sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Mercado livre de energia elétrica é opção para a bioeletricidade

Sempre acreditei na bioeletricidade gerada através da cogeração das usinas de açúcar e álcool utilizando-se o bagaço. Esta opção de geração elétrica é interessante pois além de aproveitar a biomassa do bagaço encontra-se normalmente próxima aos grandes centros de consumo, possibilitando redução dos custos de transmissão e ocorre na temporada de menor chuvas no centro-sul do país fazendo com que a carga sobre as hidrelétricas seja diminuída. Entretanto, devido basicamente a problemas relacionados ao mercado, ela não decolou de forma definitiva. A reportagem abaixo da Gazeta Mercantil de ontem mostra que a comercialização livre pode ser a solução para isso:

Energia do bagaço de cana avança no mercado livre

A energia produzida a partir do bagaço de cana está atraindo o interesse das comercializadoras que atuam no mercado livre, ambiente de negócio em que não há vínculo com uma distribuidora e que representa 25% do total do consumo nacional. Até então essas empresas compravam energia de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) ou de grandes usinas hídricas. "Sempre focamos a nossa compra de energia em PCH, mas agora a intenção é comprar mais eletricidade das usinas sucroalcooleiras", afirma Paulo Toledo, sócio-diretor da Ecom Energia, a primeira em-presa a abrir uma filial no interior de São Paulo - em Catanduva - para intensificar seus negócios com os usineiros. A meta da Ecom é negociar cerca de 150 megawatts médios de energia da biomassa neste ano, o dobro do volume atual.

A Comerc, que também já vende energia de biomassa, vê na fonte uma boa oportunidade para ampliação da sua carteira. "O potencial brasileiro nesse setor é muito grande e precisa ser aproveitado", afirma Marcelo Parodi, presidente da comercializadora, que negociou 20 MW médios de energia de biomassa no ano passado e prevê chegar a 80 MW médios até o fim de 2009. A participação da eletricidade a partir da biomassa (cana e outros insumos, como o cavaco de madeira) na matriz elétrica é de 4,31%, ante 69,8% das hídricas.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

JBS Friboi desiste de mais uma aquisição no exterior

No site da Invest News encontrei, há pouco, a notícia sobre a desistência de mais uma aquisição nos EUA da JBS Friboi:

JBS encerra aquisição com a National Beef

A JBS, referência mundial na produção de carne bovina, informou hoje que desistiu da aquisição da National Beef Packing Company. Todo o processo judicial junto ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos também será terminado.

A JBS anunciou a aquisição da National Beef em 4 de março de 2008. O Departamento de Justiça do Governo dos Estados Unidos abriu processo para bloquear a aquisição em 20 de outubro de 2008 por motivos concorrenciais.

De acordo o comunicado da companhia, a JBS se esforçou para encontrar uma solução com as partes envolvidas, mas na falta de condições satisfatórias decidiu por não seguir adiante com a aquisição.

A empresa continuará a buscar futuras eficiências em todas as suas outras unidades nos Estados Unidos, que totalizam oito plantas de abate bovino com capacidade diária de 28.100 cabeças, três plantas de abate suíno com capacidade diária de 47.900 cabeças, uma planta de produtos porcionados e uma planta de abate de ovinos, além de operações na Austrália, Itália, Argentina e Brasil onde está localizada sua sede. A companhia também opera 11 confinamentos de gado bovino em seis diferentes Estados norte-americanos.

Governo pode antecipar mistura B4 para biodiesel

O governo parece que apóia mesmo os biocombustíveis, tanto é que pode adotar uma mistura de biodiesel que nem estava prevista no programa original, a mistura B4. A notícia abaixo da Gazeta Mercantil comenta este fato:

Biodiesel B4 neste ano

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, recebeu sexta-feira o presidente da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein, e o diretor- executivo Sérgio Beltrão para discutir a antecipação da mistura de 4% de biodiesel ao diesel brasileiro. De acordo com Beltrão, o governo sinalizou a adoção do B4 para meados deste ano. A nova dosagem exigiria uma produção de 1,8 bilhões de litros de biodiesel, a capacidade instalada atualmente é de cerca de 3 bilhões de litros. A adoção do B5 está prevista em lei somente para 2013.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Cortes suínos, bovinos e de frango

Sempre fui curioso para entender um pouco mais sobre os cortes de carne que a gente acaba comendo.

Acabei achando, por acaso, no site do Canal Rural, gráficos que mostram onde se localizam os cortes bovinos, suínos e de frango. As figuras abaixo mostram, de forma estática,um exemplo para cada animal. Para o boi escolhi a picanha, para o porco o lombo e o peito para o frango. A escolha destes cortes segue padrão de gosto pessoal.

Porém estes gráficos podem ser acessados de forma dinâmica permitindo assim a visualização de cada corte descrito no lado esquerdo da figura. Para isso basta clicar nos respectivos links localizados abaixo, que um gráfico interativo abrirá em outra página:

Cortes Bovinos

Índia, um "player" instável no mercado de açúcar

A Índia, o país queridinho da vez da mídia brasileira, tem um papel fundamental sobre o mercado do açúcar, visto que sua alternância entre altos e baixos volumes de produção impactam diretamente o mercado internacional.

Como exemplo disso, temos duas notícias publicadas pela Gazeta Mercantil na semana passada sobre o tema:

ÍNDIA DEVE IMPORTAR VOLUME RECORDE DE ETANOL DO BRASIL

A Índia, que com sua superprodução em 2007/08 derrubou o mercado de açúcar mundial, começou em dezembro passado a fechar alguns contratos de importação de açúcar do Brasil e, agora em fevereiro negocia também a compra de etanol. A estimativa é de que o país, que possui mistura facultativa de etanol à gasolina, compre entre 300 milhões e 500 milhões de litros neste ano. Os valores negociados estão atrativos, inclusive, maiores do que os do mercado americano.

