A mecanização do café está aumentando ano a ano e assim como na lavoura canavieira, é um processo sem retorno. Hoje na edição do Suplemento Agrícola do Estado de São Paulo encontrei duas notícias de autoria de Fernanda Yoneya sobre o tema.
Elas encontram-se logo abaixo e tem os seguintes títulos: “Cafeicultores mecanizam 100% da lavoura” e “Quem não tem máquina, tem a opção de alugar”. Para complementar a postagem, encontrei na internet um artigo antigo do site Cafeicultura de junho de 2007 que fala sobre a entrega da milésima colhedora de café produzida pela Jacto. Neste artigo tem uma breve descrição da história da colheita mecanizada que reproduzi abaixo juntamente com fotos ilustrativas.
Atualmente a Jacto, Case, Matão Equipamentos, entre outros fabricantes que produzem colhedoras auto-propelidas e de arrasto:
Cafeicultores mecanizam 100% da lavoura
Já há maquinário para todas as operações no cafezal. Mão de obra escassa é o principal motivo da tecnificação
Para tentar suprir a falta de mão de obra e de olho nas vantagens econômicas, cafeicultores estão partindo para a mecanização de 100% da lavoura - do preparo de solo à colheita. No Brasil, a mecanização do cafezal é rotina no preparo de solo, adubação, calagem e aplicação de gesso, pulverização, roçada e transporte; consolidar a colheita mecânica é o que falta para que o processo fique completo. Segundo o agrônomo Ricardo Lima de Andrade, diretor da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), de Franca (SP), com atuação na região da Alta Mogiana, a mecanização total da lavoura depende de três fatores: grau de tecnificação da fazenda, topografia e tamanho da propriedade.
CRITÉRIOS
"Deve-se avaliar se operações como adubação, pulverização e poda já são mecanizadas e se há disponibilidade de secadores; se o relevo e o arranjo das plantas permitem a entrada de máquinas e se a produção tem escala suficiente para compensar o investimento", diz. "Se não, pode-se adotar a semimecanização."
"Comecei a mecanizar há 12 anos. Já tinha roçadeira, adubadora e pulverizadores, agora comprei uma colhedora", conta o cafeicultor Antonio José de Oliveira Costa, de Dois Córregos (SP). Ele e a mulher, Maria José Mattos de Oliveira Costa, possuem 200 mil pés de café em produção, em 44 hectares. Unindo adensamento e mecanização, Costa colhe 45 sacas beneficiadas/hectare, ante 15 sacas beneficiadas/hectare, que é a média do Estado.
Segundo Costa, a colheita manual é a mais cara - estima-se que 40% dos custos de produção. Na região de Franca, o custo de produção da lavoura, segundo o diretor da Cocapec, é estimado em R$ 8 mil/hectare; com a mecanização, o custo diminui até 40%. O produtor Costa é mais otimista. "A colheita mecanizada resulta em economia de até 60% no custo das operações", calcula, destacando que uma colhedora simples, com um operador, faz o trabalho de 40 pessoas.
Além de reduzir custos com mão de obra, a mecanização da lavoura traz eficiência à fazenda, diz o gerente agrícola da Fazenda Conquista, do Grupo Ipanema Coffees, em Alfenas (MG), Eduardo Henrique Tassinari. "As operações, sobretudo a colheita, ganham agilidade, pois a máquina trabalha dia e noite." Na fazenda, adubação, pulverização, roçada, poda e colheita são mecanizadas.
RESTRIÇÕES
"Só não mecanizamos onde o terreno não permite, em áreas com mais de 20% de declividade", explica. "E, mesmo onde é mecanizado, às vezes a máquina não consegue retirar todos os grãos do pé. Aí tem de tirar na mão ou com derriçadora manual." Dos 3.500 hectares de café da fazenda, 70% da área é totalmente mecanizada; os 30% restantes compreendem áreas com topografia limitante e de plantas novas, mais sensíveis - segundo o gerente, colhedoras só entram no cafezal a partir da terceira colheita. "Mesmo nesses 30%, tem-se a semimecanização, com derriçadoras costais.
