terça-feira, julho 31, 2007

Brasil maior exportador de grãos em breve, segundo Stephanes

O governo brasileiro, em especial, o ministro da Agricultura está muito confiante com relação ao crescimento de nossa agricultura, pois segundo Reinhold Stephanes, em breve seremos o maior exportador de grãos do mundo, superando os EUA. Veja a nota publicada abaixo:

BRASIL SERÁ MAIOR EXPORTADOR DE GRÃOS, DIZ STEPHANES

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou nesta quarta-feira, que o Brasil poderá ser o maior exportador de grãos nos próximos anos. Em solenidade de abertura da semana comemorativa dos 147 anos do ministério, Stephanes disse que o Brasil é hoje o segundo maior exportador de grãos, maior exportador de carnes e o primeiro exportador de energia limpa.

Segundo ele, essas informações mostram a importância do Ministério da Agricultura dentro da economia brasileira. Para Stephanes, a agricultura sempre teve papel importante na economia mundial, mas ganhou destaque nos últimos anos, graças ao aumento da demanda mundial por alimentos e também pela necessidade de uso de biocombustíveis.

Ele salientou que há um crescimento da demanda mundial por alimentos, em particular na China, Índia e Rússia. Stephanes aproveitou a solenidade para elogiar os servidores do ministério. Disse, ainda, que ao assumir o ministério aproveitou 95% dos titulares do órgão, lembrando que vem de um governo de coalização. Stephanes foi escolhido para o cargo dentro do cota do PMDB (Estadão Online, 25/7/07)

Agronegócio cresce apesar do aumento dos custos

AGRONEGÓCIO ELEVA PRODUÇÃO, MAS SETOR RECLAMA DE AUMENTO DE CUSTOS

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio cresceu 1,29% nos primeiros quatro meses deste ano, de acordo com cálculos da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA).

A pecuária teve o maior crescimento (1,83%) entre os segmentos analisados para o cálculo do PIB. Mas os resultados também apontam que o lucro dos produtores diminuiu, já que aumentou os gastos com principais insumos, como herbicida, inseticida, fungicida e fertilizantes, aumentaram. A segunda maior alta do PIB agrícola foi de insumos, com 0,93%.

Segundo o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta, diz que o fator cambial, o aumento nos preços dos insumos e a falta de infraestrutura do país fizeram com que a renda dos produtores ficasse prejudicada. "O produtor está precisando ter cada vez mais produtos para consumir os mesmos insumos. Eles estão pagando por uma ineficiência".

Na agricultura, os produtos que apresentaram maior crescimento foram milho, algodão, cana-de-açúcar e tomate. Os produtos que tiveram maior alta de preço foram o tomate, trigo e milho.

Em contrapartida, a batata, cebola, feijão e mandioca tiveram seus preços reduzidos. Já na pecuária, o leite e o frango foram os produtos destacados, e tiveram aumento de preços pagos aos pecuaristas (PanoramaBrasil, 27/7/07)

Óleo de fritura vira biodiesel em Piracicaba

Piracicaba, uma das cidades mais importantes na cadeia produtiva do etanol, está desenvolvendo um projeto muito interessante no aproveitamento de resíduos de óleo de fritura para conversão em biodiesel. A nota abaixo publicado na Gazeta de Piracicaba em 29 de julho, descreve este projeto:

ÓLEO RECICLÁVEL: PRODUTO VAI VIRAR BIODIESEL, SABÃO E RAÇÃO ANIMAL

A partir da próxima quarta-feira (1º), o óleo utilizado na fritura de alimentos por cerca de 370 mil habitantes de Piracicaba terá destino certo. O produto poderá ser armazenado em garrafas pet, vidros ou galões, para ser entregue à Cooperativa Reciclador Solidário, que atua em 12 bairros diferentes do município e manterá como pontos de recolha de óleo, o Zoológico Municipal, o hipermercado Pão de Açúcar (no bairro Cidade Alta) e o supermercado Delta, nos bairros Cecap e Areão. No Brasil, destaca Euclides Buzetto (PT), autor do projeto de lei que instituiu o programa municipal de coleta e destinação de gorduras e óleos vegetais, a média de utilização de óleo por brasileiro é de oito litros por ano. "Sabemos que em Piracicaba o consumo é mais moderado. Se cada cidadão utilizar quatro litros por ano, no final vamos ter mais de um milhão de litro", calcula.

Há expectativa de vender, nos próximos 60 dias, 20 mil litros do óleo a ser coletado, para usinas de biodiesel. Para ser aprovado, o projeto de lei tramitou quatro meses na Câmara de Vereadores, prazo considerado rápido por Buzetto, e a lei foi publicada no Diário Oficial do Município do dia 6 de junho deste ano. O objetivo do programa de coleta e destinação de gorduras e óleos vegetais é reduzir o lançamento desses poluentes nos encanamentos, fossas sépticas e rede de esgoto, além de melhorar a renda dos 56 cooperados do Reclicador Solidário, da faixa etária de 18 a 65 anos.

O óleo coletado será destinado para fabricação de ração animal, detergente e o excedente da quantidade, para produção de biodiesel. Segundo Célia Regina Calim, assistente social, e Ademir Antonialli, gerente da Cooperativa Reciclador Solidário, o preço do litro do óleo para usinas de biodiesel é variável. O litro peneirado custa R$ 0,40 e o sujo é vendido por R$ 0,25.

Duas empresas vão comprar o óleo do Reciclador Solidário e outras duas usinas de biodiesel, a serem inauguradas na cidade, devem comprar o produto. O gerente do Reciclador Solidário diz que o apelo para que a população entregue o óleo de cozinha será a conscientização ambiental, com a colaboração dos meios de comunicação na divulgação do programa. "Não vamos pagar pelo óleo entregue nem dar outro produto em troca", elucida.

AMPLIAÇÃO

Ademir Antonialli diz que a coleta de materiais recicláveis é apenas a primeira etapa do Reciclador Solidário, que tem como meta agregar valores aos recicláveis, transformando-os em matéria-prima, e industrializá-los. Para ampliar o projeto, ressalta o gerente, foi solicitado à Prefeitura compra de terreno de 10 mil metros quadrados para a construção da sede do Reciclador. "Temos um local, mas ainda não podemos divulgar, mesmo porque isso terá de passar pela Câmara (de Vereadores)", afirma.

O terreno é fundamental para a negociação de financiamento de R$ 3,5 milhões, preiteados ao Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O valor, revela Antonialli, será utilizado para compra de esteiras, prensas, microusina de biodiesel e mais caminhões para coleta de materiais recicláveis. "Nosso objetivo é reciclar a metade das duas mil toneladas de materiais recicláveis produzidos mensalmente em Piracicaba. A outra metade deve ser atendida por outros projetos de reciclagem do município", enfatiza.

Atualmente, a cooperativa tem três caminhões subsidiados pela Prefeitura, que também paga aluguel do barracão - na avenida 31 de Março - e outras despesas. "Com a usina de biodiesel vamos poder aumentar de 56 para 150 cooperados", destaca.

Dentro de seis meses, o terreno pode estar definido. Antonialli lembra que somente após a definição, um dos bancos vai liberar o financiamento. Com os equipamentos industriais necessários, diz o gerente do Reciclador Solidário, poderão ser produzidos sacos plásticos e tubos de PVC para serem vendidos para a Prefeitura. "Até o próximo ano, vamos poder ampliar o Reciclador", acredita.

Atualmente, a cooperativa coleta por mês 120 toneladas de materiais recicláveis - plástico, papel, papelão, alumínio - de 12 bairros de Piracicaba. A receita de junho foi de R$ 29 mil e mês de julho deve fechar em 135 toneladas. Para agosto, a previsão é atingir 200 toneladas. Cada um dos cooperados ganha, mensalmente, de R$ 500 a R$ 600. "Em agosto, a receita de cada cooperado será cerca de R$ 800", adianta Antonialli.

Os produtores de cana também querem compartilhar dos ganhos da Bolsa de Valores

A onda de IPOs do setor canavieiro e seus consequentes ganhos nos valores das ações, fez com que algumas pessoas começem a questionar o atual modelo de pagamento de cana aos fornecedores no estado de São Paulo (CONSECANA), que leva em conta os valores de mercado de açúcar e álcool.