Tarcilo Rodrigues, da Bioagência, explica que a exportação de álcool hidratado para a Índia para embarque a partir de maio está resultando em remuneração de R$ 745 por metro cúbico (m3) na usina. Esse valor é de R$ 700 quando a negociação é com o mercado americano. "Com um custo de produção de R$ 740, as usinas não têm interesse neste momento em fechar negócios para os EUA. Para Índia e Europa ainda é interessante, pois estão remunerando acima do custo", explica. O mercado interno está pagando valores entre R$ 920 e R$ 940.

A necessidade de importação indiana se deve ao fato de que, com a queda de 30% na produção de açúcar, o país terá também menor produção de melaço, usado na produção do biocombustível. A última compra de etanol brasileiro significativa feita pela Índia foi em 2006, quando cerca de 300 milhões de litros foram importados, conforme recorda Rodrigues (Gazeta Mercantil, 18/02/09)

Índia pode voltar à superprodução em 2011

Cada um dos 1,1 bilhão de indianos toma por dia de três a quatro xícaras de chá, com muito açúcar. Festivais de doces ocorrem em todo país e a variação da renda é diretamente proporcional ao consumo de sobremesas e industrializados. Mas essa atração dos indianos pelo açúcar é, de alguma forma, para o Brasil motivo de preocupação. A cada dois anos, a gigante Índia pode simplesmente inverter o mercado mundial de açúcar o que significa às usinas brasileiras, maiores produtoras mundiais da commodity, resultados extremos, que vão de prejuízos a lucros vultuosos. "Sim. É totalmente possível que a Índia aumente de 20 milhões para 30 milhões de toneladas sua produção de açúcar já em 2011", afirmou o indiano Rakesh Bhartia, CEO do maior grupo produtor de açúcar da Índia e da Ásia, o Bajaj Hindusthan.

Nesta safra, a Índia já reduziu sua produção de açúcar em 8 milhões de toneladas - de 26 milhões de toneladas para 18 milhões - e há previsões de que este número seja ainda maior e atinja 10 milhões de toneladas a menos, o equivalente a cerca de 37% da produção do Centro-Sul do Brasil. Essa mudança drástica aconteceu de um ano para o outro sobretudo porque os preços do açúcar estavam baixos. Além disso, o governo indiano reajustou para cima o valor de outros produtos, como o trigo e o algodão, para estimular o aumento de área dessas culturas e conter a necessidade de importação.

As usinas do país, que investiram para sair da capacidade de moagem de 137 mil toneladas diárias em 2005 para 367 mil em 2008, tiveram que moer menos. Na Índia, as indústrias são proibidas de ter canavial próprio. O fornecimento da matéria-prima é feito exclusivamente pelos 50 milhões de plantadores de cana, número equivalente à população dos nove estados do Nordeste brasileiro. "Também estamos pagando alto pela alavancagem financeira, resultado de termos investido mais do que o cultivo da cana poderia atender", lamenta.

Ele acredita que por mais cinco ou sete anos essa interferência governamental vai continuar sendo definitiva na disponibilidade de cana na Índia que, segundo ele, é um dos maiores entraves para novos investimentos. Há ainda a obrigatoriedade de as usinas terem de vender 10% de sua produção aos preços definidos pelo governo, que distribui o produto à população de menor renda. "Podemos negociar o restante do nosso produto livremente no mercado".

Apesar de reconhecer a possibilidade desastrosa (às usinas do Brasil) de a Índia produzir algo próximo de 30 milhões de toneladas de açúcar em 2011, Bhartia traz como alento grandes chances de não haver aumentos significativos em 2010, ano que ainda deve trazer bons ganhos às usinas brasileiras, que continuarão nesse intervalo sendo quase que, exclusivamente, o supridor mundial da commodity a preços atrativos. "A cana dos próximos dois anos já foi cultivada e, até 2010, isso não deve mudar de forma marcante".

Atualmente em torno de 22 milhões, o consumo de açúcar na Índia deve atingir 26 milhões de toneladas em 2012. Trata-se de tudo o que o Centro-Sul do Brasil produziu nesta safra, que finda em abril.

Bhartia aposta que com a saída da União Europeia do cenário exportador, o mercado mundial será dominado por Brasil e Índia. A estimativa do Rabobank, que convidou Bhartia para evento realizado ontem em São Paulo, é de que em 2010 a UE importe sozinha cerca de 4 milhões de toneladas.

A dúvida é saber em que proporção e a que tempo a Índia vai retornar ao mercado. O gigante asiático tem condições enormes de expandir somente com aumento de produtividade da cana e ganho de eficiência das cerca de 500 usinas já instaladas. Na média, elas moem 3,5 mil toneladas de cana por dia, mas as maiores já atingem volumes quatro vezes maior, entre 12 mil e 15 mil toneladas. "Muitas pertencem ao governo e não são tão eficientes como as privadas".

Outro indicador com grande espaço para evoluir é o de produtividade dos canaviais. Na média, é de 69 toneladas de cana por hectare, apesar de, em alguns estados, esse rendimento já chegar a 105 toneladas, próximo ao da região Centro-Sul do Brasil. "A cana é conhecida como cultura dos preguiçosos, porque não exige tratos culturais como os do arroz e do trigo. O lado bom é que sempre haverá produtor interessado neste cultivo". Com capacidade de moagem de 22 milhões de toneladas, o grupo Bajaj Hindusthan está entre os cinco maiores do mundo, atrás da brasileira Cosan, que tem condições de moer em torno de 40 milhões de toneladas de cana. Com 16 usinas, seis destilarias anexas e nove delas com co-geração de energia , o grupo tem diferencial de usar o bagaço da cana para produzir placas de madeira (MDF). "Conseguimos agregar mais valor com a MDF do que com co-geração de energia", diz o empresário. (Gazeta Mercantil, 19/02/09)

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Perdigão e Sadia - A AmBev do frango?

