sexta-feira, agosto 31, 2007

Apliando o portfolio de plásticos verdes

Depois de anunciar o polietileno feito a partir do etanol, a Braskem busca novos plásticos de origem sustentável, veja notícia abaixo retirada do Valor Econômico de 29 de agosto:

BRASKEM AMPLIARÁ OFERTA DE "RESINA VERDE" COM PROPENO A BASE DE ETANOL

Depois de anunciar o início da produção em escala piloto de eteno e polietileno a partir de etanol de cana-de-açúcar, a Braskem já se prepara para ampliar o portfólio de resinas petroquímicas "verdes". A empresa está pesquisando tecnologias para utilizar a matéria-prima renovável na fabricação de propeno e polipropileno, empregado pelas indústrias de autopeças e embalagens plásticas rígidas, por exemplo. Segundo o presidente da companhia, José Carlos Grubisich, o desafio é produzir propeno e polipropileno "verdes" com a mesma competitividade alcançada na cadeia eteno/polietileno.

De acordo com o responsável pela área de biopolímeros, Antonio Morschbacker, a decisão sobre a construção da unidade piloto para a nova linha será tomada em um ano. Se for confirmada, a implantação da unidade levaria mais seis meses. A Braskem será a primeira empresa no mundo a produzir o polipropileno "verde" e espera obter um prêmio sobre os preços da resina convencional, derivada do petróleo ou gás, superior à média de 30% esperada no caso do polietileno, disse o diretor de tecnologia e inovação, Luís Fernando Cassinelli. Conforme o executivo, as novas resinas deverão ser procuradas por fabricantes de produtos de maior valor agregado, como cosméticos, alimentos especiais, autopeças e móveis. O desenvolvimento do eteno e do polietileno derivados do etanol exigiu investimentos de US$ 5 milhões (mesmo valor previsto para o propeno/polipropileno) no centro de tecnologia e inovação em Triunfo e a produção em escala comercial iniciará no fim de 2009.

Segundo Grubisich, a Braskem vai construir uma unidade com capacidade para 200 mil toneladas anuais de cada um dos produtos, com aportes entre US$ 100 milhões e US$ 120 milhões. A localização da nova unidade será definida até o fim deste ano. A proximidade das plantações de cana-de-açúcar é um dos critérios de escolha, mas os pólos de Triunfo (RS) e Camaçari (BA) estão no páreo porque já produzem polietileno e porque em Paulínia (SP) a Braskem está investindo no aumento da capacidade de polipropileno, explicou Grubisich. No anos 80 a Salgema, desativada em 1992, chegou a produzir polietileno a partir do álcool em Alagoas, mas o processo foi abandonado devido à queda dos preços do petróleo. Conforme Cassinelli, as resinas "verdes" têm apelo tanto no mercado interno quanto no externo, especialmente em países como Alemanha, Japão e Estados Unidos, onde os produtos originados de matérias-primas renováveis são mais procurados.

A produção de 200 mil toneladas por ano dos novos produtos implicará no consumo de cerca de 500 milhões de litros de álcool, o que significa a captura de 620 milhões a 630 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, disse o diretor. Grubisich visitou Triunfo para comemorar o quinto aniversário do centro de tecnologia da empresa, onde recebeu a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB). O centro também está desenvolvendo pesquisas em nanotecnologia para colocar no mercado, em até um ano e meio, resinas com características diferenciadas, como maior resistência e menor peso. O presidente da companhia disse ainda que pretende concluir o fechamento de capital da Copesul, incorporada como parte da aquisição dos ativos do grupo Ipiranga, até o fim de setembro.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Utilização do CO2 da fermentação etílica - um novo modelo de negócio

Muito interessante o modelo de negócio proposto por empresário do Paraná com relação ao aproveitamento do CO2 da fermentação etílica. A notícia foi publicada no Valor Econômico e encontrada no site do IDEA News:

EMPRESA APROVEITA CO2 DO ÁLCOOL E ATRAI INVESTIDOR

Uma empresa novata do Paraná está atraindo a atenção de investidores externos pelo ineditismo de sua operação. Instalada há três anos em São Carlos do Ivaí, no norte do Estado, ela utiliza o CO2 liberado na produção do álcool para fabricar bicarbonato de sódio.

Sem equivalente no mundo, o projeto industrial estudado há dez anos e desenvolvido pela Raudi, do empresário paulista Ricardo Audi, fechou neste mês contrato com o ABN AMRO de Londres para a venda de futuros créditos de carbono. Até 2012, a empresa, que prevê fechar 2007 com faturamento de R$ 36 milhões, deverá engordar o caixa com pouco mais de R$ 1 milhão.

A operação com o banco só foi possível porque a empresa criou uma forma limpa de produzir bicarbonato de sódio, a resposta química para a mistura de CO2, água, vapor e outros componentes.

Convencionalmente, o CO2 é obtido através da queima de combustíveis fósseis - que poluem o ambiente. O que a Raudi fez foi capturar o gás liberado no processo de fermentação do álcool e pelas caldeiras e transportá-lo para a fábrica. Em vez de "fabricar" o CO2, aproveitou aquele que seria, de qualquer forma, jogado na atmosfera. No jargão industrial, a Raudi encontrou uma nova "rota" de produção. "O CO2 é um subproduto da cana ainda muito desperdiçado", diz Audi.

O negócio começou a sair do papel em 2002, quando a empresa fincou pé no terreno de 60 mil metros cedido pela Coopcana, a Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana. A produção começou dois anos depois.

Da usina da cooperativa, que estima produzir nesta safra 150 milhões de litros de álcool (um volume considerável para o mercado), saem três dutos. Um com água, outro com vapor e um terceiro com CO2. De modo geral, 150 milhões de litros de álcool liberam 120 mil toneladas de CO2. Com isso, é possível produzir 120 mil toneladas de sais por ano.

"Hoje, trabalhamos só com 30 mil toneladas do CO2 gerado. Mas estamos crescendo. Em 2011, a expectativa é aproveitar 50%", afirma Audi. Sem citar números, ele lembra que todo o investimento realizado em pesquisa e na fábrica são próprios.

Após estudar vários segmentos, o empresário viu no setor sucroalcooleiro a oportunidade de agregar maior valor a um produto. "Para cada 100 toneladas de cana, 93 são jogadas fora. É o campeão em subprodutos", diz ele. Dois chamaram especialmente a sua atenção: biomassa (palha e bagaço de cana) e CO2.

Mas o bicarbonato de sódio "verde" foi também uma oportunidade de mercado. Utilizado em uma gama sem fim de produtos - de pasta de dente, alimentos e ração a fármacos -, o bicarbonato é altamente consumido no país. Sinal disso é que, apesar da pequena produção, a Raudi tem um portólio de 650 clientes como nomes como Sadia, Perdigão, Bertin, J. Macedo, diz Audi.

Além do bicarbonato, a empresa também produz cloreto de amônio e bicarbonato de amônio. Com a receita dos créditos de carbono, espera crescer e diversificar. Em 2008, deverão ser lançadas a produção de carbonato de cálcio - utilizado em papel, por exemplo - e soda cáustica.

A metodologia para obter os créditos de carbono, aprovada pela ONU, foi desenvolvida pelo filho, Ricardo Audi Junior. "Estamos mostrando para o mundo químico que é possível fazer isso de forma ambientalmente e economicamente viável", diz Junior.
Até 2012, a fábrica em São Carlos do Ivaí deverá emitir 132,5 mil toneladas de CO2 - cada tonelada equivale a um crédito.

O empresário paulista ventila também outros passos, mais ambiciosos. Em maio, a Raudi fechou sociedade com a PML e CC Machinery, da holding alemã MPC Capital, criando a Bioref.

A nova empresa estuda começar a construir ainda este ano uma unidade em Paranavaí, para produção de etanol, metanol à base de bagaço e palha e sais. Segundo Audi, até 2011 a planta deve estar em operação. O investimento é expressivo: pode chegar a US$ 420 milhões.




Até vinho vira etanol

Os europeus e seus enormes subsídios agora querem utilizar excesso de vinho para produzir etanol. Imaginem o custo deste produto? Segue abaixo matéria na íntegra publicada no Estadão em 27 de agosto:

Produção de etanol a partir de vinho cresce na Europa
Dados apontam que quase um quinto do combustível fabricado no bloco vem do excedente da bebida

Jamil Chade, do Estadão

GENEBRA - Uma quantidade cada vez maior de etanol está sendo produzida na Europa a partir do excedente de vinhos do continente. Dados da União Européia (UE) apontam que quase um quinto do etanol fabricado no bloco já vem dos litros de vinho que não conseguem ser vendidos.

As vinícolas européias vivem uma crise. Continuam recebendo subsídios para produzir vinho, mas não conseguem mais controlar o mercado mundial diante da concorrência dos vinhos do Chile, Argentina, Califórnia e África do Sul. O resultado é um excedente sem precedentes de vinho que não consegue ser escoado.