A reportagem abaixo, publicada na Gazeta Mercantil de 27 de julho, levanta esta questão:

MODELO CONSECANA: LAVOURA NÃO RECEBE POR GANHO DE USINA EM BOLSA

Modelo Consecana é imperfeito porque deixa de captar a vantagem no mercado futuro. As usinas de açúcar do Paraná receberam em junho 13% mais pelo açúcar exportado que as indústrias de São Paulo, segundo o indicador Açúcar de Mercado Externo (AME) do Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool (Consecana) dos dois estados. Mas, analistas acreditam que, dificilmente, as usinas paulistas negociaram com desvantagem. A questão é que o modelo Consecana não capta os ganhos que o setor obtém na fixação em Bolsa e, por isso, essa diferença não é repassada ao plantador de cana-de-açúcar de São Paulo.

O consultor de gerenciamento de risco, da FCStone, Mário Silveira, avalia que as usinas paulistas são mais tradicionais no uso de mecanismos de gerenciamento de risco e, por isso, é difícil que tenham feito contratos mais desvantajosos. Assim, a hipótese levantada por ele é a de que os usineiros de São Paulo podem ter fixado na Bolsa de Nova Iorque (Nybot) diretamente e a um determinado valor e, meses depois, com a queda nos preços, ter fechado os contratos no mercado físico a um preço menor. "Pode ter ocorrido uma fixação na Nybot no momento em que o mercado estava, por exemplo, a 13 centavos de dólar por libra-peso; com a queda nos meses seguintes, ter havido o fechamento do contrato internamento em 11 centavos", exemplifica o consultor. Ele esclarece que a diferença - 2 centavos de dólar por libra-peso - representa o ganho no mercado futuro e que trata-se de uma operação legal. "Se o preço tivesse subido, elas não teriam ganhado nada, apenas protegido o valor do produto contra oscilações".

O diretor de Comércio Internacional de Açúcar da tradding CristalServ, Cesar Frossard, explica que a maior parte das usinas de açúcar comercializam a produção no mercado futuro. Ele estima que entre 80% e 90% da açúcar de exportação da safra 2007/08 - que termina em março de 2008 - já está com preços fixados no mercado internacional e com bons preços, bem acima do nível atual do mercado físico. "Esse percentual de venda antecipada é superior entre os sócios da CristalServ, que representa 13 usinas com volume de exportação estimado em 1,275 milhão de toneladas de açúcar.

Mas, os indicadores do Consecana-SP mostram números decrescentes de preços de exportação de açúcar cristal em São Paulo nos três primeiros meses desta safra. O valor foi de R$ 27,85 por tonelada em abril, de R$ 25,20 em maio e, de R$ 22,61 em junho. De acordo com a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), Miriam Bacchi, de fato, o Consecana não consegue captar esse movimento em bolsa por que é difícil identificar o que é um movimento especulatório e o que é negociação real.

O presidente da Organização dos Produtores de Cana-de-açúcar do Centro -Sul (Orplana), Ismael Perina Júnior, reconhece que essas operações são feitas pelas usinas e que é difícil identificá-las e acompanhá-las. Mas, de qualquer forma, continua ele, a proteção de preço feita pela usina representa também menor risco ao preço pago ao plantador.

"Além disso, o modelo Consecana é de livre adesão e, apenas uma das possibilidades de o plantador negociar no mercado", observa Perina. Ele reconhece que o Consecana tem que evoluir, mas ainda assim, considera que o modelo é "bastante coerente".
Para Silveira, a discussão deveria resultar na criação de ferramentas para que o produtor possa fazer hedge da matéria-prima, o que hoje não existe.

O usineiro Maurílio Biagi, da Usina Moema, também considera que a diferença entre preços do açúcar para Paraná e São Paulo pode ter sido causada porque o volume exportado por São Paulo é oito vezes superior ao do Paraná, o que facilita a distorção de dados no curto prazo

quarta-feira, julho 25, 2007

Nem só boi vira Biodiesel

A notícia a seguir mostra que podemos produzir biodiesel a partir de qualquer tipo de gordura animal.

EM HONDURAS, TILÁPIAS VIRAM BIODIESEL

Empresa processa os peixes para transformar em biodiesel. Companhia é lider mundial na produção do combustível de origem animal.

A companhia ’Aquafinca Saint Peter Fish’, que tem sede na pequena vila de El Borboton, em Honduras, começou a processar tilápias há cinco anos para fabricar produtos para a indústria de alimentos. Recentemente, no entanto, a empresa descobriu uma nova utilidade para os peixes: fabricar biodiesel. Com a iniciativa, a Aquafinca se tornou líder mundial na produção de biodiesel de origem animal (G1, 24/7/07)

Crédito rural está sobrando enquanto agricultores estão endividados

Por mais incoerente que possa ser, o governo brasileiro anunciou que parcela considerável do crédito rural destinado à safra passada não foi utilizado. A notícia a seguir, do Valor de ontem, mostra com detalhes esta situação bem inusitada qeu acontece na nossa agricultura:

’SOBRA’ DE R$ 5,4 BI EM CRÉDITO DE 2006/07

Comemorado pelo governo como um dos principais instrumentos de incentivo ao setor rural, o aumento na oferta de crédito rural não tem cumprido o papel de alavancar os negócios agropecuários e estimular investimentos na área. O desembolso relativo do sistema oficial de crédito rural ficou, pelo segundo ano-safra consecutivo, abaixo do orçamento original previsto pelo Ministério da Agricultura.

Na temporada 2006/07, finalizada em 30 de junho, a aplicação dos recursos chegou a apenas 89% do total programado - no ciclo anterior (2005/06), o desembolso chegou a 95% do total. Com isso, "sobraram" R$ 5,387 bilhões no sistema financeiro. O governo tinha anunciado R$ 50 bilhões para o setor, mas foram efetivamente aplicados apenas R$ 44,613 bilhões, segundo dados obtidos pelo Valor. No ano-safra 2005/06, havia R$ 44,35 bilhões, e os desembolsos somaram R$ 42,345 bilhões - um déficit da ordem de R$ 2 bilhões.

A crise de renda no segmento de grãos e o conseqüente crescimento do endividamento rural ajudam a explicar a piora neste indicador de desempenho do setor, sobretudo no crédito para programas de investimentos. Mas a política de concessão de crédito dos bancos também tem sido cada vez mais restritiva. "Há um temor com a crise e uma avaliação caso a caso sobre a situação financeira de cada produtor", afirma o coordenador-geral de Análise Econômica da Secretaria de Política Agrícola do ministério, Marcelo Guimarães. "Os bancos contraíram o crédito e ficaram mais criteriosos", observa ele.

Da análise do desempenho do crédito rural na última safra emergem evidências de uma forte desaceleração no crédito para investimento. Os oito programas administrados pelo BNDES deixaram de aplicar R$ 3,2 bilhões (53%). Neste período, o desembolso foi ainda menor do que na temporada anterior (queda de 12%), quando foram emprestados R$ 3,3 bilhões. "É a demonstração da crise.

Houve uma impossibilidade de acessar os recursos. Não há capacidade de endividamento", analisa a vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO).

"E vai piorar nesta safra atual porque os bancos vão restringir ainda mais o crédito, já que os produtores não têm garantias reais para os empréstimos", diz ela.

Os dados oficiais, consolidados pelo Ministério da Agricultura, evidenciam que os produtores também deixaram de ter acesso aos recursos do crédito de custeio com juros livres. Escaldado com as altas taxas, o setor contratou apenas 88% do total disponível. Na safra anterior, os produtores haviam tomado emprestado 14% a mais do que o previsto. Assessor técnico da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o economista Ademiro Vian avalia que as restrições bancárias têm fundamentos sólido.

Segundo ele, houve uma oferta adicional de crédito em razão da "sobra" de R$ 1,2 bilhão ocorrida em 2005/06, a elevação no volume das exigibilidades bancárias provocadas pela explosão dos depósitos à vista e a necessidade de maior seletividade na concessão do crédito. "As restrições cadastrais inibiram o crédito. Isso vai continuar talvez com mais rigor porque vamos ter que fazer provisão para riscos operacionais a partir de dezembro".
Ainda conforme Vian , o governo precisa mudar a matriz do crédito, passando a analisar as cadeias produtivas e criando um estatuto de micro e pequenos empresas do agronegócio. "Pessoa física tem pouco espaço no mundo do crédito de hoje".

