Estrangeiros dobram participação em açúcar e álcool no Brasil
Por Inaê Riveras
SÃO PAULO (Reuters) - A presença de capital estrangeiro na indústria brasileira de açúcar e álcool praticamente dobrou em um ano, embora características do setor ainda representem um desafio para algumas empresas, segundo estudo recentemente concluído pela consultoria Datagro.
Grupos e investidores estrangeiros detinham o controle de 12 por cento de toda a cana processada no Brasil no fim de agosto, ante 5,7 por cento um ano antes, quando a Datagro deu início ao levantamento.
"Estamos observando que esse percentual está evoluindo mais rapidamente do que a gente imaginava", disse o presidente da consultoria, Plínio Nastari, à Reuters, acrescentando que esse movimento deve continuar pelos próximos anos.
O Brasil é o produtor mundial mais competitivo de açúcar e álcool. Também o principal exportador destas duas commodities.
O levantamento inclui a presença de capital estrangeiro nas ações em mercado das empresas abertas do setor: Cosan, Açúcar Guarani e São Martinho .
Como a colheita da safra 2007/08 ainda está em andamento, a Datagro usou a temporada anterior como base para o cálculo.
A compra da usina Santa Juliana, em Minas Gerais, pela gigante Bunge, anunciada na semana passada, vai elevar ainda mais o percentual.
"Tendo como referência a safra 2006/07, o capital estrangeiro controla atualmente 51,28 milhões de toneladas de cana das 428 milhões que foram processadas para açúcar e álcool", afirmou Nastari.
A maior participação ocorre por meio da Cosan, principal produtora de açúcar e álcool do Brasil, que tem 85 por cento de seu "free float" (ações no mercado) nas mãos de estrangeiros -- o equivalente a 12,4 milhões de toneladas de cana.
O grupo francês Tereos, que no Brasil controla a Açúcar Guarani, é o segundo maior player com 11,3 milhões de toneladas, seguido pelo também francês Louis Dreyfus com 10,22 milhões de toneladas. Este grupo tem sete usinas e recentemente pediu permissão para abrir capital na Bovespa.
O grupo espanhol Abengoa, a Infinity Bio-Energy, com base em Bermuda, e o grupo malaio Kuok aparecem em seguida no ranking.
A constatação da Datagro contrasta com o sentimento geral no mercado, de que empresas estrangeiras têm sido "barradas" pelas características do setor ao tentar entrar no mercado brasileiro.
A Bunge levou anos em busca de uma usina antes de anunciar a sua aquisição na semana passada.
Empresas como a gigante norte-americana Archer Daniels Midland, maior produtora de etanol dos EUA, e a alemã Suedzucker estão tentando entrar no setor nacional há anos, de acordo com fontes do mercado, ainda sem sucesso.
Algumas empresas demoraram ou ainda estão atrasadas porque o processamento de cana tem características completamente diferentes do que existe em outros países, disse Nastari.
"No milho e na soja (que são fontes de biocombustível em outros países), não é necessário controlar a produção agrícola. Na cana, tem que ter uma relação muito bem definida com o supridor (de matéria-prima)", disse o consultor.
A alta nos preços do açúcar em 2006, que atingiram o maior patamar em 25 anos, tornou as coisas ainda mais difíceis para essas empresas, já que o valor das usinas no Brasil subiu muito e os brasileiros, de modo geral, não estavam interessados em vender seus ativos.
Mas isso pode estar mudando, segundo alguns participantes do mercado, depois que os preços do açúcar praticamente caíram pela metade.
SÃO PAULO (Reuters) - A presença de capital estrangeiro na indústria brasileira de açúcar e álcool praticamente dobrou em um ano, embora características do setor ainda representem um desafio para algumas empresas, segundo estudo recentemente concluído pela consultoria Datagro.
Grupos e investidores estrangeiros detinham o controle de 12 por cento de toda a cana processada no Brasil no fim de agosto, ante 5,7 por cento um ano antes, quando a Datagro deu início ao levantamento.
"Estamos observando que esse percentual está evoluindo mais rapidamente do que a gente imaginava", disse o presidente da consultoria, Plínio Nastari, à Reuters, acrescentando que esse movimento deve continuar pelos próximos anos.
O Brasil é o produtor mundial mais competitivo de açúcar e álcool. Também o principal exportador destas duas commodities.
O levantamento inclui a presença de capital estrangeiro nas ações em mercado das empresas abertas do setor: Cosan, Açúcar Guarani e São Martinho .
Como a colheita da safra 2007/08 ainda está em andamento, a Datagro usou a temporada anterior como base para o cálculo.
A compra da usina Santa Juliana, em Minas Gerais, pela gigante Bunge, anunciada na semana passada, vai elevar ainda mais o percentual.
"Tendo como referência a safra 2006/07, o capital estrangeiro controla atualmente 51,28 milhões de toneladas de cana das 428 milhões que foram processadas para açúcar e álcool", afirmou Nastari.
A maior participação ocorre por meio da Cosan, principal produtora de açúcar e álcool do Brasil, que tem 85 por cento de seu "free float" (ações no mercado) nas mãos de estrangeiros -- o equivalente a 12,4 milhões de toneladas de cana.
O grupo francês Tereos, que no Brasil controla a Açúcar Guarani, é o segundo maior player com 11,3 milhões de toneladas, seguido pelo também francês Louis Dreyfus com 10,22 milhões de toneladas. Este grupo tem sete usinas e recentemente pediu permissão para abrir capital na Bovespa.
O grupo espanhol Abengoa, a Infinity Bio-Energy, com base em Bermuda, e o grupo malaio Kuok aparecem em seguida no ranking.
A constatação da Datagro contrasta com o sentimento geral no mercado, de que empresas estrangeiras têm sido "barradas" pelas características do setor ao tentar entrar no mercado brasileiro.
A Bunge levou anos em busca de uma usina antes de anunciar a sua aquisição na semana passada.
Empresas como a gigante norte-americana Archer Daniels Midland, maior produtora de etanol dos EUA, e a alemã Suedzucker estão tentando entrar no setor nacional há anos, de acordo com fontes do mercado, ainda sem sucesso.
Algumas empresas demoraram ou ainda estão atrasadas porque o processamento de cana tem características completamente diferentes do que existe em outros países, disse Nastari.
"No milho e na soja (que são fontes de biocombustível em outros países), não é necessário controlar a produção agrícola. Na cana, tem que ter uma relação muito bem definida com o supridor (de matéria-prima)", disse o consultor.
A alta nos preços do açúcar em 2006, que atingiram o maior patamar em 25 anos, tornou as coisas ainda mais difíceis para essas empresas, já que o valor das usinas no Brasil subiu muito e os brasileiros, de modo geral, não estavam interessados em vender seus ativos.
Mas isso pode estar mudando, segundo alguns participantes do mercado, depois que os preços do açúcar praticamente caíram pela metade.
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