Ao mesmo tempo que o vinho começa a sobrar, a União Européia estabelece como meta que o consumo de 5,75% de todo seu combustível venha do etanol até 2010. Para este ano, a projeção já indica uma produção de pelo menos 2,9 bilhões de litros do etanol apenas para o uso em veículos, um crescimento de 70% em relação a 2006.

Parte da produção do etanol é ainda destinada para motores de fábricas e mesmo para bebidas. No total, os investimentos no continente europeu no setor do etanol permitirão a produção de 4 bilhões de litros até o final do ano.

O consumo do etanol também explodiu, chegando a 3,5 bilhões de litros em 2007. A alta é de 65% em relação a 2006, mas inferior à capacidade de produção. Nos próximos 13 anos, a projeção da Organização Internacional do Açúcar é de que o consumo europeu chegue a 18 bilhões de litros. Hoje, consumo brasileiro é de 15 bilhões de litros.

Entre os exportadores, a França está se transformando no principal fornecedor da região. Em 2006, já exportou 320 milhões de litros de etanol. Mas três novas plantas estão sendo construídas e até o final do ano aumentarão a capacidade de produção do país em 750 milhões de litros.

Nos próximos 2 anos, a perspectiva é de que 12 novas usinas de etanol entrem em pleno funcionamento na Europa. Entre os produtores, a Alemanha é líder, seguida por Espanha a França. Além do vinho, 39% da produção do etanol na Europa é feita a partir do trigo e apenas 9% de açúcar de beterraba.


Crédito de Carbono na BM&F

A BM&F inicia o processo de comercialização de créditos de carbono. Leia abaixo em notícia publicada no Estadão:

BM&F vai negociar créditos de carbono

Primeiro leilão está marcado para setembro e deve ajudar a regulamentar o comércio desses títulos no Brasil

Andrea Vialli

A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) fará, no dia 26 de setembro, o primeiro leilão público de créditos do carbono do mundo desde que esse mercado entrou em vigor, com a ratificação do Protocolo de Kyoto, em fevereiro de 2005. A Prefeitura de São Paulo fará a oferta de créditos correspondentes a 808.450 toneladas de gases de efeito estufa que deixaram de ser lançados na atmosfera, com a expectativa de atrair recursos da ordem de R$ 30 milhões.

Os títulos que serão negociados na BM&F têm como base o projeto Bandeirantes de Gás de Aterro e Geração de Energia. Desde 2003 está em operação uma termoelétrica no aterro Bandeirantes, que transforma o gás metano proveniente do lixo em energia elétrica. A empresa Biogás, sócia do projeto com a prefeitura de São Paulo, já havia realizado uma primeira venda de créditos provenientes do aterro. Foram 1 milhão de toneladas de carbono negociadas com o banco alemão KfW. ''''A venda do primeiro lote de créditos foi bem-sucedida. Agora, a tecnologia de captação e queima do metano será implementada em outros aterros sanitários, e para isso vamos conversar com o BNDES e a iniciativa privada'''', diz Walter Aluísio Rodrigues, secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Finanças.

NOVA FASE

A negociação dos créditos de carbono da Prefeitura de São Paulo na BM&F marca uma nova fase nesse mercado, que deve ser regulado em breve e tem potencial para movimentar US$ 1,2 bilhão até 2012 no Brasil, segundo levantamento do BNDES. ''''O leilão formaliza a abertura desse mercado no País, por ser a primeira operação a ser realizada em uma bolsa reguladora de futuros'''', diz Guilherme Fagundes, superintendente de projetos especiais da BM&F.

Até então, as empresas negociavam seus títulos com intermediários - geralmente fundos ou bancos europeus e japoneses - que, por sua vez, vendiam os créditos às empresas interessadas em compensar sua poluição. ''''A entrada da Bolsa nesse mercado vai estimular um marco regulatório para o comércio de créditos de carbono no País'''', diz Fagundes.

Atualmente o Brasil tem cerca de 230 projetos em análise pelo comitê executivo da ONU que trata da questão. Uma vez aprovados os projetos, as empresas podem começar a oferecer seus créditos no mercado.

O Grupo Balbo, de Sertãozinho (SP), dono da marca de açúcar orgânico Native, fechou este ano um contrato de antecipação de recebíveis com o banco ABN Amro referente à venda de 111 mil toneladas de carbono para uma empresa japonesa. O grupo gera 32 MW de energia a partir do bagaço da cana e deve receber em torno de 1,5 milhão com a venda dos créditos. ''''Vamos fazer novas ofertas. Esse mercado vai crescer'''', diz Clésio Balbo, diretor-financeiro do Grupo Balbo.

terça-feira, agosto 28, 2007

O Brasil está exportando biocombustível de café?

O setor de biocombustíveis passa por um momento especial mesmo. Li com grande surpresa no Portal do Agronegócio que os produtores estão exportando até palha de café para gerar energia na Europa. A reportagem da Gazeta Mercantil de 22 de agosto está abaixo na íntegra:

Produtores exportam palha de café para a Holanda

Cafeicultores mineiros criam novas oportunidades na cadeia produtiva através do desenvolvimento de fontes alternativas de energia.

Os proprietários das fazendas mineiras, Ipanema Coffees, Monte Alegre, Passeio e Alfenas Café, vão transformar 4 mil toneladas de palha de café em pellets, que serão exportadas para a holandesa Essent, uma das maiores usinas termoelétricas daquele país - segundo o presidente da corretora de café Wolthers & Associates, Rasmus Wolthers.

Os pellets da palha de café serão transformados em energia limpa na substituição do carvão mineral. Por ser um país signatário do Protocolo de Kyoto, a Holanda estuda substituir parte do uso de combustível fóssil por fontes alternativas de energia, como a casca do café, cujo teor calorífico equivale a 3,8 mil kcal por quilo.

Trata-se de um projeto piloto formado pela parceria entre a Wolthers & Associates, a mineira Exprinsul, especializada na exportação da commodity, e a ONG holandesa Solidaridad, que começou a ser desenhado em abril. Depois da primeira experiência, a expectativa é embarcar entre 180 e 200 mil toneladas de pellets de café por ano para aquele país, segundo a estimativa de Wolthers.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Crescimento do Food Service

Há anos podemos observar mudanças nos hábitos alimentares dos brasileiros, e a maior mudança refere-se às alimentações realizadas fora de casa. Este setor tem impulsionado todo o setor de food service que fornece produtos e serviços para restaurantes, lojas de fast food, etc.

A reportagem abaixo encontrada no site Canal Executivo, mostra bem estes números:

Mudança de hábitos puxa food service

O faturamento do food service cresceu 20% em 2006, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Entre as franquias de fast food, o aumento foi ainda mais acentuado (26%), de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

“O brasileiro passou a comer mais vezes fora de casa e o habito já não é mais exclusividade da população dos grandes centros urbanos. Esse fator, com certeza, contribui para o aumento no faturamento das redes de fast food e influencia todo o setor, até mesmo a produção da indústria alimentícia”, diz a consultora Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona Estratégia e Gestão.

A forte expansão do food service vem desde 1995. A demanda do setor junto às indústrias por produtos específicos cresceu 87,8% entre 1995 e 2000 e 100,6% entre 2000 e 2006. Para se ter uma idéia, no mesmo período, as vendas do varejo de alimentos cresceu 46,5%. Os fabricantes de alimentos para food service faturaram R$ 43,4 bilhões em 2006, 7% a mais do que em 2005, o que representa 22,6% do total de vendas da indústria de alimentação (R$ 191,9 bilhões).

“Para acompanhar o crescimento dos estabelecimentos de food service temos que adaptar nossos produtos e atender às necessidades específicas. Por isso, além de nossa linha voltada para o varejo, já temos diversos produtos especiais para atender à grande demanda do segmento”, diz João Castelar Padin, diretor comercial da La Violetera, uma das maiores importadoras de alimentos do país.

O momento econômico é favorável e o maior poder aquisitivo também impulsiona a expansão. O número de franquias de alimentação cresceu 5% em 2006, segundo a ABF. No final do ano passado, operavam no país 197 redes, com 6.390 lojas. E a atuação não se limita mais ao eixo Rio São Paulo e nem aos grandes centros urbanos.

A rede de grelhados Montana Grill Express, que tem a dupla Chitãozinho & Xororó como sócia, inaugura na segunda quinzena do mês de agosto sua sétima unidade no Distrito Federal, a 56ª no país. Fora de São Paulo, a rede está prestes a inaugurar lojas em Juiz de Fora, Rio de Janeiro e São José do Rio Preto. As capitais dos estados do Nordeste – Fortaleza em especial – e Sul do país são as principais áreas de interesse de expansão da rede. “Nosso foco é abrir novas lojas em regiões nas quais nossa marca ainda não chegou”, diz Rodrigo Mantovani, um dos sócios da rede.