Os números do Ministério da Agricultura mostram, também, ter havido um piora até mesmo nos empréstimos de custeio e comercialização da safra. O desembolso efetivo despencou de 111% na temporada 2005/06 para 95% no período terminado em junho deste ano. Sobraram R$ 1,878 bilhão nessa rubrica. "Os produtores tomaram menos recursos, mas houve melhora no perfil com juros mais baratos", argumenta Marcelo Guimarães. Segundo ele, nesta safra a situação deve ser normalizada. "Está havendo uma retomada com queda dos juros e solução parcial para as dívidas do setor"

sexta-feira, julho 20, 2007

Brasil - Nova Arábia Saudita segundo José Goldemberg

O professor José Goldemberg é uma das maiores autoridades brasileiras na área de energia. Ele escreveu um artigo muito interessante comparando o Brasil à Arábia Saudita para o Estado de São Paulo no dia 18 passado. Segue a seguir o artigo:

O BRASIL E A ARÁBIA SAUDITA
José Goldemberg

É difícil imaginar dois países mais diferentes do que a Arábia Saudita e o Brasil. O primeiro é um deserto e sua única riqueza, o petróleo. O segundo é 15 vezes maior e possui a maior floresta tropical do mundo, além de ser um país com amplas áreas férteis e bem irrigadas no Sudeste, onde se encontra uma das agriculturas mais competitivas do mundo. No subsolo do Brasil não existe petróleo, que se encontra apenas na plataforma continental a grandes profundidades. Na Arábia Saudita toda a riqueza do país está abaixo do solo; no Brasil, acima do solo.

Apesar destas diferenças, tornou-se popular a idéia de que o Brasil poderia tornar-se a “nova” Arábia Saudita com sua produção de álcool (etanol) de cana-de-açúcar. Quão verdadeira é esta percepção?

A Arábia Saudita produz pouco mais de um décimo de todo o petróleo usado no mundo, mas isso a coloca na posição de principal produtora, pela qual domina o mercado mundial. Aumentando ou reduzindo sua produção, ela acaba determinando o preço do barril de petróleo no mundo todo.

Quais são as reais possibilidades de que o Brasil venha a ser uma “Arábia Saudita do álcool”?

Álcool de cana-de-açúcar é um excelente combustível, que substitui bem a gasolina. Além disso, ele é renovável e não poluente, o que o torna superior à gasolina, que é obtida do petróleo. A produção brasileira de álcool já substitui 40% da gasolina usada no País. Para isso são usados 3 milhões de hectares de terra, o que é pouco comparado com a área total usada para a agricultura no Brasil, que são 60 milhões de hectares.

Para substituir 10% de todo o petróleo do mundo - o que nos tornaria uma “Arábia Saudita do álcool” - seriam necessários 100 milhões de hectares cobertos de cana-de-açúcar, uma meta muito difícil de atingir mesmo substituindo outras culturas por esta. Para atingi-la seria preciso aumentar substancialmente a área cultivada, o que poderia criar sérios problemas ambientais, com a destruição de áreas vulneráveis.

O que é realista é estabelecer metas mais modestas, mas nem por isso menos significativas.

Dobrar ou triplicar a produção de álcool no Brasil é factível e poderá ser conseguido em cerca de dez anos, sem causar grandes problemas ambientais, porque existem no País dezenas de milhões de hectares de áreas degradadas nas quais a agricultura se poderia expandir. Só no Estado de São Paulo são 10 milhões de hectares de pastagens, onde são criados bovinos que têm à sua disposição um hectare por cabeça, ou seja, um campo de futebol. Outra opção é aumentar a produtividade da cana-de-açúcar nas áreas em que já está implantada, sem a necessidade de expandi-las.

Basta aumentar um pouco a densidade do gado no solo para fazer isso sem o risco de empurrá-lo para a Amazônia. Já o cultivo da cana-de-açúcar no Pantanal e em certas áreas de Mato Grosso e Minas Gerais, contudo, pode necessitar de cuidados especiais e o Ibama precisa ficar vigilante para que abusos que desmoralizem o programa não ocorram.

Os países que produzem álcool a partir do milho, como os Estados Unidos, ou da beterraba e de cereais, na Europa, sabem muito bem disso e estão preocupados porque o etanol brasileiro poder ser produzido pela metade do custo daquele outro. Importar álcool do Brasil vai inviabilizar sua produção nesses países.

Esta é a origem das restrições à importação de álcool do Brasil, que se manifestam de três formas:

A produção de álcool vai gerar fome no mundo porque vai substituir a produção de alimentos - o que é absurdo quando se olha a área que está sendo dedicada à cana-de-açúcar no Brasil para a produção de álcool, menos de 5% do total. Este é, porém, um sério problema nos Estados Unidos, onde a expansão da produção do milho em áreas antes ocupadas por soja está provocando aumento no custo desse cereal.

Haverá danos ambientais inaceitáveis, como a destruição da floresta amazônica - sucede que a cana-de-açúcar não cresce bem na Amazônia. Poder-se-ia argumentar que a expansão da cana em pastagens vai empurrar o gado para a Amazônia, mas isso não é necessariamente o que vai ocorrer, como se viu acima, pois a substituição poderá ser feita em áreas de pastagens, aumentando a densidade de ocupação pelo gado e liberando assim novas áreas para a cultura da cana.

Na realidade, produzir álcool apenas disfarça o problema, pois se gasta muito combustível fóssil para produzi-lo; portanto, o álcool não seria, de fato, um combustível renovável - este é o caso quando se usa o milho ou outros cereais para produzi-lo, mas a situação com cana-de-açúcar é realmente muito mais favorável: para cada litro de combustível usado se produzem quase dez de álcool.

Nos Estados Unidos ou Europa, uma unidade produtora “importa” combustíveis fósseis para o processo de produção do álcool. No caso do Brasil, usa-se como fonte de energia o bagaço de cana, do qual se obtêm o calor e a eletricidade necessários ao processo de preparação do álcool, desde o esmagamento da cana até a destilação do produto final, aliás, como se fazia em pequena escala nos velhos alambiques que faziam cachaça. Uma destilaria no Brasil não “importa” energia e até“exporta” o excedente, vendendo eletricidade às distribuidoras de energia.

Em conclusão, o que se pode dizer é que, graças à disponibilidade de terra e a um clima favorável, o Brasil poderá ser um grande produtor de álcool - talvez duas ou três vezes a produção atual - sem grandes problemas de competição com outras culturas e sem gerar sérios problemas ambientais.

Com isso o País não se tornaria a “Arábia Saudita do álcool” - sendo mesmo desejável que outros países com clima tropical apropriado sigam o mesmo caminho, até porque estes países têm todas as condições para tal -, mas ainda assim seria o seu maior produtor mundial (José Goldemberg é professor da Universidade de São Paulo)

Energia até de capim

No agronegócio brasileiro são infinitas as possibilidades. Como podemos verificar a nota abaixo encontrada no site Carbono Brasil, até capim estão utilizando para gerar energia elétrica:

BRASIL TERÁ 1ª TERMELÉTRICA MUNDIAL ALIMENTADA A CAPIM

O Brasil vai ter, a partir do próximo ano, a primeira termelétrica mundial alimentada a capim. O acordo para o investimento de R$ 80 milhões no projeto de construção da usina, que será instalada na Bahia, foi fechado na quarta-feira (18).

O contrato foi assinado em Piracicaba (SP), durante o Simtec - Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira, a maior feira do setor do etanol brasileiro.

A tecnologia para a Usina de São Desidério, na Bahia, será fornecida pela Dedini, uma das principais empresas de equipamentos industriais para o setor sucroalcooleiro, que tem como cliente a Sykué Bioenergya.

A representante Ana Maria Diniz, da Sykué Bioenergya, afirmou que o objetivo do grupo baiano é "aumentar em dez vezes a capacidade desta primeira usina, que é de 30 megawatts, chegando a 300", por meio da instalação de novas unidades.

A matéria-prima, capim elefante, "foi escolhida devido a sua alta capacidade de receber de energia solar e transformar em matéria celulósica, através de um ciclo de produção completamente limpo, renovável e economicamente viável", disse Diniz.

