sexta-feira, março 28, 2008

Rúmen é fonte de proteína segundo USP

O rúmen bovino, segundo tese da USP, aumenta a quantidade de proteínas dos alimentos. Leia na sequência reportagem da Agência USP:

Rúmen bovino aumenta quantidade de proteína em alimentos

Júlio Bernardes / Agência USP

Estudo da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP avaliou as características físico-químicas e nutritivas do rúmen bovino e sua aplicação em alimentos. Pouco aproveitado nos abatedouros, o rúmen é rico em proteínas, podendo ser processado e adotado na produção de lingüiças, hambúrgueres e quibes. A utilização do produto foi testada pela nutricionista Ana Carolina Conti e Silva em sua tese de doutorado na FSP, defendida em fevereiro último.

O rúmen é uma das quatro partes do estômago dos bovinos, no qual acontece a fermentação dos alimentos. “Normalmente, ele é retirado com o retículo, outra parte do estômago, e vendido como bucho em açougues”, aponta Ana Carolina. “Na pesquisa, ele foi extraído dos animais, congelado, moído e submetido a secagem”. O composto obtido tem o aspecto de uma farinha, de cor amarelada.

Em seguida, o produto foi submetido a um processo térmico de extrusão do tipo High Temperature Short Time (HTST), o mesmo empregado na produção de cereais matinais, salgadinhos do tipo snack, carne de soja e ração animal. “Na presença de temperatura e pressão elevadas, o rúmen é comprimido, ocorrendo a gelatinização do amido e a desnaturação das proteínas”, explica a nutricionista.

“Na saída do equipamento, a pressão é reduzida repentinamente, a água se evapora e o produto se expande, aumentando de volume”, acrescenta. Para se adequar à tecnologia de extrusão, o rúmen teve de ser desengordurado previamente.

O estudo também avaliou a composição nutritiva do rúmen. O teor de proteínas, em base seca, é superior a 90%. “No produto desengordurado, o nível de lipídios cai de 13,1% para 2,6%”, conta Ana Carolina. “O processo também reduz o colesterol de 381,2 miligramas por 100 gramas (mg/100g) para 85,6 mg/100g, uma queda de 78%”. O rúmen desengordurado é livre de ácidos saturados, associados ao aumento de colesterol no organismo.

Proteínas

Após a extrusão, verificou-se que o rúmen apresentava as propriedades funcionais desejadas para sua utilização como ingrediente alimentar em produtos cárneos, na comparação com a proteína concentrada de soja. “A capacidade de emulsificação, a solubilidade protéica e a hidrofobicidade da superfície protéica, aumentadas com a extrusão, registraram níveis semelhantes, assim como a capacidade de retenção de água e a estabilidade da emulsão, reduzidas após o processo”, ressalta a pesquisadora.

A proteína do rúmen é 100% aproveitável, com a mesma digestibilidade na forma de farinha ou extrusado, apresentando alto valor biológico. “Ele fornece todos os aminoácidos essenciais em níveis superiores aos recomendados”, destaca a nutricionista. O produto foi testado na produção de lingüiça toscana, hambúrguer de frango e quibe de carne bovina. “A proporção utilizada nas formulações foi semelhante à adotada para a proteína de soja, que é limitada por lei”.

As análises sensoriais mostraram que para a lingüiça, a adição de rúmen deve ser feita em sua forma extrusada. “No hambúrguer de frango e no quibe, a utilização de extrusado ou farinha de rúmen resultou em igual aceitação sensorial”, ressalta Ana Carolina. “A extrusão é uma forma de aproveitamento do rúmen, mas não é essencial para sua aplicação em alimentos, já que dependendo do produto não é necessária”.

Por outro lado, a nutricionista aponta que a extrusão provocou mudanças nas propriedades funcionais do rúmen, favorecendo sua aplicação em determinados produtos embutidos e melhorando a aceitação sensorial. “A qualidade nutritiva da proteína tanto da farinha como do extrusado foi alta e não foi afetada pela extrusão”, conclui.

Mais informações: (11) 7137-0795, e-mail: contisil@usp.br com Ana Carolina Conti e Silva. Pesquisa orientada pelo professor José Alfredo Gomes Arêas.

O Grande Jogo do Século XXI

Um artigo postado no Ethablog intitulado BRAZIL, ETHANOL JOIN “NEW GREAT GAME” em abril de 2007, mostra as semelhanças entre o Grande Jogo, a rivalidade estratégica entre o Império Britânico e o Império Russo pela supremacia na Ásia Central no século XIX, entre 1813 e 1907 e o ciclo atual do etanol no Brasil.

Atualmente estamos constantemente vendo investidores e governos estrangeiros viajando nosso país em busca de grandes oportunidades nas commodities. O artigo em inglês encontra-se aqui e maiores informações podem ser obtidas na Wikipedia.

A figura abaixo mostra uma caricatura do jornal de 1878, onde um Emir afegão pede para alguém salvá-la de seus amigos - Leão (Império Britânico) e Urso (Império Russo).


quinta-feira, março 27, 2008

Mercado europeu para o etanol?

O mercado internacional de álcool ainda é incipiente, mas segundo reportagem abaixo do DCI publicada hoje, a Europa pode transformar-se em um mercado importante para nosso etanol:

O desafio de vender etanol para a Europa

A União Européia (UE) tem sido um dos principais consumidores do etanol brasileiro. E este mercado tem um grande potencial para aumentar sua participação na balança comercial do Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, a exportação para o velho continente passou de 20,5% em 2005 para 28,4% no ano passado. Com a adoção de políticas de redução da dependência do petróleo e de programas de diminuição de emissão de gases poluentes, a União Européia pretende ainda aumentar para 20% a utilização de energias provindas de fontes renováveis até 2020.

