quantos hectares. São vendidas essas porções da Amazônia para estrangeiros muitas vezes de boa fé. São campanhas de massa. Na internet, você compra terras da Amazônia, com a ideia de que comprando essas terras na Amazônia, fosse garantir a floresta. Nada é mais inocente do que isso, nada é mais pífeo do que isso — avalia Torres.

Mas, afinal, o que diz a lei? Os estrangeiros podem ou não comprar terras no Brasil? É o que você vai ver nesta terça, dia 6, na sétima reportagem da série Terra à Vista: Os Novos Donos do Solo Brasileiro. O Rural Notícias começa às 19h. Não perca!