O projeto permite ainda a obtenção de crédito de carbono no montante de 1 milhão de toneladas ano, que poderão ser vendidos no mercado internacional, gerando lucros adicionais aos da venda de eletricidade no mercado livre. A unidade deverá estar em operação em dezembro de 2008, segundo os promotores.

Para o "designer" do projeto, Paulo Puterman, a biomassa "pode ser um caminho eficaz para a crise anunciada que o Brasil vive na produção e distribuição".

A principal fonte da geração de biomassa no Brasil atualmente são os resíduos da produção de cana-de-açúcar.

A capacidade de geração por meio dessa matéria-prima é de 45 quilowatts por tonelada, mas poderá triplicar nos próximos anos, graças ao melhor aproveitamento dos resíduos, incluindo o processamento da própria palha e das folhas da cana, para produção álcool celulósico. (CarbonoBrasil, 20/7/07)

Paraná - celeiro de grãos do país

A crise agrícola mudou este ano o cenário da produção de grãos. Conforme observado na reportagem abaixo publicado hoje na Folha de São Paulo, o Paraná passou à frente do Mato Grosso:

PARANÁ VOLTA A SER O MAIOR PRODUTOR DE GRÃOS, APONTA IBGE

Estado havia perdido o posto para Mato Grosso em 2005; RS se recupera da fase de estiagens e amplia participação. No ranking de municípios, os de MT são afetados pela perda com preços da soja; São Desidério (BA) foi o que gerou maior renda agrícola.

O Paraná retomou no ano passado o posto de maior produtor brasileiro de grãos, com participação de 19,8% na safra nacional. Em 2005, a primeira posição havia ficado com Mato Grosso, que colheu 18,9% de todos os grãos produzidos no Brasil no ano passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Afetado por fortes estiagens em 2004 e 2005 e pela descapitalização dos agricultores, o Rio Grande do Sul reagiu no ano passado. Saltou de uma participação de 10,4% na safra de 2005 para 17% na de 2006, cuja produção total somou 117,3 milhões de toneladas -4,1% mais do que em 2005.

O Paraná é o maior produtor de feijão, milho, trigo, aveia e cevada. É ainda o segundo principal fornecedor de soja. Mato Grosso lidera em soja e algodão. O Rio Grande do Sul tem a dianteira na produção de arroz.

Se 2006 marcou um ano de recuperação nos volumes de grãos produzidos, o mesmo não ocorreu com os preços, especialmente os da soja. O resultado foi uma queda de 15,1% no valor total da produção de grãos no país, estimado em R$ 40,961 bilhões.

Segundo o IBGE, o cenário de preços mais baixos e de menor rentabilidade das lavouras explica a retração do valor da produção agrícola de grãos e cereais. Em boa parte, é reflexo do câmbio, que reduziu o rendimento auferido pelos agricultores nas exportações.

"A diminuição [do rendimento] está relacionada à valorização do real, que afetou principalmente a soja e o algodão [produtos típicos de exportação]", disse Carlos Alfredo Barreto Guedes, técnico do IBGE.

Por conta da falta de chuvas e do desestímulo ao plantio trazido pelos preços baixos, a área cultivada de grãos diminuiu 5,2% (ou 2,5 milhões de hectares) em relação a 2005. A queda interrompeu uma seqüência de crescimento da área plantada iniciada em 2001.

Algumas culturas, porém, compensaram a queda da área com alta de produtividade. É o caso da soja, cuja safra de 2006 foi a maior da história do país -52,5 milhões de toneladas, com alta de 2,5% ante 2005.

A safra de milho, segundo produto agrícola mais importante do país, subiu 21,5%, recuperando-se dos efeitos das estiagens que afetaram o Sul (Folha de S.Paulo, 20/7/07)

OS CINCO ESTADOS COM MAIOR PRODUÇÃO DE GRÃOS NO PAÍS

1 - Paraná
2 - Mato Grosso
3 - Rio Grande do Sul
4 - Goiás
5 - Minas Gerais
(Fonte: IBGE)

Mais um grande player na Alcoolquímica

Logo após a Braskem anunciar sua entrada na alcoolquímica com a utilização do etanol para a produção do polietileno, a Dow Química também entra neste ramo em associação com a Crystalsev conforme podemos verificar na nota divulgada ontem:

DOW E CRYSTALSEV PLANEJAM A CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO PÓLO ALCOOLQUÍMICO DO MUNDO

Joint venture será criada para produzir polietileno a partir da cana-de-açúcar

A The Dow Chemical Company (Dow) e a Crystalsev assinaram um Memorando de Entendimento (MOU – Memorandum of Understanding) que tem por objeto a criação de uma joint venture que deverá ser o primeiro pólo alcoolquímico integrado do mundo com escala industrial e produção inicial de 350 mil toneladas/ano de polietileno produzido com etanol obtido a partir da cana-de-açúcar.

A joint venture vai unir a expertise da Dow em tecnologia e na produção de polietileno, mercado em que é líder global e na América Latina, e o know-how da Crystalsev na indústria sucroalcooleira, visando desenvolver matérias-primas para a produção de polímeros a partir do etanol. A grande inovação desse projeto formado pela Dow e pela Crystalsev é a integração das duas empresas em todo o processo, do plantio da cana até a fabricação e a comercialização do plástico.

“Estamos felizes em participar desse projeto que diminuirá nossa dependência em combustíveis fósseis, protegendo o meio ambiente para as futuras gerações”, disse o presidente e CEO da Dow, Andrew Liveris. “O projeto está alinhado, de diversas maneiras, com a estratégia da Dow de fortalecer o nosso portfólio, investir em geografias de crescimento como o Brasil, buscando utilizar matérias-primas renováveis e atendendo às necessidades dos clientes por uma química sustentável.”

“É com muita alegria que anunciamos esse projeto inovador e integrado com esse grande parceiro, a Crystalsev, empresa líder na indústria de açúcar e etanol”, afirmou Pedro Suarez, presidente da Dow na América Latina. “Esse anúncio reforça o nosso compromisso de longo prazo com o Brasil, um mercado em ascensão no mundo”, complementa. “A joint venture mostra o comprometimento e a vontade da Dow de acompanhar o crescimento de seus clientes do portfólio de Plásticos”, reitera Diego Donoso, diretor comercial de Plásticos Básicos e de Performance para a América Latina.

O projeto utilizará o etanol obtido a partir da cana-de- açúcar, um recurso renovável, para criar etileno, matéria-prima utlizada para produzir o plástico de maior utilização no mundo – o polietileno. Ao substituir matérias-primas de fontes fósseis, como o gás natural e a nafta, o projeto reduz a dependência brasileira de nafta petroquímica importada, permitindo o futuro crescimento da demanda de polietileno e utilizando um recurso renovável. A execução desse projeto proporcionará captura de uma quantidade considerável de toneladas métricas de carbono.

“Essa joint venture oferecerá ao Grupo Crystalsev uma excelente oportunidade de diversificação de negócios, criando produtos de valor agregado a partir do etanol, num projeto ambientalmente sustentável. Além da produção de um polietileno com ganhos consideráveis ao meio ambiente, esse projeto possibilitará ainda a co-geração de energia elétrica, trazendo a otimização de sinergias, geração de novas oportunidades e de crescimento profissional. Para um empreendimento dessa importância, não poderíamos ter achado um parceiro melhor do que a Dow, líder mundial no mercado de polietileno, uma empresa com tecnologia avançada e estrategicamente posicionada para trabalhar nos mais diversos cenários de mercado, seja na customização de soluções diferenciadas, como é o caso do DOWLEX™, seja na colocação dos produtos em qualquer parte do mundo “, afirma Rui Lacerda Ferraz, presidente do Grupo Crystalsev.

A nova joint venture produzirá a linha DOWLEX™, resina de polietileno linear de baixa densidade. Devido à sua estrutura molecular, DOWLEX™ confere às embalagens maior resistência ao manuseio (por exemplo, ao rasgo, à perfuração e ao impacto), além de excelentes características de soldabilidade, o que representa maior velocidade de empacotamento e menor desperdício, sendo muito utilizado pela indústria de alimentos em embalagens flexíveis e especiais, principalmente no Brasil, tais como as de arroz, feijão, açúcar, café, fraldas, detergente, rações animais e produtos injetados, como engradados, caixas agrícolas etc. Esta nova unidade atenderá a toda a demanda do mercado nacional e à possível demanda internacional. Hoje a Dow produz polietileno em vários lugares no mundo, incluindo Argentina e Estados Unidos, que atendem à demanda nacional e de toda a América Latina.