Um dos exemplos que mais ilustra o crescimento das franquias de alimentação é o da Spedini Trattoria Expressa, de Curitiba. Até o final de 2006, a rede possuía apenas nove unidades e sua atuação se limitava à capital paranaense, Santo André (SP) e São Paulo. Hoje, são 18 lojas e a rede já chegou ao Rio de Janeiro, ao Rio Grande do Sul (Porto Alegre) e a Santa Catarina (Balneário Camboriú, Blumenau e Florianópolis), além de novas lojas em São Paulo, Curitiba e São José dos Pinhais (PR).

“Existem muitos interessados em abrir unidades da rede. Somente no interior de São Paulo, são sete. Logo a Spedini chegará a Campinas, Ribeirão Preto, São do Rio Preto e São José dos Campos”, diz Romano Fressato Neto, gerente de Expansão.



Comida Local

Existe um movimento, principalmente nos países europeus, de tentar conscientizar as pessoas a se alimentarem de produtos produzidos localmente.

Até parece ser uma boa iniciativa visando diminuição do gasto energético envolvido no transporte e manutenção dos produtos agrícolas, entretanto segundo meu ponto de vista, existe um forte apelo protecionista embutido.

Porém é interessante começarmos a pensar nisso. Encontrei hoje no blog Sidewalk Life um link à um video no You tube sobre o assunto. Assistam porque é muito interessante.

Para assitir clique aqui:

quarta-feira, agosto 22, 2007

Acho muito interessante a aquacultura e acredito que existe um enorme potencial em nosso país. Hoje encontrei um artigo interessante do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo sobre a tilápia na seção de Agronegócios do Cosmo:

Para onde vai a tilápia

Instituto de Pesca

O Brasil dispõe de tecnologia para desenvolver um bom programa de produção de tilápias. O consumo per capita nacional está abaixo da metade do recomendado pelo organismo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Há formas de aumentar o consumo interno de pescado, mas essa discussão não é o propósito do artigo "Para onde vai a tilápia", de autoria de Fábio Rosa Sussel, sussel@aptaregional.sp.gov.br, pesquisador científico da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) do Médio Paranapanema (SP). O artigo completo encontra-se no site www.pesca.sp.gov.br, item "Textos Técnicos".

O que se observa, do ponto de vista da economia da atividade, é que a produção nacional pode se voltar mais para o mercado externo. Antes de investir na criação de tilápias é preciso conhecer o mercado consumidor, observa Fábio Sussel. Cada opção de escoamento da produção tem suas peculiaridades tanto na forma de apresentação do produto (peixe vivo, congelado, resfriado ou processado) quanto no preço e nos riscos.

Os preços são mais elevados no mercado nacional, mas o volume comercializado é relativamente pequeno e existe acentuada sazonalidade na demanda do produto. O mercado internacional tem preços menores, porém comercializa em grandes quantidades e tem demanda distribuída ao longo do ano.

A produção nacional de tilápias caminha a passos largos para um modelo empresarial, deixando de ser uma atividade secundária. Em alguns empreendimentos, a tilapicultura é a única fonte de recursos da empresa. O Brasil conta com 11 frigoríficos abatendo peixe cultivado e grandes criatórios produzindo volumes elevados.

Se o mercado doméstico se aproxima do limite, o contrário ocorre com a capacidade e com as condições de produção. Há muito espaço para expansão no Brasil. A demanda mundial é grande, mas a exportação de pescado esbarra em dois obstáculos: a taxa cambial e a concorrência de outros países produtores, revela o pesquisador Fábio.

sexta-feira, agosto 17, 2007

A agitação dos mercados financeiros movimenta o mercvado de commodities

O furacão que está agitando bolsas de valores e o mercado financeiro mundial também está resvalando nas commodities agrícolas como podemos verificar na notícia de 15 de agosto do Valor Econômico:

TURBULÊNCIA RESPINGA EM COMMODITIES

Apesar de os fundamentos se manterem altistas para os grãos (soja, milho e trigo), negociados na bolsa de Chicago, e para boa parte dos produtos agrícolas transacionados em Nova York, as commodities agrícolas começam a sentir os efeitos das turbulências internacionais provocadas pela crise no segmento de hipotecas "subprime" dos EUA.

A queda dos preços das commodities agrícolas reflete em parte a fuga dos fundos internacionais de suas posições, afirma Vinícius Ito, da Fimat Futures, corretora sediada em Nova York. Ontem, os preços do milho e da soja caíram em Chicago, o trigo, contudo, teve forte alta. "Nos últimos 18 meses esses fundos mais que dobraram suas posições em commodities agrícolas", diz Ito. Segundo ele, a demanda por etanol tem impulsionado os preços do milho e os baixos estoques, elevado as cotações do trigo. Na bolsa de Nova York, café, cacau e algodão recuaram.
Para José Carlos Hausknesht, analista de commodities da MB Associados, os fundamentos para os agronegócios não mudaram. "A turbulência macroeconômica só terá um efeito mais negativo para as commodities agrícolas se a crise atingir a China, um dos maiores importadores mundiais." Segundo ele, o que se vê no momento são movimentos especulativos. "A forte queda do petróleo também pode trazer efeitos negativos."

A importância das Cooperativas Agrícolas

As cooperativas agrícolas representam um importante papel no agronegócio brasileiro, pois de seus associados sai grande parte da produção de alimentos de nosso país.

A reportagem abaixo do Valor do dia 14 de agosto mostra esta importância, especialmente no momento atual onde exportar é preciso:

AGORA ESTRATÉGICA, EXPORTAÇÃO DAS COOPERATIVAS CRESCE 34% ATÉ JUNHO

Responsáveis por um faturamento global de R$ 100 bilhões em 2006, as cooperativas brasileiras transformaram a exportação em uma nova estratégia de sustentação de seu crescimento. Com foco em nichos específicos de novos mercados da Ásia e do Oriente Médio, as sociedades fecharam o primeiro semestre deste ano com embarques totais de US$ 1,45 bilhão, um desempenho 34% superior aos US$ 1,08 registrados em igual período do ano passado.

As vendas do segmento têm crescido a um ritmo bem mais acelerado do que as exportações do agronegócio, que cresceram 25% no mesmo período, e os embarques globais do país (20%). Com isso, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) reviu sua projeção de embarques para o ano de US$ 3,2 bilhões (+13%) para US$ 3,5 bilhões (+24%) - em 2006, as vendas somaram US$ 2,83 bilhões. "Isso mostra a consolidação de um trabalho de inteligência comercial das cooperativas e a conquista de mercados não-tradicionais aos produtos do setor", diz o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas. "As exportações deixaram de ser uma oportunidade sazonal e se tornaram uma estratégia."

Embora prejudicadas pelo câmbio desfavorável, a maioria das organizações alterou seu perfil de vendas ao exterior com a estabilidade da economia e a contenção da inflação, segundo a avaliação do executivo. A participação do segmento nas exportações totais do agronegócio devem saltar de 5,7% para 10% até 2010 - em 2005, essa fatia era de 5,1%, lembra Freitas.

As exportações das cooperativas fogem do perfil tradicional das vendas do agronegócio em geral. O segmento sucroalcooleiro lidera o ranking das organizações, com vendas de US$ 548,4 milhões (+44%), sobretudo para Arábia Saudita, Emirados Árabes e Nigéria. Há dez anos no topo dos embarques do agronegócio, o complexo soja fica em segundo quando se analisa as vendas das cooperativas - US$ 374,4 milhões (+35%) neste primeiro semestre.

Os maiores compradores são China, Alemanha e Holanda. Em franca expansão, as exportações do complexo carnes cresceram 28% no período, para US$ 279,2 milhões, principalmente para Rússia, Japão e Holanda. Café (US$ 142,2 milhões), cereais (US$ 42,6 milhões) e lácteos (US$ 13,2 milhões) completam a pauta do setor.

Ao contrário da habitual concentração das vendas do agronegócio em países da União Européia e nos Estados Unidos, as cooperativas vendem mais para a China - os asiáticos compraram US$ 156 milhões no período, 24% acima dos US$ 125,8 milhões de 2006. O principal produto adquirido pelos chineses foi a soja em grão. No grupo dos novos nichos mais importantes, aparecem mercados não-tradicionais como Jamaica, Ucrânia e República Dominicana.

As dez maiores cooperativas brasileiras, pelo critério de faturamento informado ao mercado, são Copersucar (São Paulo-SP), Coamo (Campo Mourão-PR), Aurora (Chapecó-SC), Itambé (Belo Horizonte-MG), C.Vale (Palotina-PR), Lar (Medianeira-PR), Cooxupé (Guaxupé-MG), Carol (Orlândia-SP), Cooagri (Dourados-MS) e Cocamar (Maringá-PR). Também figuram Agrária (Guarapuava-PR), Integrada (Londrina-PR), Comigo (Rio Verde-GO) Coopercitrus (Bebedouro-SP), Cooperalfa (Chapecó-SC), Copacol (Cafelândia-PR), Coopavel (Cascavel-PR), Frimesa (Medianeira-PR).

