Apesar de ser recente e com muitos novatos na BOVESPA, as empresas produtoras de álcool estão com bons desempenhos, conforme mostra a reportagem do Valor Econômico de hoje:
ÁLCOOL GANHA FORÇA NA BOVESPA COM ESTRÉIAS
As usinas de açúcar e álcool estão formando um novo setor para investimento na Bovespa. Já são três companhias listadas no mercado doméstico, Grupo Cosan, São Martinho e Açúcar Guarani. A fila que aguarda aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para captações conta com mais um grande grupo, a LDC Bioenergia, e dois interessados em iniciar operações nesse segmento.
Sérgio Spinelli, coordenador de direito societário do escritório Mattos Filho Veiga Filho Marrey Jr. e Quiroga Advogados, acredita que o ano de 2008 terminará com mais de dez empresas de açúcar e álcool com ações na bolsa. Ele conta que trabalha em dois projetos, neste momento, que ainda não foram para a CVM.
Levantamento da consultoria Datagro mostra que as companhias listadas em bolsa são representativas diante da produção nacional de cana. Juntas, Cosan, São Martinho, Açúcar Guarani e LDC Bioenergia processaram 67,4 milhões de toneladas de cana na safra 2006/07, equivalentes a 15,7% do total nacional - 428 milhões de toneladas. Para a próxima safra, essa proporção deve ser mantida, pois as companhias elevarão em 10% o processamento, seguindo o ritmo do restante do setor.
Já os grupos Agrenco e Campos Verdes, que aguardam sinal verde da CVM para suas ofertas públicas inicias de ações (IPO), ainda não processam cana no país. No entanto, consideram o segmento atrativo e estudam iniciar atividades.
Da parte dos investidores, "há um grande interesse no mercado de energia", diz Plínio Nastari, presidente da Datagro. Ele também aposta num aumento da participação das usinas na bolsa. Aristides Jannini, diretor do Banco WestLB, explica que o apetite é por novas matrizes energéticas, sejam elas etanol, eólica ou solar. A questão ambiental também amplia o apelo da aplicação, já que se trata de uma fonte renovável e limpa. "O Brasil é a Arábia Saudita do etanol", dispara ele, a clássica analogia com o maior fornecedor global de petróleo. Nesse contexto, o país está em vantagem pois o álcool é o combustível com melhor rendimento comparado com o óleo fóssil.
A produção global de etanol é estimada em 50 bilhões de litros anuais. Os Estados Unidos são, desde o ano passado, o maior produtor, com um volume da ordem de 25 bilhões de litros projetados para este ano. O Brasil vem em segundo lugar nessa lista, com 20 bilhões de litros.
Na lista de exportadores, porém, o país é o maior, oferecendo os menores custos de produção. Por isso, é forte candidato para abrigar multinacionais interessadas em investir aqui nesse ramo. O Brasil responde por aproximadamente 70% do volume negociado no mercado internacional do combustível - 3,5 bilhões de litros anuais de um total de 5 bilhões ao ano. A China está em segundo no ranking da exportação, com 1 bilhão de litros comercializados.
A formação desse novo setor na Bovespa é considerada positiva pelos especialistas. Jannini, do WestLB, destaca que o Índice Bovespa ainda é fortemente concentrado e não reflete a composição do Produto Interno Bruto (PIB). Porém, a expectativa é que esse cenário melhore com a diversificação dos segmentos listados.
As empresas que procuram a bolsa estão em busca de recursos para expandir sua produção, diante da expectativa de crescimento na demanda tanto do álcool, como do açúcar. Além disso, o segmento oferece amplo espaço para consolidação. Os cinco maiores grupos respondem só por 17% da capacidade nacional de processamento de cana.
Para Júlio Maria Martins Borges, presidente da Job Economia e Planejamento, o mercado de álcool na bolsa é um caminho sem volta. "Em um futuro próximo, o setor terá poucos e grandes players", diz, lembrando que há pouco tempo tratava-se de um dos segmentos mais pulverizados da economia nacional. Ele faz coro a Spinelli e acredita num setor com dez companhias na bolsa.
O preparo para o IPO envolveu, em praticamente todos os casos, diversas aquisições antes do pedido de registro à CVM. Justamente pela elevada pulverização, as companhias quiseram antes alcançar tamanho atrativo para o investidor. Ainda assim, apesar dos negócios recentes, há muitos controladores familiares, sem condições para levar seu negócio à Bovespa.