O Memorando estabelece prazo de um ano para estudo técnico-econômico de produção, obtenção de aprovações, diligências e aprovações corporativas usuais. As partes envolvidas estimam que a joint venture seja formada em 2008 e que o início da produção se dê a partir de 2011.

O local para a instalação do pólo alcoolquímico será definido após a conclusão de estudos, que levarão em consideração a disponibilidade de terras agriculturáveis, aspectos ambientais e agrícolas, logística, proximidade de outras usinas e ainda a infra-estrutura da região.

INFORMAÇÕES SOBRE A DOW
A Dow é uma companhia química diversificada que utiliza a força da inovação, ciência e tecnologia para aperfeiçoar constantemente o que é essencial ao progresso humano. A Companhia oferece uma ampla variedade de produtos e serviços para clientes em mais de 175 países, ajudando-os a obter o que é essencial para a sua vida, de água potável, alimentos e produtos farmacêuticos a tintas, embalagens e produtos de higiene pessoal. Baseada no compromisso com seus princípios de sustentabilidade, a Dow tem vendas anuais de US$ 49 bilhões e emprega 43.000 pessoas em todo o mundo. As referências à "Dow" ou à "Companhia" significam a The Dow Chemical Company e suas subsidiárias consolidadas, a não ser que detalhadas expressamente de outra forma. Informações adicionais sobre a Dow podem ser encontradas em http://www.dow.com/.

INFORMAÇÕES SOBRE A CRYSTALSEV
A Crystalsev é um grupo 100% brasileiro, que comercializa açúcar, álcool e energia elétrica, e atua como trading na compra, revenda e administração de ativos. O Grupo produz 1,8 milhão de toneladas de açúcar, ou seja, 8% de todo o açúcar produzido no Brasil, e emprega 30 mil pessoas. A Crystalsev está presente em várias regiões do País com 13 empresas que, juntas, constituem o segundo maior produtor de etanol do Brasil. Seu sistema de gestão é utilizado como modelo no setor sucroalcooleiro. Informações adicionais sobre Crystalsev podem ser obtidas no site: http://www.crystalsev.com.br/ (Assessoria de Comunicação, 19/7/07)

quarta-feira, julho 18, 2007

A onda das IPOs chega ao agronegócio brasileiro

O Agronegócio brasileiro está cada dia ficando mais profissional. O maior exemplo disso é a crescente onda de abertura de capitais que o setor está passando. A reportagem abaixo publicado pelo Valor Econômico ontem mostra isso em outros setores além do setor sucroalcooleiro:

Febre do IPO chega a produtores do MT

Bons preços internacionais das commodities e cenário interno favorável animam grandes produtores rurais de Mato Grosso a criar empresas para gerir seus negócios e, ao mesmo tempo, preparam a abertura do capital dessas companhias. A opção pelo mercado de capitais, até então restrita a grandes usinas de açúcar e álcool e frigoríficos, é explicada pelas limitações do crédito rural oficial em financiar as safras e o alto custo do dinheiro emprestado por tradings ao setor.

As novas empresas do campo estão em busca de capital de giro para alavancar sua expansão e seus investimentos. E já começaram a profissionalizar sua gestão com o objetivo de elevar a captação de recursos a juros mais baixos. Atentos ao movimento, bancos e fundos de investimento internacionais com participações em empresas do agronegócio começaram a avaliar os negócios em Mato Grosso. Na semana passada, a convite do Banco do Brasil e do Deutsche Bank, dez analistas de fundos brasileiros, americanos e europeus, que administram uma carteira de US$ 1 trilhão em recursos, passou dois dias em visita ao Estado para estudar oportunidades de investimento.

Um dos maiores produtores rurais do país, o gaúcho Otaviano Pivetta anunciou aos potenciais investidores, durante visita à sua fazenda, em Nova Mutum, a 270 km de Cuiabá, que entrará na febre dos IPOs no início de 2008 com a sua Vanguarda do Brasil S.A. Pivetta planta 170 mil hectares de soja, algodão, milho e arroz em 11 fazendas.

A empresa, que fatura US$ 197 milhões, tem uma característica de forte verticalização da produção. Produz as sementes, planta, industrializa e transporta soja e algodão até o porto de Paranaguá. A produção de milho abastece a criação de 80 mil suínos, que são abatidos por uma cooperativa e exportados. Com a ida à bolsa, Pivetta planeja expandir a criação de bovinos de 30 mil para 100 mil cabeças, construir um abatedouro de grande porte, elevar a capacidade de esmagamento de soja de 10% para 40% da produção, além de erguer uma usina de biodiesel e outra de etanol base de milho na região. “Produzimos a matéria-prima nas fazendas, o que faz diferença nos custos e reduz riscos sanitários”, diz Pivetta, que também é deputado estadual.

Dono do Grupo Bom Futuro, que fatura US$ 300 milhões, o paranaense Eraí Maggi Scheffer também avisou que prepara o terreno para ir à bolsa. Considerado o maior produtor do Brasil, com 200 mil hectares de soja, milho e algodão espalhados por sete municípios de Mato Grosso, Eraí informou já ter contratado a consultoria que auxiliou a SLC Agrícola a preparar a abertura de seu capital.

“O processo está em andamento. Ainda dependemos de auditorias, mas estamos pensando na abertura de capital”, disse o dono do grupo de Rondonópolis. Na mesma sintonia, o empresário goiano Orcival Guimarães, que planta 80 mil hectares de soja, milho e algodão e cria 100 mil bovinos em Lucas do Rio Verde, contou aos participantes da “field trip” que planeja, em associação com Otaviano Pivetta, construir um frigorífico de capital aberto com capacidade para abater até 500 mil bois na região. “O momento é este. Com alguns sócios estratégicos, penso que podemos fazer isso rápido”.

Em Cuiabá, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), avaliou haver um “movimento interessante” entre os produtores em direção à bolsa. Ao Valor, disse que a principal empresa de sua família, a Amaggi, deve seguir a tendência. “A Amaggi está pronta para abrir o capital. Já tivemos várias auditorias e consultorias. As contas estão em ordem, mas falta a decisão estratégica sobre o melhor momento para colocar outras pessoas dentro da empresa”, afirmou. Com sede em Rondonópolis, a empresa produz em 17 fazendas e fatura US$ 700 milhões.

Surpresos com a escala de produção dessa elite de produtores, e interessados em temas de logística e infra-estrutura, os analistas do mercado financeiro foram direto ao ponto: a taxa de retorno dos investimentos. De Pivetta, ouviram que, apesar do câmbio desfavorável elevar o custo do frete, a Vanguarda tem margem de 30% no algodão e de 15% na soja. “Em vez de transportar 20 quilos de milho, levamos um quilo de carne e diluímos o frete”, disse. Pivetta disse, ainda, que cada hectare de suas fazendas rende até US$ 7 mil.

Eraí Maggi afirmou também trabalhar no mesmo nível de retorno. O problema é a insuficiência de crédito. Produtor em Rondonópolis, Bruno Goellner disse que sua empresa, o Grupo Girassol, que produz desde a semente e faz a exportação direta da produção, precisa de US$ 23 milhões para custear as safras, mas consegue apenas US$ 1,5 milhão no crédito rural oficial. “O restante vem de capital próprio ou de tradings”, disse.

No campo, os analistas quiseram saber sobre investimentos em tecnologia. A resposta veio com a visita à colheita de algodão, onde viram colheitadeiras de US$ 400 mil. E Pivetta tem 40 dessas máquinas, além de 60 outras para colher soja. “É impressionante mesmo. O mais interessante é ver que existe uma empresa por trás disso”, avaliou Marcos Amino, do hedge fund Discovery, que tem uma carteira de US$ 4 bilhões.

O analista Pascoal Paionne, do Votorantin Asset Management, cuja carteira soma R$ 1,5 bilhão, ficou animado. “Há oportunidades de negócio muito boas aqui. Abrir o capital é uma chance importante para esses produtores”, disse. Integrante de uma equipe do Deutsche Asset que administra US$ 800 bilhões no mundo, o alemão Oliver Kratz informou aos empresários que o fundo tem US$ 1 bilhão disponíveis para “novos negócios”. A analista Glaucia Renda, da Alliance Growth Equities, cujos investimentos incluem empresas do agronegócio, considerou fundamental conhecer de perto a realidade do campo brasileiro.