Dados otimistas do PIB do Agronegócio

Foram publicados ontem dados sobre o PIB do Agronegócio brasileiro que mostram o bom desempenho do setor, principalmente nos insumos agrícolas. A reportagem do Valor encontra-se na íntegra a seguir:

PIB DO AGRONEGÓCIO DEVE SER RECORDE

Estimativas divulgadas ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea) indicam uma elevação maior na renda dos segmentos vinculados à pecuária (2,36%), sobretudo indústria e distribuição, além de uma expansão mais acentuada no PIB dos insumos agrícolas (3,39%), devido à antecipação das compras para a nova safra de grãos 2007/08.

Os dados consolidados pelo estudo até maio apontam um bom desempenho nos segmentos básicos, a chamada "da porteira para dentro". Na média, a agropecuária cresceu 2,97% no período, mas a soma de todas riquezas do campo expandiu-se 1,67%. Com isso, CNA-Cepea mantêm a projeção para um PIB total de R$ 564,4 bilhões para o agronegócio em 2007, resultado 4,5% superior aos R$ 540 bilhões de 2006. Ou seja, haveria uma renda extra de R$ 24,3 bilhões. No ano passado, o agronegócio cresceu 0,45% e a agropecuária recuou 2,12%, para R$ 149,8 bilhões no país.

O cenário favorável do PIB está concentrado nos bons resultados das lavouras de algodão, cana-de-açúcar, milho e soja, além da pecuária de leite, frangos e bovinos. Ajudado por bons preços internacionais e forte demanda mundial, o Valor Bruto da Produção (VBP), que mede a receita dos 25 principais produtos do setor, deve fechar o ano com expansão de 13,7%, segundo a CNA. A projeção evidencia uma recuperação de R$ 23 bilhões no faturamento das 20 principais lavouras neste ano - ou 15% acima de 2006.

Mesmo com a melhora na renda, a CNA argumenta ter havido uma redução na margem de lucro dos produtores. "Os números não mentem, mas enganam", resume o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. Por isso, a entidade anunciou uma estratégia que tentará reduzir os preços de defensivos e fertilizantes mais utilizados no campo.

Com peso de 40% nos custos de produção, esses dois insumos sofrem medidas anti-dumping impostas pelo governo. Herbicidas a base de glifosato, por exemplo, têm sobretaxa de 35,8% para entrar no país e o nitrato, matéria-prima dos fertilizantes, paga até 49% na importação. "Precisamos abrir o mercado para defensivos genéricos do Mercosul com registro por equivalência e tentar reduzir a concentração no mercado de fosfatados, hoje todo nas mãos da Bunge", afirmou Cotta.

O mercado de defensivos movimenta US$ 4,5 bilhões a cada safra, segundo o superintendente. A CNA também quer o fim do adicional de 25% de frete da Marinha Mercante nas compras de fertilizantes. "Gastamos R$ 211 milhões em 2006. É um custo de 5% no custo dos produtores", disse Cotta.

Investimentos em biocombustíveis até 2010

BIOCOMBUSTÍVEIS: INVESTIMENTOS SOMAM US$ 15 BILHÕES EM TRÊS ANOS

O setor de biocombustíveis do Brasil vai receber, até 2010, investimentos de quase US$ 15 bilhões com a construção de pelo menos 70 novas usinas sucroalcooleiras e outras 15 de biodiesel. Os recursos vêm de fundos de investimentos, financiamentos bancários e também da abertura de capital das empresas que buscam na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) forma de obterem dinheiro a custo baixo.

"Dinheiro é o que não falta. Tem muito fundo do Japão, Europa e dos Estados Unidos vindo aplicar recursos aqui", diz Miguel Biegai Júnior, analista da Safras & Mercado. Entre os financiadores está o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem linhas destinadas à produção agrícola com juros que variam de 3% a 12,5% ao ano, dependendo da lavoura e do tipo de crédito necessário.

A instituição tem ainda financiamento destinado às agroindústrias, a 6,25% ao ano. Apenas no primeiro semestre deste ano o banco ofertou a este segmento R$ 1,75 bilhão, 24,1% a mais que no mesmo período de 2006. Na Bovespa estão listadas três usinas que, juntas, conseguiram cerca de R$ 1,8 bilhão com a abertura de capital. A Cosan, a primeira a ingressar na bolsa obteve ainda outros US$ 2 bilhões com o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) na Bolsa de Nova York.

Segundo Biegai, estes novos investimentos vão agregar mais 5 bilhões de litros de álcool e outros 1 bilhão de litros de biodiesel à produção brasileira. No caso das usinas sucroalcooleiras, a maior parte dos investimentos será em São Paulo e em Mato Grosso do Sul.

"Eles buscam a proximidade com o porto", diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores. Além disso, ele acrescenta que a localização depende também do mercado consumidor e da disponibilidade de terras — no caso do Centro-Oeste. Para as usinas de biodiesel, os valores a serem aplicados são mais pulverizados, com maior incidência no Centro-Oeste, devido à disponibilidade de grãos, e ao Nordeste — uma vez que parte desses investimentos é oriunda da agricultura familiar. O economista acredita que o grande investimento em biodiesel no Brasil já foi feito — quase R$ 1 bilhão nos últimos anos.

Biegai Júnior acrescenta que a previsão não considera os investimentos a serem feitos pela Petrobras. A estatal deve divulgar em agosto um plano de construção de usinas de álcool e de biodiesel. "A Petrobras quer se tornar no maior player do mundo em biocombustíveis", diz. A previsão do mercado é que a empresa aplicará, em prazo ainda não estimado, cerca de US$ 8,3 milhões na construção de 40 usinas de álcool (para a produção de 3,5 bilhões de litros) e 10 de biodiesel (para 850 milhões de litros). De acordo com o analista, a estatal já teria contratos de exportação de etanol para o Japão e de biodiesel para Portugal.

Projeções da RC Consultores indicam que a receita do campo no Brasil será impulsionada pelos biocombustíveis, que responderão por 57,4% dos R$ 141 milhões estimados para o agronegócio obter com a sua produção em 2010. Silveira afirma que a partir da próxima safra mais de metade da cana-de-açúcar já será destinada à produção de álcool. Apesar de a maior parte do combustível ser destinada ao mercado interno, o crescimento maior da demanda será para o externo. Hoje, de acordo com dados da consultoria, o Brasil consome 14 bilhões de litros de álcool e vai exportar 3,98 bilhões de litros. Em 2010, a perspectiva é de 19 bilhões de litros destinados ao abastecimento da frota nacional (aumento de 35%).

No mesmo período, o País estará comercializando com o exterior 5,74 bilhões de litros (um incremento de 44,2%). O economista da RC Consultores acrescenta que esta previsão não inclui uma futura necessidade de importação dos Estados Unidos, que, apesar de produzir o combustível oriundo do milho, necessitará de álcool de outros países.

Silveira não acredita, no entanto, em exportações de biodiesel, apenas de etanol. "Toda produção de biodiesel no mundo será para atender à demanda local. Nenhum país quer ser dependente de outro como hoje é do petróleo", afirma Silveira.

Na Europa, a estimativa é de necessidade de 5,75% de biocombustível adicionada ao diesel em 2010. Pelas estimativas da consultoria, para atender à demanda do Brasil, Europa e Estados Unidos prevista para os próximos três anos, estas três regiões juntas precisariam produzir 61,1 milhões de toneladas de soja a mais — mais que a atual safra brasileira, de 57 milhões de toneladas.

Isso se toda a produção saísse desta oleaginosa. Hoje, na Europa a maior parte da matéria-prima é a colza e o girassol. No Brasil e nos Estados Unidos é a soja, apesar de que o combustível pode ser extraído de palma, mamona e algodão, entre outros produtos.

Silveira argumenta que, mesmo a soja tendo apenas 17% de óleo, para até 48% de outras culturas se torna mais viável devido à escala de produção (Gazeta Mercantl, 15/8/07)

quarta-feira, agosto 15, 2007

O agronegócio do cashmere chinês e seus danos ambientais

Encontrei um post muito interessante no blog da Patrícia Campos Mello do Estadão que comenta sobre a produção de cashmere na China. A produção em massa fez com que o custo do cashmere caísse consideravelmente porém com grandes danos ao meio-ambiente:


Abaixo o cashmere democrático
por Patricia Campos Mello

Sabe aquele suéter lindo de cashmere que você comprou por uma pechincha? Pois é, ele está acabando com as pastagens da China e criou uma nuvem de poluição que chegou até a Califórnia.