Dando um pouco mais de suporte ao post publicado recentemente com o título "Fusão Sadia e Perdigão? Mercado acredita nisso" encontrei a notícia da Istoé Dinheiro abaixo no Portal InvestNews da Gazeta Mercantil que fala sobre uma possível fusão da Perdigão com a Sadia:

A AmBev do frango

SÃO PAULO, 9 de fevereiro de 2009 - Na última semana, o empresário Luiz Fernando Furlan, presidente da Sadia, perdeu um quilo e meio. Na quinta-feira 5, o executivo não almoçou e, à tarde, comeu apenas alguns pedaços de mamão e melão. A redução de peso é resultado da intensa carga de trabalho exigida por um dos mais importantes projetos de sua carreira profissional. De acordo com informações do mercado financeiro, Furlan estaria desenhando um plano de reorganização societária e de capitalização da Sadia cujo objetivo é criar, com a ajuda do BNDES, um gigante mundial da área de alimentos, com receita de R$ 22 bilhões, ativos de R$ 20 bilhões e 110 mil empregados - enfim, uma espécie de 'AmBev dos alimentos'. Esta empresa, resultado de uma fusão entre Sadia e Perdigão, só sairá do papel se uma série de etapas preliminares for cumprida. A primeira, e mais importante, é uma capitalização na Sadia, que sofreu perdas bilionárias com derivativos. A segunda, a mudança no conselho e no controle da companhia, com a saída de alguns sócios da família Fontana - entre eles, o primo de Furlan, Walter Fontana, que o antecedeu na presidência da Sadia. A terceira, a fusão com a Perdigão, com uma troca de ações entre as duas empresas. A quarta, o ingresso dessa nova empresa no Novo Mercado da Bovespa.

Furlan não confirmou a existência desse plano, mas também não negou. Num diálogo recheado de metáforas, inclusive futebolísticas (como costuma fazer seu exchefe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva), o ex-ministro desconversou: 'É uma história interessante. Nós temos sidos bombardeados por esses tipos de elucubrações', disse. 'A Sadia não tem compromisso com ninguém. Compromisso é compromisso, conversa é conversa. Jogo é jogo, treino é treino.' Ele admite que será necessário um processo de capitalização no grupo. 'Como isso vai ser feito, ainda não sabemos', afirma.

AFETADA PELOS DERIVATIVOS, A SADIA BUSCA UM SÓCIO QUE TRAGA R$ 2 BILHÕES E BANQUE A SAÍDA DE ALGUNS ACIONISTAS

No início desta semana, representantes da Sadia voltam a se encontrar com diretores do BNDES, no Rio de Janeiro, para discutir o desenho da organização. A operação é complexa porque exige, efetivamente, que cada uma das etapas seja cumprida de forma precisa. Embora a Sadia seja maior do que a Perdigão, a segunda, que não derrapou na crise dos derivativos, vale mais. O valor de mercado da Sadia é de R$ 2,6 bilhões, enquanto as ações da Perdigão valem cerca de R$ 6,4 bilhões. Numa lógica simples de mercado, o natural seria uma aquisição pura e simples, com a empresa mais valiosa engolindo a mais fragilizada. Mas esse não é um caminho viável. E é por isso que o plano da Sadia tem como premissa inicial a valorização da posição de controle da própria Sadia. Seria então necessário realizar uma capitalização da ordem de R$ 2 bilhões. A injeção se dará por meio da compra de lotes de ações ordinárias da Sadia por um valor superior à cotação atual - de R$ 4,74, na quinta-feira 5. Estima-se que pouco mais de 25% dos R$ 2 bilhões seriam usados para a compra das participações de parte da família Fontana. 'Essa operação, inclusive a fusão com a Perdigão ou com outra empresa do setor de alimentos, só será viável se antes houver uma reorganização societária dentro da própria Sadia', confirma Rafael Weber, da Geração Futuro. Os outros 75% do aporte ajudariam a resolver o problema financeiro da empresa. O saneamento ainda contaria com a venda de ativos imobiliários e de parte (ou até a totalidade) do Banco Concórdia, controlado pela Sadia.

domingo, fevereiro 08, 2009

Situação atual da pecuária leiteira no Brasil

Complementando a postagem do dia 31 de janeiro passado chamada Pecuária Leiteira - Brasil grande quantidade com baixa produtividade, encontrei algumas informações que podem ajudar a compreender este quadro.

A primeira dela foi publicada na revista Dinheiro Rural de fevereiro intitulada "Por que o leite entornou" que apresenta a evolução dos preços pagos ao produtor no ano passado, onde verifica-se uma queda acentuada na remuneração. Lá podemos encontrar também que a chamada inflação dos alimentos aliada à crise internacional fez com que ocorresse queda da demanda e o leite que era apontado por muitos como a próxima estrela do agronegócio em 2007, teve um final de 2008 complicado, apesar de alguns investimentos no setor e em 2009 os números de exportação obtidos em 2008 serão mantidos, sem sinal de crescimento.

Os dados referentes aos preços pagos aos produtores segundo CEPEA- ESALQ encontram-se no gráfico abaixo:


A outra notícia refere-se ao fato da CNA levantar dúvidas com relação ao estudo da CONAB sobre o custo de produção de leite considerando-o subestimado. A notícia, abaixo na íntegra publicada na Gazeta Mercantil mostra isso.

CNA desautoriza estudo da Conab

São Paulo, 5 de Fevereiro de 2009 - A Companhia Nacional de Abastecimento divulgou o primeiro levantamento do custo de produção do leite no País. O gasto médio variável do produtor nas regiões pesquisadas ficou em R$ 0,56. Valor, que para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária Leiteira da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, "está subestimado".

Ainda assim, os custos de produção calculados pela Conab revelam a distância entre o valor gasto pelo produtor e o que ele recebe pelo litro de leite vendido à indústria. Maior ainda é a defasagem em relação ao preço mínimo de garantia estipulado pelo governo - R$ 0,47 para Sudeste, Sul e Nordeste do País - agora em prática no mercado movimentado pelos leilões de Prêmios para o Escoamento da Produção (Pep) de leite.