Mas a UE está considerando restringir a importação pela falta de confiança no processo de fabricação do etanol, com relação a questões ambientais. O Comitê de Energia da UE anunciou que a meta de abastecer 10% de seus veículos com biocombustíveis até 2020 pode ser adiada. Nesse sentido, a instituição preparou um projeto de lei que, caso seja aprovado, proibirá os 27 países-membros de importar etanol cuja produção exija o uso excessivo de recursos naturais, como solo e água, e que estimule a devastação florestal. O Comitê alega também que não há garantias de que o etanol reduza a emissão de gases poluentes, responsáveis pelo aquecimento global.

Se o projeto for aprovado, a balança comercial brasileira do biocombustível pode ser severamente afetada. Levando-se em consideração o atual cenário, a UE é responsável por mais de 20% da exportação do etanol, com a compra de quase 2,125 bilhões de litros em três anos.

Caso a entidade mantenha a meta de aumentar para 5,75% a fatia de biocombustível no total do combustível consumido em transporte até 2010, isso corresponderá a quase 2,826 bilhões de litros de etanol brasileiro importado pela União Européia anualmente. Em um futuro próximo, um percentual de 10% de biocombustível deve aumentar a exportação para 4,915 bilhões de litros por ano, até 2020.

Esta previsão otimista é baseada em dados disponíveis no site da União Européia. De acordo com eles, o percentual de biocombustíveis nos combustíveis para o setor de transporte era de 1,8% em 2005. Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, a exportação de etanol brasileiro para a UE no mesmo ano foi equivalente a 530,728 milhões de litros. Para prever o volume de importação em 2010 e 2020, uma taxa constante de 530,728 milhões de litros importados para cada 1,8% de biocombustível na gasolina usada nos países da União Européia deve ser considerada, assim como todas as outras variáveis, como barreiras comerciais, taxas de importação e as políticas energéticas do Brasil e da UE.

Estudos internacionais abordam todos os tipos de etanol de forma semelhante, levando a interpretações incorretas. É necessário destacar as características que diferenciam o etanol do Brasil, a partir da cana-de-açúcar, dos outros fabricados no mundo. De acordo com as Nações Unidas, o desenvolvimento dos biocombustíveis no Brasil tem tido pouco impacto ambiental. A produção de cana-de-açúcar está quase toda concentrada no Estado de São Paulo, com menos de 1% na Amazônia.

O estudo mostra ainda que o etanol brasileiro reduz a emissão de dióxido de carbono em 70%, enquanto o norte-americano, feito do milho, reduz em 13%. Um relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia revela que o uso do etanol como fonte de energia evitou a emissão de 225 milhões de toneladas de dióxido de carbono no Brasil, entre 1994 e 2005.

Ao impor mais barreiras à importação de etanol brasileiro, além de afetar negativamente a receita comercial, a União Européia pode aumentar os custos de diminuição de emissão de gases poluentes. Nesse sentido, a iniciativa da UE é contraditória às preocupações mundiais em relação ao aquecimento global e à dependência do petróleo.

Questões de comércio internacional são estratégicas para cada país. Por isso, a UE tem o direito de organizar suas atividades de importação e exportação. No entanto, os argumentos para sustentar suas decisões devem ser muito bem justificados, de modo a não prejudicar interesses globais. Neste episódio, a União Européia precisa reconhecer que o etanol brasileiro é um caso especial a se levar em consideração

quinta-feira, março 20, 2008

Commodities sentem as oscilações do mercado

A reportagem abaixo do Valor de ontem mostra o comportamento das commodities com relação à crise dos mercados:

COMMODITIES TÊM RECUPERAÇÃO PARCIAL

Um dia depois do declínio ao limite de baixa, motivado pelas incertezas com a dimensão da crise econômica americana e a conseqüente venda de contratos pelos especuladores, as principais commodities agrícolas, negociadas na bolsa de Chicago, voltaram a subir.

A redução da taxa básica de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) em 75 pontos, para 2,25%, ajudou a dar ânimo aos investidores, embora a recuperação tenha sido apenas parcial. Os contratos de soja com vencimento em julho subiram 3,25 centavos de dólar em Chicago, para US$ 13,22 por bushel. O milho para julho atingiu US$ 5,5925 por bushel com o avanço de 8 centavos de dólar.

A alta mais expressiva, contudo, foi a dos contratos de trigo que vencem também em julho, que subiram 36 cents, para US$ 11,38 por bushel. "Os fundamentos permanecem positivos e justificam os preços altos. Com as baixas das últimas duas semanas, os investidores aproveitaram para comprar de novo", afirma André Debastiani, analista da Agroconsult. "O que ocorreu (nas baixas) foi um cenário de aversão ao risco. A leitura dos fundamentos perde valor nessas horas". A leitura pouco detida do quadro de oferta e demanda, ou "financeirização" do mercado de commodities agrícolas, como define o analista Gabriel Pesciallo, da Agência Rural, teve influência um pouco menor ontem.

Entre os cereais, por exemplo, o arroz atingiu ontem seu preço mais elevado em 34 anos, como informa o "Financial Times". O movimento seguiu um quadro típico de análise dos fundamentos em detrimento dos humores do mercado financeiro. Índia e Vietnã, dois importantes produtores, ampliaram o aperto na oferta ao anunciarem neste mês restrições às exportações.

A alta do milho foi creditada às especulações de que o excesso de chuvas em áreas produtoras dos EUA levará à redução do plantio do grão e ao cultivo de soja. O declínio de 12% do preço do trigo nas últimas três sessões pode estimular compras para a recomposição de estoques, o que puxou a alta da commodity, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg. No Brasil, o dia também foi de alta para a commodity. O preço da saca de 60 quilos subiu 1,30%, para R$ 39,86, na média, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral).

Milho e soja, em contrapartida, recuaram. A saca de 60 quilos de milho caiu 0,72%, para R$ 27,17, segundo o índice Esalq/BM&F. A saca de soja recuou 1,39%, a R$ 43,88, de acordo com o índice Cepea/Esalq. As poucas perdas do mercado ontem ocorreram no mercado das "soft commodities", negociadas em Nova York. Com o salto de 20% dos preços registrado nos primeiros dois meses do ano, a demanda do algodão tende a se arrefecer.

