quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Aumento utilização de fertilizantes no mundo

Notícia da Agência France Presse publicada no Cosmo mostra alguns interessantes números sobre a demanda mundial de fertilizantes. Esta é uma boa notícia, pois existe uma tendência de maior produtividade futura:

O mundo usará mais fertilizantes

(26/2/2008) - O uso mundial de fertilizantes aumentará em 34 milhões de toneladas nos próximos cinco anos devido aos altos níveis de produção de alimentos e biocombustíveis, anunciou nesta terça-feira a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

Segundo a agência, a produção de nitrogênio, fosfato e potássio superará a demanda dentro de cinco anos e excederá o aumento previsto da demanda em 1,9%.

No relatório da FAO, intitulado "Tendências e perspectivas mundiais dos fertilizantes até 2011/2012", se reconhece que "os altos preços dos produtos básicos agrícolas dos anos recentes levou a um aumento da produção e, portanto, a um uso maior dos fertilizantes".

O total da produção passará de 206,5 milhões de toneladas em 2007/2008 a 241 milhões de toneladas em 2011/12. A demanda de fertilizantes subirá dos atuais 197 milhões de toneladas a 216 milhões nesse mesmo período.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Cidade de São Paulo - campeã em exportações do Agronegócio

Apesar de parecer contraditório, o título da nota é verdade. A capital paulista, em seu Escritório de Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura, foi a cidade que mais exportou no ano passado. A notícia abaixo da Agência Estado, comenta brevemente os resultados das regiões paulistas e o trabalho na íntegra pode ser obtido com várias tabelas e figuras, no site do Instituto de Economia Agrícola:

Capital foi campeã em exportações

As empresas sediadas na área de atuação do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de São Paulo, que corresponde à Capital e municípios de seu entorno, fizeram dela a principal região exportadora do Estado em 2007, com US$ 22,1 bilhões e 39,3% de participação no total estadual, o que também se verifica especificamente quanto aos produtos dos agronegócios: vendas externas de US$ 6,9 bilhões e 38,1% de participação no total setorial, além de variação positiva de 6,5% em comparação com 2006. As informações são do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (IEA), a partir de dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic).

"Verifique-se que se trata de estatísticas baseadas no ato comercial de exportar, ou seja, identifica o domicílio fiscal das empresas, o que não necessariamente corresponde à produção local. Dada a plataforma exportadora do Estado, obtida pela excelência de sua logística, as empresas paulistas totalizam operações de exportações com valores superiores ao montante de divisas obtido com a exportação de produtos produzidos no seu próprio território", explicam os pesquisadores.

As exportações do agronegócio paulista totalizaram US$ 18,2 bilhões em 2007, crescimento de 11,7% em relação ao ano anterior (US$16,3 bilhões), quando considerado o domicílio fiscal da empresa exportadora (não a exportação da produção). A participação nas vendas totais do Estado ao exterior manteve o mesmo patamar de 2006 (32,4%). Os dados foram coletados nos relatórios contidos no site do Mdic. Para a análise foram tomados como base os principais produtos vendidos ao exterior (40 no total) dos municípios paulistas que, somados, representam 90,85% do valor total exportado.

"Deve-se registrar que a área de atuação do EDR de São Paulo não consiste numa região agropecuária, em função de que o expressivo valor exportado dos agronegócios é decorrente de empresas exportadoras sediadas principalmente nos municípios de São Paulo e Santos, onde se registram as saídas (vendas) para exportação. Isso mostra a relevância da utilização do conceito de cadeias de produção (da roça à mesa) para entender as dinâmicas das agriculturas regionais", afirmam os pesquisadores Eder Pinatti, José Alberto Ângelo e José Sidnei Gonçalves.

As vendas externas das empresas sediadas na área geográfica do EDR de Araraquara aparecem em segundo lugar. As exportações dos produtos do agronegócio atingiram US$ 2 bilhões na região, levando a crescimento de 45,2% em relação a 2006 e consolidando 11% de participação no agronegócio paulista. Nas exportações totais, a região abrangida pelo EDR de Araraquara ocupa o quinto lugar, com participação de 4,6% no total.

Em seguida, na ordem de importância dentro do agronegócio em 2007, aparecem as empresas da área do EDR de Lins, com 6% de participação nas vendas setoriais e somando US$ 1,1 bilhão, apesar da queda de 8,7% em relação a 2006. Mais uma vez, para as economias regionais, a representatividade das vendas externas do agronegócio no total exportado nessa região alcançou 98,5%, mostrando a importância da agricultura na economia local. Dentro das exportações paulistas, as empresas baseadas na área desse EDR ocupam o nono lugar, com participação de 2%.