Os dados apresentados pela Conab foram colhidos nos principais pólos de leite dos estados de Minas Gerais (Ibiá e Pompéu), São Paulo (Guaratinguetá e Mococa) e Rio Grande do Sul (Ijuí e Passo Fundo). Segundo o engenheiro agrônomo e analista de custo de produção da Conab, Estelito Reis, é no interior paulista que o produtor de leite tem mais prejuízo. Em Guaratinguetá, por exemplo, o custo variável - aquele registrado ao longo de um ciclo completo de produção - é de R$ 0,60. Já o operacional - custo variável somado às depreciações - seria de R$ 0,83. E o preço recebido pelo produtor (média ponderada do ano de 2008) seria de R$ 0,66, R$ 0,17 menor que o custo real.

Para a Conab, em Pompéu, terceira maior bacia de leite do País, o produtor estaria embolsando R$ 0,07 por litro de leite negociado. "Quer dizer que com uma produção média de 60 mil litros por mês o produtor ganharia R$ 4,2 mil limpos? Se a situação fosse essa não teriam acontecido as manifestações nem as doações dos estoques de leite das fazendas no fim do ano", questiona Alvim.

O presidente da Comissão de Leite da CNA contesta ainda a formação dos "preços oficiais". Segundo ele, o custo com capatazia não é variável como sugere a planilha da Conab. "E mesmo se fosse, um capataz não recebe menos de um salário mínimo". De acordo com o levantamento, um capataz sairia por R$ 2,49 mil ao ano.

Em Ijuí (RS), pelo litro de leite produzido por R$ 0,64 é pago apenas R$ 0,50. "A curto prazo o produtor consegue cobrir os custos" acredita Estelito Reis. Responsável pelo setor de lácteos da Conab, Maria Helena Fagundes, pondera que preço mínimo não é equivalente a custo de produção, nem em países que praticam políticas de subsídios mais agressivas como Estados Unidos e União Europeia". Mas admite que o valor levantado explicita a defasagem da sustentação oferecida pelo governo.

"A atividade está em perigo", reconhece Fagundes. "E o mais grave é que os preços de mercado estão muito baixo, mal cobre o custo variável. O produtor não vai suportar essa situação por muito tempo", prevê a analista da Conab com base em um calculo subestimado, segundo a CNA. "Não retrata a realidade do setor", afirma Alvim. O presidente da Comissão de Leite admite no entanto que a fixação de um custo de produção, "mesmo irreal", vai corrigir o preço mínimo". Segundo Maria Helena Fagundes, a partir de julho, início da safra do setor, entra em vigor, o novo preço mínimo. "Não vai ser remunerador, mas será corrigido", garante.

sábado, fevereiro 07, 2009

Fusão Sadia e Perdigão? Mercado acredita nisso

Em notícia publicada no Avisite, comenta-se sobre a possível fusão da Sadia com a Perdigão devido à crise financeira atual. Esta fusão criaria um gigante no setor.

Fusão entre Sadia e Perdigão pode ser realidade

Rio de Janeiro, 6 de Fevereiro - No mercado, aumentam os rumores de que a Sadia pode finalmente se unir com a Perdigão, após as fortes perdas com derivativos. A operação é negada pelas duas empresas, mas o fato é que a Sadia precisa de capital para investimento, após o rombo deixado no caixa pelas perdas com derivativos. São várias as alternativas da Sadia, como uma injeção de capital privado através da emissão de ações ou debêntures, obtenção de recursos junto ao Bndes, a fusão com a Perdigão ou a própria venda das operações para outra empresa. Neste último caso, o mercado fala da Bunge e JBS.

De acordo com o relatório da Merrill Lynch, a Sadia precisa de uma injeção de capital de, pelo menos, R$ 2 bilhões devido aos gastos com o serviço da dívida, que tende a consumir parte do fluxo de caixa. O montante estimado da dívida bruta é de R$ 8,7 bilhões. Os analistas da Merrill explicam que a liquidez corrente da empresa está em situação de risco, diante da dificuldade de refinanciamento da dívida de curto prazo.

Para a equipe de análise da SLW, é possível que haja a operação de fusão entre a Sadia e Perdigão ou JBS. "Alguma coisa deve ser feita. A Sadia precisa de recursos, pois está endividada e necessita melhorar o perfil da dívida. Para o acionista estas medidas são positivas, pois melhoram a situação da empresa", explicam os analistas da SLW. Mas, os especialistas ressalvam que pode haver outras possibilidades, como a venda privada de ações ou injeção de recursos do Bndes.

Segundo boatos de mercado, a Sadia pode receber R$ 1 bilhão do Bndes, além de estar sendo procurada por diversos investidores. A companhia também pode se desfazer de alguns ativos não relacionados à atividade principal, como a corretora Concórdia ou o banco da empresa, avaliados em cerca de R$1 bilhão de reais. Tal estratégia é bem vista pela equipe de análise do Itaú. Em relatório, os analistas do banco explicam que a venda destes ativos seria extremamente positiva para a companhia. Os especialistas explicam que não viam com bons olhos a estratégia da Sadia de investir em empresas não-essenciais.

A Brascan Corretora revisou suas projeções para a Sadia e espera uma despesa financeira de R$ 2,5 bilhões em 2008, ante a projeção anterior de R$ 762 milhões. Já para 2009, a Brascan estima uma despesa de R$ 437 milhões, ante R$ 94 milhões previstos anteriormente. De acordo com a análise da corretora, o alto nível de endividamento da Sadia levará a companhia a investir menos, reduzindo seu crescimento de vendas. Quanto aos resultados, a Brascan Corretora prevê um prejuízo líquido de R$ 1,535 bilhão em 2008 e uma receita líquida de R$ 10,911 bilhões e Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,198 bilhão. O volume vendido de produtos, projetado é de 2,395 milhões de toneladas. Já para 2009, a Brascan espera um lucro líquido de R$ 289 milhões, com uma receita líquida de R$ 11,960 bilhões, Ebitda de R$ 1,341 bilhão e volume vendido de 2,526 milhões de toneladas. (Monitor Mercantil) (Ana Borges)

Frango rastreado pelo Google Maps

Encontrei no site Avisite a notícia abaixo. Ela nos mostra como a Tecnologia da Informação pode ser adicionada ao agronegócio.