Com isso, a commodity fechou em baixa pelo quarto dia seguido. O recuo foi de 67 pontos, para 77,23 centavos de dólar por libra-peso.

terça-feira, março 18, 2008

Etanol - aprenda mais sobre ele

A revista Veja publicou em sua última edição (2052) uma série de questões sobre o tema. Encontrei este material no Jornal da Cana e achei muito interessante:

70 questões para entender o etanol

O barril de petróleo bateu em 109 dólares na semana passada. O consumo mundial chegou a 1 000 barris por segundo. A combinação desses dois números é o melhor indicador de que a busca por combustíveis alternativos deixou de ser uma atividade pitoresca para se elevar ao centro das atenções das empresas, dos governos e das instituições internacionais. Entre todos os combustíveis alternativos, o mais viável atualmente, do ponto de vista econômico e ambiental, é o etanol. Entre todos os tipos de etanol, o de cana-de-açúcar é o que tem maiores chances de participar substancialmente da matriz energética planetária. Entre todos os países produtores de etanol, o Brasil é aquele que apresenta as melhores condições geográficas, climáticas, culturais, econômicas e tecnológicas para liderar a produção do etanol, nome pelo qual é mais chamado hoje no planeta o álcool combustível, velho conhecido dos brasileiros desde a iniciativa pioneira dos anos 70, desencadeada pela primeira crise do petróleo.

Desde seu ressurgimento meteórico no cenário mundial, o álcool/etanol tornou-se alvo de todo tipo de especulação, sendo motivo de projeções nacionalistas gloriosas. Foi motivo também de outro tipo de especulação, muito mais pessimista: para manter a frota global de carros rodando, o planeta seria obrigado a abandonar o cultivo de alimentos para plantar cana-de-açúcar e produzir etanol. Para colocar a questão do etanol na perspectiva correta, VEJA organizou o questionário das páginas seguintes. São setenta perguntas e respostas que cobrem todas as principais questões levantadas pela entrada do etanol no foco dos holofotes. Nessa tarefa, VEJA valeu-se de inúmeras fontes e teve o privilégio de contar com a dedicação especial de um dos maiores especialistas no assunto, Luiz Augusto Horta Nogueira, engenheiro mecânico e doutor pela Universidade Estadual de Campinas. Nogueira é pioneiro nos estudos que levaram à criação da área de biocombustíveis da Agência Nacional do Petróleo, da qual foi diretor de 1998 a 2004. Hoje é professor titular do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá e consultor para bioenergias de diversos órgãos internacionais, entre eles o Banco Mundial e a FAO, a divisão de agricultura e alimentação das Nações Unidas.

PANORAMA

1 O que são os combustíveis "verdes"? São aqueles cuja emissão de CO2 durante o processo de produção ou no cano de descarga dos carros é menor que a proveniente do diesel e da gasolina.

2 Quais são os combustíveis "verdes"? Os mais viáveis são o etanol e o biodiesel. O hidrogênio líquido e a eletricidade produzida por baterias não emitem nenhum tipo de fumaça quando utilizados como combustíveis de automóveis. Seu uso, porém, ainda é restrito por problemas de distribuição e de pouca autonomia.

3 Qual o menos poluidor? A forma como os combustíveis são produzidos deve ser levada em conta na resposta e não apenas o que escapa do cano de descarga. A produção de hidrogênio exige gasto de eletricidade, o que, por sua vez, requer a queima de carvão e petróleo em termelétricas. Em termos globais, 60% da energia elétrica vem do carvão, a mais poluente das fontes energéticas.

4 Por que o etanol e o biodiesel são os mais viáveis? O etanol e o biodiesel têm a vantagem de, por ser líquidos, aproveitar toda a estrutura logística da gasolina e do diesel. O etanol tem uma equação econômica ainda mais favorável, em razão da produtividade. Com 1 hectare de terra se consegue produzir 7 500 litros de etanol. No caso do biodiesel de soja, obtêm-se 600 litros por hectare. O etanol continuará atraente mesmo que o preço do barril de petróleo caia a 35 dólares. Todas as demais alternativas energéticas "verdes" só se tornam economicamente atraentes quando o barril de petróleo está valendo, no mínimo, 80 dólares.

5 Quanto esses combustíveis representam hoje no consumo mundial? São utilizados 600 bilhões de litros de combustível por ano no mundo. O consumo de biocombustíveis (etanol de cana, etanol de milho e biodiesel) é de 10% disso, algo em torno de 60 bilhões de litros.

6 Qual é a parcela de etanol no consumo mundial? O mundo utilizou, em 2007, 54 bilhões de litros de etanol. O país produziu, na última safra (parte da qual será vendida ao longo deste ano), 21,5 bilhões de litros. Desse total, pouco mais de 3 bilhões deverão ser exportados.

7 Quanto o etanol pode representar no futuro? A estimativa é de que o etanol chegue a prover 20% de todo o combustível líquido usado no mundo. Em valores de hoje, 120 bilhões de litros.

8 O etanol brasileiro, em particular, que fatia terá? O Brasil, por suas características de clima, área agricultável, teria condições de suprir 10% da demanda mundial. A questão é que a próxima fronteira tecnológica já se anuncia. Está em desenvolvimento o etanol de celulose, obtido a partir de uma variedade maior de plantas e gramíneas. Já há fábricas em teste no mundo, mas ainda não se aperfeiçoou o processo para torná-lo comercialmente viável. Ele pode vir a ser tão ou mais rentável que o etanol feito de cana-de-açúcar.

9 Que países estão adiantados na corrida pelo etanol de celulose? Os Estados Unidos lideram as pesquisas e o Brasil vem logo atrás. Calcula-se que leve ainda entre cinco e dez anos para os primeiros litros chegarem ao mercado.

