sábado, janeiro 31, 2009
Pecuária leiteira - Brasil grande quantidade com baixa produtividade
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Brasil já é o 4º maior produtor de celulose
A quantia produzida prevista foi a quantidade realizada, a diferença deve ter ficado na quantia produzida pela Finlândia (antigo 4º lugar).
No final das notícias encontram-se duas figuras, uma com dados do setor e outra que explica o processo de produção de florestas, ambas elaboradas pela Exame.
Brasil é o quarto maior produtor de celulose
São Paulo, 21 de Janeiro de 2009 - Apesar da crise financeira internacional, o ano passado foi de bons resultados para o setor de celulose no Brasil. O País passou da sexta posição no ranking dos maiores fabricantes mundiais para a quarta colocação, ultrapassando a Finlândia e a Suécia, atrás apenas dos Estados Unidos, do Canadá e da China.
A produção brasileira de celulose em 2008 alcançou 12,850 milhões de toneladas, alta de 7% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Segundo a entidade, a expectativa é manter a quarta posição no mercado mundial e atingir produção de 13 milhões de toneladas este ano. Outra meta da associação é ultrapassar a China, alcançando o terceiro lugar, até 2015.
As exportações do setor de papel e celulose fecharam 2008 com alta de 23,5%, para US$ 5,8 bilhões, de acordo com dados da Bracelpa. Entre os principais destinos de celulose estão a Europa, que comprou US$ 2,02 bilhões em 2008, a América do Norte, que comprou US$ 791,1 milhões, e a China, que comprou US$ 690 milhões.
Segundo levantamento feito pela Bracelpa, a divisão entre os destinos dá independência para o setor em relação aos compradores internacionais. Mas, mesmo assim, os produtores brasileiros ainda enfrentam a queda da demanda global, o aumento dos estoques mundiais e os preços, que despencaram 19,5% de setembro a dezembro.
Diante desse cenário de crise internacional, o Brasil pode sair fortalecido por conta dos custos de produção, bem mais baixos que os praticados no hemisfério Norte, por exemplo. João Camério, diretor-executivo da Unidade de Negócios Florestais da Suzano Papel e Celulose, informou em evento no final do ano passado que enquanto no Brasil o custo de produção de uma tonelada de celulose é de US$ 381 a tonelada, nos Estados Unidos supera US$ 530 e, na Finlândia, ultrapassa US$ 700.
As importações do setor de papel e celulose saltaram 29,8%, para US$ 1,71 bilhões, no ano passado. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Redação)
A árvore e o dólar
Por Fabiane Stefano
Revista EXAME Hoje, no brasil, o retrato mais acabado do abismo que pode separar o mundo das finanças e o mundo das realidades é o setor de celulose. No universo dos derivativos, dos bancos de investimento e das ações cotadas em bolsa, a cena para parte dessas empresas é dantesca. Na vida real - onde as coisas palpáveis e visíveis acontecem - a imagem é de vigor. Os dois mundos se misturaram, como já ficou evidente. A dúvida é qual deles irá prevalecer ao final da tempestade.
Primeiro, o mundo real. Empurrada por uma competitividade muito superior, a produção brasileira de celulose foi multiplicada por 13 nos últimos 30 anos e todas as previsões eram de novos saltos. Os investimentos já anunciados - de 14 bilhões de dólares até 2012 - deveriam levar o Brasil da quinta à terceira posição no ranking mundial de produção. A tese da escalada se apóia em fatores de competitividade que não podem ser reproduzidos pelos demais concorrentes. Não há outro lugar no mundo em que o eucalipto, principal fonte da celulose, cresça tanto e tão rapidamente como no Brasil.
Agora, o mundo de Wall Street e da Faria Lima. Grandes exportadoras, as quatro maiores fabricantes brasileiras de celulose anunciaram enormes prejuízos que, pelo menos no curto prazo, podem comprometer a irrigação de capital nos negócios. Estripulias com derivativos ligados ao dólar - hoje chamados de tóxicos, mas até algumas semanas atrás vistos como uma espécie de negócio da China - colocaram a Aracruz na berlinda. Com uma exposição de mais de 6 bilhões de dólares, a empresa perdeu seu grau de investimento e suspendeu o projeto de uma nova fábrica em Guaíba, no Rio Grande do Sul. Até o fechamento desta edição, no dia 24 de outubro, a Aracruz tentava renegociar com os bancos seu débito, e sua situação estava indefinida.Também foi suspensa a fusão com a Votorantim Celulose e Papel, a terceira no ranking de celulose no Brasil. A união criaria um gigante com praticamente dois terços da produção nacional. A demanda mais fraca por celulose na Ásia resultou em anúncios de redução temporária na produção da VCP e da Suzano. E a desvalorização cambial afetou duramente os balanços das empresas.
O cenário atual é ruim para a maioria - e especialmente ruim para a Aracruz. Mas nem ele é capaz de impedir que os eucaliptos continuem crescendo mais rapidamente no Brasil e que o país se mantenha competitivo em termos globais. "No momento, as empresas estão avaliando os impactos deste cenário no curto prazo. O Brasil tem condições de continuar seu avanço no mundo", diz Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel. O otimismo do setor era tamanho que, antes dos mercados financeiros desabarem, as empresas já discutiam uma nova rodada de investimentos a ser realizada entre 2012 e 2015, que poderia levar o Brasil ao segundo lugar do ranking, desbancando o Canadá para ficar atrás apenas dos Estados Unidos. Por ora, os investimentos estão condicionados aos desdobramentos dos próximos meses. Já é certo que uma desaceleração global acarretará queda na demanda por celulose e, conseqüentemente, preços mais baixos. Mas o Brasil não necessariamente irá perder mercado - pode até avançar sobre a concorrência. "Num cenário de menos demanda, quem perde inicialmente são as indústrias de celulose do Canadá e da Europa, que têm custos maiores de produção", diz Marcelo Brisac, analista de recursos naturais da Itaú Corretora. Num mercado mais apertado, elas são as primeiras candidatas a fechar as portas, deixando espaço para os competidores mais eficientes. "Além disso, a desvalorização cambial ampliou a competitividade brasileira", diz Brisac. Nesse sentido, o aumento das receitas em real com as exportações de celulose deverá compensar a queda na cotação internacional do produto.
