quarta-feira, abril 25, 2007

Seminário - Perspectivas do Agronegócio

Participei ontem em SP do seminário Perspectivas do Agronegócio 2007-08 promovido pela BM&F. A programação foi muito interessante e espero em breve poder comentar algumas palestras que assisti.

A programação pode ser encontrada em http://www.bmf.com.br/portal/pages/imprensa1/destaques/2007/abril/SeminarioAgribusines2007.asp
e consistiu de palestras gerais no período da manhã e paineis simultaneos para as cadeias produtivas durante a tarde.

As apresentações do evento estão disponíveis em: http://www.bmf.com.br/portal/pages/imprensa1/destaques/2007/abril/destaque_apresentacoes_Seminario.asp
Foi um excelente evento com a presença de muitos especialistas do setor.

segunda-feira, abril 23, 2007

Biodiesel e a Economia Solidária no RJ

Muito interesse a notícia abaixo publicado no site www.agrobrasil.com.br elaborada pela Agência Brasil, onde o biodiesel começa a se integrar à economia solidária e ajuda a aumentar a vida útil dos aterros sanitários:

REFINARIA VAI USAR ÓLEO DE COZINHA COLETADO POR CATADORES NO RIO PARA PRODUZIR BIODIESEL

Cerca de 4,5 milhões de litros de óleo de cozinha usado deverão ser aproveitados na produção de biodiesel anualmente no estado do Rio de Janeiro. Um programa lançado nesta sexta-feira (20) pela Refinaria de Manguinhos (privada) e pela Secretaria Estadual do Ambiente, prevê a coleta desse tipo de óleo junto a mais de 20 cooperativas de catadores de material reciclado para a produção de biocombustível.

O óleo será recolhido de restaurantes, hotéis e condomínios residenciais e será encaminhado a Manguinhos, que pagará entre R$ 0,40 e R$ 0,60 por litro, dependendo da qualidade de produto. Para o vice-presidente da Federação das Cooperativas de Catadores, Jorge Nunes, essa é mais uma alternativa de renda para os catadores.

“Todas as cooperativas que coletam material reciclável hoje tem mais uma opção de coleta seletiva, que é o óleo reaproveitável. Com isso, as pessoas têm mais um item para emprego e renda”, destacou Nunes.

Segundo o diretor industrial de Manguinhos, Fernando César Barbosa, a idéia é misturar 10% do óleo de cozinha a 90% de óleo virgem, produzido a partir de vegetais como soja, mamona e girassol para produzir biodiesel na usina de biocombustíveis que será inaugurada em maio na Refinaria. Com isso, os 4,5 milhões de litros de óleo de cozinha deverão resultar na produção de 45 milhões de litros de biodiesel.

“O primeiro foco é social: vamos inserir novos catadores no circuito do biodiesel e eles vão receber para isso. O segundo foco é energético: vamos utilizar um produto que iria poluir em rios e lagoas em energia. E o terceiro é a questão ambiental, que é muito forte, porque vamos diminuindo o custo de tratamento de água da Companhia de Águas (Cedae)”, afirmou Barbosa.

De acordo com a Secretaria Estadual do Ambiente, essa é a primeira usina de biodiesel a operar no estado do Rio de Janeiro e a primeira, do Brasil, a utilizar óleo usado de cozinha na produção de biodiesel. O secretário Carlos Minc afirmou que o governo estadual quer incentivar a produção e utilização do biodiesel no estado.

“Já detectamos quatro áreas boas, no estado, para plantio de mamona, girassol e pinhão-manso [oleaginosas usadas na produção do biodiesel]. Outro ponto é que estamos em conversações com a Secretaria de Transportes e a Fetranspor [Federação de Empresas de Transportes de Passageiros do Estado] para ter uma mistura de 5% de biodiesel ao diesel dos ônibus e caminhões. O objetivo é o Rio sair na frente e ser a capital da ecologia”, disse Minc.