10 Além da ainda relativa abundância, que outras vantagens tem o petróleo? Ainda não está inteiramente resolvido o problema da padronização internacional do combustível verde. Além disso, se queimar petróleo polui, tirar petróleo da terra ou do mar é uma atividade limpa, enquanto produzir etanol exige ocupação de vastas áreas de terreno, irrigação e uso de químicos agrícolas. A falta de um mercado mundial é um entrave ao etanol.

11 Um dia a eletricidade vai aposentar o etanol? No Brasil as hidrelétricas produzem de forma limpa mais de 90% de toda a energia elétrica. Na maior parte dos países, porém, a eletricidade é obtida com a queima de carvão. Portanto, o processo de produção da eletricidade é muito poluente. No futuro, a energia nuclear poderá substituir o carvão e – caso esteja resolvido o problema da destinação final do lixo atômico – será possível obter eletricidade sem poluição.

12 Como se posiciona o hidrogênio nessa corrida? Vale o mesmo raciocínio usado para a eletricidade. Quando o processo de produção do hidrogênio líquido for limpo, ele será o menos poluente de todos os combustíveis.

13 A partir de quais matérias-primas se pode produzir etanol hoje no mundo? As mais desenvolvidas são o milho e a cana. Alguns países utilizam também a beterraba, o trigo e a mandioca. Brasil e EUA produzem 85% do etanol mundial (O Brasil produziu 21,5 bilhões de litros e os EUA, 24,5 bilhões de litros, na última safra). O terceiro colocado é a China, com 2,7% de participação nesse mercado. Em quarto lugar está a União Européia, com 2,5%.

14 Quais são os principais países produtores de etanol? Brasil (cana-de-açúcar), Estados Unidos (principalmente milho, mas com boa perspectiva de chegar primeiro ao etanol de celulose), Canadá (trigo e milho), China (mandioca), Índia (cana, melaço) e Colômbia (cana e óleo de palma). A Alemanha produz metade do biodiesel do mundo.

15 Quais as vantagens do etanol produzido a partir de cana-de-açúcar sobre os demais tipos de etanol? A primeira é a limpeza. Para cada litro de gasolina utilizado na lavoura ou na indústria, são produzidos 9,2 litros de etanol. No caso do etanol de milho, essa relação cai para 1,4 litro de etanol para cada litro de combustível fóssil empregado no processo. A segunda é a produtividade. No Brasil, são produzidos 7 500 litros de etanol por hectare plantado de cana. No caso do milho, cada hectare produz 3 000 litros.

16 Como se compara o etanol com os demais combustíveis verdes? O etanol é o único que alia maturidade tecnológica e baixo custo de produção.

17 Que outros países produzem etanol de cana-de-açúcar? A cana-de-açúcar se desenvolve melhor nas regiões entre os trópicos. Isso compreende a porção norte da América do Sul, África, sul da Ásia, norte da Oceania, América Central e sul da América do Norte. Mas hoje só China, Colômbia, Tailânda, Índia e Austrália têm produção regular.

18 Por que o etanol despertou a atenção mundial? Porque os Estados Unidos se renderam às evidências e, como são o maior consumidor de combustível do planeta, chamaram a atenção de todos para a inevitabilidade de conseguir um combustível limpo em curto prazo.

19 Os combustíveis verdes – e o etanol em especial – podem substituir o petróleo em outros usos que não o transporte? Quais são esses usos? A alcoolquímica, o equivalente do etanol para a petroquímica, já desenvolveu alguns produtos, como plásticos e resinas. Ainda são experimentais, mas começam a surgir negócios como a substituição de nafta por etanol na fabricação de tubos de PVC. É grande a expectativa sobre o plástico de etanol, que tem a vantagem de ser biodegradável.

20 O etanol se presta a usos como eletrificação e aquecimento? Isso é possível com a utilização do bagaço de cana que sobra na fabricação do etanol. Se todas as 336 usinas brasileiras estivessem produzindo eletricidade, trabalhando com a tecnologia mais avançada já disponível, o potencial de geração seria de 12 000 megawatts, em 2015, similar à capacidade da usina de Itaipu. Esse potencial poderá triplicar, nos próximos dez anos, com os novos processos em desenvolvimento.

21 Quando começou a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar? As primeiras experiências no Brasil foram feitas na década de 20, mas o grande impulso se deu na década de 70, quando foi criado o programa nacional do álcool.

22 Qual a parcela da frota brasileira que utiliza etanol? Dos 19 milhões de automóveis, cerca de 13,6 milhões são movidos a gasolina. Há 200 000 carros movidos a álcool. Outros 5,2 milhões são flex. No ano passado, 85% dos veículos novos saíram de fábrica com motor flex. A continuar assim, em 2015, quando a frota brasileira de automóveis estiver em 30 milhões de unidades, 19 milhões serão bicombustíveis.

23 O etanol poderá substituir a gasolina como o combustível mais usado no mundo? Não. Calcula-se que toda a disponibilidade de terras e condições climáticas seja suficiente apenas para a produção de 20% do combustível utilizado no mundo.

CONSUMIDOR

24 Quais as vantagens do etanol sobre a gasolina para os consumidores? O álcool é menos econômico, mas dá mais potência ao motor. O benefício ambiental, no entanto, é o grande atrativo.

25 A partir de que diferença de preço o etanol passa a ser economicamente compensador? Como tem rendimento inferior ao da gasolina (é preciso mais álcool para o veículo percorrer a mesma distância), o álcool tem de custar, no máximo, 70% do valor da gasolina. Com o litro de gasolina a 2,50 reais, vale a pena usar o álcool se ele estiver, no máximo, a 1,75 real.

26 Existe uma proporção ideal de mistura de etanol e gasolina? Não. Com os carros flex, pode-se usar qualquer proporção desses combustíveis no tanque.

27 É melhor usar etanol puro ou misturado A gasolina? Não há diferença. Do ponto de vista econômico, a escolha depende do preço desses combustíveis na bomba.

28 É verdade que se deve intercalar o abastecimento de álcool com gasolina para manter o motor lubrificado? Não há necessidade. Os motores são feitos de ligas preparadas para trabalhar a vida inteira com álcool.