É por isso que muita gente aposta em novas safras de boas notícias quando as coisas voltarem a se acalmar. A previsão no longo prazo é de crescimento vigoroso da demanda global por papel e celulose. O consumo de papel no mundo vinha crescendo com o aumento de renda dos países emergentes - com impactos diretos nos segmentos de papéis de higiene, de embalagens alimentícias e de imprimir e escrever. Todas as previsões estão sob análise agora, mas espera-se que a tendência positiva em algum momento seja retomada. "Até 2020, a demanda mundial de papel subirá 25%, o que deve impulsionar investimentos no Brasil, especialmente das empresas estrangeiras", disse a EXAME Teresa Presas, presidente do Confederação Européia das Indústrias de Papel.
O Brasil tem condições de ficar com boa parte desse aumento de demanda. Afinal, os fabricantes brasileiros levam vantagem em dois fatores fundamentais: produtividade e sustentabilidade. Uma tonelada de celulose brasileira chega à Europa custando cerca de 250 dólares, metade do custo europeu. E a distância de custo deve aumentar a partir de 2009. A Rússia, uma das principais fornecedoras de madeira para os países escandinavos, passará a sobretaxar em 200 euros cada 4 metros cúbicos de matéria-prima exportada, quantidade necessária para produzir 1 tonelada de celulose. "Será inviável produzir nesses termos na Europa", diz Otávio Pontes, vice-presidente da sueco-finlandesa Stora Enso na América Latina. "O Brasil é o principal candidato a fornecer celulose para as fábricas de papel européias." A estratégia global da Stora Enso é avançar rumo ao hemisfério sul e à China para compensar as quatro unidades fechadas nos últimos tempos na Finlândia, em razão, além da baixa produtividade, das questões ambientais. Aí novamente o Brasil bate o resto do mundo. Nenhuma folha de papel no país é produzida com mata nativa - ao contrário de europeus e americanos, que exploram suas florestas naturais. O modelo brasileiro é baseado em plantações de eucalipto e pínus (em menor quantidade), recortadas por corredores de floresta nativa, o que garante a flora e a fauna da região. Embora o setor seja um dos alvos preferenciais dos ambientalistas dentro do país, as boas práticas da indústria brasileira vêm sendo reconhecidas por selos internacionais, como o do Conselho de Manejo Florestal, passaporte de entrada para mercados cada vez mais exigentes.
Para atender a essa demanda, as empresas têm planos de expansão - que ainda não foram revistos. A Suzano, por exemplo, prevê ampliar em 150% sua atual capacidade produtiva. A idéia, se confirmada, é construir três novas fábricas até 2015: uma no Piauí, outra no Maranhão e uma terceira em lugar ainda não definido, cada qual a um custo de cerca de 2 bilhões de dólares. A Klabin, especializada na produção de papéis para embalagem, estuda a possibilidade de construir uma fábrica de celulose com capacidade para pelo menos 1,3 milhão de toneladas por ano, o que garantiria seu suprimento para futura expansão no segmento de papéis e excedente de celulose para ser exportado. A Stora Enso está investindo numa base florestal no sul do país. Já foram comprados 45 000 hectares de terra no Rio Grande do Sul (área que, por enquanto, é alvo de uma pendenga jurídica por estar próxima da fronteira com o Uruguai). A empresa estuda implantar na região uma nova fábrica de celulose.
O que faz do Brasil uma potência florestal? Uma parte dessa alta produtividade se explica pela condição climática privilegiada do país. Qualquer planta - seja um eucalipto de 27 metros de altura, seja um pé de soja de 80 centímetros - é movida a água, luz e gás carbônico, elementos que impulsionam seu metabolismo interno, resultando em massa vegetal. Nos quesitos sol e chuva, o Brasil é imbatível. Aliado a isso, é um dos poucos países no mundo com terras disponíveis para agricultura. Hoje, as florestas plantadas para obtenção de celulose ocupam apenas 1,7 milhão de hectares - o que equivale a 18% do total da área destinada ao cultivo de cana-de-açúcar. "Se o país multiplicar por três a área destinada às florestas plantadas, teremos condições de brigar pela liderança mundial na produção de celulose", diz Reinoldo Poernbacher, diretor-geral da Klabin.
No entanto, o fator determinante do sucesso da celulose no país é fruto de puro desenvolvimento tecnológico. Há mais de 40 anos o Brasil investe no processo de melhoramento genético do eucalipto, por meio do qual foi possível selecionar as árvores mais produtivas e resistentes - o que provavelmente torna o setor de papel e celulose um dos pioneiros em pesquisa científica privada no Brasil. Isso resultou numa tecnologia 100% nacional na área florestal, compartilhada pelas empresas do setor e que colocou o país entre os grandes produtores de celulose no mundo. "Nada do que aconteceu nesse setor foi por acaso. Foram investimentos em tecnologia e gestão que transformaram o Brasil no mais competitivo produtor de celulose do mundo", diz João Comério, diretor florestal da Suzano.