A legislação federal prevê que, a partir de janeiro de 2008, todo óleo diesel vendido em território nacional tenha a adição de 2% de biodiesel, que é um biocombustível obtido a partir da reação de óleos vegetais com uma pequena porcentagem de álcool (Agência Brasil, 21/4/07)

Todos querem nosso etanol. Até as bolsas de mercadorias!

Em nota publicada na Edição 891 de 25 de abril da Revista Exame verificamos o enorme interesse que o etanol está causando nas bolsas de mercadorias e futuros pelo mundo afora:

AS BOLSAS QUEREM O ETANOL

Há uma disputa hoje entre algumas das principais bolsas de mercadorias do mundo para ver quem vai se firmar como referência para os negócios internacionais com o etanol, que devem movimentar alguns bilhões de dólares nos próximos anos. Manoel Felix Cintra Neto, presidente da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) de São Paulo, insiste na idéia de que os negócios devem ficar no Brasil. Afinal, o país é pioneiro no desenvolvimento do combustível e seu maior exportador. Para completar, a BM&F já tem experiência com contratos de álcool voltados para o mercado local.

Joe O’Neill, vice-presidente da Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nybot) para a área de açúcar, tem feito o mesmo tipo de campanha. Ele argumenta que a Nybot é a mais importante bolsa de açúcar do mundo e que deveria ser a referência também no etanol. A bolsa de Londres também disputa o posto.

sábado, abril 21, 2007

Biodiesel nas alturas?

O pai do biodiesel brasileiro, Expedito Parente, fechou acordo com a Boeing e a Nasa para desenvolver o bioquerosene de aviação. A reportagem completa pode ser encontrada na revista Isto É Dinheiro desta semana (http://www.terra.com.br/istoedinheiro/500/negocios/o_pai_do_biodiesel_decola.htm)

A agricultura e as mudanças globais

Em um editorial publicado no jornal "O Estado de São Paulo" e distribuido pelo clipping do site BrasilAgro, o pesquisador da Embrapa Evaristo Miranda comenta as soluções que agricultura pode fornecer às mudanças globais.


MUDANÇAS GLOBAIS: AS SOLUÇÕES DA AGRICULTURA
Evaristo Eduardo de Miranda

Em tempos de efeito estufa e mudanças globais, duas preocupações mobilizam a opinião pública: como reduzir emissões e como retirar o “excesso” de gás carbônico da atmosfera. As soluções de grande magnitude estão na intensificação da agricultura brasileira.

A primeira delas é a cana de açúcar, cuja área já ultrapassa 5 milhões de hectares. Ela retira da atmosfera mais de 50 toneladas de carbono por hectare em sua massa verde, enquanto culturas anuais e pastagens mobilizam, em geral, menos de 5 toneladas de carbono/ha. Quando substituídas pela cana, o carbono retirado da atmosfera para o ciclo agrícola é enorme. Estudo da Embrapa aponta para retirada de milhões de toneladas de carbono da atmosfera, incorporado na vegetação só pela expansão territorial da cana. Um anti-efeito estufa.

E cana também produz etanol, um combustível renovável que substitui a gasolina e reduz a emissão de carbono proveniente do uso dos combustíveis fósseis. Além disso, muitas usinas utilizam suas caldeiras para gerar energia elétrica. A co-geração produz créditos de carbono e mais de 500 MW. Essa bioeletricidade entra na rede no período seco, quando rios têm menos água e termelétricas são mais solicitadas, reduzindo a queima do gás fóssil da Bolívia. Essa bioenergia já atende 14,4% da demanda do país, a custos competitivos e pode ser ampliada.

Finalmente, a química derivada da cana, e não do petróleo, cresce no Brasil. Muitas unidades já produzem plásticos biodegradáveis a partir do álcool, como o PHB (polihidroxibutirato). A alcoolquímica substituirá no futuro o polietileno, o polipropileno e o isopor na fabricação de objetos pela indústria alimentar, cosmética, farmacêutica e até na construção civil. Nesta fase de expansão do cultivo, é fundamental não expandir com práticas do Neolítico, como o uso do fogo na colheita da cana. Toda área de expansão deveria ser de colheita sem queima.