29 Deve-se optar pela gasolina no inverno? Os carros a álcool têm mais dificuldade para começar a funcionar em ambientes mais frios. Mas não é necessário substituir o combustível. Basta ter o reservatório de gasolina, localizado junto ao motor, sempre abastecido.

30 O etanol pode trazer danos ao motor? Pelo fato de o etanol ser mais corrosivo do que a gasolina, os motores dos carros flex e a álcool têm de ser fabricados com ligas especiais, mais resistentes.

31 O que muda no motor flex em relação aos convencionais, a álcool ou a gasolina? Ele tem sensores que identificam o tipo de combustível que se está usando (ou a proporção de cada um no tanque) e regulam o motor automaticamente.

32 Um motor a etanol tem a mesma durabilidade dos motores a diesel ou a gasolina? Não há diferença quanto à durabilidade.

33 Há o risco de comprar etanol adulterado, assim como ocorre com a gasolina? Sim, da mesma forma que acontece com a gasolina.

34 O que pode provocar variações no preço do etanol? Por ser um produto de base agrícola, o etanol está sujeito às variações de preço em razão da safra e de fenômenos climáticos. Essa situação só será resolvida quando for criado um estoque regulador. O preço do petróleo também influencia. Vira uma referência para o revendedor, que pode tentar aumentar sua margem de lucro.

35 O etanol brasileiro é caro ou barato, comparado ao de outros países? O etanol do Brasil é o mais barato do mundo. Essa é a razão dos altos impostos de importação mantidos pelos Estados Unidos, que chegam a dobrar o preço do etanol brasileiro importado.

36 Quem tem carro a álcool corre o risco de ficar sem combustível, por problemas na produção, a exemplo do que aconteceu recentemente com o veículo a gás no Rio de Janeiro e em São Paulo? O risco é baixo. O mercado de etanol já se desenvolveu a um ponto em que se tornou mais difícil aos usineiros reduzir sua produção de álcool para priorizar a exportação de açúcar, como ocorreu na década de 80. Mas o governo não deve abrir mão dos mecanismos de controle.

37 Veículos pesados, como caminhões, poderão usar o etanol como combustível? Para os veículos pesados, o mais indicado é o diesel. Nesse caso, a melhor alternativa energética seria o biodiesel, que ainda não conseguiu alcançar o mesmo patamar de produtividade que o etanol de cana-de-açúcar.

38 O automóvel perde força e velocidade? Ao contrário, ganha mais força de arranque e velocidade final.

MEIO AMBIENTE

39 O etanol ajuda mesmo no combate ao aquecimento global? A adoção do etanol é considerada um dos principais mecanismos de combate ao aquecimento global, pois reduz as emissões de CO2.

40 De que forma? Todo o gás carbônico emitido pelos veículos movidos a álcool é reabsorvido pelas plantações de cana-de-açúcar. Isso faz com que as emissões do gás sejam reduzidas. Além disso, a grande diferença em relação ao petróleo é que o etanol usa o gás carbônico retirado da atmosfera pelas plantas. O petróleo joga na atmosfera o gás carbônico armazenado no solo e não o reabsorve (veja quadro).

41 A cadeia produtiva do etanol – plantio, colheita, industrialização e distribuição – causa prejuízos ao meio ambiente? Há, sim, alguns impactos ambientais que ainda precisam ser eliminados. As queimadas são um exemplo. Em São Paulo, elas deverão ser totalmente abolidas até 2017. A vinhaça, o principal rejeito industrial da fabricação do etanol, também precisa ter destinação adequada para não contaminar os mananciais. Algumas usinas já a utilizam como adubo natural na lavoura de cana – não apenas por consciência ambiental, mas porque há uma redução de custos com fertilizantes.

42 A plantação de cana-de-açúcar consome água a ponto de afetar os mananciais? Esse é um risco. É necessário adotar mecanismos de reciclagem da água empregada no processo de fabricação. A produção de etanol em usinas mais ultrapassadas consome 21 000 litros de água por tonelada de cana. Hoje, as melhores usinas usam entre 5 000 e 1 000 litros. A sorte é que elas são maioria no país.

43 A plantação de cana pode provocar desmatamento na Amazônia e no cerrado? As entidades de produtores de etanol alegam que, embora o solo da Amazônia seja favorável à cana, o regime de chuvas da região Norte não é compatível com essa cultura. Isso, no entanto, não elimina o risco de que a expansão da lavoura de cana "empurre" em direção à Amazônia outras atividades igualmente indutoras do desmatamento, como a pecuária e a produção de soja.

44 O plantio da cana degrada o solo? Sim, pode reduzir a fertilidade da terra. Daí a necessidade de fazer o rodízio com a cultura de leguminosas, como feijão, amendoim e soja. A cana tem de ser replantada a cada seis anos. No intervalo de seis meses entre a retirada das plantas antigas e o replantio é que se alterna a cultura.

45 Por que muitos produtores de cana-de-açúcar queimam a lavoura antes da colheita? Para eliminar as folhas, o que abre espaço entre as plantas e evita que os trabalhadores se cortem com as folhas afiadas. A prática, no entanto, está condenada e terá de ser totalmente abolida no estado de São Paulo até 2017.

46 Qual é a destinação dos rejeitos da produção de cana? Além da vinhaça, usada na fertilização do solo, há o bagaço. Parte dele é empregada nas caldeiras para gerar energia. O que sobra é vendido às indústrias. Quase todo o suco de laranja produzido no Brasil utiliza o bagaço como fonte de energia. A palha (folhas secas) é usada também nas caldeiras. O que sobra fica no campo, como adubo.

47 As usinas de etanol utilizam combustíveis fósseis para funcionar? Para gerarem a própria energia, elas usam o bagaço de cana como combustível nas caldeiras. Entretanto, como toda atividade produtiva, o sistema de transportes que abastece as usinas utiliza combustíveis fósseis, como o diesel e a gasolina. Além disso, os defensivos agrícolas e adubos têm substâncias derivadas de petróleo em sua composição. Até o óleo usado nas máquinas entra na conta do balanço ambiental.

