A revista Exame em sua última edição, traz uma reportagem sobre o domínio do suco de laranja brasileiro no comércio mundial e o difícil crescimento em um mercado onde as grandes empresas brasileiras já detêm 80% do market share. Os dados de produção e exportação encontram-se na figura ao final do artigo baseados em dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Os concorrentes viraram suco
Por Alexa Salomão
Na esteira do avassalador sucesso do agronegócio brasileiro, um pequeno grupo de empresários locais acaba de consolidar uma posição capaz de matar de inveja seus pares mundo afora. Ao longo de 2006, os fabricantes de suco de laranja alcançaram um domínio quase total do mercado internacional -- atualmente, 81% de todo o suco de laranja negociado é brasileiro, um feito sem paralelo no agronegócio mundial. Consumidores de 70 países já tomam suco made in Brazil. Tal desempenho é sustentado por apenas quatro empresas -- todas sediadas no estado de São Paulo. Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Coinbra concentram 90% da produção brasileira e foram responsáveis pela exportação de 2 bilhões de dólares no ano passado. Para conquistar essa posição, as "quatro irmãs" arrasaram a concorrência internacional. "Hoje não existe ninguém capaz de medir forças com a indústria local", diz Paulo Celso Biasoli, ex-executivo da Cutrale e sócio da consultoria GSA. A Flórida, nos Estados Unidos, o grande rival histórico na produção de laranja, vive um período de declínio e já não representa ameaça aos produtores paulistas. Quase 20% das árvores sucumbiram desde o início desta década, vítimas de furacões, pragas naturais e da expansão imobiliária que transforma fazendas em condomínios e resorts. Segundo Thomas Spreen, professor na Universidade da Califórnia e estudioso do setor há 15 anos, a recuperação da Flórida será lenta -- e talvez ela nunca volte a ser o grande produtor de outros tempos. O México, terceiro no ranking, não tem cacife para brigar com o Brasil. "Ainda não temos organização ou infra-estrutura para competir no mercado global", diz Alberto de La Fuente, diretor da Citrofruit, maior indústria mexicana de sucos cítricos. Nem mesmo a China, ameaça a quase todos os setores da economia, parece capaz de encarar a indústria brasileira. Estima-se que os chineses vão demorar uma década para montar sua indústria e abastecer o mercado interno antes de pensar em exportações.
Não é de hoje que o fator sorte -- ou o azar dos concorrentes -- tem ajudado a produção brasileira. A exemplo do que ocorre agora, a entrada do Brasil no mercado internacional, nos anos 60, foi facilitada por uma geada que dizimou milhões de árvores na Flórida, então o maior produtor mundial de laranjas e de sucos, e catapultou os preços. "A indústria brasileira soube aproveitar o momento de fragilidade dos concorrentes e se preparou para ser um grande competidor", diz Maurício Mendes, diretor da Agra FNP, consultoria em agronegócio. Foi nessa época que José Cutrale Júnior, então um comerciante de frutas que herdara do pai uma banca no Mercado Municipal de São Paulo, viu a possibilidade de crescer nos negócios com laranjas e assumiu a Suconasa, uma empresa endividada que serviu de embrião para a atual Cutrale, a maior indústria do setor. Nos anos 70, quando os Estados Unidos se recuperaram, os empresários brasileiros entenderam que era preciso ter escala para ser competitivo e iniciaram um agressivo processo de consolidação. As quatro grandes de hoje compraram nas últimas três décadas mais de 15 indústrias. Houve também preocupação com a infra-estrutura de distribuição. Elas foram pioneiras no transporte a granel, sistema capaz de carregar gigantescas quantidades a custos mais baixos, enquanto a maioria dos concorrentes insistiu em usar os tradicionais latões. Uma das cartadas mais recentes e decisivas foi a instalação de um terminal portuário no Japão no fim dos anos 90, que abriu o mercado asiático para o Brasil.