Em quarto lugar ficou o EDR de Barretos, com US$ 941 milhões exportados, que representam 5,2% do total setorial a partir do crescimento expressivo de 12,8%. A representatividade do agronegócio no total das vendas externas regionais atinge 99,7%, o que configura uma maior presença exportadora na economia local de empresas setoriais. Isso fica nítido quando se visualiza que no ranking geral do Estado: todas as empresas exportadoras dessa área geográfica ocupam a 11ª posição, com US$ 944 milhões.

As empresas sediadas nos territórios dos EDRs de Piracicaba e Campinas aparecem em quinto e sexto lugares, participação de 4,9% e 2,8%, respectivamente. Já a representatividade do agronegócio nas vendas externas totais de cada região atinge 31,7% em Piracicaba e 10,6% em Campinas, que configura uma maior presença de empresas exportadoras de outros setores da economia. Nas exportações totais paulistas, essas regiões ocupam a quarta e a terceira posições.

Quanto à representatividade do agronegócio nas exportações totais de cada região, verifica-se o papel preponderante na economia exportadora paulista, uma vez que, das 40 regiões de atuação dos EDRs, em 20 observam-se importâncias percentuais acima dos 80%: Presidente Venceslau (100%), Assis (99,93%), Dracena (99,84%), Jales (99,81%), Barretos (99,72%), Catanduva (99,60%), Fernandópolis (98,79%), General Salgado (98,71%), Lins (98,47%), Presidente Prudente (98,10%), Votuporanga (98,02%), São José do Rio Preto (95,74%), Jaú (95,53%), Avaré (95,37%), Franca (94,79%), Ourinhos (92,40%), Tupã (92,34%), Orlândia (91,70%), Jaboticabal (83,96%) e Marília (81,53%).

"Esses indicadores mostram que o interior da principal unidade da Federação Brasileira, quanto à magnitude do desenvolvimento industrial, se move pelos empreendimentos dos agronegócios", ressaltam os pesquisadores.

Na faixa intermediária, em que a representatividade varia entre 60% e 80%, situam-se as regiões de Andradina (79,23%), Itapetininga (78,71%), São João da Boa Vista (78,06%), Araraquara (77,79%), Ribeirão Preto (72,51%) e Itapeva (64,24%). Já na faixa de 40% até 60%, aparecem as de Registro (57,79%), Araçatuba (53,59%), Bragança Paulista (53,43%), Limeira (42,42%).

Em percentuais de 20 até 40, vêm as regiões de Mogi das Cruzes (33,89%), Piracicaba (31,78%), São Paulo (31,41%), Botucatu (29,88%), Mogi Mirim (20,85%). Abaixo dos 20% de representatividade do agronegócio estão Bauru (18,26%), Sorocaba (11,62%), Campinas (10,55%), Guaratinguetá (5,51%) e Pindamonhangaba (1,16%), o que se deve à forte exportação de produtos industrializados e alto nível tecnológico de setores como aeronaves, aparelhos de telefonia móvel, automóveis, peças automotivas e outras.

Principalmente nas regiões que formam o entorno do complexo metropolitano formado por Campinas, São Paulo, Sorocaba, Santos e São José dos Campos, a representatividade do agronegócio nas exportações totais se mostram menores. No entanto, na maioria das regiões paulistas, os principais negócios exportadores são os agronegócios, com o que esse setor tem papel estratégico na formação das políticas de desenvolvimento estadual, em especial no desenho de políticas públicas geradoras de emprego e de renda que necessariamente devam estar submetidas ao axioma da busca da redução das disparidades inter-regionais, dramaticamente expressivas no caso paulista.

Agronegócio do Boi em plena SP

Uma nota interessante foi publicada no site da Folha Online:

Prefeitura procura dono de 20 vacas e bois que ocupam praça em SP

A Subprefeitura da Vila Prudente/Sapopemba, na zona leste de São Paulo, procura há cerca de um mês o dono de 20 vacas, bois e bezerros que pastam livremente em uma praça na rua Inocêncio de Góes, no Jardim Elba (zona leste de São Paulo).

A busca pelo dono do rebanho começou quando moradores se queixaram ao subprefeito, Felipe Sigollo, que os animais andam livremente pela praça e pela rua, podendo causar um acidente. Apesar do risco, não há notícia de acidente.