A segunda grande contribuição está no cultivo de florestas: quase 5 milhões de hectares. As florestas energéticas produzem carvão vegetal, fundamental na siderurgia. Cerca de 80% do carvão vegetal do Brasil tem hoje origem em reflorestamentos, evitando o desmate. Também produzem lenha para as padarias cozerem o pão nosso de cada dia, para pizzarias e outros fornos como os de cerâmicas e olarias. Tudo energia renovável: ao retirar o carbono do ar, a árvore armazena a energia solar. Cortadas, as árvores voltam a crescer e retiram o carbono lançado pela queima da lenha e do carvão.

Outros reflorestamentos garantem a produção de papel e celulose: mais de 6 milhões de toneladas/ano. Quem compra livros, amplia bibliotecas ou arquivos, além de informação, armazena carbono. Sempre retirado da atmosfera. E nisso, a floresta mais eficiente é a madeireira. Além de reduzir o desmatamento, plantar e produzir madeira ajuda a armazenar muito carbono em vigas e pilares, móveis e utensílios, portas e janelas... E por muito tempo. Por fim, vem o plantio de matas nativas. Nas áreas de agricultura moderna está a maior a taxa de recuperação de matas ciliares e de encostas. O respeito das áreas de preservação permanente (APPs) é regra na implantação da agricultura moderna, mecanizada, mas isso não basta. A recomposição da vegetação nativa está ao alcance dos agentes do agronegócio. Ao plantar mudas na mata ciliar, ao controlar o fogo e a caça, eles ampliariam a diversidade de habitats para a fauna, enriqueceriam a biodiversidade com espécies nativas e acelerariam um processo muito longo, se deixado “a cargo da natureza”. Essa dinâmica retira, silenciosamente, muito carbono da atmosfera. Sem falar da recomposição de reservas florestais, até para obter créditos de carbono pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

A terceira contribuição agrícola está na substituição de derivados de petróleo através do Biodiesel, H-Diesel e Diesel Verde. Óleos vegetais, são incorporados ao diesel, substituindo uma parcela desse combustível fóssil. Na safra 2006, o Brasil produziu 5,5 milhões de toneladas de óleo de soja, sendo 2,3 milhões exportados. Em 2007, com safra maior, parte do excedente de óleo de soja será absorvido na produção de Biodiesel (cerca de 0,35 milhões de toneladas). O Brasil deixará de importar 2,4 bilhões de litros de diesel/ano quando da implementação da mistura de 5%. O H-Diesel, obtido a partir de sementes de soja, mamona e palma, também reduzirá a dependência brasileira do diesel mineral importado em 2,5 a 3 milhões de litros/dia, o que equivaleria a cerca de 1 milhão de toneladas de óleo. A Embrapa desenvolveu pequenas máquinas para transformar óleos vegetais em Diesel Verde, na propriedade rural e para uso do agricultor. Ao exportar mais óleos vegetais para o biodiesel da Europa, nossa agricultura dá uma ajuda à redução dos gases de efeito estufa do planeta.

A quarta contribuição está na evolução das técnicas agrícolas. A maior queima de combustível fóssil na agricultura convencional ocorre na aração: 40 a 50% das emissões. O plantio direto, sem aração, reduz nessas emissões, evita a erosão, acumula carbono no húmus do solo e prolonga a vida dos tratores. Desenvolvido no Brasil, ele já é praticado em cerca de 25 milhões de hectares. Quem colhe cana sem queimada, reduz o uso de herbicidas. Adubos verdes e inoculação de bactérias fixadoras de nitrogênio no solo reduzem o uso de adubos químicos, assim como o controle integrado de pragas o de pesticidas, todos insumos derivados do petróleo. As vias da pesquisa agropecuária para aumentar a eficiência energética vão desde novos de feijões de cozimento mais rápido às técnicas para eliminar o uso do fogo na agricultura. A agricultura moderna reduziu em 50% as queimadas em áreas do Mato Grosso, Maranhão e Goiás.