Consumidor norte-americano tem Google Maps para rastrear frango

São Paulo, 6 de Fevereiro - O cliente vai ao mercado e pega um frango da marca Murray http://www.murrayschicken.com/ com um código de verificação da granja de origem, que oferece ao consumidor a possibilidade de saber tudo sobre o animal que irá consumir: informações sobre a família da ave, seu local de nascimento e até o local em que cresceu. É o inovador Rastreador de Frangos!O sistema é tão bem elaborado que o consumidor pode até mesmo ver a granjaa no Google Maps! A revista norte-americana Wired destacou que esse é um dos principais avanços na área alimentar dos últimos anos (Globo Rural).

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Usinas diminuem inadimplência

Apesar da notícia anterior de que os investimentos no setor sucroalcooleiro estão diminuindo, abaixo segue uma boa nova, a que a inadimplência com os fornecedores de equipamentos, a indústria de base, está diminuindo.

A notícia foi publicada hoje no Valor Econômico:

Inadimplência de usinas com as indústrias de base diminui

Mônica Scaramuzzo, de São Paulo

O índice de inadimplência do setor sucroalcooleiro com as indústrias de base, boa parte instaladas nas cidades paulistas de Piracicaba e Sertãozinho, encerrou o mês de janeiro entre 12% e 13%, uma queda expressiva em relação aos 36% alcançados em novembro. A fotografia atual mostra que esse segmento ainda continua afetado pela crise financeira, mas já começa a dar sinais de que poderá atravessar o ano de 2009 fora da UTI.

No auge da crise, as indústrias de base tiveram 22% dos seus pedidos cancelados e outros 28% postergados. Com cerca de 400 usinas em operação no país, os projetos de novas usinas somavam cerca de 100 unidades no ano passado, com investimentos entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões.

Maior indústria de base do país com vocação sucroalcooleira, a Dedini, com sede em Piracicaba (SP), atualmente participa direta e indiretamente de 68 projetos de usinas em construção no Brasil, afirmou ao Valor José Luiz Olivério, vice-presidente de operações da companhia. "Alguns contatos dos projetos que foram adiados começaram a ser retomados", disse. De acordo com ele, há 31 projetos em fase de consultas.

Atingida diretamente pela crise que afetou as usinas de açúcar e álcool, que enfrentam escassez de crédito, a Dedini teve de renegociar prazos de pagamentos com seus clientes. "Não fomos atingidos pela inadimplência porque renegociamos prazos", disse Olivério. Antes da crise global, o índice de inadimplência desse segmento ficava abaixo de 1%.

Durante o boom dos investimentos para a construção de novas plantas, sobretudo entre 2005 e 2007, muitas indústrias de base contrataram a rodo, estimuladas pela demanda voltada para este segmento. "Houve um crescimento anormal, acima da média. Uma mudança dessas [com a crise] provoca mesmo perdas de postos de trabalho", afirmou Sérgio Fortuoso, gerente-executivo da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi).

E nesse período de euforia, aposentados e aprendizes foram recrutados para dar conta dos pedidos. A partir do segundo semestre de 2008, por conta do agravamento da crise financeira, a realidade mudou drasticamente. Levantamento do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e região mostra que o número de demissões dessas indústrias chegou a 3 mil em 2008, sobretudo em dezembro.

Com cerca de 5 mil funcionários, a Dedini não passou incólume e teve de fazer ajustes. A empresa demitiu cerca de 150 pessoas no fim de 2008 e outras 90 durante esta semana, disse José Florêncio da Silva, vice-presidente do sindicato.

Já a NG Metalúrgica, com 1.300 trabalhadores e duas fábricas na região de Piracicaba, ainda não fez ajustes, segundo Nilson Furoni, coordenador de recursos humanos da metalúrgica. "Os pedidos reduziram, mas estamos cumprindo contratos fechados anteriormente", afirmou. A empresa produz turbinas e destilarias.

Em Sertãozinho, importante polo produtor da região de Ribeirão Preto, demissões ocorreram, também principalmente em dezembro, e novos cortes devem ser feitos no início da colheita a partir de março, afirmou Flávio Vicari, diretor-executivo do Ceise (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético).

As empresas mais afetadas são as que prestam serviços para as indústrias de base maiores. Nessa região, cerca de 550 empresas empregam aproximadamente 17 mil trabalhadores. Desse total, pelo menos cerca de 5% podem perder seus postos de trabalho no início da nova safra, a 2009/10, a partir de março, como reflexo da crise. "Há uma expectativa de retomada a partir do segundo semestre, considerando os projetos que entrarão em operação a partir de 2010, 2011 e 2012 serão retomados", afirmou Vicari.

"A tendência é que as indústrias de base também passem por um processo de reestruturação no futuro, com movimento de fusões", acrescentou o diretor do Ceise.

De acordo com Silva, do sindicato de Piracicaba, a "boa" notícia no meio deste cenário de crise é que as indústrias que fazem manutenção para as usinas ainda não demitiram ninguém. "Negociamos para que as indústrias dispensem trabalhadores que possuam alguma renda, como os aposentados."

Para Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, as indústrias de base não deverão receber pesados pedidos para novas encomendas tão cedo. "O que vai ocorrer são encomendas de projetos já previstos." Segundo Nastari, as usinas de açúcar e álcool começaram a registrar margem líquida positiva a partir de outubro. "A crise continua afetando as usinas, mas num contexto em que a demanda por exportações de açúcar é crescente e a de álcool também, em menor ritmo. Em outros segmentos, como em mineração, siderurgia, por exemplo, os preços caem e a demanda também. Isso é mortal para o fluxo de caixa dessas empresas. No setor sucroalcooleiro, a demanda é firme. Mas a prioridade delas agora não é investir, mas garantir fluxo de caixa."