Uma série de matérias de Evan Osnos, correspondente do Chicago Tribune na China, mostra como o aumento na demanda pelo cashmere está causando um enorme desequilíbrio ecológico. A população de bodes produtores de cashmere da região de Alashan, na China, multiplicou-se por 15 na última década. Essa superpopulação de bodes acabou com as pastagens da região. E como os animais ficam raspando os cascos pontudas no chão – é como se eles estivessem sempre de salto agulha, brinca Osnos – geram uma gigantesca nuvem de poeira. Essa nuvem de poeira atravessa o Pacífico e está poluindo a costa da Califórnia, que já registrou um aumento na incidência de problemas respiratórios.

Os EUA foram inundados por cashmere barato da China nos últimos anos. Foi-se o tempo em que suéter de cashmere era made in Italy ou France, e custava no mínimo US$ 100. Hoje em dia, uma malha de cashmere sai por US$ 25.

A democratização do cashmere e suas conseqüências ambientais é um ótimo exemplo sobre o preço que pagamos pelo boom chinês.

É hora de boicotar o cashmere e salvar as pastagens da China.

terça-feira, agosto 14, 2007

Péssimo exemplo no processamento de soja

O exemplo do processamento de soja mostrado abaixo em reportagem da Folha de São Paulo de 9 de agosto mostra o que NÃO DEVE ser feito em outras áreas do nosso agronegócio:

NO RETROVISOR

Voltada mais para as exportações de produtos de valor agregado, a Argentina deixou o Brasil para trás no processamento de soja. Nos primeiros seis meses deste ano, os argentinos processaram 16,3 milhões de toneladas da oleaginosa, volume superior aos 15 milhões do Brasil.

O cenário atual é bem diferente do registrado em 2000. De janeiro a junho daquele ano, os brasileiros processaram 10,6 milhões de toneladas e os argentinos, 7,6 milhões. De lá para cá, o Brasil aumentou em 42% o volume processado, os argentinos elevaram-no em 114%. O Brasil, líder no processamento de soja no início da década, perdeu essa liderança para os argentinos, que já planejam importar 3 milhões de toneladas da oleaginosa dos países vizinhos nos próximos anos devido ao aumento da capacidade instalada.

Em 2000, o Brasil tinha capacidade para esmagar 127 mil toneladas de soja por dia, e os argentinos, 93 mil. No ano passado, os brasileiros ficavam nos 144 mil, enquanto os argentinos subiram para 157 mil. O processamento diário de soja cresceu 86% no Brasil, de 1990 a 2006. Na Argentina, a alta foi de 400% no período.

Expansão do Agronegócio - maior valor desde 1992

Novamente bons resultados do agronegócio brasileiro. Complementando dados de bost anterior, temos a reportagem da Folha de São Paulo de 7 de agosto que mostra que neste semestre tivemos a maior expansão desde 1992 com crescimento de 4,6% com relação ao ano passado:

AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA TEM MAIOR EXPANSÃO DESDE 1992

O aumento da produção e a elevação de preços internacionais fez com que a agroindústria brasileira encerrasse o primeiro semestre com a maior expansão desde o início da série histórica em 1992. Nos primeiros seis meses deste ano o crescimento chegou a 4,6%. No ano passado, apresentou expansão de 1,5%.

A agroindústria corresponde a cerca de 15% do total da indústria brasileira. A agricultura, que detém maior peso na estrutura do índice, cresceu 4,2%. Já a pecuária, 4,9%.

A soja e o milho foram favorecidos pela maior produtividade agrícola e pelos bons preços internacionais. A lavoura da soja apurou crescimento de 10,6% e a do milho, 12,9%.

Segundo Fernando Abritta, economista da Coordenação de Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a demanda pela soja brasileira cresceu já que os americanos têm preferido reduzir o plantio da soja para plantar milho com vistas à produção de álcool. Ao contrário do Brasil que baseia sua produção de álcool na cana-de-açúcar, os americanos usam como matéria-prima o milho.

A produção de suco de laranja no Brasil, que subiu 39,9%, foi beneficiada pela quebra da safra na Flórida, que elevou cotação internacional.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) prevê para este ano safra recorde de 133,4 milhões, o que pode significar um crescimento de 14,0% em comparação à obtida em 2006 (117,0 milhões de toneladas).
De acordo com Abritta, com o bom desempenho da lavoura e favorecido pelos bons preços internacionais, os agricultores conseguiram investir em máquinas e equipamentos e quitar dívidas antigas.

Os investimentos em máquinas e equipamentos registraram um crescimento de 31,5%. Além disso, o uso de inseticidas, herbicidas e outros defensivos cresceu 9,9%, com sua maior utilização nas lavouras de soja, milho e cana-de-açúcar. "O agricultor esteve mais capitalizado e conseguiu investir em máquinas e equipamentos", afirmou.
A pesquisa constata ainda que após ter afastado em definitivo os problemas causados pela gripe aviária e febre aftosa, a produção de aves cresceu 11,2% e a de bovinos e suínos subiu 6,2%.

Por outro lado, a produção de leite experimentou uma queda de 7,5%. Só no segundo trimestre, a produção de leite registra um recuo de 11,3%.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Usina Santa Elisa - a melhor empresa segundo EXAME

O setor sucroalcooleiro está com a corda toda mesmo. Presença constante na maioria das publicações, agora a tradicional edição das 500 Maiores e Melhores Empresas do Brasil traz como grande campeã, a Usina Santa Elisa de Sertãozinho.

A edição cuja capa é "Efeito Etanol " mostra que o boom dos biocombustíveis e a modernização levaram a Santa Elisa para a 1ª posição na edição.

A reportagem completa pode ser acessada em http://www.exame.com.br

domingo, agosto 12, 2007

A busca pela Hidrólise de Celulose

A Hidrólise de celulose é algo que todos no mundo inteiro estão buscando, pois ela possibilitará a transformação de qualquer material que contenha celulose (grama, capim, bagaço de cana no caso brasileiro e até mesmo madeira nos casos que comentarei a seguir) em etanol.

A viabilidade deste processo transformaria o mercado mundial de etanol transformando-o em uma commodity que possa ser produzida em diferentes locais, algo totalmente oposto ao cenário atual onde apenas Brasil e EUA produzem cerca de 70% do total mundial.

Entretanto, existe muita conversa e até agora pouca ação neste sentido. Os EUA estão investindo pesado em P&D e o Brasil agora parece ter acordado para isso também.

Mas como tudo nesta vida, sempre existem os pioneiros, que podem ou não estar falando a verdade. Navegando pelo blog Autoblog Green encontrei dois posts muito interessantes sobre a conversão de celulose proveniente de madeira em etanol.

O primeiro fala sobre o anúncio por parte da Mascoma Corp de uma planta de etanol celulósico em Michigan utilizando-se de processos biológicos e o outro comenta que a Woodland Inc. anunciou que recebeu US$9.8 Million do Sustainable Development Technology Canada (SDTC) para também construir uma planta da etanol celulósico na costa atlântica do Canadá. (Clicando sobre os links você acessa diretamente os posts).

Para o primeiro caso surgiram muitos comentários sobre a viabilidade deste processo e qual seria o curso desta tecnologia?

Nós temos que esperar e ver quem chegará em primeiro lugar nesta corrida. Eu torço para que o vencedor seja o Brasil e consigamos em breve transformar nosso bagaço de cana em etanol e em seu lugar utilizemos palha na geração de energia térmica e elétrica nas nossas usinas.

Chegamos ao final dos altos preços das commodities?

Li em dois artigos a preocupação de setores do mercado na queda do valor das commodities devido à crise imobiliária nos EUA que se agravou nesta semana.

O primeiro artigo é da CNN Money e comenta que todas as commodities estão sentindo este efeito e existe uma tendência de queda nos preços, visto que são os primeiros ativos a serem liquidados. O artigo completo em inglês está disponivel em http://money.cnn.com/news/newsfeeds/articles/newstex/AFX-0013-18822619.htm.

O segundo artigo foi escrito pelo Arnaldo Correia da Archer Consulting, analista experiente no mercado de commodities agrícolas em sua newsletter semanal sobre o mercado de açúcar e também comenta esta preocupação agregada por outros problemas do mercado mundial do açúcar como o superávit da safra indiana.

Cita também a preocupação de Paul Krugman no II Congresso de Derivativos da BM&F em Campos do Jordão, em 2005 com a euforia do crédito imobiliário americano que emprestava barato dinheiro para consumo lastreados em imóveis supervalorizados. Este dinheiro era então "torrado" ou usado na compra de outros imóveis que serviam de garantia para outros financiamentos. Como citado literalmente na coluna "uma verdadeira festa do bumba-meu-boi". O artigo pode ser encontrado em http://www.archerconsulting.com.br/artigos.htm e para aqueles interessados no mercado de açúcar, é so cadastrar para receber a análise semanal.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Pecuária brasileira: mais obstáculos à frente

Não bastasse todos os problemas internos que a pecuária nacional vem enfrentando, agora até mesmo focos de febre aftosa no 1º Mundo são motivos para embargarem nossas carnes.