A quinta contribuição está no ganhos de produtividade com biotecnologia. O milho de hoje contém mais carbono por hectare do que o de dez anos atrás. Isso vale para muitas culturas. Melhoramento e transgenia geram plantas resistentes a pragas e doenças, mais adaptadas ao meio ambiente e menos consumidoras de insumos derivados do petróleo. Toda vez que substitui-se derivados fósseis (petróleo, gás natural e carvão) por energia recém-fixada da radiação solar através da fotossíntese, deixa-se de emitir carbono adicional: uma economia líquida.

A Embrapa Monitoramento por Satélite está empenhada num grande projeto de mapear e quantificar as complexas retiradas, estocagens e emissões de carbono atmosférico pela agricultura brasileira. Se a agricultura ainda emite gases de efeito estufa, sobretudo em regiões pioneiras, primitivas e pouco tecnificadas, nas terras do agronegócio ela é muito mais solução do que preocupação quando o assunto é mudanças globais.

Evaristo Eduardo de Miranda é doutor em ecologia, Chefe Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite (mir@cnpm.embrapa.br)

Agronegócio bizarro parte III

Mais uma aplicação que podemos considerar um pouco bizarra do agronegócio. O texto foi publicado pela agência Reuters em seu site.

ESTERCO AJUDA A FAZER ETANOL COM MADEIRA

Fungo nos dejetos de elefantes processa fibras e outros materiais. Tecnologia começará a ser aplicada na Holanda em 2009.Cientistas na Holanda descobriram um fungo no esterco de elefantes que os ajudará a decompor fibras e madeira em biocombustível.

Empresas de etanol atualmente extraem açúcares de produtos como grãos e beterraba, porém algumas delas tentam tirar energia de fibras como farelo de trigo, palha ou madeira.

Cientistas a serviço da Royal Nedalco, da Universidade de Tecnologia de Delft e da companhia Bird Engineering descobriram um fungo no esterco de elefante que os ajudou a produzir uma levedura eficiente na fermentação de açúcares de madeira.

"Realmente vemos isso como uma ruptura técnica", disse o gerente de desenvolvimento de negócios, Mark Woldberg, da Royal Nedalco, fabricante holandesa de álcool, durante uma conferência de biocombustíveis na quarta-feira (18).

A produção baseada no novo método deve começar em 2009 na usina da companhia em Sas van Gent. Mas ainda pode demorar para que as novas matérias-primas tornem-se comercialmente viáveis. "Para resíduos de trigo, acreditamos que seremos competitivos em pouco tempo, em cinco anos", disse Woldberg. "Converter madeira em etanol ainda levará algum tempo." (Reuters, 18/4/07)

sexta-feira, abril 20, 2007

Brasil - Celeiro de Alimentos e Bioenergia

Uma notícia publicada no Valor Econômico de hoje (20 de abril) mostra todo o potencial da agricultura brasileira.

COM TERRAS DISPONÍVEIS, BRASIL É "CELEIRO" PARA ALIMENTOS E BIOENERGIA

Nos 14 países de maior área agrícola no mundo, 49% das terras agricultáveis ainda estão disponíveis para plantio. Poucos, contudo, têm potencial para expandir fortemente o cultivo de grãos, de forma que a oferta possa atender à simultânea - e crescente - demanda das áreas de alimentos e biocombustíveis. Esta é a principal conclusão de um estudo, recém-concluído, do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa), vinculado à Fundação Instituto de Administração (FIA/USP). O estudo é baseado em dados da FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura.

Segundo o levantamento, de 1,862 bilhão de hectares de terras aráveis distribuídas em países como Brasil, EUA, Rússia, Índia, China, além da União Européia, 917,7 milhões não são aproveitados para produção agrícola. O problema, aponta Marcos Fava Neves, coordenador do Pensa, é que nas regiões onde os planos de expansão do plantio para atender ao setor de biocombustíveis são mais ousados não há área disponível em amplitude suficiente. Exceto no Brasil.