O resultado é que, enquanto um pínus nos Estados Unidos demora 25 anos para alcançar o ponto de corte, no Brasil o eucalipto leva em média seis anos - prazo que pode cair mais. Entre as empresas existe uma espécie de corrida para encurtar o tempo de crescimento do eucalipto. A Aracruz já identificou plantas aptas para o corte após cinco anos e meio. Na Suzano, em algumas áreas de produção, já são extraídos eucaliptos com cinco anos de idade. Nos laboratórios da empresa foi confirmada uma nova variedade que produz em quatro anos a mesma quantidade de fibras que uma árvore de seis anos. Essa planta deve demorar ainda três anos para sair do laboratório e chegar ao campo. O reconhecimento da excelência da pesquisa nesse setor - raro segmento científico em que o país é líder - ocorre neste exato momento nos Estados Unidos. O Joint Genome Institute (JGI), centro financiado pelo governo americano, está fazendo o seqüenciamento genético total do eucalipto. A planta escolhida pelo JGI para o mapeamento foi desenvolvida pela Suzano: o Brasuz 01 - apelidado de Brazuca pelos funcionários da empresa. A variedade criada em terras brasileiras foi considerada pelos cientistas americanos a melhor amostra da espécie, graças ao processo de aperfeiçoamento genético. Com isso, o eucalipto brasileiro desbancou exemplares de todo o mundo, inclusive da Austrália, país de origem da planta.
A história da indústria de celulose no Brasil é um daqueles exemplos de que o empenho pessoal de um empreendedor - motivado por uma simples demanda do dia-a-dia - foi capaz de mudar as feições de um setor da economia. No final dos anos 40, Leon Feffer, fundador da Suzano, então apenas fabricante de papel, enfrentava dificuldades na importação de celulose. Em busca de uma alternativa local, ele delegou ao filho Max a missão de descobrir uma árvore que fornecesse as fibras necessárias para compor a matéria-prima da produção de papel. Nos Estados Unidos, Max concluiu que o eucalipto - que havia chegado ao Brasil no fim do século 19 para ser utilizado na construção de dormentes das estradas de ferro e como combustível das locomotivas - poderia cumprir tal função. O primeiro papel com celulose de eucalipto foi fabricado em 1957 e tinha apenas 30% da fibra na fórmula. Quatro anos depois, foi obtida a celulose com 100% de eucalipto. Desde então, o aprimoramento não parou. "O que fazemos em laboratório hoje só se transformará em plantio comercial daqui a dez anos", diz o engenheiro florestal Eduardo Mello, da Suzano.
Além do papel, os cientistas trabalham para dar novas aplicações às matérias-primas que são desperdiçadas no processo de produção da celulose. A futura promessa para o setor é a lignina, substância que age como um concreto da planta, unindo as fibras de celulose. Ela teria características semelhantes ao petróleo e poderia ser usada na produção de bioplástico (pesquisas parecidas vêm sendo desenvolvidas também com plásticos de álcool de cana-de-açúcar). Hoje, a lignina é queimada nas caldeiras das fábricas do setor para a geração de energia, uso considerado pouco nobre diante de seu potencial. O mesmo ocorre com a casca do eucalipto, que, no processo de colheita da árvore, é deixada no campo para a proteção do solo. Há estudos que mostram que o material pode ser usado na produção de etanol celulósico. É nesse quesito que o Brasil está mais atrasado. Os Estados Unidos estão despejando bilhões de dólares em pesquisas do combustível com restos vegetais, como palha de milho e cascas de árvores.
As conquistas brasileiras, no entanto, estão prestes a receber um novo impulso. Os trabalhos com eucalipto transgênico correm acelerados em empresas e universidades do mundo todo. Os Estados Unidos trabalham numa versão geneticamente modificada da árvore para regiões geladas. Cientistas de Taiwan testam uma variedade capaz de absorver mais dióxido de carbono e, conseqüentemente, reduzir o efeito estufa. O Brasil também corre para sair na frente. "Já é possível desenvolver em laboratório um transgênico de eucalipto em oito meses", diz Carlos Labate, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Hoje, 13 variedades de eucalipto estão em testes de campo no Brasil. Nenhuma, porém, ainda teria alcançado o estágio de liberação comercial. Quando estiver efetivamente em operação, a tecnologia permitirá encurtar em muitos anos a criação de novas variedades de eucalipto. E poderá agregar genes de outros organismos com o objetivo de constituir uma árvore ainda mais competitiva - com ou sem crise no mundo financeiro.
Correlação entre mercado automobilístico e mercado de boi?
Até parece tema do Freakonomics!!!!!!
Venda de carros afeta mercado do boi
Chicago (EUA), 29 de Janeiro de 2009 - Os contratos futuros de gado bovino podem cair ao nível mais baixo desde junho de 2006. Isso poderá ocorrer, em parte, porque a queda no ritmo das vendas de automóveis no país e o colapso ocorrido no mercado de imóveis residenciais dos Estados Unidos estão contribuindo para minar a demanda por couro usado na montagem dos bancos dos carros e em artigos do mobiliário, disse Lane Broadbent, vice-presidente da KIS Futures Inc.
Dados divulgados por aquela empresa de consultoria mostra que os preços do couro de gado bovino já caíram 45% desde o início de outubro do ano passado, superando a queda de 25% na venda de automóveis desde o final de agosto do ano passado em todo o País.
Os contratos futuros de gado bovino na Bolsa Mercantil de Chicago (CBOT) registraram declínio de 19% , desde 29 de agosto de 2008, uma vez que a crise econômica global também contribuiu para conter a demanda por carne bovina e demais produtos derivados, como couro e gorduras, que, entre outros destinos, são usados como matéria-prima para a manufatura de outros produtos como cosméticos e detergentes.
Queda ainda maior
Até o final deste ano, o preço de gado bovino pode cair para 79 centavos de dólar a libra-peso, o mais baixo para um contrato de grande movimento desde 15 de junho de 2006, disse Broadbent. Os contratos futuros de gado bovino para entrega em fevereiro fecharam em 84,4 centavos de dólar a libra-peso em 27 de janeiro.
"Com o atual mau desempenho da economia e as dificuldades na indústria automobilística, a demanda por couro caiu, e isso se refletiu bastante no (preço de) gado bovino", disse Broadbent em uma entrevista por telefone concedida na Cidade de Oklahoma. "Acredito que vai demorar pelo menos um ano" até que a demanda por couro e derivados volte a crescer, acrescentou.