48 As usinas criam transtornos para a vizinhança? Um dos principais problemas é o odor que se espalha pelo ar, proveniente da fermentação natural do bagaço da cana e da vinhaça.

49 Quanto das emissões de gases de efeito estufa a produção de etanol poderá reduzir no futuro? Ela já reduz hoje entre 60% e 90% das emissões (dependendo da eficiência do processo de fabricação). Não há estudos que indiquem uma redução ainda maior.

IMPACTO SOCIAL

50 Há risco de que a produção de etanol prejudique a produção de alimentos no mundo? Parte da alta de preços de alimentos no mundo, no ano passado, pode ser atribuída à expansão da lavoura de milho voltada para a produção de etanol nos Estados Unidos, mas o mundo produz mais alimento do que consome. Em São Paulo a plantação de cana ocupou o espaço de pastagens, nos últimos anos, sem que a produção de carne bovina tenha diminuído.

51 Se isso acontecer, quais serão os efeitos? No Brasil, dificilmente isso ocorrerá. Dos 340 milhões de hectares disponíveis para plantio (aráveis) no país, somente 90 milhões seriam adequados à cultura de cana, que atualmente ocupa apenas 7 milhões de hectares (metade deles para a produção de açúcar). O que tem mais chance de acontecer é um deslocamento das lavouras à medida que a cana dominar os espaços antes ocupados por outras culturas. Pode haver ajustes de preços regionais por causa de mudanças na logística de abastecimento.

52 As relações de trabalho na indústria da cana-de-açúcar respeitam o trabalhador? Em geral, a realidade do cortador de cana ainda é muito difícil, com jornadas excessivas, baixa remuneração e condições sanitárias ruins.

53 O que gera mais empregos, a indústria de petróleo ou a de etanol? O etanol emprega vinte vezes mais mão-de-obra por litro produzido do que o combustível fóssil e alternativas energéticas como o hidrogênio e a eletricidade.

54 Em números absolutos, o que isso significa? São Paulo emprega 400 000 pessoas diretamente na produção do açúcar e do álcool atualmente. Mas, com o avanço das técnicas e a mecanização da lavoura, esse número pode cair à metade. Em outras regiões produtoras a tendência é a mesma, mas em ritmo menor.

ECONOMIA

55 Qual é o limite máximo da produção de etanol além do qual se pode prejudicar a disponibilidade de terras para outras culturas? Em tese, há ainda 77 milhões de hectares a ser ocupados no Brasil sem afetar o espaço dedicado a outras culturas. Atualmente, a cana-de-açúcar ocupa 7 milhões de hectares, menos do que a soja (22 milhões) e o milho (13 milhões).

56 Há no Brasil mão-de-obra qualificada para a produção de etanol em larga escala? Faltam, principalmente, profissionais de nível superior com qualificação específica, como engenheiros. Não há cálculos exatos desse déficit.

57 O Brasil compete em condições de igualdade no mercado internacional de etanol? O preço do etanol brasileiro é bastante competitivo. É até 50% mais baixo do que o do etanol de milho, o que explica o fato de o Brasil deter hoje 40% da produção mundial de etanol.

58 O Brasil subsidia os produtores de álcool? Não. Os subsídios foram pesados no passado, na primeira fase do programa do álcool, mas hoje não há nenhum subsídio aos produtores. O que existe é uma tributação diferenciada, que é maior para a gasolina do que para o etanol, por suas qualidades ambientais. A mesma política é adotada para o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o diesel.

59 Quando começou a produção a sério de etanol nos Estados Unidos? Nos últimos três anos, o governo americano passou a dar mais ênfase à produção de etanol, como alternativa à dependência de petróleo e ao aquecimento global.

TECNOLOGIA

60 Existem alternativas para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar? A principal delas é o desenvolvimento das novas tecnologias de extração de etanol das plantas. Os estudos indicam que se poderá até triplicar a quantidade de álcool se se passar a aproveitar o bagaço e as folhas da planta no processo de produção.

61 Por que o etanol produzido pelo Brasil, a partir da cana-de-açúcar, é melhor do que o produzido pelos Estados Unidos? A qualidade do produto final é igual. O que os diferencia é a produtividade. Um hectare de cana-de-açúcar produz 7 500 litros, enquanto 1 hectare de milho produz 3 000 litros.

62 O que o Brasil precisa fazer para obter e manter a liderança tecnológica? Investir pelo menos quinze vezes mais do que o atual patamar de 100 milhões de dólares por ano somente em pequisa para a obtenção da tecnologia de produção do etanol de celulose, que, além de aumentar a produtividade por hectare, possibilita a utilização de outras plantas e até mesmo de madeira.

63 O padrão técnico do etanol já faz dele um produto tão regular quanto a gasolina? Embora já se tenha avançado nesse campo, falta uma padronização mais rígida para que o etanol se torne um produto de consumo mundial e ganhe mercado.

64 Quantas variedades de cana-de-açúcar existem e qual é a mais produtiva para o etanol? São mais de 5 000 no banco de espécies para pesquisa, das quais 100 já têm uso comercial. Não existe aquela que se possa considerar a melhor. As grandes usinas chegam a trabalhar com dezenas de variedades simultaneamente, usando uma para cada espécie de solo e de topografia.

65 Quais os principais desafios do etanol? A padronização técnica, o zoneamento econômico-ecológico, em que se delimitarão as áreas de produção de forma que não afetem outras culturas nem a mata nativa da Amazônia e do cerrado, e a expansão do mercado internacional.

66 A produção de etanol por hectare plantado aumentou 40% nos últimos vinte anos. Quanto mais poderá aumentar? A perspectiva é que o melhoramento genético e a hidrólise (extração de etanol também das folhas e do bagaço) produzam ganhos de produtividade da ordem de 50%.