No comando da Diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil, José Carlos Vaz avalia que a tendência de abertura de capital de empresas rurais de Mato Grosso poderia levar a uma redução de até 40% no mix de taxa de juros pago pelos produtores - hoje entre 15% e 20% ao ano. “Captar dinheiro na bolsa poderia significar um corte nos custos”, avaliou. “Mas eles precisam ter alto padrão de contabilidade, gestão financeira e de riscos”. Segundo ele, com esse movimento, as tradings passariam a ser comercializadoras e não mais financiadoras da produção. Nesse cenário, o diretor acredita que o BB passará a oferecer intermediação de recursos, como análises de risco, e proteção de preços (hedge) em geral a essa fatia do setor.

sábado, julho 14, 2007

Sinergia Cana-Soja

Existem muitas sinergias entre a produção de etanol de cana-de-açúcar com biodiesel de oleaginosas como por exemplo, a soja. O artigo abaixo do Jornal de Piracicaba de 11 de julho mostra isso:

SOJA É ALTERNATIVA PARA RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS

Utilizar a soja como principal alternativa na renovação de canaviais, como forma de ter a matéria-prima para a produção do biodiesel na usina da Coplacana que começa a operar no início de 2008. Essa é uma das principais abordagens do seminário Biodiesel Coplacana e Produção de Soja em Renovação de Canaviais, que começa amanhã no Centro Canagro José Coral.

O engenheiro agrônomo e gerente administrativo da Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba), Klever José Coral, explica que a cana é uma cultura perene que, a cada cinco anos, renova um percentual que varia entre 20% e 25% da área plantada.

Segundo ele, tradicionalmente na região de Piracicaba, se planta a chamada cana de ano, cujo ciclo de produção é de 12 meses, o que inviabiliza qualquer processo alternativo de renovação de canaviais.

Já a chamada cana de ano e meio tem um ciclo de 18 meses e permite, num espaço de seis meses –– período entre o fim da colheita e o início do replantio –– que a área seja utilizada por outra cultura.

E é esse o principal aspecto do processo de conscientização do produtor no sentido de que ele opte pelo plantio da soja para abastecer a usina de biodiesel e permitir a produção de insumos, como o farelo, utilizado na alimentação animal.

Klever explica que a cana de 18 meses gera um canavial que vai produzir mais, com mais sanidade e maior longevidade do que o de 12 meses.

“Quando é de 12 meses, tirou a cana, se planta cana. Não dá para fazer renovação de cultura”, explica, destacando que vem conscientizando os produtores no sentido de que plantem somente a cana de ano e meio para permitir a renovação de cultura com uma leguminosa –– soja, amendoim ou algodão.

Klever justifica a opção pela soja dizendo que ela oferece mais facilidades, como por exemplo, para quem planta milho, porque é usado o mesmo equipamento para o plantio e colheita, sendo necessárias apenas pequenas adaptações.

Outro facilitador, segundo ele, está na utilização de uma variedade de soja de ciclo precoce, plantada em outubro/novembro e colhida em fevereiro, o que não interfere no processo da cana.
“No período em que a terra ficará descoberta, entra a soja, permitindo ao produtor ter recursos para quando for plantar a cana novamente”, comenta.

Klever destaca que no início do processo de operação a usina de biodiesel vai produzir 15 metros cúbicos/dia do produto, evoluindo gradativamente para 45 metros cúbicos, que é a capacidade máxima instalada da usina.

“Quando atingir essa meta, vai utilizar a produção de 10 mil hectares de soja somente da região”, enfatiza.

Essas áreas seriam aquelas localizadas no raio de um quilômetro do perímetro urbano, onde a queima da cana é proibida e aquelas ainda não ocupadas por condomínios clandestinos.

Cálculos feitos por ele indicam que as áreas de renovação de cultura nesses dois setores somam 5.000 hectares. O restante viria de áreas localizadas em Araras, Cosmópolis e Cerquilho, além daquelas localizadas sob as redes de alta tensão, os linhões.
De acordo com Klever, a exemplo de outros produtos, a Coplacana só vai receber soja dos cooperados.

Ele avalia que esse projeto da soja pode nascer auto-suficiente, porque haverá um fomento do plantio, mostrando as vantagens de se fazer a renovação com a leguminosa e que a soja permite financiamentos para sementes e insumos. Além disso, já existe uma estrutura de armazenamento.

Klever considera o momento o ideal, porque a cana está com preço bom e há incentivos do Governo Federal para a produção do biodiesel.

“Fizemos um estudo de viabilidade junto com ao Pólo Nacional de Biocombustíveis, com o professor Wéber Amaral, e constatamos que havia condições do plantio da soja na região”, destacou.

Ele garantiu que o produtor terá toda a assistência técnica e a mesma estrutura disponibilizada para a cana, acrescentando que com a usina de leite em funcionamento, os pecuaristas poderão absorver o farelo de soja, um subproduto destinado a fábrica de ração animal.

Outro aspecto positivo constatado por ele: na região há muito frango e suínos alojados pelas integradoras, que compram o farelo de soja para alimentação produzido em Barretos e que, com certeza, por questões de logística e economia, passariam a comprá-lo em Piracicaba.

A implantação do processo da produção de soja em renovação de canaviais, segundo Klever, vai gerar empregos, embora ainda não seja possível quantificar o volume de postos a serem criados. Uma coisa que parece certa é o aproveitamento dos trabalhadores rurais que atuam na colheita da cana, no intervalo entre uma cultura e outra.

Ele contou que a usina já está sendo construída na rodovia do Açúcar,devendo entrar em operação em fevereiro/março de 2008, produzindo o biodiesel B100, dentro dos padrões na ANP (Agência Nacional do Petróleo), que poderá, inclusive, ser exportado.
Klever afirmou que o biodiesel produzido pela usina da Coplacana será direcionado para a frota cativa da entidade e dos cooperados, sendo entregue diretamente em Piracicaba, sem necessidade de passar pelas distribuidoras de Paulínia.

BIomassa pode ajudar o crescimento econômico do Brasil

Muito interessante o artigo abaixo encontrado no Mercado Carbono do Terra (http://invertia.terra.com.br/carbono) que revela o potencial econômico de nossos biocombustíveis e o que eles podem fazer para o país:

BIOMASSA PODE DOBRAR PIB DO PAÍS, DIZ ESTUDO

Um estudo do economista Adriano Benayon, autor entre outras obras do livro Globalização versus Desenvolvimento procura demonstrar que, diferentemente de algumas opiniões internacionais e mesmo de expoentes da política nacional, a biomassa é a melhor alternativa para substituição do combustível fóssil derivado do petróleo. O trabalho aborda todas as vantagens de um plano bem ordenado, da questão social à ambiental. Mas é no campo econômico que o especialista dá números que justificam a adoção imediata de políticas favoráveis aos combustíveis renováveis. Segundo ele, os óleos vegetais naturais podem render ao País nos mercados interno e externo R$ 635,3 bilhões.

Se forem adicionados ganhos com subprodutos, como o farelo, rico em proteínas, será possível criar gado confinado, reduzindo a necessidade de extensas pastagens, hoje uma das principais responsáveis pelos desmatamentos provocadores do aquecimento global e baixo aproveitamento da terra. Os ganhos indiretos corresponderiam ao dobro dos diretos, fazendo triplicar o total para R$ 1,9 trilhão, quantia equivalente a 80% do Produto Interno Bruto do Brasil.

Segundo Benayon, o mercado do óleo diesel é de cerca de 40 bilhões de litros e poderia crescer para 45 bilhões em 10 anos, com faturamento anual de R$ 50 bilhões. Mas apenas 22,5 bilhões de litros de óleos vegetais naturais seriam capazes de substituir os 45 bilhões de diesel, a um custo de R$ 0,40. A diferença, para menos em relação ao diesel de petróleo seria R$ 0,70 por litro. A esses números devem ser somados os obtidos com a produção do álcool.