Em notícia publicada hoje no Estadão observamos boquiabertos a reação sem sentido dos ingleses e irlandeses ao problema enfrentado pelos seus rebanhos:

Britânicos e irlandeses querem embargo à carne brasileira

Produtores do Reino Unido e Irlanda se reuniram para declarar que querem que Bruxelas adote a mesma política contra a carne brasileira

Jamil Chade, do Estadão

GENEBRA - O embargo contra a carne bovina inglesa imposto pela Europa está provocando os produtores britânicos a também pedirem que a carne brasileira seja banida do mercado europeu. Nesta quinta-feira, 9, em Dublin, produtores do Reino Unido e Irlanda se reuniram para declarar que querem que Bruxelas adote a mesma política contra a carne brasileira.

Nos últimos dias, focos de febre aftosa foram detectados na região britânica de Surrey, o que gerou um bloqueio da carne britânica por diversos governos, inclusive por todo o bloco europeu. O problema é que 90% da carne produzida no Reino Unido é para exportação e os britânicos já começam a calcular os prejuízos.

Em uma declaração conjunta publicada hoje, a Associação de Fazendeiros da Irlanda e a União de Fazendeiros da Irlanda do Norte pedem a seus respectivos governos que pressionem "por um embargo imediato da União Européia sobre as importações de carne brasileira diante dos riscos desnecessários e inaceitáveis que podem gerar para a Irlanda e para a Europa".

"Os fazendeiros que representamos não conseguem entender porque um embargo não é colocado, diante do fato de a aftosa ser endêmica no Brasil, enquanto medidas de precaução foram adotadas contra a carne britânica na Europa diante do surto em Surrey", afirma o comunicado assinado por Padraig Wakshe, presidente da Associação da Irlanda, e por Kenneth Sharkey, da União de Produtores da Irlanda do Norte.

"Estamos seriamente preocupados com o fato de que a União Européia continua enfrentando riscos desnecessários ao aceitar a carne brasileira, enquanto Estados Unidos, Austrália, Japão e Coréia do Sul rejeitam as importações brasileiras", afirma o comunicado. Os europeus também aplicam um embargo contra o Brasil, mas apenas contra os Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O restante do País pode continuar exportando. Bruxelas ainda deixou claro que as queixas britânicas em relação ao Brasil têm motivos comerciais, e não de saúde. Portanto, não pensa em rever o embargo e deu até o final de 2007 para que o Brasil coloque em prática todos os procedimentos para permitir que as exportações nacionais sejam consideradas como adequadas.


Fonte: http://www.estadao.com.br/economia/not_eco32201,0.htm

quinta-feira, agosto 09, 2007

Invasão estrangeira no setor sucroalcooleiro

A entrada de várias empresas de capital internacional no setor canavieiro tem chamado muito a atenção dos players do setor, um setor tradicionalmente nacional com grandes grupos familiares.

Visando compreender melhor este movimento, encontrei no site do IDEA (www.ideaonline.com.br) o artigo abaixo que também foi publicado em sua revista IDEA News no mes de junho:

A cana fez o mundo "redescobrir" o Brasil

Diana Nascimento

O setor sucroalcooleiro nacional tem atraído a atenção de muita gente, até mesmo de grupos estrangeiros. Eles vêem, estudam possibilidades de negócios, organizam missões. Os grupos e investidores estrangeiros estão assumindo participação crescente no setor. Aliás, este processo caminha a passos largos. A cana processada pertencente aos grupos de fora cresceu 36% da safra 2005/2006 para a safra 2006/2007, subindo de 6,75% do total de matéria-prima moída na safra retrasada para 9,21% na safra passada, segundo dados do IDEA. E a tendência é continuar crescendo essa participação. Segundo o IDEA, o principal grupo estrangeiro no país é o francês Tereos, responsável por 2,53% da produção brasileira.

Depois de adquirir as usinas do Grupo Tavares de Melo, o Coinbra-Dreyfus assumiu o segundo posto neste ranking. Na previsão feita pelo IDEA, em 2010 a participação dos grupos e investidores estrangeiros deverá estar na casa dos 16%, fruto da bolha de investimentos em que se tornou o setor de biocombustíveis no planeta. No atual andar da carruagem, uma previsão até conservadora. O atraente custo de produção do açúcar brasileiro e, sobretudo, do álcool são o principal motivo. Já em 2005 o mercado brasileiro de etanol movimentava US$ 6 bilhões e alguns estimam que esse montante atinja US$ 15 bilhões em 2010. É possível citar alguns investimentos de grupos ao longo de 2006:

- O investidor húngaro George Soros, através da empresa Adeco, fechou, em fevereiro de 2006, a compra da usina Monte Alegre, em Minas Gerais. Em junho do mesmo ano, a norte-americana Cargillmaior produtora de alimentos do mundo, comprou63% de uma usina de álcool (a Cevasa) no interiorde São Paulo.

- A multinacional com ações negociadas na bolsa de Londres, Infinity Bio-Energy, que já operava em usinas de álcool e açúcar, com o valor de US$ 200 milhões, anunciou em outubro a aplicação de US$ 500 milhões em mais cinco usinas, sendo três novas e duas aquisições, até o fim de 2007.

O tamanho interesse em investir no setor sucroalcooleiro nacional tem um explicação. Segundo Alexandre Strapasson, coordenador-geral do Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o álcool tem se mostrado um produto estratégico no âmbito mundial. “O preço e a disponibilidade do petróleo e a questão ambiental fazem com que diversos países vejam no álcool uma alternativa viável para a substituição de combustíveis fósseis líquidos em curto e médio prazo. Como o Brasil tem o menor custo de produção do álcool, indústria de equipamentos avançada, experiência, terras disponíveis, clima adequado e outras condições favoráveis para a expansão sucroalcooleira, é natural que esse mercado desperte o interesse de investidores nacionais e estrangeiros”, afirma.

O administrador e Mestre pela FGV (Faculdade Getúlio Vargas), Carlos Stempniewski, complementa dizendo que a elevação contínua do preço do petróleo obriga a olhar-se com atenção para o álcool como alternativa econômica mais barata. Sobretudo para se manter a frota automobilística em circulação. “O Brasil é o país pioneiro no desenvolvimento desta tecnologia energética, se aproveitando das condições territoriais suficientes para o plantio de até três safras anuais. Terras com qualidade, planas, ensolaradas a maior parte do tempo, água abundante e desenvolvimento genético de mudas tropicalizadas acabam traduzindo-se em elevada produtividade por hectare e um retorno seguro aos investidores que se sentem seduzidos a colocar seus capitais nesta atividade econômica”, assegura.

A produção do álcool está diretamente ligada à de açúcar e o Brasil é responsável por 40% das exportações mundiais de açúcar. Adicionalmente, com a demanda crescente de açúcar no mundo, o fato do Brasil ser o país com o menor custo de produção por conta de diversos fatores, entre eles o clima adequado, que é um diferencial praticamente exclusivo, pois independe de investimento ou vontade política, se torna uma inexorável vantagem competitiva. “Aqui é o melhor lugar para se investir na produção de álcool e açúcar, produtos cuja demanda crescente é evidente”, diz Marcelo Junqueira, diretor da Clean Energy Brazil (CEB). Para Luiz Eduardo Costa, sócio da Brasilpar, as empresas de investimento estrangeiro e os fundos de investimento estão interessados no Brasil por dois motivos: grande volume de liquidez internacional e preocupação com o meio ambiente e o aquecimento global.

“As empresas de capital estrangeiro que estão investindo no setor sucroalcooleiro buscam investimentos que dão bom retorno e por isso mesmo há uma tendência em fundos especializados. Há um volume muito grande de recursos disponíveis para esses investimentos”, admite. Costa conta que em 2006 foram levantados US$ 300 bilhões de fundos de investimentos estrangeiros e que há uma tendência em investir em vários segmentos e áreas. O Brasil seria um destino certo. “Ainda acho que os investimentos são pequenos”, analisa. A garantia de fornecimento do produto para si próprio explica o interesse no álcool brasileiro, na visão de José Ricardo Severo, assessor técnico da CNA. “Muitos países têm insegurança em relação ao petróleo e vêem o álcool como um combustível renovável.