A subprefeitura descartou que os animais tenham sido abandonados no local, porque parte deles carrega sinos e todos aparentam estar bem cuidados.

Quando o dono dos bichos for encontrado, a subprefeitura inicialmente pedirá para que ele tire os animais do local, mas depois poderá tomar medidas legais, como acionar o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses).

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Mercado agrícola mundial - panorama

O artigo abaixo, publicado no Estado de São Paulo do dia 13 de fevereiro, faz um panorama do mercado agrícola mundial e a inserção brasileira.

Mercado agrícola em transformação

A grande transformação por que passa o mercado agrícola mundial interessa diretamente ao Brasil. O preço das commodities tem influência direta sobre as exportações brasileiras e o biocombustível põe o Brasil na linha de frente na luta para reduzir a dependência do petróleo e diminuir as emissões de gás carbono, que tantos prejuízos causam ao meio ambiente.

A revista The Economist, em recente estudo, com dados significativos, chama a atenção para as conseqüências do aumento do preço dos alimentos sobre a economia global e, em especial, sobre a dos países em desenvolvimento.
Contrastando com a queda de 75% dos preços das commodities agrícolas no período 1974-2005, o índice The Economist de produtos agrícolas no mercado mundial está hoje no nível mais elevado desde sua criação, em 1845. Mesmo em termos reais, os preços cresceram 75% desde 2005 e deverão manter-se nesses níveis, pelo menos por uma década. Estudos mostram que o preço dos cereais deverá crescer entre 10% e 20% até 2015.

Normalmente, o aumento no preço das commodities deriva da escassez do produto e de baixos estoques, refletindo uma situação de desequilíbrio entre a oferta e a demanda. O que ocorre agora é a elevação das cotações, mesmo quando existe excedente, visto que a produção de cereais em 2008 será a maior da história. The Economist denomina esse fato, pelo seu impacto sobre a economia internacional, de 'agflation'.

Essa situação indica que as alterações do quadro são estruturais e não temporárias. Duas razões básicas podem ser apontadas para justificar a atual alta no preço dos produtos agrícolas: o aumento do consumo de alimentos na China e na Índia e o rápido crescimento da demanda por etanol como combustível. A demanda por etanol foi a principal razão do aumento do preço dos grãos em 2007, o que, por sua vez, acarretou a elevação do preço de outros produtos, como soja e milho.

A médio e longo prazos, os avanços tecnológicos, especialmente na genética agrícola, poderão beneficiar muitos agricultores. O acréscimo de novas regiões produtoras, porém, apresenta problemas significativos: a maior parte das novas áreas que poderão ser incorporadas para o plantio se encontra em áreas remotas do Brasil, da Rússia, do Casaquistão, do Congo e do Sudão; a necessidade de enormes investimentos em infra-estrutura (estradas, ferrovias); o crescente perigo de mudanças climáticas (segundo alguns estudos, o aquecimento global poderá reduzir a produção agrícola mundial em cerca de 15% em 2020; e o alto preço do petróleo (influência sobre o preço dos fertilizantes, responsáveis em boa parte pelo incremento da produção agrícola nos últimos 50 anos).

Os países mais pobres com reduzida produção agrícola e os países mais ricos serão os grandes perdedores. Segundo o Banco Mundial, 3 bilhões de pessoas, 75% dentre as mais pobres do mundo, vivem nas áreas rurais dos países em desenvolvimento e, dessas, 2,5 milhões estão na agricultura.
Assim, se, por um lado, os mais pobres poderiam ser beneficiados pelos altos preços das commodities, o que ocorre na prática é o contrário: a maior parte dos países vive com renda abaixo do nível de pobreza e não pode pagar os alimentos cada vez mais caros. Os países em desenvolvimento deverão gastar mais de US$ 50 bilhões com a importação de cereais em 2007, 10% a mais do que no ano passado. Por outro lado, entre outros países desenvolvidos, Japão, México e Arábia Saudita serão afetados diretamente pelo aumento dos preços dos alimentos. Segundo o Prêmio Nobel de Economia, Gary Becker, da Universidade de Chicago, se o preço dos produtos agrícolas crescer 33%, o nível de vida dos países desenvolvidos deverá reduzir-se ao redor de 3%, enquanto o dos países mais pobres, acima de 20%.

Para alguns países, o aumento dos preços passou a ser um problema. Muitos, como a Argentina, o Marrocos, o Egito, o México e a China, a fim de minimizar os efeitos negativos, estão aplicando algum tipo de controle de preços sobre produtos alimentícios; outros países, incluindo a Índia, o Vietnã, a Sérvia e a Ucrânia, impuseram imposto de exportação ou limitaram as exportações. Argentina e Rússia, para evitar os aumentos internos de preço, fizeram as duas coisas ao mesmo tempo.

