Apesar de parecer contraditório, o título da nota é verdade. A capital paulista, em seu Escritório de Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura, foi a cidade que mais exportou no ano passado. A notícia abaixo da Agência Estado, comenta brevemente os resultados das regiões paulistas e o trabalho na íntegra pode ser obtido com várias tabelas e figuras, no
site do Instituto de Economia Agrícola:
Capital foi campeã em exportações
As empresas sediadas na área de atuação do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de São Paulo, que corresponde à Capital e municípios de seu entorno, fizeram dela a principal região exportadora do Estado em 2007, com US$ 22,1 bilhões e 39,3% de participação no total estadual, o que também se verifica especificamente quanto aos produtos dos agronegócios: vendas externas de US$ 6,9 bilhões e 38,1% de participação no total setorial, além de variação positiva de 6,5% em comparação com 2006. As informações são do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (IEA), a partir de dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic).
"Verifique-se que se trata de estatísticas baseadas no ato comercial de exportar, ou seja, identifica o domicílio fiscal das empresas, o que não necessariamente corresponde à produção local. Dada a plataforma exportadora do Estado, obtida pela excelência de sua logística, as empresas paulistas totalizam operações de exportações com valores superiores ao montante de divisas obtido com a exportação de produtos produzidos no seu próprio território", explicam os pesquisadores.
As exportações do agronegócio paulista totalizaram US$ 18,2 bilhões em 2007, crescimento de 11,7% em relação ao ano anterior (US$16,3 bilhões), quando considerado o domicílio fiscal da empresa exportadora (não a exportação da produção). A participação nas vendas totais do Estado ao exterior manteve o mesmo patamar de 2006 (32,4%). Os dados foram coletados nos relatórios contidos no site do Mdic. Para a análise foram tomados como base os principais produtos vendidos ao exterior (40 no total) dos municípios paulistas que, somados, representam 90,85% do valor total exportado.
"Deve-se registrar que a área de atuação do EDR de São Paulo não consiste numa região agropecuária, em função de que o expressivo valor exportado dos agronegócios é decorrente de empresas exportadoras sediadas principalmente nos municípios de São Paulo e Santos, onde se registram as saídas (vendas) para exportação. Isso mostra a relevância da utilização do conceito de cadeias de produção (da roça à mesa) para entender as dinâmicas das agriculturas regionais", afirmam os pesquisadores Eder Pinatti, José Alberto Ângelo e José Sidnei Gonçalves.
As vendas externas das empresas sediadas na área geográfica do EDR de Araraquara aparecem em segundo lugar. As exportações dos produtos do agronegócio atingiram US$ 2 bilhões na região, levando a crescimento de 45,2% em relação a 2006 e consolidando 11% de participação no agronegócio paulista. Nas exportações totais, a região abrangida pelo EDR de Araraquara ocupa o quinto lugar, com participação de 4,6% no total.
Em seguida, na ordem de importância dentro do agronegócio em 2007, aparecem as empresas da área do EDR de Lins, com 6% de participação nas vendas setoriais e somando US$ 1,1 bilhão, apesar da queda de 8,7% em relação a 2006. Mais uma vez, para as economias regionais, a representatividade das vendas externas do agronegócio no total exportado nessa região alcançou 98,5%, mostrando a importância da agricultura na economia local. Dentro das exportações paulistas, as empresas baseadas na área desse EDR ocupam o nono lugar, com participação de 2%.
Em quarto lugar ficou o EDR de Barretos, com US$ 941 milhões exportados, que representam 5,2% do total setorial a partir do crescimento expressivo de 12,8%. A representatividade do agronegócio no total das vendas externas regionais atinge 99,7%, o que configura uma maior presença exportadora na economia local de empresas setoriais. Isso fica nítido quando se visualiza que no ranking geral do Estado: todas as empresas exportadoras dessa área geográfica ocupam a 11ª posição, com US$ 944 milhões.
As empresas sediadas nos territórios dos EDRs de Piracicaba e Campinas aparecem em quinto e sexto lugares, participação de 4,9% e 2,8%, respectivamente. Já a representatividade do agronegócio nas vendas externas totais de cada região atinge 31,7% em Piracicaba e 10,6% em Campinas, que configura uma maior presença de empresas exportadoras de outros setores da economia. Nas exportações totais paulistas, essas regiões ocupam a quarta e a terceira posições.
Quanto à representatividade do agronegócio nas exportações totais de cada região, verifica-se o papel preponderante na economia exportadora paulista, uma vez que, das 40 regiões de atuação dos EDRs, em 20 observam-se importâncias percentuais acima dos 80%: Presidente Venceslau (100%), Assis (99,93%), Dracena (99,84%), Jales (99,81%), Barretos (99,72%), Catanduva (99,60%), Fernandópolis (98,79%), General Salgado (98,71%), Lins (98,47%), Presidente Prudente (98,10%), Votuporanga (98,02%), São José do Rio Preto (95,74%), Jaú (95,53%), Avaré (95,37%), Franca (94,79%), Ourinhos (92,40%), Tupã (92,34%), Orlândia (91,70%), Jaboticabal (83,96%) e Marília (81,53%).
"Esses indicadores mostram que o interior da principal unidade da Federação Brasileira, quanto à magnitude do desenvolvimento industrial, se move pelos empreendimentos dos agronegócios", ressaltam os pesquisadores.
Na faixa intermediária, em que a representatividade varia entre 60% e 80%, situam-se as regiões de Andradina (79,23%), Itapetininga (78,71%), São João da Boa Vista (78,06%), Araraquara (77,79%), Ribeirão Preto (72,51%) e Itapeva (64,24%). Já na faixa de 40% até 60%, aparecem as de Registro (57,79%), Araçatuba (53,59%), Bragança Paulista (53,43%), Limeira (42,42%).
Em percentuais de 20 até 40, vêm as regiões de Mogi das Cruzes (33,89%), Piracicaba (31,78%), São Paulo (31,41%), Botucatu (29,88%), Mogi Mirim (20,85%). Abaixo dos 20% de representatividade do agronegócio estão Bauru (18,26%), Sorocaba (11,62%), Campinas (10,55%), Guaratinguetá (5,51%) e Pindamonhangaba (1,16%), o que se deve à forte exportação de produtos industrializados e alto nível tecnológico de setores como aeronaves, aparelhos de telefonia móvel, automóveis, peças automotivas e outras.
Principalmente nas regiões que formam o entorno do complexo metropolitano formado por Campinas, São Paulo, Sorocaba, Santos e São José dos Campos, a representatividade do agronegócio nas exportações totais se mostram menores. No entanto, na maioria das regiões paulistas, os principais negócios exportadores são os agronegócios, com o que esse setor tem papel estratégico na formação das políticas de desenvolvimento estadual, em especial no desenho de políticas públicas geradoras de emprego e de renda que necessariamente devam estar submetidas ao axioma da busca da redução das disparidades inter-regionais, dramaticamente expressivas no caso paulista.