Na União Européia, a meta é adotar uma mistura de 5,75% de etanol na gasolina a partir de 2010, e o mesmo percentual para a mistura de biodiesel no diesel. Em 2020, os índices serão elevados para 10%. Para atender a essas demandas obrigatórias, o bloco terá que reservar, em 2010, 22,7% de sua área agricultável para produzir grãos destinados a biocombustíveis. Em 2020, a área para agroenergia terá de ocupar 38,4% das lavouras européias para atender à demanda doméstica.

Atualmente, a UE cultiva 102,9 milhões de hectares e tem 16,3 milhões de hectares disponíveis, ou 15,8% da área total agricultável - suficiente para atender à primeira fase de expansão, mas não a segunda. "Hoje a Europa já não tem área disponível para fazer essa ampliação. Muito se fala na Rússia, que conta ainda com mais de 87 milhões de hectares disponíveis, mas há uma grande restrição climática e problemas fitossanitários sérios no país", disse Fava Neves durante seminário realizado em São Paulo.

Estudo realizado pela RC Consultores com base em dados da FAO revela que, até 2013, a União Européia terá uma demanda obrigatória de 18,4 bilhões de litros de biodiesel para consumo interno por ano, mas terá capacidade para produzir apenas 6,3 bilhões. A Europa já é grande importadora de óleo de palma da Malásia para a produção de biodiesel, o que, associado ao plano do país de produzir 5 bilhões de litros ao ano para uso próprio, tem levado os preços da commodity a recordes históricos. "Na Índia e na Malásia não há área para expansão agrícola. Na China, eles enfrentam um sério problema com a falta de água, e na Austrália tem a seca. Restam os países da África, que têm políticas complicadas, e o Brasil", afirmou Fava.

Ainda conforme a RC, Europa, EUA e Brasil demandarão juntos, em 2010, 11 bilhões de litros de biodiesel por ano, o que equivale a uma produção de soja de 61,1 milhões de toneladas ou uma área próxima a 22 milhões de hectares. Nos EUA, a meta é elevar o consumo de biocombustíveis, até 2012, dos atuais 4,7 bilhões de galões (17,8 bilhões de litros) para 35 bilhões, ou 132 bilhões de litros - sendo que 90% desse volume será de etanol. "Os EUA vão precisar ampliar a área plantada com milho em 145% [46,11 milhões de hectares adicionais] para garantir esse volume e eles não têm terras apropriadas em disponibilidade para isso", acrescentou Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone). Ele observa, no entanto, que o país tem restrições climáticas para essa ampliação.

A RC indica que a demanda extra de etanol pelos principais países consumidores de combustíveis fósseis deve chegar a 44,3 bilhões de litros por ano em cinco anos - 7,4 bilhões de litros na UE, 4,5 bilhões na China e 30 bilhões nos EUA. Hoje, o consumo global é de 55 bilhões de litros por ano. "Poucos países têm condições de oferecer produção de grãos e cana suficiente para atender aos mercados de alimentos e energia. O Brasil é um deles, basta fazer um bom planejamento dessa expansão", afirmou Fava Neves.

Na área de alimentação, a FAO estima que, até 2020, a população global passará de 6,2 bilhões de pessoas para 8,3 bilhões e, com esse crescimento, a demanda por alimentos se expandirá de 2,45 bilhões de toneladas de alimentos, para 3,97 bilhões. Isso significa que será necessário dobrar a produção agrícola mundial em 13 anos. "Os países terão que reavaliar as áreas utilizadas na produção e investir em produtividade, para evitar forte pressão de demanda", alerta Tito Díaz, diretor de produção animal e saúde da FAO.

terça-feira, abril 17, 2007

Pecuária x Cana

A expansão da lavoura canavieira na região Oeste do Estado de São Paulo e em outras regiões tradicionais na pecuária de carne e de leite, está levantando grandes discussões sobre a permanência ou não dos pecuaristas na operação ou começar a cultivar cana em áreas anteriormente destinadas Às pastagens?

Para ajudar os pecuaristas em sua tomada de decisão, inúmeros pesquisadores têm trabalhado no tema. Um artigo publicado na revista LeiteDPA nº 71 de janeiro de 2007 de autoria de Luiz Gustavo Nussio da ESALQ discute este tema.