Evidentemente, há também ganhadores com essa situação. Nos EUA, o maior exportador mundial de produtos agrícolas, a renda líquida do agricultor em 2007 será de US$ 87 bilhões, 50% a mais do que a média dos últimos 10 anos. Outros beneficiários, pelo aumento da eficiência e dos preços, são países em desenvolvimento, como o Brasil, a Argentina, a Índia, a África do Sul e alguns outros africanos.

A intervenção do governo por meio de subsídios e barreiras comerciais acarretou um elevado custo para os países em desenvolvimento. As tarifas aumentaram, houve perda de qualidade, superprodução e altos preços internacionais que tanto prejudicam os produtores, na maioria países em desenvolvimento. A redução dos subsídios nos EUA e na Europa ajudaria a alterar substancialmente esse quadro.
Finalmente, poderá haver um importante efeito político gerado pela 'agflation'. A escassez de alimentos e o alto preço das commodities agrícolas, num contexto internacional mais aberto, poderão mudar o equilíbrio de poder na economia mundial em benefício dos mercados emergentes.

O Brasil está muito bem posicionado para ser um dos principais países favorecidos por essa tendência.Tanto em pesquisa e na extensão de terras agriculturáveis quanto na produção agrícola, do etanol e do biodiesel, o Brasil goza de vantagens competitivas importantes. Isso representa uma enorme oportunidade que não podemos deixar passar.

Rubens Barbosa, consultor de negócios, é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Um pouco de dados sobre a indústria de fertilizantes

O artigo abaixo publicado na terça-feira na Folha de São Paulo mostra a situação atual do setor de fertilizantes, trazendo alguns números interessantes:

Governo vê oligopólio nos fertilizantes

Estudo do Ministério da Agricultura conclui que Bunge mais 2 múltis controlam preços da produção local e importada

A multinacional Bunge, no Brasil desde 1938, montou um oligopólio no setor brasileiro de fertilizantes e vem sendo responsável por altos custos de produção de lavouras como soja e cana-de-açúcar.

Foi esse o diagnóstico do Ministério da Agricultura, após quatro meses de investigação sobre a conduta das empresas e o comportamento do mercado. O governo quer quebrar o suposto oligopólio, usando como base o estudo, obtido pela Folha. A Bunge nega a prática.

Segundo o estudo, o oligopólio é composto ainda pelas multinacionais Mosaic e Yara, que influenciam o preço interno decidindo ora sobre a produção nacional, ora sobre o fornecimento internacional. Isso porque as unidades dessas empresas no exterior vendem boa parte do fertilizante importado pelo Brasil.

O mercado de fertilizantes no mundo movimenta cerca de US$ 60 bilhões anuais - no Brasil, são US$ 7,5 bilhões. O grupo Bunge, com sede nos EUA, inclui ainda alimentos e faturou R$ 18,2 bilhões em 2006 no Brasil. Só a Bunge fertilizantes tem aqui 3.000 funcionários e 60 mil clientes.

O problema se arrasta há anos e indica ausência de uma fiscalização efetiva do governo. As empresas misturadoras de adubo aguardam há meia década que o governo permita a compra de matéria-prima pelo mesmo preço das empresas do suposto oligopólio.

O aumento dos custos agrícolas relacionado com o preço dos fertilizantes tornou-se um problema agudo no ano passado, quando minas da Rússia sofreram inundações. O aumento do plantio na China, que compra 70% dos fertilizantes do planeta, também eleva preços.

No Brasil, as lavouras de soja (33%), milho (17%), cana-de-açúcar (15%), café (8%) e algodão herbáceo (5%) são as maiores consumidoras de fertilizantes, respondendo por 78% do consumo nacional.

A tendência de aumento das cotações e possível escassez de fertilizantes para importantes lavouras como a soja em Mato Grosso levou o ministro Reinhold Stephanes a determinar a investigação.

As conclusões foram apresentadas em dezembro aos outros seis ministros da Camex (Câmara de Comércio Exterior) - integrada por Casa Civil, Fazenda, Planejamento, Desenvolvimento, Itamaraty e Desenvolvimento Agrário. Ficou definido que o assunto era de competência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), por envolver concentração de mercado.