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Álcool não, Etanol !

A nota abaixo, publicada na site da UNICA, mostra o processo que está sendo conduzido pela ANP com o apoio da entidade, no sentido de mudar a definição do álcool combustível:

ANP inicia processo para adoção da palavra Etanol substituindo Álcool Combustível

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai realizar uma Consulta Pública de 30 dias, seguida de Audiência Pública, sobre uma alteração na atual regulamentação para permitir o uso da palavra "Etanol" nas bombas de combustível, hoje identificadas com as palavras "Álcool Comum". O objetivo da consulta é permitir que os agentes econômicos e a sociedade em geral avaliem a proposta e façam sugestões.

Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a decisão da ANP, publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (30/01/2008) dá início a um processo que atende a várias necessidades importantes, como o interesse do Brasil em ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional e promover seu uso mundialmente. Isto torna essencial uniformizar a nomenclatura brasileira com a empregada mundialmente. Etanol é o nome técnico reconhecido mundialmente para o álcool etílico.

"Pensando no futuro, a ANP está dando um passo muito importante. Desde março de 2008, o etanol já substitui mais de 50% do volume de combustível utilizado em veículos de ciclo Otto no Brasil, e o percentual de etanol na matriz de combustíveis automotores vai continuar crescendo na medida em que as vendas de automóveis novos permanecem fortemente dominadas por carros flex", comenta o presidente da UNICA, Marcos Sawaya Jank. Segundo a Anfavea, desde o início de 2008 os carros flex, que aceitam qualquer mistura de etanol e gasolina, representam quase 90% das vendas de veículos comerciais leves no Brasil.

Pesquisas realizadas para a UNICA indicam que mais de 70% dos proprietários de carros flex no País utilizam prioritariamente ou exclusivamente o etanol. Isso só não ocorre nos estados em que o ICMS cobrado sobre o etanol é muito alto, o que eleva demais o preço do produto em relação ao da gasolina. "São Paulo teve a visão certa ao reduzir o ICMS para 12% e contribuir decisivamente para o crescimento no consmo do etanol.

Infelizmente, outros estados, inclusive estados produtores de etanol, mantém o ICMS em patamares de 25% ou mais, o que torna o produto menos competitivo," completa o presidente da UNICA.

A entidade entende como fundamental uma transição gradual da expressão Álcool Comum para Etanol, pois isso ajudará o consumidor a compreender que trata-se do mesmo produto, apenas com o nome alterado. Nesse sentido, o processo iniciado pela ANP permitirá que a palavra Etanol seja exibida nas bombas junto com a expressão Álcool Combustível.

A minuta com a Resolução da Diretoria n 57, da ANP , de 22 de janeiro de 2009, pode ser acessada pela Internet (http://www.anp.gov.br/conheca/audiencias_publicas.asp), ou obtida nos escritórios da agência em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Bahia. O prazo da Consulta Pública termina no dia 2 de março, e os comentários devem ser encaminhados por meio de formulário, disponível no site da ANP ou nos locais acima, para o endereço eletrônico nomenclatura_etanol@anp.gov.br ou para o escritório central da ANP, na Avenida Rio Branco, 65 – 17º andar, Centro, Rio de Janeiro.

A Audiência Pública acontecerá no mesmo endereço, dia 06 de março de 2009, e os interessados em se manifestar verbalmente deverão se inscrever até as 18:00 horas do dia 02 de março de 2009, diretamente na ANP ou pela Internet no endereço eletrônico já citado. Pelas normas da ANP, podem se manifestar durante a audiência pessoas físicas e um representante de cada entidade.

Crise faz com que diminuam investimentos em etanol

A falta de crédito está afetando diretamente os investimentos no setor sucroalcooleiro, vedete do agronegócio nos últimos tempos. A reportagem abaixo da Gazeta Mercantil de hoje mostra este cenário:

Investimentos em usinas devem cair 40%

Depois de dois anos de robustez, os investimentos do setor sucroalcooleiro devem cair para algo próximo de R$ 7 bilhões em 2009, com perspectiva de serem ainda menores em 2010. O volume é 40% mais baixo do que os cerca de R$ 12 bilhões por ano aplicados em 2007 e 2008. "Teremos em 2009 um ano de inércia, apenas de continuidade de projetos já iniciados. Será também um ano de ‘não-decisão’ de investimento que vai se refletir em baixos recursos aplicados em 2010", avalia Júlio Maria Borges, da JOB Consultoria.

Em torno de 15 das 35 usinas previstas para entrar este ano em operação no Centro Sul já adiaram seus projetos, e, muitas, previstas para inaugurar na safra 2010/11, também já anunciaram seus adiamentos. A mais recente foi a do projeto da Sucral Bioenergia com a Greentech, dos empresários Ana Maria e Paulo Diniz, filhos do empresário Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração do grupo Pão de Açúcar. O projeto era de construir quatro usinas em Mato Grosso do Sul, das quais duas deveriam ser inauguradas em 2010/11. Mas, Ricardo Caiuby Farias, diretor da Sucral Bioenergia, explica que adiou, por enquanto, o início da operação em um ano e que busca um outro sócio para compor o capital do projeto, orçado em R$ 2,8 bilhões. "Vamos ter de rever nossas participações, de 50% para Sucral e de 50% para a Greentech. A estimativa é de que o novo investidor possa entrar com 33% de participação no negócio", explica Farias. Sem citar nomes, ele afirma que o novo sócio em negociação é de fora do setor. A expectativa é de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie 60% do projeto. "Já temos implantados apenas viveiros de mudas e aguardamos as licenças ambientais", acrescenta Farias.