"E, graças a essa agilidade, a produção de café ganha em qualidade, diz Tassinari. "A colheita é feita com o café no estágio ideal, com predominância de cereja; se houver risco de chuva, dá tempo de salvar a safra. Depois de colhido, o café vai rapidamente para o despolpador, para não fermentar; no terreiro, com a movimentação da pilha com um microtrator e outro amontoando a produção, ganha-se um dia", diz. "Reduzo o custo com mão de obra e ganho em qualidade."
Quem não tem máquina, tem a opção de alugar
Vários produtores compraram a própria colhedora depois de testarem a colheita com maquinário alugado
O aluguel de máquinas, sobretudo de colhedoras, tem se mostrado uma opção interessante para quem não tem maquinário próprio. Além disso, produtores que possuem colhedora obtêm renda extra alugando-a. O produtor Costa diz que decidiu investir em colhedora própria depois de "experimentar" a mecanização com equipamentos alugados.
"Vi que valia a pena. Pesquisei o modelo mais adequado para o plantio adensado e escolhi um modelo compacto, ideal para a minha área." Segundo Costa, a possibilidade do aluguel ajudou na decisão pela mecanização da lavoura. "O aluguel custou, no último ano, R$ 180 a hora, já com o operador."
Em Franca (SP), embora a colheita comece só em junho, as reservas para o aluguel de máquinas começam a ser feitas este mês. "A procura começa em fevereiro, pois a colheita dura só três meses", diz o cafeicultor Geraldo Nascimento Júnior, de Itirapuã (SP). Dono de uma colhedora automotriz desde 2002, ele passou de locatário a locador. "Logo que comprei a máquina já houve demanda para alugá-la."
SERVIÇO COMPLETO
Nascimento Jr. possui 120 hectares de café (a lavoura é quase 100% mecanizada), e aluga a colhedora, a cada safra, para dez cafeicultores. Fornece também transporte, operador, combustível e manutenção do equipamento. "Com o aluguel, a colhedora também não fica ociosa", diz o produtor, que, no ano passado, cobrou R$ 200/hora o aluguel. A colhedora, que vale entre R$ 400 mil e R$ 450 mil, conforme o proprietário, colhe 4.200 litros de café cereja/hora ou 8 a 9 sacas de café beneficiado/hora. "Em uma hora ela faz o serviço de um dia."
Para que o aluguel seja compensador, o primeiro critério a ser considerado é a distância entre as fazendas, diz o produtor José Balsanufo de Paula, de Jeriquara (SP), que colhe com maquinário alugado de um produtor vizinho há sete anos. Com área de 70 hectares, ele paga entre R$ 170 e R$ 200/hora de aluguel. "Se a lavoura for propícia para ser mecanizada, com espaçamento e declividade adequados, o custo cai pela metade e o investimento compensa."
Outra dica é, ao contratar o serviço de aluguel, elaborar um contrato, com a definição de preço, data de início e prazo de execução do trabalho. "Lembrando que os prestadores, em geral, trabalham no mínimo 15 horas/dia, o que corresponde a um volume médio diário de café colhido de 54 mil litros, a serem recebidos nos terreiros e secadores. É preciso se programar", diz o professor Fábio Moreira da Silva, da Universidade Federal de Lavras (Ufla-MG).
O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-Apta), Cláudio Alves Moreira, diz que a alternativa é interessante, mas alerta para o fato de o serviço remunerar o dono da máquina por horas trabalhadas ou volume colhido, "já que a máquina não pode operar em alta velocidade ou com excessiva energia de vibração das hastes derriçadoras. Isso prejudica o cafeeiro para a próxima safra", diz.
INFORMAÇÕES: IAC, tel. (0--19) 3231-5422; Ufla, tel. (0--35) 3829-1122