No aspecto ambiental, o economista diz que a escolha pela biomassa, em vez de provocar novos desmatamentos, deve ampliar o reflorestamento, com a substituição, em grande parte, da cultura da soja por árvores, como o dendezeiro, 15 vezes mais produtivo de óleo por hectare/ano. E a maioria das árvores oleaginosas de grande produtividade é perene e requer pouco ou nenhum agrotóxico. Produzem por 40 a 60 anos e são renovadas sem necessidade de mover a terra: dendê em regiões úmidas e quentes, como a Amazônia; pinhão manso, roxo e bravo, além do tungue, do Sul ao Nordeste e nos cerrados. Ainda: florestas nativas, conservando-as, como o babaçu, no meio norte. O pinhão incorpora ao solo nitrogênio, fósforo e potássio, diminuindo o uso de adubos químicos. O estudo na íntegra, repleto de números e comparativos, foi publicado no jornal A Nova Democracia (Udop, Mercado Carbono Terra, 12/7/07)

Ônibus movido a alcool - primeiro na Suécia, depois em São Paulo

Depois de testarem o ônibus na Suécia, a Scania resolve testar em SP. Será que temos algum lobby contra o etanol aqui dentro do Brasil? Fica esta pergunta no ar:

SCANIA COMEÇA A TESTAR O ETANOL EM SÃO PAULO

Em outubro, começa a circular um São Paulo um ônibus movido a etanol, fabricado pela Scania, um veículo igual aos que já rodam no centro de Estocolmo, na Suécia, há 17 anos.

Satisfeitos com o resultado do veículo, os suecos decidiram testar o produto no mundo todo. Além de São Paulo, a prefeitura de Estocolmo, que comanda esse programa, elegeu um grupo de municípios, como Londres, Madri, Oslo, Roterdã e mais duas cidades da Polônia e China.

A Scania do Brasil trouxe o chassi do ônibus que entrará em teste e a Marcopolo fará a carroceria. O modelo, um veículo de piso baixo e 12 metros de comprimento rodará no corredor da EMTU, que liga os bairros do Jabaquara e São Matheus. Segundo Henrique Senna, gerente de assuntos institucionais de produto da Scania, já começaram as discussões para levar o veículo a mais um corredor de São Paulo. O primeiro teste durará um ano.

A princípio, o etanol, usado em motores que também funcionam com gasolina, não poderia ser compartilhado na motorização feita para o diesel. Mas o sistema da Scania permite essa mistura graças a um aditivo, que, por enquanto, será importado de um fabricante da Suécia (Valor Online, 12/7/07)

sexta-feira, julho 13, 2007

Tentativas de embargo à carne brasileira continuam

COntinuam as tentativas de impedir a venda de produtos brasileiros em países protecionistas. Porém, como podemos verificar na nota abaixo, até mesmo os protecionistas tem alguns limites à esta atitude

Europa rejeita pedido de embargar carne brasileira
Agência Estado

Em uma guerra interna contra parte de seus produtores de carne, a Comissão Européia (órgão executivo da União Européia) avisa que não tomará uma ação contra as carnes brasileiras baseada apenas em argumentos comerciais dos setores mais protecionistas do bloco, mas apenas se for comprovado que o produto do Brasil representa riscos para a saúde.

Nesta semana, grupos de lobistas da Irlanda e do Reino Unidos enviaram um pedido para que o ombudsman da Comissão Européia avalie a possibilidade de que seja aberto um caso contra o Brasil e que um embargo seja estabelecido. Na próxima segunda-feira, o tema fará parte das discussões no Parlamento Europeu. Para Bruxelas, porém, um embargo somente pode ser colocado por "razões de saúde", em uma crítica indireta às intenções dos lobistas.

Em abril, o jornal O Estado de S. Paulo antecipou que os produtores irlandeses estariam estudando a iniciativa de levar o caso ao ombudsman do bloco, em uma última e desesperada tentativa de frear as importações vindas do País, alegando falhas na fiscalização sanitária brasileira. Mas entre os funcionários da Comissão, a medida é vista com pouca credibilidade e como um argumento para justificar uma proteção.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e a nota foi encontrada em http://www.cosmo.com.br/hotsites/agronegocios/integra.asp?id=200662 (Cosmo Agronegócios)

terça-feira, julho 10, 2007

Bioquerosene para aviões - mais um biocombustível

Além do etanol e do biodiesel, o Brasil pode ser fornecedor mundial de bioquerosene para aviação, conforme podemos verificar na reportagem do jornal O Globo:

BR QUER VENDER BIOQUEROSENE PARA AVIÕES EM 2008

A presidente da BR Distribuidora, Maria das Graças Foster, anunciou que a empresa quer ser a primeira a disponibilizar o bioquerosene a partir do próximo ano. O chamado Bio-QAV, combustível para uso em aviões, foi desenvolvido pelo engenheiro químico Expedito Parente, o inventor do biodiesel no Brasil.

Segundo a presidente da BR Distribuidora, as experiências da nova tecnologia estão sendo feitas na Tecbio, empresa de Parente. “Nós nos apresentamos ao professor Expedito Parente como candidatos número um para fazer o suprimento do produto. Nós estamos presentes em 120 aeroportos, temos toda infra-estrutura. E com nossa experiência no álcool e no biodiesel, certamente também poderemos colocar o bioquerosene no mercado”, disse Graça Foster.

A Tecbio vem desenvolvendo a tecnologia junto à Nasa e à Boeing. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em seu programa “Café com Presidente” que o País precisa estar preparado contra adversários dos biocombustíveis. A resposta veio após os jornais europeus terem chamado o etanol de “sujo”. Segundo Lula, o Brasil não pode abrir mão da defesa do etanol e do biodiesel, uma matriz energética revolucionária já comprovada há 30 anos. Para ele, a tecnologia brasileira de biocombustíveis também significa distribuição de renda para países mais pobres.

“Este é um debate que o Brasil não tem de ter medo. Nós não vamos aceitar outra vez o cartel dos poderosos do mundo tentando impedir que o Brasil se desenvolva, tentando impedir que o Brasil se transforme numa grande nação”, disse o presidente. De acordo com Lula, afirmar que a produção de biodiesel pode causar interferência na produção de alimentos é uma coisa descabida. Ele negou ainda que a produção de biocombustíveis possa invadir o território da Amazônia por causa do clima impróprio à cultura.

O jornal “Folha de S.Paulo” publicou que, apesar de berço da cana-de-açúcar no Brasil, o Nordeste está fora dos investimentos do álcool por falta de terras propícias. Os usineiros nordestinos passaram a produzir açúcar e álcool no Triângulo Mineiro, emSão Paulo, em Goiás e em Mato Grosso. “Ao Nordeste restará um papel residual no mercado”, garantiu o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas, Pedro Rogério Nogueira.

Na Colômbia, o presidente Álvaro Uribe inaugurou no domingo a primeira usina de biodiesel no país. O complexo agroindustrial do grupo Oleoflores S.A tem capacidade para processar cerca de 50 mil toneladas de óleo cru de palma africana por ano (O Globo, 9/10/07)

segunda-feira, julho 09, 2007

Chineses estão pirateando até nossos bois!

É de conhecimento de todos a qualidade e o sucesso que a carne brasileira faz no exterior. Aproveitando este sucesso, existem pessoas na China que vendem carne de bois chineses em embalagens de carne brasileira para a Europa e Ásia. Veja esta notícia publicada no www.globo.com que também ouvi hoje cedo na rádio CBN:

Pirataria chinesa chega à carne brasileira

Carne chinesa chega à Europa com certificados falsificados escritos em português.
Problema pode afetar ainda mais a imagem das exportações brasileiras de carne.

Depois de brinquedos, CDs e softwares piratas, a China surge com mais uma novidade: a exportação de carne brasileira falsificada para os mercados da Europa e Rússia. Em muitos casos, as carnes são chinesas, mas empacotadas como sendo produto brasileiro e até com certificados falsificados escritos em português.

O jornal "O Estado de S. Paulo" obteve informações de que o Ministério da Agricultura já prometeu a vários países que, a partir da semana que vem, modificará os certificados usados para as exportações para dificultar a falsificação.

Importadores desses países afetados pela carne pirateada já se queixaram ao governo brasileiro de que estão recebendo contêineres com caixas de carnes supostamente brasileiras, mas que, na realidade, são exportadas pela China e nunca saíram do país.

Reconhecimento

Fontes no Ministério da Agricultura temem que o problema afete ainda mais a imagem das exportações brasileiras de carne que, apesar do aumento em volume nos últimos anos, sofre em algumas regiões do mundo para ser reconhecida como de alta qualidade fitossanitária.