Outros projetos, como o da Adecoagro, que tem como acionista o megainvestidor George Soros, também teve atraso e adiamento de usinas. No plano original, uma das usinas do grupo, a Angélica (MS), deveria entrar em operação em 2009, com parte da capacidade instalada prevista. Mas, com a escassez de crédito, a opção foi destinar todo o recurso para esta usina operar com capacidade total e adiar por um ano o início da operação da segunda e da terceira indústrias. O projeto da Adecoagro é de atingir processamento de 11 milhões de toneladas de cana em 2015.

Somente as 15 usinas que não vão iniciar as operações na safra 2009/10 representam, cada uma, de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões de investimento. "Essas 15 indústrias vão adiar com certeza, mas se este número será maior dependerá de como for a liberação de recursos", afirma Pádua.

Por enquanto, eles continuam crescendo, pelo menos, nas instituições financeiras oficiais. Segundo o BNDES, em dezembro de 2008 foram desembolsados R$ 766,6 milhões ao setor sucroalcooleiro. No acumulado de 2008, foram R$ 6,5 bilhões, aumento de 85% em relação aos R$ 3,56 bilhões de 2007.

Como a expansão da área plantada de cana desses projetos praticamente já ocorreu, é possível que haja disparidade entre o adicional de cana e a capacidade de industrialização, segundo Borges. Boa parte dessas 15 usinas que não vão entrar em operação em 2009 já implantaram canavial. "Estamos falando de um sinal amarelo, pois o real volume de cana disponível ainda vai depender do rendimento agrícola, resultado, em grande parte, das chuvas de verão", explica Borges.

O forte recuo do setor em 2009 e em 2010 deve comprometer as metas de expansão da capacidade de moagem. Antes da crise, a Unica estimava que em 2015 o Brasil estaria moendo 830 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para fazer frente à demanda também em expansão. "Adicionamos 130 milhões de toneladas ao sistema em dois anos. Em 2009 e ainda mais em 2010, deve haver retração. Mas, se o cenário voltar a ser positivo, com crédito e preços remuneradores, a expansão pode ser retomada", diz o diretor-técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues.

Antes da crise, havia cerca de 60 projetos para entrar em operação. Não há, segundo Pádua, uma estimativa de quantos devem, de fato, sair do papel. "Mas, quem ainda não começou aplicar o recurso, não vai iniciar em 2009. Pode haver alguma retomada em 2010, o que refletirá em aumento da capacidade instalada apenas nos anos de 2011 e 2012", avalia Borges, da JOB Consultoria.

José Carlos Toledo, presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), que representa as usinas do Oeste Paulista, região que mais tem novos projetos, acredita que provavelmente o setor não conseguirá atingir os investimentos anteriormente previstos. "Não temos preço remunerador e nem crédito", resume Toledo. Alguma alteração pode ocorrer, sobretudo com a entrada de grupos estrangeiros, que estão de olho nas oportunidades surgidas com a desvalorização dos ativos do setor. "Há um ano e meio, o patamar negociado por uma usina era de cerca de US$ 120 por tonelada, valor que atualmente está entre US$ 30 e US$ 40. O endividamento está corroendo o patrimônio das usinas", compara Toledo. Borges, da JOB, pondera que é preciso considerar nessa comparação que neste período o câmbio saiu do patamar de R$ 1,60 para o de R$ 2,40. (Fabiana Batista)

Carne suína por trigo, troca que Brasil e Rússia querem fazer

É impressionante o que as épocas de crise fazem com a criatividade das pessoas. A atual crise mundial está fazendo com que o Brasil volte a pensar em trocar commodities agrícolas, prática muito comum nos anos 1980.

As duas reportagens abaixo, de autoria de Roberto Tenório, foram publicadas na Gazeta Mercantil de hoje e comentam sobre a possível troca de carne suína por trigo da Rússia e a prática adotada no passado:

Governo avalia escambo de carne suína por trigo da Rússia

Representantes dos produtores de Santa Catarina estão articulando com o Governo Federal a proposta de escambo entre o trigo russo e a carne suína brasileira para diminuir a pressão interna. A estratégia é pegar carona na quebra da produção de trigo argentino, principal fornecedor do Brasil e usar como moeda de troca pelo menos 50 mil toneladas de carne. A Rússia consome quase 50% da carne suína brasileira e é um dos maiores produtores mundiais de trigo. A troca também seria favorável aos russos, que viram suas divisas com petróleo e gás recuarem brutalmente nos últimos meses por causa da queda das commodities, reduzindo seu potencial de compra. No entanto, empresários do setor moageiro alertam que a troca pode ser desfavorável, pois além de ser inadequado para panificação - que é de longe o mais consumido -, o trigo russo pode saturar a oferta no mercado interno e derrubar mais os preços em plena safra.

Um dos articuladores da medida, o deputado federal (PSDB-SC) e presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, Valdir Colatto, calcula que as 50 mil toneladas de carne suína equivalem a R$ 150 milhões. Ele explica que a transação será realizada diretamente entre as empresas. "As cooperativas de Santa Catarina possuem condições de moer parte desse trigo e utilizar na produção de carnes. O que sobrar pode ser armazenado e negociado com algum moinho que se interessar", explica. Ele ressaltou que o suinocultor catarinense é o que enfrenta mais problemas com a queda nos embarques. "É uma medida momentânea".

Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, explica que o trigo russo é considerado de baixa qualidade e mais utilizado na produção de biscoito. Ele explica que o mercado brasileiro consome muito o tipo para panificação. "Do ponto de vista econômico, é mais adequado comprar o trigo do Canadá. Mas a proposta de troca precisa ser levada em consideração". Segundo informou, a commodity russa não sairia por menos de US$ 280 a tonelada. Já o trigo canadense chegaria por US$ 270 a tonelada tomando como base as cotações de terça-feira.