67 Quais são as próximas barreiras tecnológicas? O aprimoramento genético da cana e o desenvolvimento da tecnologia de lignocelulose, por meio da qual se poderá obter etanol de diversos outros tipos de plantas.

68 Quanto o Brasil está investindo em tecnologia? O Brasil investe 100 milhões de dólares por ano, enquanto os Estados Unidos investem 1,5 bilhão de dólares por ano somente em pesquisa.

69 Quanto seria o investimento ideal? O Brasil precisaria investir pelo menos quinze vezes mais do que isso para empatar com os Estados Unidos e se manter na disputa pela posição de liderança.

70 Caso os estados unidos cheguem antes ao Etanol de celulose, o Brasil estará ultrapassado? Não totalmente. Bons acordos podem garantir acesso à tecnologia. As plantas tropicais oferecem mais quantidade de biomassa do que as plantas de regiões temperadas. Até essa vantagem a natureza deu ao Brasil na corrida pelo combustível do futuro.

Alguns números do Complexo Soja

Abaixo segue uma notícia publicada na Folha de São Paulo de 16 de março contendo alguns números interessantes sobre o complexo soja:


SOJA, LÍDER EM RECEITAS DO AGRONEGÓCIO, PODE GERAR MAIS DE US$ 20 BILHÕES NO ANO

Líder nacional em receitas no setor agropecuário, o complexo soja ainda não tem números bem definidos devido à forte instabilidade de preços e a eventuais problemas de safra.

Victor Abou Nehmi Filho diz que uma estimativa conservadora indica que o setor deve render US$ 16,2 bilhões neste ano, quase US$ 5 bilhões a mais que em 2007. Mas o valor pode ser maior se ocorrer qualquer problema na safra dos EUA.

Só a partir de meados de julho será possível uma melhor avaliação da safra por lá. Qualquer problema pode gerar receitas de US$ 20 bilhões ao Brasil no período de 12 meses até julho de 2009, diz Nehmi.

José Pitoli tem números ainda maiores de receita. Na avaliação dele, a safra brasileira de soja superará 63 milhões de toneladas -até então a maior estimativa de mercado- e, com isso, o país terá mais produto para exportar. As receitas passariam de US$ 20 bilhões, diz.

Os números da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) também mostram excepcional crescimento. As exportações de soja em grão, óleo e farelo de soja devem trazer US$ 17,8 bilhões ao país no ano.

Os preços atuais do primeiro contrato de soja, negociado em Chicago, superam em 82% os de igual período do ano passado, uma evolução bem abaixo dos 160% do trigo.

O forte aumento das cotações do trigo faria o Brasil aumentar os gastos com as importações do cereal para US$ 2,1 bilhões neste ano (Folha de S.Paulo, 16/03/08)

Biodiesel - governo muda o cronograma

A cadeia do biodiesel no Brasil ainda encontra-se um pouco complicada. Tentanto arrumá-la o governo aumentou a porcentagem de adição para 3% e pretende antecipar a mistura de 5%. Na sequência encontram-se duas notícias sobre o tema. Uma foi publicada em 15 de março pelo Estado de São Paulo e a outra pelo site G1 no dia 14:

DIESEL TERÁ MISTURA DE 3% DE BIODIESEL A PARTIR DE JULHO, ANUNCIA LOBÃO

A partir de 1º de julho o Brasil usará mais biodiesel nos veículos movidos a óleo diesel. O governo decidiu ontem que no meio do ano vai aumentar dos atuais 2% para 3% o porcentual obrigatório de mistura do biodiesel. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a produção atual de biodiesel é suficiente para garantir o abastecimento.

Ele admitiu a possibilidade de elevar a mistura para 5% já em 2010, e não apenas em 2013, como estava previsto. Com o aumento para 3%, a utilização de biodiesel no País passará de 840 milhões de litros para 1,260 bilhão de litros por ano. Segundo Lobão, a capacidade instalada de produção de biodiesel é de 2,5 bilhões de litros/ano. “Todas as providências estão tomadas para que não haja problema de abastecimento.”

Com mais biodiesel, disse o ministro, o País pode reduzir a importação de petróleo, que está com a cotação cada vez mais alta no mercado internacional. A previsão é de que, com 3% de mistura, haja uma economia neste ano de US$ 700 milhões na balança comercial.

O ministro afirmou que a medida favorece o desenvolvimento da indústria nacional de bens e serviços e reduz o consumo do óleo, diminuindo as emissões de gases poluentes. “Na medida em que antecipamos a mistura, contribuímos para a saúde do meio ambiente, com geração de mais emprego, sobretudo o emprego familiar.” Cem mil famílias de agricultores estão envolvidas no projeto do biodiesel.

O ministério destaca a intenção do Brasil de continuar “sendo líder” na produção e no uso em larga escala de fontes de energia renováveis. A obrigação de misturar biodiesel ao combustível vigora desde 1º de janeiro. Cerca de 70% do biodiesel usado hoje vem da soja e o restante, de fontes como mamona, sebo bovino e girassol.

Segundo o ministério, a elevação do porcentual não exigirá alteração nos motores. Lobão disse que o governo pediu à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) que comece a estudar com rapidez a utilização da mistura de 4%. A decisão de aumentar a mistura foi tomada pelo ministro, enquanto presidente do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), e deverá ser referendada pelos integrantes da entidade (O Estado de S.Paulo, 15/03/08)


MINISTRO: ADIÇÃO DE 5% DE BIODIESEL PODE SER ANTECIPADA

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitiu hoje a possibilidade de ser antecipada de 2013 para 2010 a obrigatoriedade de mistura de 5% de biodiesel ao diesel de petróleo. O ministério informou hoje que a mistura de 3% entrará em vigor a partir de 1º de julho próximo. Hoje, o biodiesel é misturado na proporção de 2%. Com o aumento para 3%, a utilização de biodiesel, no País, subirá de 840 milhões de litros anuais para 1,260 bilhão de litros por ano.