As peles de gado bovino foram negociadas por 2,9 centavos a libra-peso ontem, uma queda em relação aos 5,25 centavos de dólar registrados em 29 de agosto de 2008, segundo mostram dados do Departamento de Agricultura dos EUA. O preço chegou a 2,75 centavos de dólar em dezembro último, o mais baixo desde, pelo menos, janeiro de 1998.
As vendas de automóveis nos EUA em 2008 foram as mais baixas em 16 anos, segundo dados oficiais. As construtoras norte-americanas iniciaram no ano passado o menor número de novos imóveis residenciais desde que esses dados começaram a ser compilados, em 1959, informou em 22 de janeiro o Departamento de Comércio.
domingo, janeiro 25, 2009
Alguns números dos grãos e carnes no Brasil
quinta-feira, janeiro 22, 2009
Em artigo, setor pede socorro ao Presidente!
Socorro, presidente!
Respeitosamente, Pedro de Camargo Neto
Pedro de Camargo Neto, engenheiro de produção, é presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
terça-feira, janeiro 20, 2009
Brasil é o maior mercado de agroquímicos do mundo
Brasil supera EUA no uso de agroquímicos
São Paulo, 20 de Janeiro de 2009 - Em 2008, o Brasil assumiu a liderança no consumo mundial de agroquímicos, posição antes ocupada pelos Estados Unidos, segundo informa o presidente mundial do instituto internacional de pesquisa em agronegócios Kleffmann Group, Burkhard Kleffmann. O resultado deve ser confirmado pelos balanços das principais indústrias do setor. Dados preliminares indicam que os produtores brasileiros compraram entre US$ 6,9 e US$ 7 bilhões em defensivos agrícolas. Já as lavouras americanas, mesmo ocupando uma área consideravelmente maior, investiram US$ 6,7 bilhões nos insumos.
O ritmo de crescimento de quase 30% no mercado de insumos agrícola no ano passado, não deverá se repetir em 2009. "Mas não sofrerá uma reversão", acredita o presidente da Kleffmann no Brasil, Lars Schobinger. Já as lavouras do mundo devem apresentar queda de 5%, estima Kleffmann. Em 2008, o consumo global de defensivos foi 15% maior na comparação com o ano anterior.
O presidente mundial da empresa ressalta que o potencial de crescimento avistado no Brasil é assegurado pelo clima tropical, sinônimo de mais pragas nas lavouras e pelo "efeito fisiológico" garantido com a "terceira aplicação" já adotado nas lavouras européias, e em estágio embrionário por aqui. "A dose extra de defensivos é capaz de aumentar a produtividade da lavoura". No ano passado, o número de aplicações nas lavouras brasileiras de soja cresceu 5,3% e movimentou US$ 2,38 bilhões, 33% mais que na safra anterior.
Kleffmann fala em uma "tendência irreversível de crescimento" do setor de defensivos agrícolas, o empresário admite uma retração apenas em caso de escassez generalizada de crédito, cenário para ele apto a se configurar nos países da América Latina. Argumento rebatido pelo presidente da empresa no Brasil, que se apoia no crescimento da área cultivada com recurso próprio, independente de crédito oficial ou informal.
"Apenas 20% das lavouras de milho recebem aplicação de fungicidas", afirma Schorbinger baseado nos números da Kleffmann. Ele informa que 100% das plantações de soja são protegidas com o produto, "mas só 40% delas são cultivadas com sementes tratadas quimicamente", acrescenta. Para o executivo brasileiro, a ferrugem surgida na soja brasileira em 2004 foi uma das molas propulsoras do crescimento do consumo do agroquímico. "O produtor não pode se dar o luxo de dispensar defensivo".
Schorbinger e Kleffmann explicam que em tempos de crise o produtor reluta, mas acaba comprando agroquímico em cima da hora.
A Kleffmann desenvolve pesquisas Adhoc (sob encomenda), de acordo com as necessidades específicas do cliente, e a consagrada Amis, painel para acompanhamento da evolução do mercado do qual as maiores empresas brasileiras e multinacionais não abrem mão. Os painéis em questão refletem basicamente o segmento de insumos agrícolas, com exceção dos fertilizantes e em especial o setor de defensivos agrícolas e sementes.
Crise no agronegócio
A área de atuação da empresa, insumos, deve ser alvo de redução de investimentos em 2009, acredita Burkhard, "mas apenas os menos essenciais à produtividade". Segundo ele, na Europa, os investimentos em herbicidas e fungicidas podem ser mantidos, já o aporte em inseticidas deve sofrer redução.
O ano de 2008 foi bom para muitos países, como avalia o presidente mundial da Kleffmann. Em 2009, poucos permanecer imune ao cenário desenhado pela atual crise mundial no agronegócio. "O aumento da produção de grãos não foi suficiente para recompor os estoques, que continuam baixos", afirma Kleffmann, em visita à filial brasileira do grupo responsável por 36% do faturamento da multinacional.
De acordo com as estimativas do instituto de pesquisa e do presidente dele, os preços médios mundiais das commodities agrícolas, ainda em baixa, devem crescer 10% este ano e, em 2010, outros 20%, valorização que seria assegurada pelo nível dos estoques mundiais de alimentos e pelo aumento de consumo, principalmente na Ásia. "A produção ainda não foi capaz de acompanhar esse crescimento", afirma.
Na Europa, continente que concentra a maior parte das 22 filiais da empresa, o setor de lácteos pode ser mais afetado pela atual conjuntura, mas para Kleffmann, os outros setores do agronegócio devem continuar registrando demandas elevadas. "Os produtores estão capitalizados, tiveram anos anteriores bons, inclusive nos Estados Unidos. O setor está capitalizado, tem gordura para queimar e precisa de menos empréstimo", confia.