O único fornecedor é o Brasil , o que também gera insegurança, pois nosso consumo está aumentando e nossas exportações de álcool são Spot, não trabalhamos com contratos futuros. Com uma empresa deles aqui, eles garantem sua parte”, explica o assessor. É difícil precisar o número exato de empresas estrangeiras ou fundos de investimento estrangeiro que estão investindo no setor sucroalcooleiro nacional. Junqueira explica que são empresas de capital aberto e limitadas que não necessariamente têm o compromisso de tornarem públicas suas intenções ou ações. “Por conta disso torna-se difícil mensurar, não havendo nenhuma estatística sobre o número de empresas deste tipo em operação”, ressalva.

Sabe-se, no entanto, que existem empresas francesas com efetivas parcerias com grupos brasileiros, além de outras parcerias em curso com outros países, como EUA, Inglaterra, Alemanha e Japão. “Há muita especulação na imprensa, o setor ainda é majoritariamente dominado por empresas brasileiras, mas a tendência é que os investimentos internacionais cresçam gradualmente nos próximos anos. De nossa parte, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não se envolve nas operações comerciais do setor, mas tem procurado estreitar laços com outros países nesse segmento”, acena Strapasson.

Como fundos formados e já consolidados, pode-se apontar a Infinity e a Clean Energy, lembrando que ainda há outros em discussão. “Atualmente há oito fundos interessados em investir no Brasil, mas ainda estão em processo de formação e levantamento de recursos”, informa Costa. Eduardo Corrêa, gerente comercial da Equivav, lembra que os acionistas do Grupo Cosan são exemplos de investidores estrangeiros no Brasil. Para fazer parte desse setor, os grupos estrangeiros, de forma geral, se associam de alguma maneira a grupos ou usinas brasileiras, normalmente por meio de participação societária ou joint ventures. “Recomendamos aos grupos que têm nos procurado a fazer parcerias com empresas brasileiras, ao invés de investir isoladamente. A falta de tradição nesse setor é um risco relevante para as empresas externas”, salienta Strapasson.

É importante ressaltar que existem diversos modelos de investimentos estrangeiros, desde fundos criados especificamente para investir nesse setor, até empresas privadas de grande porte ou investidores independentes que atuam no setor, visando diluição de risco. A atuação de cada uma depende do modelo de negócios. No caso da Clean Energy, um diferencial é que existe uma empresa – a Temple Capital Partners - que tem como objetivo gerir o capital e os investimentos da CEB, tendo no pano de fundo uma equipe de aproximadamente 150 especialistas com experiência no mercado sucroalcooleiro. Para Severo, o governo deveria acompanhar as negociações dessas empresas e essa mudança de cenário industrial. “Estamos num mundo globalizado e o capital estrangeiro é bom, mas deveria ser acompanhado pelo Cade ou pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Estamos numa terceira onda do setor e isso é estratégico para o país”, define.

Recursos

Algumas empresas lançam ações em Londres para levantar recursos para investir em álcool no Brasil, mas vale lembrar que a participação de estrangeiros no setor já existe há algum tempo por causa do açúcar. Isso é um reflexo da globalização da economia e da liberalização do mercado, ocorrida a partir de 1990, com a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Contudo, no momento, a participação estrangeira ainda é pouco expressiva no setor sucroalcooleiro, como observa Strapasson. Por outro lado, não há qualquer óbice legal quanto a limites para investimentos estrangeiros, ou seja, as regras brasileiras não discriminam o investidor. “A atual dinâmica de investimentos, propiciada pelo ambiente de livre mercado, tem se mostrado uma condição importante para a manutenção da expansão sustentável do setor como um todo. Ganham as empresas, ganha o meio ambiente, com a expansão de fontes renováveis de energia, e ganha o país, com a geração de emprego e renda para a sociedade brasileira”, descreve Strapasson.

O administrador Stempniewski explica que o capital das empresas de uma maneira geral é internacional. “A questão de utilizar-se de Londres deve-se ao fato que os maiores investidores neste setor são franceses, holandeses, suíços, alemães, japoneses e australianos e nada mais natural que busquem em seus paises de origem as poupanças necessárias para este tipo de empreendimento. Naturalmente, para o país, o aporte deste capital é muito interessante, caso contrário não teria poupança nacional/ investidores locais suficientes para alavancar este processo. A opção de criar uma “ALCOOLBRAS” seria desastroso para os contribuintes brasileiros, atualmente submetidos a uma carga tributária de quase 50% do PIB”, comenta. Muitas usinas que apostam no momento e pensam em sua expansão têm a necessidade de capital para financiar estes projetos e também existem projetos que precisam de financiamento para sair do papel.

“O capital estrangeiro é um dinheiro barato para os empreendedores brasileiros, que encontram outra opção além do endividamento e pelo menos no caso da CEB, o aporte de capital vem acompanhado de consultoria de gestão, melhores práticas, além de todo o suporte necessário não só para produção, como para logística e comercialização. Esse é um dos diferenciais da CEB: atuar não só promovendo o aporte, mas envolvendo-se no negócio de modo a garantir o sucesso ou a maior eficiência”, ressalta Junqueira. A vinda de recursos estrangeiros é bom para o setor porque faz com que aumente o conhecimento sobre esse setor e fortalece o mercado. “Também ajuda o álcool a se transformar em commodity. Acho que os investimentos não devem ter limite porque há grandes empresas brasileiras que são competitivas”, defende Costa.

Ao falar sobre o assunto, Corrêa é taxativo. “Não adianta discutir se é bom ou ruim, isso é um fato. Estamos em um nível de investimento no Brasil e o setor sucroalcooleiro é o alvo. Cada produtor deve avaliar o que pode tirar de proveito: se capital mais barato ou investir na expansão dos negócios. Com a ajuda desse capital será mais rápida a expansão. Isso deu ‘gás’ para o setor”, detalha, ao dizer ainda que os investimentos estrangeiros também serão concentrados em logística. “Os fundos de investimento e as tradings investirão mais em logística do que em produção. Já os produtores estrangeiros investirão em produção”, acredita. Stempniewski observa que o país está em uma economia globalizada. Além disso, perdeu sua capacidade de formação de poupança, atualmente cerca de 20% do PIB, quando deveria ser de no mínimo 25%. O dilema é simples: “É crescer e participar do mercado internacional, trazendo divisas para o país, ou estagnar e ficar olhando o resto do mundo crescer nesta área. Não existe espaço para abordagens políticas ideológicas neste contexto”, salienta.

Investimentos

Para a safra 2007/08, a CEB tem cerca de US$ 200 milhões para investir e é provável que a totalidade dessa receita seja empregada nesse período, visto que a empresa está fechando um aporte de cerca de US$ 137 milhões e existem dois outros projetos sendo avaliados. Mesmo sem as estimativas de terceiros, Junqueira acredita que, no total, os investimentos dessas empresas estrangeiras e de fundos de investimento devem romper a barreira dos US$ 500 milhões. Costa afirma que o montante de investimentos irá variar em função das aquisições, dos planos de expansão e das novas unidades. “Estão previstas 80 novas unidades, que entrarão em operação nas próximas safras. Se 20% dessas unidades começarem esse ano, acredito que poderemos ter cifras acima de US$ 500 milhões, podendo chegar a US$ 1 bilhão, mas é difícil quantificar isso”, salienta. Na opinião de Corrêa, cerca de US$ 500 milhões serão aplicados no setor para compras e aquisições nos próximos dois anos.

Diante desses investimentos, pode-se alcançar níveis de desenvolvimento tecnológico mais altos, permitindo redução de custos. Apesar do setor já estar em um patamar de desenvolvimento bastante alto, há potenciais tecnologias que poderão reduzir ainda mais os custos de produção, tais como: a biotecnologia, tanto voltada ao melhoramento genético da cana quanto ao de leveduras; melhores práticas de manejo; e a produção de álcool, através de hidrólise lignocelulósica, via enzimática ou ácida, tendo como matéria-prima o bagaço ou até mesmo a palha da cana. A despeito de alguns grupos possuírem altos índices de produtividade, ainda há espaço para melhorar os números de produtividade média nas regiões do país com as próprias tecnologias atuais, especialmente na Região Nordeste, visto que nos últimos anos todos os principais índices de rendimento têm aumentado.

Concorrência

Por enquanto, os grupos nacionais são predominantes no setor e estão se expandindo, mas a competição é inevitável. Como os investimentos estrangeiros são feitos normalmente em parceria com grupos brasileiros, espera-se uma expansão equilibrada do setor. “Todavia, a livre concorrência é uma ferramenta importante para o amadurecimento desse tipo de mercado”, acredita Strapasson. Junqueira, por sua vez, não vê concorrência entre grupos nacionais e estrangeiros. Ele explica que existem mais de 100 usinas sendo construídas atualmente, o que significa no mínimo 437 usinas em operação em 2010. “Há bastante espaço para investimento e existe um movimento de consolidação do setor, com a fusão de algumas empresas em busca de maior escala.