Lobão afirmou que não haverá problema de abastecimento, já que, no Brasil, a capacidade instalada de produção de biodiesel é de 2,5 bilhões de litros por ano. "Todas as providências estão tomadas para que não haja problema de abastecimento", afirmou.

Lobão disse que o governo pediu à Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) que comece a estudar com rapidez a utilização da mistura de 4%. Se confirmada a antecipação da mistura de 5% para 2010, é provável que a mistura de 4% - por enquanto sem previsão - seja iniciada em 2009.

"Na medida em que antecipamos a mistura (de 3%), contribuímos para a saúde do meio ambiente, com geração de mais emprego no Brasil, sobretudo o emprego familiar", disse o ministro. Lobão lembrou que, com o aumento da mistura de biodiesel, o País pode reduzir a importação de petróleo. Ele informou ainda que, em abril, será feito um leilão de biodiesel (G1, 14/03/08)


sexta-feira, março 07, 2008

Pecuária Leiteira - Crescimento significativo nos próximos anos

Não só o etanol tem potencial grande de crescimento no Brasil! O artigo abaixo da Agência Estado mostra que a pecuária leiteira pode ter ganhos significativos nos próximos anos:

Produção de leite pode dobrar em 12 anos

O secretário adjunto da Secretaria de Agricultura Familiar, Argileu Martins da Silva, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, afirmou que a produção nacional de leite pode chegar a 50 bilhões de litros em 2020, volume superior aos 24,5 bilhões de litros produzidos em 2005, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ele participou ontem, na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília, da divulgação de pesquisa que avalia o cenário do setor leiteiro nos próximos 12 anos. No cenário ''desejado'' pelo secretário, o consumo per capita no País será de 190 quilos por ano, contra 138 quilos em 2005. ''A renda da população está crescendo'', disse.

As exportações passarão dos atuais 600 milhões de litros para 10 bilhões de litros. Martins da Silva lembrou que recursos oficiais, seguro de preço e difusão da tecnologia determinarão o aumento da produção. O governo prevê a liberação de R$ 12 bilhões em recursos para a agricultura familiar na safra 2007/08, sendo que entre R$ 4 e R$ 5 bilhões serão alocados para programas de investimento. ''Cerca de 60% do total de investimento irá para o leite'', disse.

Ele contou que o ministério está capacitando técnicos dos órgãos estaduais de extensão rural para difusão de tecnologia para produção de leite. Cinquenta profissionais estão sendo treinados em cada Estado. ''A tecnologia precisa chegar a todos'', disse.

O diretor-executivo do Agripoint, Marcelo Pereira de Carvalho, disse que a produtividade da pecuária leiteira é de 1.200 quilos por hectare por ano, mas que as tecnologias disponíveis permitem elevar o rendimento para 15 mil quilos. A produtividade atual foi calculada pelo IBGE.

O estudo foi encomendado pelo Sebrae, pelo ministério, pela OCB e pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios (CBCL). A pesquisa foi feita entre abril e julho do ano passado e por isso não foi possível diagnosticar queda na demanda interna por leite devido às denúncias de mistura irregular de soda cáustica e água oxigenada ao produto, disse Carvalho.

A Agripoint traçou quatro cenários para o setor leiteiro em 2020. De acordo com ele, há uma forte indicação de consolidação de mercado, o que significa que os grandes produtores tendem a ficar maiores e que o número de laticínios irá cair. O ministério estima que há cerca de 1,6 milhão de produtores de leite no País. Eles respondem por 52% do Valor Bruto da Produção (VBP) do setor leiteiro, disse o secretário. Segundo fontes da indústria, hoje 42% da produção está nas mãos de 14 laticínios.

quinta-feira, março 06, 2008

Aumenta movimento de biocombustíveis em porto europeu

A notícia abaixo foi encontrada na Agência Estado e mostra o aumento considerável de movimentação de biocombustíveis no porto de Roterdã, o mais importante da Europa.

Isto é sinal do aumento da importância dos biocombustíveis no mercado europeu.

Porto de Roterdã dobra movimento de biocombustíveis

Londres, 06 - A quantidade de biocombustível transportada pelo porto de Roterdã, na Holanda, o mais importante da Europa, dobrou em 2007, e deve aumentar ainda mais no futuro, segundo dados divulgados pelo porto. "A autoridade portuária prevê uma expansão ainda maior do mercado", afirmou o porto em um comunicado.

A movimentação de etanol e biodiesel no ano passado somou 2,7 milhões de toneladas, contra 1,35 milhão de toneladas em 2006. O volume de biodiesel cresceu para 1,1 milhão de toneladas em 2007, de apenas 250 mil toneladas em 2006. O movimento de etanol subiu para 1,6 milhão de toneladas, ante 1,1 milhão no ano anterior.

Além disso, o número de países envolvidos no comércio de importação e exportação mais que dobrou em um período de dois anos, totalizando 20. Uma fábrica de biocombustível está sendo construída em Roterdã, e terá uma capacidade anual de produção de mais de 3 milhões de toneladas.

O Brasil foi responsável por cerca de 40% do etanol importado através do porto, especialmente no final do ano, quando o aumento dos custos de matérias-primas, principalmente o trigo, prejudicou a produção de etanol na Europa. A Suécia foi o destino final para cerca de 40% do etanol, e o Reino Unido o destino para aproximadamente 15%.

As importações de biodiesel dos Estados Unidos através de Roterdã somaram 400 mil toneladas, enquanto as importações do Reino Unido e da Alemanha alcançaram 60 mil toneladas cada.

Cerca de um terço das exportações foi para os Estados Unidos, enquanto cerca de 50 mil toneladas foram para Espanha, França e Látvia.

Na Alemanha, maior produtor mundial de biodiesel, as fábricas estão atualmente operando a 10% da capacidade, de acordo com um comunicado divulgado hoje pela Home Grown Cereals Authority (HCGA). Isso deve-se aos preços elevados das matérias-primas e à introdução de um aumento gradual da tarifa de biodiesel no país. As informações são da Dow Jones.