De acordo com o estudo da Agricultura, o suposto oligopólio teve início em 1992, quando a produção de matéria-prima foi privatizada. Até então, a Petrobras detinha o monopólio da produção nacional, por meio da Fosfértil e da Ultrafértil.

As duas empresas foram vendidas para uma única companhia, a Fertifós. A partir daí, a Bunge adquiriu o controle acionário da empresa comprando outras companhias menores. Hoje, a Bunge possui 52,31% da Fertifós e 58,62% da Fosfértil, de acordo com o estudo. A Yara (13,76%) e a Mosaic (23,98%) são minoritárias na Fosfértil, mas têm poder de veto.

No ano passado, o lucro da Fosfértil cresceu 93% em relação a 2006, fechando o ano em R$ 443 milhões. A receita da empresa aumentou 17% - chegou a R$ 2,421 bilhões.

Hoje, o Brasil importa cerca de 74% dos fertilizantes que usa. A forte demanda no setor, aponta a Agricultura, tem feito com que alguns produtores rurais façam contratos mais vantajosos, pagando preços mais baixos. A Bunge diz que possui uma única política de preços.

"Com a união da Bunge e da Fosfértil, a mesma empresa controla a matéria-prima e a indústria. Corre-se o risco de amanhã uma empresa conseguir controlar o mercado", avaliou Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil.

Para Eduardo Daher, da Associação Nacional de Distribuidores de Adubos, o mercado internacional dita o preço dos fertilizantes no Brasil. "O aumento da demanda de fertilizantes, sobretudo nos últimos dez anos, fez com que o Brasil viesse aumentando cada vez mais a dependência dos fornecedores internacionais".

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Agroindústria também cresce

A notícia da Agência Estado publicada abaixo mostra que não só o segmento de "dentro da porteira" deve bom desempenho no ano passado. O setor de agroindústria, atividade "depois da porteira" cresceu principalmente na laranja, soja e milho e o melhor desempenho foi das máquinas e equipamentos, setor "antes da porteira".

Agroindústria cresce em 6 de 8 setores
Agência Estado


(11/02/2008) - O setor de produtos industriais derivados da agricultura cresceu 3,5% em 2007, com resultados positivos em seis dos oito subsetores pesquisados, divulgou hoje o IBGE. Conforme explicam os técnicos do instituto no documento, o bom desempenho dos derivados da soja (5,5%) e do milho (12,9%) "pode ser explicado pelo crescimento da safra e pelas boas cotações, em virtude da maior demanda externa e interna, pois estes grãos são insumos básicos na produção de rações para aves e suínos".

No caso do milho, segundo o IBGE, o acréscimo do preço é decorrente da redução da exportação norte-americana, cuja produção está sendo direcionada para a produção de etanol. Os derivados da cana-de-açúcar (6,4%) "foram impulsionados pelo aumento das exportações de álcool (11,4%), devido não só ao interesse mundial do uso do álcool, como combustível alternativo ao petróleo, mas principalmente em função do maior consumo interno, em virtude do aumento da frota de automóveis com motor bicombustível". Outras contribuições positivas vieram de celulose (4,1%) e laranja (13,0%), puxadas pelas exportações, e arroz (1,3%), produto direcionado ao mercado doméstico. Em sentido contrário, fumo (-4,7%) e trigo (-5,8%) foram os únicos recuos.

No caso dos produtos industriais utilizados pela agricultura houve um incremento de 15,1%, em virtude do aumento da produção de adubos e fertilizantes (4,8%) e de máquinas e equipamentos (49,3%). "Este bom desempenho foi influenciado por uma base de comparação baixa e pelo crescimento da renda agrícola, em função dos bons preços de comercialização da safra recorde de grãos de 2007", diz o documento.

Pecuária

O setor de produtos industriais derivados da pecuária cresceu 2% em 2007 ante o ano anterior, segundo o IBGE. Os derivados da pecuária bovina e suína cresceram 3,2%, "impulsionados pelo consumo interno e pelas exportações brasileiras para mais de 100 países, com destaque para a Rússia, União Européia (UE) e países árabes", comentaram os técnicos do IBGE no documento de divulgação.

Ainda segundo o documento, o setor externo, influenciado pelo bom preço internacional, também contribuiu para o aumento dos derivados de aves (7,1%). Os principais importadores de carne de frango foram a UE e a Ásia, além dos países do Oriente Médio.

Por outro lado, houve retração na produção de couro e peles (-2%) e leite (-6,2%), "este último afetado pelo aumento dos custos de produção e pela estiagem que prejudicou a formação de pastagens para o gado em importantes estados produtores, como Minas Gerais, Goiás e São Paulo".