Mas vale lembrar que, por muitas vezes, os investimentos destas empresas estrangeiras é em parceria com empresas nacionais na forma de joint ventures, o que vem adicionar e não dividir”, descreve. Para Severo, o mercado de álcool é pleno e não se sabe qual é o seu teto. “Não sabemos se haverá concorrência ou não. Temos estoque de álcool suficiente e com sobra. Nossas exportações somaram 3,4 bilhões de litros em 2006. Países potenciais estão entrando no mercado e se a China entrar, vai acabar com todo nosso álcool. Falar sobre o limite desse mercado é uma bola de cristal com nuvem”, brinca.

Aumento de oferta

Na opinião de Strapasson, é pouco provável que o crescimento do setor venha saturar em curto prazo, pois o ritmo de expansão está muito intenso e a demanda está firme, sem tendência de reversão desse quadro no momento. Por outro lado, o coordenador diz que há preocupação com expansão demasiada em algumas áreas, gerando uma excessiva monocultura de cana, o que não é adequado do ponto de vista agronômico e ambiental. “Temos buscado estimular o surgimento de novos pólos de produção, como o sul do Maranhão, o Piauí e o norte do Tocantins, bem como a promoção de melhores condições de trabalho aos cortadores de cana. Para se promover o desenvolvimento sustentável do setor, é preciso atentar não somente para a dimensão econômica, mas também para os aspectos sócio-ambientais”, defende.

Sérgio Thompson-Flores, presidente do Grupo Infinity Bio-Energy, tem a mesma opinião. Segundo ele, a participação de grupos estrangeiros neste setor, como em outros segmentos da economia nacional, é importante à medida que gera riquezas e promove desenvolvimento. “Conforme eles investem no país, vão gerar divisas na balança nacional”, diz. Mas ele destaca que esse interesse pelo Brasil deve-se ao fato de o país ser propício para a produção sucroalcooleira, pois tem água, clima, disponibilidade de solo e conhecimento acumulado para o desenvolvimento dessa atividade. “O país tem que aproveitar essa vantagem comparativa, mas, além da geração de divisas, tem de haver o uso eficiente e responsável dos recursos, como terra e água”, salienta.

Ritmo intenso

2007 começou com um relatório divulgado pelo Banco Central do Brasil, que mostrava que o total de investimentos feitos por estrangeiros em álcool combustível no país cresceu 3.150% em 2006. Daí a razão da expansão significativa da participação internacional nesse segmento. Mas como ocorreu durante a safra 2006/2007, o primeiro semestre deste ano também foi movimentado em termos de investimentos de fora. As notícias dessa efervescência são as mais variadas: “Aportes estrangeiros em terras brasileiras” – Valor Econômico; “Agroenergia atrai US$ 1 bilhão de estrangeiros” – Gazeta Mercantil; “Mais estrangeiros fazem usinas em Goiás” – Valor Econômico; “Capital externo amplia investimentos em álcool” – Jornal Bom Dia; “Americanos vão ampliar aportes em álcool no país” – Valor Econômico; “Grupo de alemães quer investir R$ 600 milhões” – Diário da Manhã; “Estrangeiros invadem setor sucroalcooleiro” – Correio do Estado.

E o ritmo continua intenso. São cada vez mais comuns as visitas de delegações estrangeiras a usinas brasileiras, e das mais diversas nacionalidades. São grupos do Japão, da Itália, da Alemanha, da Índia, da França, da Letônia, da Nigéria, da Inglaterra, da China etc. Também são comuns os anúncios de corporações multinacionais e grupos empresariais dispostos a investir na agroindústria canavieira no Brasil. Exemplos são a Bunge, a japonesa Mitsubishi, a japonesa Marubeni Corporation, a holandesa Agrenco, a inglesa British Petroleum, a kwaitiana International Commercial Center, entre muitos outros. Diante da febre internacional pelos biocombustíveis, as vantagens competitivas e a expertise brasileira na área têm enchido os olhos de muitos executivos pelo mundo afora e, embora muitos namoros não se concretizem, a tendência é o país continuar atraindo por um bom tempo o apetite de quem quer investir em combustíveis limpos e renováveis.



terça-feira, agosto 07, 2007

Biodiesel: Fogo passageiro ou onda que chegou para ficar?

A febre do biodiesel passou ou não? Até onde iremos com este biocombustível que tem enorme potencial no Brasil. O artigo de Amélio Dall’Agnol da Embrapa Soja encontrado no Portal do Agronegócio (www.portaldoagronegocio.com.br trata isto de forma muito interessante:

Acabou a febre do biodiesel?!

Chamou a atenção, em 2006, a corrida de empresários nacionais e estrangeiros por licenças da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP para produzir biodiesel, motivados pelo alto preço do petróleo e o baixo (menos de US$ 500,00/t) preço do óleo de soja (90% do óleo vegetal produzido no Brasil), além das previsões alarmantes do relatório da ONU sobre riscos do aquecimento global causado pelos gases de efeito estufa, particularmente do CO2 proveniente da queima de derivados do petróleo.

A euforia dos empresários era tal, que se chegou a especular na possibilidade de antecipar a adição de 2% de biodiesel no diesel (B2), de 2008 para Julho de 2007 e do B5, de 2013 para 2010. A capacidade de produção das usinas já autorizadas pela ANP é superior a 1 bilhão de litros, para uma demanda, a partir de 2008, de 800 milhões de litros.

Mas nem tudo são flores no país dos biocombustíveis. O preço do petróleo recuou, o do óleo de soja subiu (mais de US$ 700,00/t) e a preocupação com o meio ambiente continua, mas no contraste entre a natureza e o lucro, este conta mais. Resultado: têm hoje mais usinas prontas e inoperantes do que usinas produzindo. Não passou dos 53 milhões de litros nossa produção no 1º trimestre de 2007 e nesse ritmo não teremos, em 2008, os 800 milhões de litros de biodiesel necessários para cumprir com a demanda do B2.

Como Lei é Lei, o biodiesel adquirido pela Petrobrás em leilões públicos realizados em 2006 e 2007, terá que aparecer. O usineiro que vendeu o produto terá que entregá-lo e poderá ter prejuízos caso não tenha garantido o fornecimento e o preço da matéria prima, quando negociou o biodiesel com a Petrobrás. Tampouco está tendo êxito quem apostou nos benefícios do selo social da produção familiar da mamona, do girassol ou do dendê, pois a produção dessas oleaginosas é ainda muito pequena, visto que sua baixa rentabilidade desestimulou o pequeno produtor, destinatário dos incentivos fiscais que estimulariam a produção.

Para ser sustentável, uma usina produtora de biodiesel depende da garantia de fornecimento da matéria prima com preços racionais, o que só se consegue com produtores associados e preços previamente acertados. Sem essa segurança, fica-se na dependência dos humores do mercado, que não costuma ser generoso. Nesse particular, bem aventuradas as Cooperativas de Produtores, cujos associados são, além de fornecedores da matéria prima, também consumidores do biodiesel e das tortas resultantes do processamento das oleaginosas.

A propósito do biodiesel, o que o Brasil tem é clima favorável, muita terra disponível e domínio das tecnologias de produção das oleaginosas em climas tropicais. Tem, portanto, muito potencial, mas, ainda, pouca produção. Em 2006, o País foi apenas o 14% produtor de Biodiesel, mas poderá ser o 2º ou 3º, ainda em 2007 e, talvez, o 1º a partir de 2010.

Amélio Dall’Agnol - amélio@cnpso.embrapa.br

domingo, agosto 05, 2007

Sempre bons resultados do Agronegócio

Mais uma vez, temos bons resultados no agronegócio. A reportagem da Folha de São Paulo do dia 2 de agosto mostra isso:

BOAS RECEITAS

Tomando-se como base oito dos principais grupos do agronegócio, as exportações do setor somaram US$ 22,3 bilhões nos sete primeiros meses deste ano, 21% a mais do que em igual período do ano passado, conforme dados da Secex.

Volume maior de produção interna e melhora nos preços externos recolocaram a soja em primeiro lugar na lista das exportações. O complexo soja rendeu US$ 6,3 bilhões, com destaque para os US$ 4,2 bilhões da soja em grão.

As carnes seguem a soja de perto. O país conseguiu receitas de US$ 4,9 bilhões até julho deste ano com o conjunto das carnes (bovina, suína e de frango). O destaque foi o bom cenário para as exportações de frango, que atingiram US$ 2,3 bilhões e superam em 49% as de igual período de 2006.

Após dois anos de destaques, as receitas com açúcar crescem menos. Até julho, o açúcar bruto rendeu 13% menos (US$ 1,7 bilhão), mas o refinado teve receitas 14% maiores (US$ 1,1 bilhão). As vendas de álcool cresceram 33% - US$ 861 milhões.

O suco de laranja obteve a liderança em evolução. Ao somar US$ 941 milhões, as exportações deste ano renderam 72% a mais do que em igual período de 2006. Já o café rendeu US$ 1,8 bilhão, 28% a mais.