A crise, para Kleffmann de curto prazo, deve afetar apenas parte dos negócios do instituto de pesquisa. "Em momentos de crise, os serviços de informação são bastante demandados", acredita o presidente. No entanto, serão afetadas as pesquisas "feitas sob encomenda". A empresa espera registrar crescimento médio global de 15% este ano, com Europa estável, Brasil crescendo 20% e Ásia protagonizando um crescimento acima da média, 30%. Em 2008, na Ásia a empresa cresceu 50% e no Brasil 22%. Burkhard criou a Kleffmann na Alemanha no final da década de 80.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
Algumas estratégias para o agronegócio passar pela crise
Estratégias para atravessar a atravessar a crise
São Paulo, 18 de Dezembro de 2008 - Fernando Muraro, analista de mercado da consultoria AgRural, define o ano que está por vir como "um dos mais difíceis da história do agronegócio". A frase de efeito é baseada em algumas previsões do analista. Uma delas diz que, em 2009, os preços da soja e do milho devem ficar de 30% a 40% menores que a média de 2008.
Inovação
Ampliando a liquidez em meio à crise
São Paulo, 18 de Dezembro de 2008 - Como consultor do governo e secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura na gestão de Roberto Rodrigues, Ivan Wedekin desenhou muitas das complexas ferramentas que hoje são usadas para assegurar aos agricultores o preço mínimo de seus produtos, garantidos por lei. Entre as siglas Prop, Pepro e PEP, instrumentos hoje usados pelo governo com essa finalidade, há várias estruturadas por Wedekin e sua equipe.
Com a saída de Rodrigues do ministério, perto do fim do primeiro mandado do presidente Luis Inácio Lula da Silva, Wedekin permaneceu poucos meses no governo, até assumir a diretoria de Agronegócios da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Em dois anos de bolsa, Wedekin já viu uma parceria estratégica com a Chicago Mercantile Exchange (CME), que ficou à época com pouco mais de 10% da BM&F, e depois a fusão com a bolsa de valores, a Bovespa. Agora, vê a primeira crise financeira. Mas na sua seara, que são as commodities agrícolas, os resultados do trabalho do executivo deve proteger a bolsa - ainda que parcialmente - dos efeitos danosos da crise.
Esses resultados não são só do tempo em que Wedekin está na BM&F, mas também por conta de seu legado na política agrícola nacional. Ele se esforçou para criar instrumentos que garantissem os preços mínimos aos produtores rurais sem a necessidade de intervenção direta do governo, que usualmente comprava grandes estoques de produtos agrícolas no patamar exigido por lei.
Entre esses instrumentos estava a venda de contratos de opção de venda das safras com o governo, que garantiam que o produtor receberia, no mínimo, os preços que o governo tinha que garantir. Agora, o governo poderá se tornar um grande estimulador do mercado de derivativos agrícolas da BM&FBovespa, em uma progressão natural do sistema operacionalizado por Wedekin nos tempos de ministério.
Segundo ele, já está aprovada a legislação que permite que ao governo estimular financeiramente os agricultores a usarem o mercado de opções de produtos agrícolas para fazerem um seguro de preço. "Agora vamos ver a vontade política e a operacionalização desse sistema", diz ele. Além disso, Wedekin comemora que começará a funcionar em 2009 o sistema integrado de ordens entre a CME e a BM&FBovespa, que permitirá um acesso muito mais fácil de investidores do exterior aos contratos da bolsa brasileira.
Gazeta Mercantil - Como está o mercado de derivativos agrícolas no Brasil?
Estamos vindo de um período de expansão na negociação de contratos agrícolas. Em 2005 foram negociados na BM&F 1,1 milhão de contratos nesse segmento. No ano passado foram 2,2 milhões de contratos negociados, o que significa que dobramos o número de negócios em dois anos.
Gazeta Mercantil - E como devem fechar esses números em 2008?
Neste exato momento [pára para olhar seu monitor, com as negociações em tempo real] estamos com 3,214 milhões de contratos negociados desde o início do ano. É um crescimento significativo. Devemos fechar 2008 com um crescimento próximo de 50%.
Gazeta Mercantil - A crise financeira global não vai afetar os volumes negociados em 2008?
Sentimos uma queda forte no número de negociações em novembro, mas que teve grande participação da queda tradicional nos contratos de boi gordo nesse período. O contrato de boi de outubro é o mais negociado sempre, porque é o principal referencial dos preços na entressafra, por isso ocorre uma forte queda em novembro. Só no boi o número de negócios caiu de 170 mil contratos em outubro para 89 mil contratos em novembro.
Gazeta Mercantil - Mas já é possível sentir algum efeito da crise?
É certo que essa queda em novembro [de 26% sobre o mesmo mês do ano passado] está atrelada a toda a situação de crédito, porque ocorreu em todas as bolsas de commodities internacionais. Mas terminaremos o ano com resultados bem melhores que os registrados pelas outras bolsas internacionais.
Gazeta Mercantil - Quão melhores serão os resultados da BM&F?
No acumulado de janeiro a outubro, o número de contratos negociados na Bolsa de Chicago subiu 12% no caso do milho, 15% para o boi e 22% para a soja. Os contratos de café em Nova York cresceram 8%. Enquanto os contratos agrícolas nas principais bolsas internacionais crescem em uma faixa entre 8% e 22%, na BM&F, até novembro, tivemos um crescimento de 52% no total dos derivativos agrícolas. É isso nos permite dizer que fecharemos o ano com um índice próximo a 50%.
Gazeta Mercantil - Esse crescimento tão grande demonstra uma maturidade do mercado brasileiro ou justamente que estamos longe do potencial?
Estamos muito longe do padrão internacional. Na média mundial, os contratos agrícolas representam 4,2% de todos os derivativos negociados. No Brasil, este ano, estamos em 0,84% do total. Apesar de todo o crescimento, os mercados precisariam crescer cinco vezes para atingir a mesma significância que têm em outros países.
Gazeta Mercantil - Sendo o Brasil um país fortemente agrícola, não era de se esperar o contrário?
Apenas nos últimos cinco ou seis anos se consolidou a estabilidade da economia brasileira. A agricultura não convive com inflação. Os mercados de contratos futuros e de opções de produtos agrícolas só começou a se estabelecer quando o agronegócio se acostumou com a inflação baixa e a abertura do mercado. Além disso, há o problema da tributação e regulação nesse setor, que são mais complexas.
