sexta-feira, setembro 07, 2007

Boa aplicação de resíduos da casca de coco

Não só na bioenergia os nossos resíduos agrícolas são aproveitados. Um exemplo muito interessante é o artigo abaixo publicado no Suplemento Agrícola do jornal O Estado de São Paulo na última quarta-feira:

Casca de coco verde vira insumo ecológico no campo

Fibras do resíduo orgânico, de difícil degradação, têm sido usadas em substituição à terra nos cultivos

O aproveitamento de lixo orgânico, como cascas de coco verde e seco e de arroz e bagaço de cana, representa uma economia de milhões de reais e contribui para reduzir a poluição. O mercado brasileiro de água-de-coco, com crescimento estimado em 20% ao ano, produz 6,7 milhões de toneladas casca de coco verde/ano, calculadas com base em 90 mil hectares cultivados com a fruta no País. Segundo o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Fred Carvalho, 70% do lixo produzido no litoral dos grandes centros é composto por cascas de coco, de difícil degradação.

SUBSTRATO

Em Holambra (SP), vários produtores já utilizam a fibra de coco seco como substrato para o cultivo de flores e hortaliças, em substituição à terra nos vasos. O Sítio Pedra Branca começou o cultivo de gérberas em 2002, inicialmente em outro substrato e apenas uma pequena área em fibra de coco, como teste. 'Soubemos que a fibra já era usada até na Europa, com bons resultados', diz o chefe de Produção do sítio, Bernardo Krabbenborg.

'O resultado foi tão bom que passamos a usar a fibra do coco seco em toda a área de gérberas', diz, e aponta vantagens: facilidade de manejo da cultura e de drenagem, evitando o encharcamento das raízes.

Pelo fato de o substrato de coco seco proporcionar boa drenagem nos vasos, Krabbenborg diz que divide a água em várias regas por dia. Das 8 da manhã e de hora em hora, até as 15 horas, ele fornece 3 minutos de água ou cerca de 50 mililitros por rega. 'Toda a água usada na rega tem fertilizante.' Atualmente, o sítio tem 1,5 hectare de estufa com gérbera em vasos, ou 90 mil plantas.

MORANGO E HORTALIÇAS

As 45 estufas de mudas de hortaliças e de morango - 6 mil metros quadrados de cada - do Sítio Santa Maria, em Itatiba (SP), são cultivadas em substrato de coco seco há quatro anos. Há 18 anos, José Luis Batistela (Juca), dono do sítio, produz mudas em estufa, inicialmente em substrato de casca de pinus ou de arroz com turfa e vermiculita. 'Essa mistura dava muita variação, então substituímos pelo substrato de coco seco, que garante uniformidade das mudas e é de fácil manejo.'

Segundo Juca, a irrigação, manual, é feita três vezes ao dia, e a fertirrigação, em dias alternados, substituindo uma das irrigações diárias. As mudas recebem os nutrientes por fertirrigação, à base de NPK e minerais.

A produção exige muita mão-de-obra. Ao todo, são 22 empregados nas estufas, além de familiares. 'A semeadura é diária, à medida que uma produção é vendida, vamos semeando outra.' As mudas são vendidas na região, por encomenda. São 1,8 milhão de mudas de morango/safra e cerca de 2 milhões de mudas de hortaliças/mês.

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