A febre do biodiesel passou ou não? Até onde iremos com este biocombustível que tem enorme potencial no Brasil. O artigo de Amélio Dall’Agnol da Embrapa Soja encontrado no Portal do Agronegócio (www.portaldoagronegocio.com.br trata isto de forma muito interessante:
Acabou a febre do biodiesel?!
Chamou a atenção, em 2006, a corrida de empresários nacionais e estrangeiros por licenças da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP para produzir biodiesel, motivados pelo alto preço do petróleo e o baixo (menos de US$ 500,00/t) preço do óleo de soja (90% do óleo vegetal produzido no Brasil), além das previsões alarmantes do relatório da ONU sobre riscos do aquecimento global causado pelos gases de efeito estufa, particularmente do CO2 proveniente da queima de derivados do petróleo.
A euforia dos empresários era tal, que se chegou a especular na possibilidade de antecipar a adição de 2% de biodiesel no diesel (B2), de 2008 para Julho de 2007 e do B5, de 2013 para 2010. A capacidade de produção das usinas já autorizadas pela ANP é superior a 1 bilhão de litros, para uma demanda, a partir de 2008, de 800 milhões de litros.
Mas nem tudo são flores no país dos biocombustíveis. O preço do petróleo recuou, o do óleo de soja subiu (mais de US$ 700,00/t) e a preocupação com o meio ambiente continua, mas no contraste entre a natureza e o lucro, este conta mais. Resultado: têm hoje mais usinas prontas e inoperantes do que usinas produzindo. Não passou dos 53 milhões de litros nossa produção no 1º trimestre de 2007 e nesse ritmo não teremos, em 2008, os 800 milhões de litros de biodiesel necessários para cumprir com a demanda do B2.
Como Lei é Lei, o biodiesel adquirido pela Petrobrás em leilões públicos realizados em 2006 e 2007, terá que aparecer. O usineiro que vendeu o produto terá que entregá-lo e poderá ter prejuízos caso não tenha garantido o fornecimento e o preço da matéria prima, quando negociou o biodiesel com a Petrobrás. Tampouco está tendo êxito quem apostou nos benefícios do selo social da produção familiar da mamona, do girassol ou do dendê, pois a produção dessas oleaginosas é ainda muito pequena, visto que sua baixa rentabilidade desestimulou o pequeno produtor, destinatário dos incentivos fiscais que estimulariam a produção.
Para ser sustentável, uma usina produtora de biodiesel depende da garantia de fornecimento da matéria prima com preços racionais, o que só se consegue com produtores associados e preços previamente acertados. Sem essa segurança, fica-se na dependência dos humores do mercado, que não costuma ser generoso. Nesse particular, bem aventuradas as Cooperativas de Produtores, cujos associados são, além de fornecedores da matéria prima, também consumidores do biodiesel e das tortas resultantes do processamento das oleaginosas.
A propósito do biodiesel, o que o Brasil tem é clima favorável, muita terra disponível e domínio das tecnologias de produção das oleaginosas em climas tropicais. Tem, portanto, muito potencial, mas, ainda, pouca produção. Em 2006, o País foi apenas o 14% produtor de Biodiesel, mas poderá ser o 2º ou 3º, ainda em 2007 e, talvez, o 1º a partir de 2010.
Amélio Dall’Agnol - amélio@cnpso.embrapa.br
Acabou a febre do biodiesel?!
Chamou a atenção, em 2006, a corrida de empresários nacionais e estrangeiros por licenças da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP para produzir biodiesel, motivados pelo alto preço do petróleo e o baixo (menos de US$ 500,00/t) preço do óleo de soja (90% do óleo vegetal produzido no Brasil), além das previsões alarmantes do relatório da ONU sobre riscos do aquecimento global causado pelos gases de efeito estufa, particularmente do CO2 proveniente da queima de derivados do petróleo.
A euforia dos empresários era tal, que se chegou a especular na possibilidade de antecipar a adição de 2% de biodiesel no diesel (B2), de 2008 para Julho de 2007 e do B5, de 2013 para 2010. A capacidade de produção das usinas já autorizadas pela ANP é superior a 1 bilhão de litros, para uma demanda, a partir de 2008, de 800 milhões de litros.
Mas nem tudo são flores no país dos biocombustíveis. O preço do petróleo recuou, o do óleo de soja subiu (mais de US$ 700,00/t) e a preocupação com o meio ambiente continua, mas no contraste entre a natureza e o lucro, este conta mais. Resultado: têm hoje mais usinas prontas e inoperantes do que usinas produzindo. Não passou dos 53 milhões de litros nossa produção no 1º trimestre de 2007 e nesse ritmo não teremos, em 2008, os 800 milhões de litros de biodiesel necessários para cumprir com a demanda do B2.
Como Lei é Lei, o biodiesel adquirido pela Petrobrás em leilões públicos realizados em 2006 e 2007, terá que aparecer. O usineiro que vendeu o produto terá que entregá-lo e poderá ter prejuízos caso não tenha garantido o fornecimento e o preço da matéria prima, quando negociou o biodiesel com a Petrobrás. Tampouco está tendo êxito quem apostou nos benefícios do selo social da produção familiar da mamona, do girassol ou do dendê, pois a produção dessas oleaginosas é ainda muito pequena, visto que sua baixa rentabilidade desestimulou o pequeno produtor, destinatário dos incentivos fiscais que estimulariam a produção.
Para ser sustentável, uma usina produtora de biodiesel depende da garantia de fornecimento da matéria prima com preços racionais, o que só se consegue com produtores associados e preços previamente acertados. Sem essa segurança, fica-se na dependência dos humores do mercado, que não costuma ser generoso. Nesse particular, bem aventuradas as Cooperativas de Produtores, cujos associados são, além de fornecedores da matéria prima, também consumidores do biodiesel e das tortas resultantes do processamento das oleaginosas.
A propósito do biodiesel, o que o Brasil tem é clima favorável, muita terra disponível e domínio das tecnologias de produção das oleaginosas em climas tropicais. Tem, portanto, muito potencial, mas, ainda, pouca produção. Em 2006, o País foi apenas o 14% produtor de Biodiesel, mas poderá ser o 2º ou 3º, ainda em 2007 e, talvez, o 1º a partir de 2010.
Amélio Dall’Agnol - amélio@cnpso.embrapa.br
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