Gazeta Mercantil - Que problemas são esses?
Hoje quase 80% dos contratos negociados na BM&F são de juros e dólar. As políticas relacionadas a eles são federais e conhecidas por todos. A regra é clara. No caso agrícola existem muitas normas diferentes que agem sobre o setor, e a complexidade faz as pessoas não terem a mesma visão simples de outros segmentos.
Gazeta Mercantil - E quanto à questão cultural? O agricultor brasileiro está aprendendo a importância de fazer o hedge?
Eu diria que a cultura é um outro desafio, mas que está se alterando rapidamente. A Bolsa tem se esforçado muito nesse sentido, e em 2008 visitamos 10 "agrocapitais" com o programa BM&FBovespa Vai ao Campo, falando com 4,8 mil produtores rurais. Além disso, treinamos mil funcionários do Banco do Brasil sobre derivativos em 2007 e 2008, porque o banco [que é o maior financiador do crédito rural] tem grande interesse em que o agricultor corra menos riscos.
Gazeta Mercantil - Além desse interesse do BB, o governo vem atuando de alguma forma para estimular os agricultores a se protegerem?
A própria política agrícola popularizou o mercado de opções, com os prêmios de opção, que tornaram essa ferramenta de proteção mais conhecida do agricultor. Agora pode haver alguma iniciativa do governo em vir a subsidiar o prêmio do mercado de opções agrícolas da BM&FBovespa.
Gazeta Mercantil - Como seria isso?
Recentemente, quando foi aprovada a lei com alterações no crédito rural, foi incluído um artigo que possibilita que o governo subsidie opções em bolsa. Seria uma ação do governo via mercado, como também existe para o subsídio do seguro rural, no qual o governo chega a pagar até metade do prêmio do seguro quando o produtor apresenta a apólice contratada com uma companhia seguradora. Seria uma maneira de desenvolver o mercado de opções, com o qual o produtor tem mais familiaridade. Até porque os contratos futuros são mais complexos - têm ajuste diário, garantias.
Gazeta Mercantil - Em que estágio está a implantação desse sistema de subsídio?
Na verdade foi criada a base legal, mas tudo está no campo das idéias ainda. Andei pela Câmara dos Deputados em Brasília, na semana passada, e vi que esse assunto está andando, sendo discutido. Isso foi discutido no Ministério da Agricultura, no Banco do Brasil... tem muita gente pensando. Agora vem a decisão política do governo de implantar esse sistema e depois a operacionalização. É aí que entra a Bolsa.
Gazeta Mercantil - Caso o sistema se concretize, será uma grande mudança para o mercado agrícola nacional, não?
Já há alguns anos a política agrícola vinha andando nessa direção, de dar mais crédito para quem fazia hedge, seguro, se protegia. Agora esse artigo - que não partiu da Bolsa, é importante que se diga - deve dar um impulso a esse movimento.
Gazeta Mercantil - Qual seria o impacto para a BM&FBovespa?
Liquidez gera liquidez. Não posso fazer projeções de crescimento nos volumes negociados, mas certamente daria liquidez [aos contratos de opção de produtos agropecuários].
Gazeta Mercantil - Isso poderia compensar uma retração de investidores especuladores?
Temos esses vetores de redução de volume de negociações por conta da crise internacional. Mas a liquidez dos contratos agrícolas depende de uma série de fatores, como a vontade dos hedgers naturais de entrarem no mercado e a volatilidade dos preços, que faz as pessoas procurarem uma segurança nos mercados futuros e de opções. Nesse sentido, temos vetores também positivos.
Gazeta Mercantil - Outro fator que poderia atrair mais capital para a BM&FBovespa é a parceria com a CME. Como está a integração dos sistemas de ordens?
No ano que vem, o acordo de roteamento de ordens com a CME estará muito mais consolidado. A cara da BM&F vai estar mais exposta no mundo, porque haverá acesso direto entre os mercados CME e BM&F. No último sábado fizemos uma simulação em que as corretoras ganharam acesso aos contratos da CME. Em 2009, com o sistema pronto e o mercado melhorando, será o ano da utilização desse sistema.
Gazeta Mercantil - E falando de maneira mais ampla, como a crise afeta o agronegócio brasileiro?
O agronegócio está sempre enfrentando crises de crédito, diretas ou indiretas. As diretas são quando os preços agrícolas desabam e derrubam a renda, afetando o crédito - e aí vem as renegociações das dívidas e etc. Hoje temos uma crise global de crédito, que não envolve apenas a agricultura, mas que a atinge mesmo sendo indireta. Essa crise bate no agronegócio principalmente na maior fase de desembolso do agricultor, que acabou de plantar e está gastando com defensivos, fertilizantes, diesel.
Gazeta Mercantil - A reação do governo para proteger - ou socorrer - o agronegócio foi correta?
Acho que o governo tomou iniciativas para compensar a retração do crédito privado. Além disso, houve queda dos preços das commodities mas também houve desvalorização cambial. A grande questão vai ser a comercialização da safra e o financiamento da safra seguinte.
Gazeta Mercantil - Como enfrentar a retração no crédito rural?
É preciso buscar alternativas, como os títulos de recebíveis agrícolas, que apresentaram um grande crescimento no ano até novembro. Somando as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e os Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), foram emitidos R$ 33,5 bilhões, contra R$ 6 bilhões no mesmo período do ano passado. Isso mostra a importância crescente desses financiamentos privados, em comparação com o crédito rural tradicional. São ferramentas como essas que podem ajudar nessa travessia. Porque do outro lado do rio o agronegócio brasileiro tem um ótimo futuro.
sexta-feira, janeiro 16, 2009
COSAN processa mais cana do que a Austrália
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Muda o nosso cliente número 1 do Agronegócio
China vira maior cliente do agronegócio do Brasil
Pela primeira vez desde 1997, os Estados Unidos deixaram de ser os maiores compradores individuais de produtos do agronegócio brasileiro. E, de forma inédita, a China assumiu o primeiro lugar no ranking dos embarques ao exterior em 2008, informou o Ministério da Agricultura.