Uma das queixas recentes recebidas pelo governo veio das autoridades russas. Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína e ex-secretário de Produção do Ministério da Agricultura, confirma que as queixas de falsificação são cada vez mais freqüentes. Para ele, porém, o fato de os produtos brasileiros estarem sendo copiados é 'prova da qualidade' das exportações nacionais.

Em toda a Europa, o volume de carne contrabandeada está aumentando, em parte por causa das restrições existentes em vários países e diante dos preços atrativos para os contrabandistas. No Reino Unido, por exemplo, o governo aponta que conseguiu apreender 104 toneladas de carnes que tentavam entrar ilegalmente no país em 2006. O volume é dez vezes superior às taxas de 2001.

http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUI60326-5599,00.html

Governo incentiva uso de sementes com tecnologia

Em nota publicada no site www.agrolink.com.br, podemos verificar que o governo brasileiro concederá incentivos aos agricultores que se utilizarem de sementes de maior tecnologia:

Governo atende lideranças agrícolas e premia uso de tecnologia pelos agricultores

Os produtores rurais que comprovem a aquisição de sementes produzidas de acordo com a legislação brasileira de sementes e mudas (Lei nº 10.711/03 e Decreto nº 5.153/04) – das categorias genética, básica, certificadas de primeira e de segunda geração, assim como sementes S1 ou S2 – terão o seu limite financiável de custeio elevado em até 15% na próxima safra 2007/2008. A decisão é do Conselho Monetário Nacional e foi anunciada na quinta-feira, dia 5, pelo Banco Central, por meio da Resolução Bacen nº 3.476, de 04.07.07, publicada no Diário Oficial da União

quinta-feira, julho 05, 2007

Profissões do Agronegócio - boas perspectivas desde que se tenha visão de negócios

Em matéria publicada no caderno de Empregos do Estadão de domingo passado(01 de julho) comenta-se as profissões relacionadas ao agronegócio e seu potencial de crescimento. Abaixo o artigo completo:

Opções de formação e carreira no campo

Potencial agrícola do País tem atraído cada vez mais jovens em graduações da área. Especialistas dizem que altos investimentos no setor sucroalcooleiro abrirão vagas de trabalho e oportunidades.

Atividade das mais representativas no País,o agribusiness oferece um grandeleque de opções para quem deseja entrar no mercado de trabalho. Para se ter uma idéia, a soma de todas as operações envolvendo a produção e a distribuição de suprimentos agrícolas chega atualmente a cerca de 26% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Nesse contexto, profissões como administrador rural, engenheiro agrícola, engenheiro florestal, veterinário e agrônomo ganham cada vez mais destaque, mas uma visão ampla de negócios, entretanto, é fundamental para uma boa colocação.

“Oagronegócio tem se expandido rapidamente no Brasil e, conseqüentemente, seu mercado de trabalho. Os profissionais devem aliar formação técnica de produto e processo com conhecimento de Economia e Gestão”, explica o coordenador do Grupo de Estudos e pesquisas Agroindustriais (Gepai) do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos, Mário Otávio Batalha.

O coordenador da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, Oscar Antônio Braunbeck, concorda que há um crescimento e afirma que as condições serão favoráveis na área, no mínimo, por mais 20 anos. “O desafio de produzir alimentos de qualidade cada vez mais baratos,além do interesse mundial no setor canavieiro, são os principais responsáveis por isso”.

FORMAÇÃO

Para acompanhar esse processo, as universidades já estão se movimentando. De acordo com Batalha, apenas nos últimos seisanos foram criados mais de cem novos cursos de graduação ligados ao agronegócio, além das especializações.

“Os investimentos maciços que estão sendo feitos no setor sucroalcooleiro demandarão um número de profissionais que não estão disponíveis hoje no mercado”, explica.

Outros fatores como crescimento populacional, aumento de renda emudanças culturais intensificam o papel do País tanto no mercado interno quanto externo em relação aos produtos agroindustriais. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), foram exportados no ano passado U$ 49,4 bilhões em produtos agrícolas, aproximadamente 13,4 % a mais do que em 2005.

“Profissionais preparados para lidar com esse quadro certamente terão boas oportunidades”, diz.

MERCADO

Amaioria dos interessados em agribusiness, porém, não tem raízes no campoou histórico de agricultores na família, como se pode imaginar. “Os alunos procuram os cursos por senso de oportunidade e porque estão cientes da importância ambiental e da força do agronegócio na economia”, afirma Braunbeck.

De acordo com Batalha, durante muito tempo as atividades ligadas a essa área foram vistas com preconceito pelos jovens. Hoje, porém, existe a consciência de que o trabalho no campo exige tantos desafios quanto o de outros setores industriais.

“Aquela imagem antiga do agricultor ou pecuarista está sendo substituída pela do empresário rural, familiarizado com tecnologias modernas e conectado com o mercado globalizado”,diz




terça-feira, julho 03, 2007

Brasil ultrapassará os EUA na produção de soja em 2009

Exportações brasileiras do grão devem atingir 29,69 milhões/t na próxima safra

Soja brasileira deverá ocupar topo do ranking em produção na próxima safra. EUA ampliaram áreas com milho

Da Agência Estado – Brasília

O Brasil tem condições para se tornar o maior produtor mundial de soja a partir de 2009, afirmou ontem o diretor de Logística e Gestão Empresarial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto.

Com a redução do plantio de soja nos Estados Unidos por conta da expansão do milho, movimento de substituição que deve persistir até 2010, o Brasil e a Argentina são os países com mais condições para alcançar a dianteira na produção da oleaginosa, explica Porto.

Já na próxima safra, com o esperado aumento da produção brasileira, o Brasil deve liderar o ranking dos maiores exportadores do grão. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que as exportações brasileiras de soja na próxima safra (07/08), devem atingir 29,69 milhões de toneladas, enquanto os norte-americanos devem embarcar no mesmo período 29,39 milhões de toneladas. Os dados da Conab mostram que na atual safra (06/07), o País deverá embarcar 26,3 milhões de toneladas.

No décimo levantamento da produção divulgado ontem, a Conab fez alguns ajustes para a soja. A produção na safra passada (05/06) foi revisada para 55,027 milhões de toneladas, ante estimativa anterior de 53,413 milhões de toneladas.

De acordo com Porto, o ajuste ocorreu em função da diferença entre os estoques de passagem apurados em dezembro de 2006 e dos dados de consumo e exportação. A revisão foi feita através da comparação entre os números de esmagamento divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove), de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dos dados de consumo no período. Os ajustes foram feitos na área plantada com soja no Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul e nos níveis de produtividade do Paraná e Rio Grande do Sul.

ENDIVIDAMENTO - A reunião do grupo de trabalho sobre o endividamento terminou ontem em impasse. A expectativa dos produtores era discutir a prorrogação das dívidas de custeio e investimento das safras anteriores que vencem neste ano.

Mas a proposta apresentada pelo ministério da Fazenda incluía apenas as operações para a safra 2007/08. O deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que participou da reunião do grupo de trabalho no ministério da Agricultura, informou que a reunião foi suspensa e deve prosseguir hoje, às 14 horas.

Do estoque das dívidas rurais, estimado em R$ 131 bilhões, o montante de débitos referentes a custeio é de R$ 7 bilhões e de investimento R$ 50 bilhões. São estas dívidas que os produtores esperavam prorrogar, mas que não foram incluídas na proposta discutida ontem. Segundo ele, a proposta apresentada pelo assessor especial do ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, prevê a prorrogação da dívida de custeio da safra 2007/08, estimada em R$ 1,4 bilhão, para 12 meses após o vencimento do contrato.

No caso dos financiamentos para investimento no atual ciclo, a Fazenda propõe o pagamento de 30% dos débitos neste ano e os 70% restantes também seriam pagos um ano após o vencimento dos contratos. "Não queremos pagar nada neste ano", afirmou Heinze, que já havia alertado o governo de que os produtores não teriam condições de pagar as dívidas oriundas da crise provocada após a seca em 2004 e 2005 e pela desvalorização do dólar. Além disso, Heinze afirmou que os produtores esperam uma resolução definitiva para a questão do endividamento rural.

Heinze deve agora reunir-se com representantes da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, o grupo também deverá contar com representantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).