A despeito da lista em espera para IPO, o apetite pelo setor já foi maior. "Passou a euforia" afirma Eduardo Roche, gerente de análise do Banco Modal. Ultrapassada a febre da novidade, o especialista explica que as empresas já listadas passaram a ser negociadas com base em seus fundamentos. As que virão, por sua vez, terão de apresentar, cada vez mais, escala e projetos consistentes.
O desempenho das ações das companhias que abriram capital está negativo. Os papéis refletem a queda no açúcar - parâmetro para o álcool. Nos 12 últimos meses, os preços internacionais do açúcar recuaram expressivos 25,75%. Só neste ano, a perda é de 17,25%, o que afetou o resultado das usinas.
"Quando o assunto é fundamento, não há bandeira ambientalista que sustente as ações", diz Roche. Ele acredita que se trata de um segmento para apostas de longo prazo, já que as principais expectativas positivas não são de concretização imediata. "Não adianta acreditar que num estalar de dedos o mundo vai trocar petróleo por álcool."
O maior grupo do país, a Cosan perdeu receita por conta da performance do açúcar. Encerrou o primeiro trimestre de seu exercício 2008, em 31 de julho, com receita operacional líquida de R$ 591,7 milhões, 37,3% menos que em igual intervalo do ano-fiscal anterior. Apesar disso, o lucro líquido subiu de R$ 5,4 milhões para R$ 13,7 milhões, na mesma comparação. Segundo Paulo Diniz, vice-presidente de finanças, foram usados mecanismos de proteção no mercado de derivativos para garantir rentabilidade nessa fase.
Diniz conta ainda que o grupo pretende mais do que dobrar de tamanho nos próximos anos, passando das atuais 40 milhões de toneladas anuais para 80 milhões a 100 milhões. Essa projeção considerada, além da expansão de capacidade em andamento no país, investidas na aquisição de usinas domésticas e também fora do território nacional.
O entendimento dos especialistas é que a consolidação do setor, quando começar a ocorrer entre as empresas na bolsa, atrairá mais interesse do investidor. Embora as companhias dediquem boa parte da produção de cana para o açúcar, o setor competirá em atenção com as gigantes globais de energia elétrica e de petróleo.
ÁLCOOL GANHA FORÇA NA BOVESPA COM ESTRÉIAS
As usinas de açúcar e álcool estão formando um novo setor para investimento na Bovespa. Já são três companhias listadas no mercado doméstico, Grupo Cosan, São Martinho e Açúcar Guarani. A fila que aguarda aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para captações conta com mais um grande grupo, a LDC Bioenergia, e dois interessados em iniciar operações nesse segmento.
Sérgio Spinelli, coordenador de direito societário do escritório Mattos Filho Veiga Filho Marrey Jr. e Quiroga Advogados, acredita que o ano de 2008 terminará com mais de dez empresas de açúcar e álcool com ações na bolsa. Ele conta que trabalha em dois projetos, neste momento, que ainda não foram para a CVM.
Levantamento da consultoria Datagro mostra que as companhias listadas em bolsa são representativas diante da produção nacional de cana. Juntas, Cosan, São Martinho, Açúcar Guarani e LDC Bioenergia processaram 67,4 milhões de toneladas de cana na safra 2006/07, equivalentes a 15,7% do total nacional - 428 milhões de toneladas. Para a próxima safra, essa proporção deve ser mantida, pois as companhias elevarão em 10% o processamento, seguindo o ritmo do restante do setor.
Já os grupos Agrenco e Campos Verdes, que aguardam sinal verde da CVM para suas ofertas públicas inicias de ações (IPO), ainda não processam cana no país. No entanto, consideram o segmento atrativo e estudam iniciar atividades.
Da parte dos investidores, "há um grande interesse no mercado de energia", diz Plínio Nastari, presidente da Datagro. Ele também aposta num aumento da participação das usinas na bolsa. Aristides Jannini, diretor do Banco WestLB, explica que o apetite é por novas matrizes energéticas, sejam elas etanol, eólica ou solar. A questão ambiental também amplia o apelo da aplicação, já que se trata de uma fonte renovável e limpa. "O Brasil é a Arábia Saudita do etanol", dispara ele, a clássica analogia com o maior fornecedor global de petróleo. Nesse contexto, o país está em vantagem pois o álcool é o combustível com melhor rendimento comparado com o óleo fóssil.
