sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Previsão de produção de etanol e milho nos EUA

Depois de um longo período sem postagens devido ao nascimento de minha filha, Letícia, no dia 14 de fevereiro, estou de volta.

Em uma notícia publicada em http://www.farmfutures.com, encontramos alguns dados muito interessantes sobre a produção e consumo de milho para fabricação de etanol.

As previsões do USDA sobre produção de etanol sempre são consideradas pelos analistas como sendo projeções muito conservadoras, porém outros analistas acreditam que estas projeções são bem fundamentadas.

O nível atual de produção de etanol necessita de 2,15 bilhões de bushels (cerca de 58 Milhões de toneladas) considerando-se 111 plantas produtoras. Porém existem mais 78 plantas em construção e 8 em expansão. Desta forma o USDA estima que 3,7 bilhões de bushel em 2008-09 e 4,0 bilhões em 2010-11 serão utilizados para a produção de etanol (100 e 108 milhões de toneladas respectivamente). Em 2008-09 estima-se a produção de cerca de 9,3 bilhões de galões (cerca de 33 bilhões de litros).

Todo este consumo terá como consequência o aumento do preço do milho. Na safra 2006-07 os preços estão na faixa de US$ 3,00/bushel chegando a US$ 3,75/bushel em 2009-10.

Somente para comparação, a produção brasileira de milho foi de 47 milhões de toneladas e a de etanol considerando a safra 2006-07 ainda não concluída totalmente foi de 17,3 bilhões de litros, segundo o Ministério da Agricultura.



domingo, fevereiro 11, 2007

Entraves ao aumento do comércio internacional

O ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais - www.iconebrasil.org.br) apresentou em novembro passado um estudo à Câmara dos Deputados sobre os entraves ao aumento do comércio internacional e a apresentação inteira pode ser encontrada no site.

Farei um breve resumo sobre a apresentação:

O agronegócio brasileiro possui alguns fatores positivos e negativos em sua competitividade conforme podemos verificar no quadro abaixo:

Mas mesmo com a diminuição das despesas públicas com a agricultura, o setor vem tendo um crescimento significativo nas exportações, conforme podemos ver nas figuras abaixo:










Apesar de todo este desempenho nos últimos anos, existe um quadro pessimista com relação ao comércio internacional que pode ser visto no quadro a seguir:

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Biotecnologia e Agroenergia

Hoje gostaria comentar sobre um artigo que li na Gazeta Mercantil do dia 5 de fevereiro escrito pelo pesquisador da Embrapa, Décio Luiz Gazzoni. Ele é membro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e participou na elaboração do Plano Nacional de Agroenergia.

No artigo, chamado de “Biotecnologia e agronergia: um bom negócio” ele cita a importância do Brasil investir em tecnologia e em especial biotecnologia para não perder o “bonde” da agroenergia e a atual hegemonia em biocombustíveis. A maior ameaça vem dos EUA que, apesar dos amplos subsídios à produção de etanol de milho, traçam planos de desenvolvimento de longo prazo para a produção de etanol a partir de celulose, processo de baixo custo (desde que tenhamos bactérias desenvolvidas para isso). O governo americano elaborou um relatório chamado Breaking the biological barriers to cellulosic ethanol - a Research Agenda onde este caminho está traçado.

O grande avanço é que a produção de celulose é muito mais barato do que produzir açúcares ou amidos (fontes atuais na produção de etanol). O mundo produz 1.500 trilhões de toneladas de celulose por ano. É possível extrair cerca de 500 litros de etanol por tonelada de celulose, obtendo assim 750 trilhões de litros de etanol. Seriam necessários atualmente cerca de 1,5 bilhões de toneladas anuais de etanol para equivaler o consumo de gasolina, portanto apenas 0,0001% da celulose do mundo substituiria toda a gasolina consumida.
Para não ficarmos de fora disso e perdemos a competição, necessitamos investir no desenvolvimento de biotecnologias para aumento de produtividade da cana e seu teor de sacarose além de bactérias que consigam transformar bagaço e palha de cana em etanol.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Papel reciclável

Na minha estréia nesse blog irei fazer um comentário sobre um tema que acho bem interessante: relação das questões ambientais com a economia. Vendo uma reportagem mostrada no Jornal Nacional de 23/01/2007, sobre o crescimento do mercado de reciclagem de papéis, comecei a pensar o quanto isso poderia impactar na economia e mais, se os nossos governos estão realmente interessados no assunto.

"Embora ainda seja minoria nas prateleiras, já podemos encontrar papéis recicláveis nas lojas, com preço ainda um pouco superior ao tradicional (4%), mas com fortes tendência de queda com o aumento da produção. A taxa de reaproveitamento passou de 38 para 47% em 5 anos. "

Quanto ao impacto na economia, é apenas uma conjectura. São necessários estudos mais elaborados para saber se o impacto será negativo ou não. Somado a isso, tem-se os benefícios ambientais, como créditos de carbono, que talvez possam ser empregados na contabilidade.

A parte política já é mais subjetiva, permitindo algumas especulações da minha parte. O relatório publicado pela ONU sobre o clima e aquecimento global chamou a atenção do mundo sobre o destino a que estamos fadados. Mesmo assim ainda custo a acreditar que nosso governo, invista em políticas ambientais porque realmente acredita nelas. Talvez façam isso para nosso país ter uma boa imagem perante o mundo. O que no fundo interessa são os lucros.

E se caso o setor de reciclagem, energias renováveis e afins não for economicamente viável, como sustentar uma política ambiental?Estará o governo pensando a longo prazo ou quer benefícios imediatos?Será mesmo possível harmonizar benefícios econômicos e ambientais?

