sábado, julho 14, 2007

Sinergia Cana-Soja

Existem muitas sinergias entre a produção de etanol de cana-de-açúcar com biodiesel de oleaginosas como por exemplo, a soja. O artigo abaixo do Jornal de Piracicaba de 11 de julho mostra isso:

SOJA É ALTERNATIVA PARA RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS

Utilizar a soja como principal alternativa na renovação de canaviais, como forma de ter a matéria-prima para a produção do biodiesel na usina da Coplacana que começa a operar no início de 2008. Essa é uma das principais abordagens do seminário Biodiesel Coplacana e Produção de Soja em Renovação de Canaviais, que começa amanhã no Centro Canagro José Coral.

O engenheiro agrônomo e gerente administrativo da Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba), Klever José Coral, explica que a cana é uma cultura perene que, a cada cinco anos, renova um percentual que varia entre 20% e 25% da área plantada.

Segundo ele, tradicionalmente na região de Piracicaba, se planta a chamada cana de ano, cujo ciclo de produção é de 12 meses, o que inviabiliza qualquer processo alternativo de renovação de canaviais.

Já a chamada cana de ano e meio tem um ciclo de 18 meses e permite, num espaço de seis meses –– período entre o fim da colheita e o início do replantio –– que a área seja utilizada por outra cultura.

E é esse o principal aspecto do processo de conscientização do produtor no sentido de que ele opte pelo plantio da soja para abastecer a usina de biodiesel e permitir a produção de insumos, como o farelo, utilizado na alimentação animal.

Klever explica que a cana de 18 meses gera um canavial que vai produzir mais, com mais sanidade e maior longevidade do que o de 12 meses.

“Quando é de 12 meses, tirou a cana, se planta cana. Não dá para fazer renovação de cultura”, explica, destacando que vem conscientizando os produtores no sentido de que plantem somente a cana de ano e meio para permitir a renovação de cultura com uma leguminosa –– soja, amendoim ou algodão.

Klever justifica a opção pela soja dizendo que ela oferece mais facilidades, como por exemplo, para quem planta milho, porque é usado o mesmo equipamento para o plantio e colheita, sendo necessárias apenas pequenas adaptações.

Outro facilitador, segundo ele, está na utilização de uma variedade de soja de ciclo precoce, plantada em outubro/novembro e colhida em fevereiro, o que não interfere no processo da cana.
“No período em que a terra ficará descoberta, entra a soja, permitindo ao produtor ter recursos para quando for plantar a cana novamente”, comenta.

Klever destaca que no início do processo de operação a usina de biodiesel vai produzir 15 metros cúbicos/dia do produto, evoluindo gradativamente para 45 metros cúbicos, que é a capacidade máxima instalada da usina.

“Quando atingir essa meta, vai utilizar a produção de 10 mil hectares de soja somente da região”, enfatiza.

Essas áreas seriam aquelas localizadas no raio de um quilômetro do perímetro urbano, onde a queima da cana é proibida e aquelas ainda não ocupadas por condomínios clandestinos.

Cálculos feitos por ele indicam que as áreas de renovação de cultura nesses dois setores somam 5.000 hectares. O restante viria de áreas localizadas em Araras, Cosmópolis e Cerquilho, além daquelas localizadas sob as redes de alta tensão, os linhões.
De acordo com Klever, a exemplo de outros produtos, a Coplacana só vai receber soja dos cooperados.

Ele avalia que esse projeto da soja pode nascer auto-suficiente, porque haverá um fomento do plantio, mostrando as vantagens de se fazer a renovação com a leguminosa e que a soja permite financiamentos para sementes e insumos. Além disso, já existe uma estrutura de armazenamento.

Klever considera o momento o ideal, porque a cana está com preço bom e há incentivos do Governo Federal para a produção do biodiesel.

“Fizemos um estudo de viabilidade junto com ao Pólo Nacional de Biocombustíveis, com o professor Wéber Amaral, e constatamos que havia condições do plantio da soja na região”, destacou.

Ele garantiu que o produtor terá toda a assistência técnica e a mesma estrutura disponibilizada para a cana, acrescentando que com a usina de leite em funcionamento, os pecuaristas poderão absorver o farelo de soja, um subproduto destinado a fábrica de ração animal.

Outro aspecto positivo constatado por ele: na região há muito frango e suínos alojados pelas integradoras, que compram o farelo de soja para alimentação produzido em Barretos e que, com certeza, por questões de logística e economia, passariam a comprá-lo em Piracicaba.

A implantação do processo da produção de soja em renovação de canaviais, segundo Klever, vai gerar empregos, embora ainda não seja possível quantificar o volume de postos a serem criados. Uma coisa que parece certa é o aproveitamento dos trabalhadores rurais que atuam na colheita da cana, no intervalo entre uma cultura e outra.

Ele contou que a usina já está sendo construída na rodovia do Açúcar,devendo entrar em operação em fevereiro/março de 2008, produzindo o biodiesel B100, dentro dos padrões na ANP (Agência Nacional do Petróleo), que poderá, inclusive, ser exportado.
Klever afirmou que o biodiesel produzido pela usina da Coplacana será direcionado para a frota cativa da entidade e dos cooperados, sendo entregue diretamente em Piracicaba, sem necessidade de passar pelas distribuidoras de Paulínia.

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