O recuo de 2,4% nas importações americanas levou o país ao terceiro posto na lista, com uma participação de 8,7% do total exportado pelo Brasil. Foram US$ 6,25 bilhões. Na outra mão, os chineses compraram 70% a mais e abocanharam uma fatia de 11% das vendas brasileiras com US$ 7,93 bilhões, sobretudo de soja. Mesmo tendo recuado em sua participação, a União Européia fechou 2008 como principal bloco destino dos produtos do agronegócio, com 33%, ou US$ 23,77 bilhões. A fatia da Ásia cresceu para US$ 16,85 bilhões (23,5%) e o Nafta recuou para US$ 7,21 bilhões (10%).
Beneficiadas pelo aumento nos preços internacionais das commodities, redução nos estoques e elevação da demanda nos países emergentes, as exportações do agronegócio atingiram o recorde de US$ 71,8 bilhões em 2008. Com vendas adicionais de US$ 13,4 bilhões sobre 2007, a expansão dos embarques chegou a 23%.
Mesmo pressionado pelo crescimento de 35% nas importações, o superávit da balança comercial do setor atingiu US$ 60 bilhões, um desempenho 21% superior aos US$ 49,7 bilhões. A fatia do agronegócio nas vendas totais brasileiras chegou a 36,3%.
O complexo soja ainda é o carro-chefe das vendas externas do agronegócio, com US$ 18 bilhões. Em seguida, permaneceu o complexo carnes, com US$ 14,54 bilhões. As vendas de soja e carnes saltaram de US$ 22,7 bilhões, em 2007, para US$ 32,5 bilhões. As exportações de lácteos cresceram 80%, de US$ 299 milhões, em 2007, para US$ 541 milhões em 2008.
domingo, janeiro 11, 2009
UNICA lança livro com belas imagens do setor sucroalcooleiro
UNICA lança livro com mais de 120 imagens do setor sucroenergético
Com o objetivo de revelar aspectos importantes nem sempre conhecidos do grande público sobre o setor sucroenergético brasileiro, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) lançou nesta terça-feira (16/12/2008) o livro “Imagens do Etanol Brasileiro”, com mais de 120 imagens produzidas pelo fotógrafo Tadeu Fessel. A obra, apresentada durante a última reunião plenária de 2008 na sede da entidade, mostra o setor de maneira inédita, privilegiando imagens impactantes e arrojadas que ilustram a experiência e o pioneirismo do setor por meio de imagens: da lavoura de cana ao processo produtivo, que transforma a planta em etanol, açúcar e bioeletricidade, todos os passos são apresentados em detalhes.
O trabalho fotográfico de Fessel durou sete meses, nos quais ele fotografou em 13 diferentes localidades da região Centro-Sul do Brasil, principal produtora de cana do País. Foram realizadas várias viagens, sobrevôos, além de uma série de pesquisas para que o livro conseguisse captar a essência do setor que, nos últimos anos, cresceu, avançou e se modernizou de modo acelerado.
Fessel diz que o conteúdo do livro, editado em inglês e português, reflete sua experiência pessoal. Nascido em Piracicaba (SP), importante região produtora de cana-de-açúcar, o fotógrafo passou sua infância em meio aos canaviais. “Eu estou inserido no setor desde pequeno, por isso escolhi fazer este livro. Eu quis mostrar um mundo que faz parte da minha vida, e quis mostrá-lo de maneira bela.” Já o autor da editoração da obra, Márcio Wagner, relatou sua surpresa quanto à produção de bioeletricidade, um dos temas das fotos. “O livro é bem-sucedido em mostrar ao leitor que o setor não é só cana-de-açúcar”, afirmou Wagner, ao comentar as descobertas que fez ao manipular as fotos de Fessel.
O autor das fotos de “Imagens do etanol brasileiro” trabalha como fotógrafo desde 1966, quando se formou em fotojornalismo em Nova York (EUA). Reconhecido pelos inúmeros projetos realizados para agência de notícias nacionais e internacionais, nos últimos anos Fessel vem mudando o foco de seu trabalho.
Interessado por temas ligados à natureza, ele ajustou as lentes de sua câmera para clicar paisagens, viagens, aventuras e esportes radicais. Nesta oportunidade, Fessel produziu uma verdadeira viagem fotográfica ao mundo da energia limpa e renovável que vem da cana-de-açúcar.
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Energia elétrica pode aumentar emissões de CO2 no Brasil
Daniel Rittner, de Brasília
06/01/2009
Na contramão dos esforços para minimizar o aquecimento global, as emissões brasileiras de gases do efeito estufa a partir da geração de energia elétrica vão praticamente triplicar nos próximos dez anos. Mesmo com a entrada em funcionamento das usinas do Rio Madeira (Santo Antônio e Jirau) e de Belo Monte, a participação da fonte hídrica na matriz elétrica nacional cairá de 85,9% no início de 2008 para 75,9% em 2017, segundo o Plano Decenal de Energia (PDE), em consulta pública desde 23 de dezembro.
O plano aponta a necessidade de expandir a capacidade instalada dos atuais 99,7 mil para 154,7 mil megawatts (MW) e garante que isso é suficiente para afastar o risco de déficit no abastecimento. Mas deixa claro que o país continuará dependendo de mais energia cara e poluente se quiser livrar-se dos fantasmas de apagões. Para atender ao crescimento da demanda, será necessário acrescentar 81 termelétricas ao sistema interligado - 41 movidas a óleo combustível, 20 a diesel, 8 a gás natural, 7 a biocombustíveis e 4 a carvão. Elas deverão gerar 13.685 MW, excluindo a usina nuclear de Angra 3, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal do Ministério de Minas e Energia encarregada de planejar o setor.