A produção global de etanol é estimada em 50 bilhões de litros anuais. Os Estados Unidos são, desde o ano passado, o maior produtor, com um volume da ordem de 25 bilhões de litros projetados para este ano. O Brasil vem em segundo lugar nessa lista, com 20 bilhões de litros.
Na lista de exportadores, porém, o país é o maior, oferecendo os menores custos de produção. Por isso, é forte candidato para abrigar multinacionais interessadas em investir aqui nesse ramo. O Brasil responde por aproximadamente 70% do volume negociado no mercado internacional do combustível - 3,5 bilhões de litros anuais de um total de 5 bilhões ao ano. A China está em segundo no ranking da exportação, com 1 bilhão de litros comercializados.
A formação desse novo setor na Bovespa é considerada positiva pelos especialistas. Jannini, do WestLB, destaca que o Índice Bovespa ainda é fortemente concentrado e não reflete a composição do Produto Interno Bruto (PIB). Porém, a expectativa é que esse cenário melhore com a diversificação dos segmentos listados.
As empresas que procuram a bolsa estão em busca de recursos para expandir sua produção, diante da expectativa de crescimento na demanda tanto do álcool, como do açúcar. Além disso, o segmento oferece amplo espaço para consolidação. Os cinco maiores grupos respondem só por 17% da capacidade nacional de processamento de cana.
Para Júlio Maria Martins Borges, presidente da Job Economia e Planejamento, o mercado de álcool na bolsa é um caminho sem volta. "Em um futuro próximo, o setor terá poucos e grandes players", diz, lembrando que há pouco tempo tratava-se de um dos segmentos mais pulverizados da economia nacional. Ele faz coro a Spinelli e acredita num setor com dez companhias na bolsa.
O preparo para o IPO envolveu, em praticamente todos os casos, diversas aquisições antes do pedido de registro à CVM. Justamente pela elevada pulverização, as companhias quiseram antes alcançar tamanho atrativo para o investidor. Ainda assim, apesar dos negócios recentes, há muitos controladores familiares, sem condições para levar seu negócio à Bovespa.
A despeito da lista em espera para IPO, o apetite pelo setor já foi maior. "Passou a euforia" afirma Eduardo Roche, gerente de análise do Banco Modal. Ultrapassada a febre da novidade, o especialista explica que as empresas já listadas passaram a ser negociadas com base em seus fundamentos. As que virão, por sua vez, terão de apresentar, cada vez mais, escala e projetos consistentes.
O desempenho das ações das companhias que abriram capital está negativo. Os papéis refletem a queda no açúcar - parâmetro para o álcool. Nos 12 últimos meses, os preços internacionais do açúcar recuaram expressivos 25,75%. Só neste ano, a perda é de 17,25%, o que afetou o resultado das usinas.
"Quando o assunto é fundamento, não há bandeira ambientalista que sustente as ações", diz Roche. Ele acredita que se trata de um segmento para apostas de longo prazo, já que as principais expectativas positivas não são de concretização imediata. "Não adianta acreditar que num estalar de dedos o mundo vai trocar petróleo por álcool."
O maior grupo do país, a Cosan perdeu receita por conta da performance do açúcar. Encerrou o primeiro trimestre de seu exercício 2008, em 31 de julho, com receita operacional líquida de R$ 591,7 milhões, 37,3% menos que em igual intervalo do ano-fiscal anterior. Apesar disso, o lucro líquido subiu de R$ 5,4 milhões para R$ 13,7 milhões, na mesma comparação. Segundo Paulo Diniz, vice-presidente de finanças, foram usados mecanismos de proteção no mercado de derivativos para garantir rentabilidade nessa fase.
Diniz conta ainda que o grupo pretende mais do que dobrar de tamanho nos próximos anos, passando das atuais 40 milhões de toneladas anuais para 80 milhões a 100 milhões. Essa projeção considerada, além da expansão de capacidade em andamento no país, investidas na aquisição de usinas domésticas e também fora do território nacional.
O entendimento dos especialistas é que a consolidação do setor, quando começar a ocorrer entre as empresas na bolsa, atrairá mais interesse do investidor. Embora as companhias dediquem boa parte da produção de cana para o açúcar, o setor competirá em atenção com as gigantes globais de energia elétrica e de petróleo.
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