O setor de produtos industriais utilizados pela pecuária, de acordo com o IBGE, apresentou incremento de 5,8% em 2007. O grupo rações, de maior peso, cresceu 7,2%, "em razão do aumento da produção de carne bovina, suína e de frango"; e os produtos veterinários apresentaram variação negativa de 0,6%.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Carnes - A retaliação já começou !

Como esperado, a Comunidade Européia já iniciou o processo de dificultar as exportações brasileiras de carne. O artigo abaixo publicado no site da USP, levanta vários aspectos desta barreira por diversos especialistas:

Especialistas comentam barreira da UE à carne brasileira

Leonardo Zanon e Renato Sanchez / Agência USP

A decisão de suspender as exportações de carne brasileira pela União Européia (UE) se utiliza de questões sanitárias com finalidades protecionistas. “O Brasil é uma área livre de aftosa. Proibir a exportação de carne brasileira é uma medida exagerada”, diz o professor Fernando Ferreira, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. Na última quarta-feira (30/01), o comissário de Saúde da UE Markos Kyprianou, anunciou a decisão que suspende por tempo indeterminado as importações da carne brasileira.

O pesquisador Sergio de Zen, do Centro de Pesquisa Econômica Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, concorda com a opinião do professor Ferreira: “Nas últimas ocasiões envolvendo febre aftosa, o Brasil seguiu todos os procedimentos recomendados pelos organismos internacionais. O risco sanitário é mínimo”, afirma.

As autoridades européias consideram insatisfatório o controle do governo brasileiro sobre a criação de bovinos. Para Maristela Basso, professora de Direito Comercial Internacional da USP, a UE faz uso de um direito legítimo. Segundo ela, o Brasil deve demonstrar para a União Européia, de forma técnica e criteriosa, que seu gado não oferece nenhum risco ao bloco. De acordo com a professora, “ainda que o risco seja pequeno, as autoridades européias têm o direito de exigir garantias para a segurança dos seus cidadãos”.

Irlanda e Inglaterra são os principais criadores de gado no interior do bloco europeu. Após denúncias de deputados irlandeses e britânicos em outubro do ano passado, a UE deu prazo até o fim de 2007 para que o governo brasileiro se adequasse às exigências do bloco.

Em novembro, uma missão da UE detectou problemas na certificação e no rastreamento de origem do gado brasileiro. Sem a garantia de rastreabilidade, afirmam autoridades européias, não há garantias de que a carne enviada à Europa não provém de área em que a venda para o bloco é proibida. Desde 2005, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul não podem exportar devido a focos de febre aftosa.

Os especialistas concordam quanto à necessidade de que o rastramento seja de fato realizado. Segundo Ferreira, o rastreamento é bom para europeus e brasileiros porque fortalece as ações de controle sobre a produção. Zen complementa: “Além de dar mais transparência à produção nacional, a medida atrairia investimentos externos”.

Outro ponto de divergência é a certificação de fazendas. Em dezembro do ano passado, a UE anunciou medidas de restrição sobre a importação da carne brasileira. O bloco também solicitou que o governo apresentasse até 31 de janeiro deste ano uma lista com 300 fazendas que cumprissem as exigências do bloco. Em 30 de janeiro, o governo enviou uma lista com 2.600 propriedades. Assim, os europeus se recusaram a publicar a lista em seu diário oficial ocasionando, na prática, a proibição das importações de carne brasileira.

Conseqüências no mercado
Em relação ao mercado externo, os especialistas acreditam que a medida não deve afetar as exportações para outros grandes compradores como Rússia, Estados Unidos e Egito. Ainda assim, a situação é preocupante. Segundo Ferreira, a UE é um consumidor muito importante para os pecuaristas brasileiros. “Eles não conseguirão vender tudo o que venderiam para a Europa. O abate deve ser direcionado para outros países e para o mercado interno”, diz.

Eles afirmam que o mercado interno pode sofrer com as conseqüências dessa barreira às exportações. De acordo com Zen, a tendência é de queda dos preços a curto prazo e alta no longo prazo. “Cortes direcionados para exportação, como o filé mignon, devem ficar mais baratos a príncípio. Depois, com uma eventual redução da produção, é provável que todos os cortes se tornem mais caros”, explica o pesquisador.

Segundo a Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as exportações de carne bovina somaram R$4,5 bilhões em 2007, 15% a mais do que no ano anterior. A União Européia foi responsável por 38,5% dessa quantia.