As novas térmicas despejarão na atmosfera 39,3 milhões de toneladas de CO2 em 2017 - um aumento de 172% em relação ao valor das emissões de 2008, estimadas em 14,4 milhões de toneladas. "O plano está em contradição com as metas internas de redução do desmatamento", afirma a senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, referindo-se a um dos objetivos do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, lançado em dezembro.
As queimadas de florestas são responsáveis por cerca de três quartos das emissões brasileiras de gases causadores do efeito estufa e o governo espera diminuir o desmatamento da Amazônia em mais de 70% até 2017. A participação do setor elétrico continuará sendo minoritária no total de emissões, mas a entrada em operação de tantas usinas térmicas será mais do que suficiente para eliminar os ganhos ao meio ambiente com a adoção do biodiesel, por exemplo. A mistura de 3% do biocombustível ao diesel convencional evitará o despejo de 62 milhões de toneladas de dióxido de carbono ao longo dos próximos dez anos, mas esse esforço será perdido com o funcionamento das termelétricas por apenas um ano e sete meses.
O plano prevê mais 71 usinas hidrelétricas até 2017, mas a própria EPE indica que 26 delas têm "potencial identificado de atraso superior a seis meses" na execução do projeto. Esses empreendimentos "deverão ser objeto de maiores esforços e ações mais intensas para a sua viabilização, sem que essa classificação signifique impossibilidade de atendimento das datas do plano". As hidrelétricas vão expandir em 28.938 MW - o equivalente a duas Itaipus - a potência instalada do parque gerador.
Para a ex-ministra, a área ambiental não pode servir de "bode expiatório" para o aumento das térmicas. Marina atribui o crescimento da produção de energia por fontes mais poluentes a falhas no planejamento do setor elétrico. Segundo ela, metade dos projetos de hidrelétricas listados no plano decenal não tem estudos de viabilidade técnica e econômica (EVTE) e "alguns sequer estão inventariados". "Desses projetos, apenas cinco estão em processo de análise pelos órgãos ambientais: Ipueiras (no Rio Tocantins) já foi rejeitada pelo Ibama e outras quatro usinas que somam 313 MW aguardam a licença prévia. Precisamos acabar com a lenda de que é do setor ambiental a culpa pelo aumento das térmicas", protesta Marina.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, lamenta a perda de qualidade da matriz brasileira. Sem atribuições de planejamento, ele elaborou uma estimativa a partir do resultado dos últimos leilões de energia. O número de térmicas com contrato de fornecimento saltará de 14 em janeiro de 2008 para 63 em janeiro de 2013. Para fazê-las funcionar por um mês inteiro, o que é comum nos períodos de estiagem para preservar o nível dos reservatórios, as emissões de gases do efeito estufa vão subir de 186 mil toneladas para 4 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
Comparativamente à maioria dos países ricos e em desenvolvimento, o Brasil ainda não faz tão feio. Nos Estados Unidos, o campeão das emissões, a produção de eletricidade gera 2,5 bilhões de toneladas por ano de dióxido de carbono. Em 2017, mesmo com a proliferação das térmicas, o Brasil emitirá no setor elétrico apenas 20% dos gases despejados na atmosfera pela África do Sul e 64 vezes menos que os EUA.
Marina sugere a maior aposta na energia eólica para manter a qualidade da matriz. Hoje os ventos são responsáveis por somente 0,3% da geração total de energia no país, ou 219 MW, e vão chegar a 0,9% em 2017. Marina sublinha, porém, que o aproveitamento ainda é muito baixo diante do potencial brasileiro.
Kelman diz que a energia eólica é cara e inconstante, pois não pode ser armazenada sequer por algumas horas, e não permite ao operador do sistema trabalhar com previsibilidade. Também acha "irrisório" o efeito de uma estratégia insistentemente defendida por ONGs ambientalistas: a repotenciação das hidrelétricas existentes.
O diretor-geral da Aneel, que deixa o cargo na próxima semana, aponta a eficiência energética como uma das áreas em que se podem colher resultados. As perdas totais são de 17% de toda a eletricidade produzida no Brasil.
Kelman divide essas perdas em três segmentos. O desperdício na rede básica de alta tensão (as grandes linhas de transmissão) chega a 4% - número elevado em comparação com países europeus, mas que ele considera baixo levando em conta a dimensão do território nacional. Já as perdas na distribuição alcançam 7% - menos do que muitos emergentes, mas índice bastante alto em relação aos países desenvolvidos, segundo ele. Kelman indica que o custo-benefício de reduzir significativamente esse desperdício pode ser desvantajoso. "Para chegar à perda zero, poderíamos fazer fios de ouro (condutores perfeitos de energia) na distribuição, mas isso levaria a tarifa a níveis inimagináveis", afirma.
De acordo com ele, o mais viável é combater as perdas que correspondem a 6% da geração total de energia: os furtos de eletricidade. Kelman lembra que consumidores que roubam energia, além de aumentar o custo do produto para todos os usuários regulares, tendem a gastar mais eletricidade. "Se por um passe de mágica conseguíssemos que os brasileiros parassem de furtar energia, reduziríamos em 2,4% o consumo no país. Isso as ONGs não costumam mencionar porque desconhecem a realidade brasileira."
terça-feira, janeiro 06, 2009
Alstom de olho na cana e a opção parece ser a Dedini
A Alstom abriu negociações para a compra da Dedini, a maior fabricante de equipamentos para a indústria sucroalcooleira do Brasil. A proposta dos franceses envolve a compra de 60% das ações – o restante permaneceria em poder dos atuais controladores. Nos últimos dois anos, esta é a terceira tentativa da Alstom de adquirir a Dedini. Talvez seja a derradeira e a mais bem-sucedida das investidas.
Feliz 2009!!!!!!!!!
Perspectivas do Campo 2009
Vem aí um ano para comemorar
Sem perder tempo com o coro dos pessimistas, produtores do Brasil todo, como o corredor Pedro Muffato, estão comprando terras e investindo. Saiba porque eles acreditam que a crise não atravessará as porteiras de suas fazendas.