Troca entre produtos foi recurso estratégico nos anos 1980

A troca de produtos brasileiros no mercado internacional já foi utilizado como estratégia em outros momentos de crise. Entre 1983 e 1988, a Volkswagen utilizou 170 mil modelos Passat como moeda de troca por petróleo, que atingiu picos históricos no período. À época, o Brasil tinha que enviar um navio para buscar o produto na região, que estava no auge da guerra Irã - Iraque. O produto foi bem recebido no país árabe e acabou ganhando o apelido de Brasili.

O deputado federal (PSDB-SC) e presidente da Fernte Parlamentar Agropecuária, Valdir Colatto, revela que a opção também foi utilizada no início dos anos 1990. "Na situação, a carne também foi trocada pelo trigo". Nesse período, o País enfrentou uma grave escassez do produto provocada pela retirada do subsídio governamental e abertura do mercado. Segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção recuou de 5,4 milhões de toneladas em 1990 para 3,3 milhões de toneladas em 1991.

"A proposta não foi nossa, mas se isso ocorrer (a troca) será muito bom para o setor", avaliou Rubens Valentini, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (Abcs). Segundo informou, os três últimos meses de 2008 tiveram um volume total exportado equivalente a metade de um mês normal. "A partir disso começou a sobra mercadoria por aqui".

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Brasil já é o segundo maior confinador do mundo

Além da nota postada abaixo, outro dia, ao ler o Portal do Agronegócio, deparei-me com a notícia abaixo que diz que o Brasil já ocupa o segundo lugar no confinamento de bovinos, perdendo apenas dos EUA.

Para nós, pobres mortais distantes do dia-a-dia da pecuária nacional, o que mais impressiona é o número de cabeças confinadas: 2,3 milhões.

Abaixo segue a notícia na íntegra:

Brasil é segundo colocado no ranking mundial dos confinamentos

O Brasil teve um crescimento de cerca de 7% no volume total de gado confinado em 2008.

Desde 2004 na condição de maior rebanho bovino comercial do mundo, com volume aproximado de 180 milhões de cabeças, segundo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil mais uma vez mostra que tem potencial para se firmar entre os grandes fornecedores de carne bovina para mercado o mundial, incluindo nichos de consumo para produtos de alto valor agregado.

O crescimento de aproximadamente 7% no volume total de gado confinado em 2008, perto de 2,7 milhões de cabeças, permitiu ao País assegurar a vice-liderança do ranking mundial do confinamento, lugar até então ocupado pelos australianos.

De acordo com levantamento da Meat and Livestock Australia (MLA), da Austrália, as fazendas daquele País confinaram, nos 12 meses do ano passado, cerca de 2,13 milhões de bovinos, recuo de 11% em relação aos 2,4 milhões de cabeças de 2007. Com montante que superou os 2,7 milhões de animais, segundo estimativa da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores) entidade que concentra cerca de 30% da força do confinamento no País (549.054 cabeças), o rebanho confinado brasileiro ultrapassa o australiano e se coloca atrás apenas dos EUA, País que mantém uma tradição secular nessa modalidade de criação.

Para Juan Lebrón, diretor executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), o fato positivo por trás desta conquista é que o trabalho feito junto à base do sistema de produção pecuária mostra resultado. “Em outras palavras, queremos dizer que cada vez mais os confinamentos brasileiros estão se tornando empresas. Os pecuaristas se conscientizam da necessidade de investir na qualidade do produto final, e, principalmente, do Brasil mostra ao mundo que tem sim condições de produzir com eficiência, qualidade e segurança alimentar”, destaca Lebrón.

Para o especialista, apesar do crescimento pequeno de pouco mais de 1,3% e que frustrou de certa forma as expectativas, o ano de 2008 foi excepcional para o confinamento. “Nunca se falou tanto, nem se debateu tanto o modelo de produção pecuária em confinamento como em 2008”, afirma o diretor da Assocon, que trabalhará para dar continuidade a esse cenário em 2009. Para tanto, a Assocon já preparou uma agenda de eventos bastante intensa, com destaque para a realização do 1º Encontro Técnico Regional para Pecuaristas que acontecerá, em São Paulo, durante o mês de março, com local e data ainda em definição.

Seguro rural - Brasil está em 4° lugar no mundo

Apesar de aparentemente não fazer parte da atividade agro-pecuária brasileira, o seguro rural está sendo incorporado aos poucos no agronegócio. A nota do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicada no Portal Centro de Inteligência da Soja, postada na íntegra abaixo nos mostra isso:

Brasil é o quarto país que mais aplica seguro rural

Hoje somos o quarto maior país que atua com esse sistema no mundo, ao somarmos os seguros públicos e privados.

“O seguro rural é uma ferramenta importantíssima para a agricultura brasileira. Hoje somos o quarto maior país que atua com esse sistema no mundo, ao somarmos os seguros públicos e privados. O Fundo de Catástrofe, Projeto de Lei que está em tramitação no Congresso, contribuirá para um crescimento ainda maior” A declaração é do secretário de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Edílson Guimarães, que participa de reunião com representantes de seguradoras, nesta segunda-feira (2), em São Paulo.

Dentre as culturas contempladas no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) em 2008 estão a cana-de-açúcar, tomate, uva, laranja, ameixa, café, limão, amendoim, trigo, algodão, maçã, tangerina, morango e berinjela. Em relação à importância segurada por produto, dos R$ 7,2 bilhões alcançados em 2008, a soja contribuiu com R$ 3,1 bilhões, o milho com R$ 1,2 bilhão e o arroz, R$ 550,5 milhões. O resultado alcançou cobertura de 4,8 milhões de hectares.

Do total de 60,1 mil contratos firmados em 2008, a modalidade que mais concorreu para o seguro rural foi a agrícola, responsável por 59,7 mil operações, seguida da florestal (200) e pecuária (182). Por regiões, as que mais aderiram ao seguro foram a Sul, com 37,9 mil operações e a Sudeste (12,5 mil). No ranking dos contratos por estados mais assistidos pelo programa estão o Paraná, com 21,8 mil, Rio Grande do Sul (10,5 mil) e São Paulo (8,2 mil).