A primeira questão levantada é compreender as perspectivas positivas do setor canavieiro e o risco de descaracterização da atividade atual, baseada em sistemas de produção extensiva e de baixa rentabilidade, porém de pequeno risco e conseqüentemente pouco competitiva.

Como o mercado do leite é regulado pelo mercado, cabe ao produtor tomar as decisões dentro da porteira para manter-se competitivo, e a cana podem trazer receitas adicionais, mesmo diante de sua ameaça à atividade pecuária leiteira.

O autor descreve 4 possíveis cenários baseados em manejo intensivo de pastagens no verão e suplementação no inverno com fontes originadas da indústria sucroalcooleira:

a) utilizar no inverno a cana produzida utilizando-se as mesmas técnicas de produção que às das usinas, aumentando assim a produtividade e reduzindo o custo;

b) em áreas de colheita mecanizada, utilizar as pontas das canas para alimentação, porém é necessário maior investimento em pesquisa no sentido de reavaliar a importância nutricional das ponteiras;

c) Utilizar-se dos subprodutos diretos e indiretos como levedura, melaço e bagaço além de se utilizar áreas de reforma com produção de grãos ou oleaginosa a serem utilizadas como ingredientes da ração animal e

d) Uma integração de cana com pecuária utilizando-se de pastagens sob manejo intensivo no verão e suplementação com rações com cana e subprodutos tem conseguido excelentes resultados com rentabilidade aumentada em mais de 100% aos sistemas tradicionais semi-intensivo.

Portanto, a estratégia de conciliação pecuária-cana mostra-se muito promissora com grandes rentabilidades, modificando um pouco a visão bucólica da produção leiteira.

O exemplo a seguir de um produtor de Ituiutaba – MG mostra esta conciliação segundo dados do Sebrae e DPA-Nestlé :


Como resumo podemos citar os seguintes aspectos:

A rápida ocupação de áreas tradicionais da pecuária por cana-de-açúcar tem causado agitação nos pecuaristas;

Existem possibilidades de transformar o receio da vinda da cana em oportunidade real de crescimento da receita da propriedade;

A pressão exercida pela ocupação da cana tem siso motivadora da implementação de programas de gestão e intensificação da pecuária local;

A análise da mudança da estrutura fundiária deve ser analisada com serenidade e positivismo;

A fazenda que souber aproveitar a expansão da cana poderá desfrutar de maior rentabilidade e de uma pecuária modernizada.

quarta-feira, abril 04, 2007

Qual modelo de agricultura o Brasil deve desenvolver?

Na segunda-feira passada (02/04) participei do 1º Seminário GAtec de Gestão Econômica no Agronegócio promovido pela GAtec empresa de software de gestão agroindustrial realizado em SP.

Dentre várias palestras interessantes, uma delas tocou em um assunto que ainda não tinha pensado. O pesquisador José Sidnei Gonçalves do Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo dividiu a agricultura em dois modelos. O primeiro ele chamou de modelo Texano de agricultura que é a agricultura de grande escala com baixa mão-de-obra utilizada por área, como por exemplo, grãos, cana, bovinocultura, entre outros que é altamente desenvolvida no Brasil.

O outro modelo foi classificado por ele como sendo o modelo Californiano que é a produção basicamente de frutas e vegetais com alto valor agregado que aplica mão-de-obra intensiva e muitas atividades de agregação de valor antes da venda do produto.
O pesquisador acredita que o Brasil deve ajudar o desenvolvimento desta agricultura californiana pois existe grandes quantidades de mão-de-obra disponiveis, além de muito sol, terra e água. Ele acredita também que os dois modelos podem co-existir pois a agricultura brasileira é muito grande.

Também tenho as mesmas idéias e a produção agrícola de alto valor agregado pode ainda trazer muita riqueza ao nosso país, somadas às trazidas pelas culturas de grãos, cana e carne melhorarão em muito a qualidade de vida do povo brasileiro.

Observe a tabela abaixo e veja a importância da agricultura californiana com base no Censo da Agricultura de 2002 do USDA.