3 R´s da sustentabilidade: Reciclar, reutilizar, reduzir. Reduzir a quantidade, não os lucros!

domingo, fevereiro 04, 2007

Situação atual do cultivo de transgênicos no mundo

Após 10 anos de cultivo, a área plantada com sementes trangênicas alcançou a marca de mais de 100 milhões de hectares, com crescimento de 13% no ano passado (12 milhões ha). O número de produtores que se utilizam desta tecnologia passa de 10 milhões. Considerando a área acumulada nestes dez anos, ultrapassa o meio bilhão de hectares (577 milhões ha). A evolução da área plantada pode ser observada na figura abaixo.

Os OGMs são plantados atualmente em 22 países, conforme podemos verificar na figura abaixo e dentre estes 22, temos 14 países que possuem mais de 100 mil há cultivados.

O Brasil é atualmente o terceiro maior plantador de OGMs com 11,5 milhoes ha com cultivos de soja e algodão. Os EUA é o pais com maior área e cerca de 80% das áreas de soja e algodão são de cultivos OGMs.

A lista com os maiores produtores e suas lavouras encontra-se abaixo

A soja é a cultura biotecnológica mais importante em 2006, ocupando 58,6 milhões de hectares (57% da área global de agricultura biotecnológica), seguida pelo milho (25,2 milhões ha), pelo algodão (13,4 milhões ha) e pela canola (4,8 milhões ha).

Em 2006, o valor do mercado global de lavouras biotecnológicas, avaliado pela Cropnosis, foi de US$ 6,15 bilhões, representando 16% dos US$ 38,5 bilhões do mercado global de proteção às lavouras em 2006 e 21% dos aproximados US$ 30 bilhões no mercado global de sementes comerciais em 2006. O mercado de US$ 6,15 bilhões de lavouras biotecnológicas está distribuído da seguinte forma: US$ 2,68 bilhões para a soja (44% do mercado global de lavouras biotecnológicas), US$ 2,39 bilhões para o milho biotecnológico (39%), US$ 0,87 bilhões para o algodão biotecnológico (14%), e US$ 0,21 bilhões para a canola biotecnológica (3%). O valor de mercado do mercado global de lavouras biotecnológicas está fundamentado no preço de venda da semente biotecnológica e nos custos com tecnologia.

O relatório completo publicado pelo International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications (ISAAA) uma organização mundial que estuda a utilização e aplicação de biotecnologia pode ser encontrado em http://www.isaaa.org/

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

A volatilidade dos preços agrícolas em commodities de energia

O interesse pela utilização de commodities agrícolas como commodities energéticas está em alta nos EUA devido principalmente ao fato das grandes quantidades de milho que serão utilizadas para produção de etanol.

Muitas questões são levantadas e dentre as principais temos a questão da briga Alimento x Combustíveis, tema que tem colocado frente a frente duas grandes empresas em lados distintos. A Cargill no lado do Alimento e a Bunge no lado dos biocombustíveis; a questão da alta de preço dos alimentos; os subsídios empregados e agora também encontrei um artigo comentando a volatilidade dos preços agrícolas que devido às suas características intrínsecas de produção é completamente diferente da volatilidade do petróleo. Estas diferenças são óbvias para quem entende um pouco de agricultura: sazonalidade e dependência do clima na produção. Enquanto que a produção do petróleo é contínua durante o ano e a capacidade de produção depende apenas do capital investido para extração.

Segue abaixo um artigo publicado no Globo, onde um diretor do banco de investimentos Goldman Sachs avalia esta volatilidade. O artigo pode ser acessado em http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/01/30/287619925.asp

Goldman: biocombustíveis são mais voláteis que petróleo

O Globo Online - 30/01/07 - 15h48m Reuters/Brasil Online

LONDRES (Reuters) - As margens dos biocombustíveis são muito mais voláteis do que as do petróleo bruto e os riscos do setor também são mais difíceis de serem gerenciados, disse nesta terça-feira Kiru Rajasingam, do banco de investimentos Goldman Sachs.

Rajasingam, diretor-executivo da área de renda fixa, moedas e commodities, observou que as margens para fabricar etanol a partir do milho nos Estados Unidos (EUA) caíram durante os últimos meses.

``A volatilidade dessas margens é astronômica. É uma volatilidade muito maior do que você poderia esperar para uma refinaria de petróleo bruto', disse ele numa conferência organizada pela Euromoney.

Os preços do etanol caíram recentemente, acompanhando o declínio no mercado de petróleo bruto. Porém, os preços da matéria-prima do combustível, o milho, continuam firmes, acrescentando pressão às margens.

``As margens do biocombustível... não são como as do petróleo bruto, elas podem ser negativas e se tornarem mais negativas. (O petróleo bruto) é um negócio muito menos arriscado para participar', informou.

Rajasingam destacou que, caso as margens do petróleo bruto caiam, o mercado pode se ajustar com a queda dos preços da matéria-prima.

Já a matéria-prima utilizada para a produção de biocombustível é procurada também pelo setor de ração, no caso dos grãos, de forma que os preços não precisam ser reduzidos se as margens se tornarem negativas.

Os biocombustíveis, atualmente fabricados a partir de grãos, cana-de-açúcar e óleos vegetais, podem substituir os combustíveis fósseis e são uma alternativa para promover a redução de emissões de gases do efeito estufa, apontados como um dos fatores que contribuem para o aquecimento global.

``Os desafios para construir uma estrutura de gerenciamento (para os biocombustíveis) são vários', concluiu Rajasingam.

Ele ressaltou que, para o biodiesel, é difícil proteger os custos em parte devido às diferentes matérias-primas utilizadas na produção, como óleo de soja, de colza e de palma.

Ele também observou que diferentes políticas tarifárias, mesmo dentro da União Européia, também tornam mais difícil o 'hedge' da commodity