A ironia é que o sucesso colocou a in dústria brasileira diante de uma questão -- o que fazer para manter o crescimento. Com pouco espaço para ganhar fatias dos concorrentes, a alternativa é vender mais para os mesmos clientes. Existem dois grandes desafios nessa empreitada. O primeiro é atender às novas exigências dos consumidores. O mercado cresceu com a exportação de suco concentrado, mas cada vez mais gente em todo o mundo prefere o suco natural, considerado mais nutritivo. Os fabricantes precisam se reestruturar para essa nova realidade. Igualmente importante será garantir a matéria-prima. Os laranjais têm perdido espaço para outras culturas, como a da cana-de-açúcar, e sofrido com o avanço das pragas naturais. "Desde 1990, a área plantada caiu 21%", diz Mendes, da Agra FNP. "Houve um aumento de 70% na produtividade, mas chegará o momento em que o setor terá de ampliar a cultura para garantir a matéria-prima."
Os concorrentes viraram suco
Por Alexa Salomão
Na esteira do avassalador sucesso do agronegócio brasileiro, um pequeno grupo de empresários locais acaba de consolidar uma posição capaz de matar de inveja seus pares mundo afora. Ao longo de 2006, os fabricantes de suco de laranja alcançaram um domínio quase total do mercado internacional -- atualmente, 81% de todo o suco de laranja negociado é brasileiro, um feito sem paralelo no agronegócio mundial. Consumidores de 70 países já tomam suco made in Brazil. Tal desempenho é sustentado por apenas quatro empresas -- todas sediadas no estado de São Paulo. Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Coinbra concentram 90% da produção brasileira e foram responsáveis pela exportação de 2 bilhões de dólares no ano passado. Para conquistar essa posição, as "quatro irmãs" arrasaram a concorrência internacional. "Hoje não existe ninguém capaz de medir forças com a indústria local", diz Paulo Celso Biasoli, ex-executivo da Cutrale e sócio da consultoria GSA. A Flórida, nos Estados Unidos, o grande rival histórico na produção de laranja, vive um período de declínio e já não representa ameaça aos produtores paulistas. Quase 20% das árvores sucumbiram desde o início desta década, vítimas de furacões, pragas naturais e da expansão imobiliária que transforma fazendas em condomínios e resorts. Segundo Thomas Spreen, professor na Universidade da Califórnia e estudioso do setor há 15 anos, a recuperação da Flórida será lenta -- e talvez ela nunca volte a ser o grande produtor de outros tempos. O México, terceiro no ranking, não tem cacife para brigar com o Brasil. "Ainda não temos organização ou infra-estrutura para competir no mercado global", diz Alberto de La Fuente, diretor da Citrofruit, maior indústria mexicana de sucos cítricos. Nem mesmo a China, ameaça a quase todos os setores da economia, parece capaz de encarar a indústria brasileira. Estima-se que os chineses vão demorar uma década para montar sua indústria e abastecer o mercado interno antes de pensar em exportações.
Não é de hoje que o fator sorte -- ou o azar dos concorrentes -- tem ajudado a produção brasileira. A exemplo do que ocorre agora, a entrada do Brasil no mercado internacional, nos anos 60, foi facilitada por uma geada que dizimou milhões de árvores na Flórida, então o maior produtor mundial de laranjas e de sucos, e catapultou os preços. "A indústria brasileira soube aproveitar o momento de fragilidade dos concorrentes e se preparou para ser um grande competidor", diz Maurício Mendes, diretor da Agra FNP, consultoria em agronegócio. Foi nessa época que José Cutrale Júnior, então um comerciante de frutas que herdara do pai uma banca no Mercado Municipal de São Paulo, viu a possibilidade de crescer nos negócios com laranjas e assumiu a Suconasa, uma empresa endividada que serviu de embrião para a atual Cutrale, a maior indústria do setor. Nos anos 70, quando os Estados Unidos se recuperaram, os empresários brasileiros entenderam que era preciso ter escala para ser competitivo e iniciaram um agressivo processo de consolidação. As quatro grandes de hoje compraram nas últimas três décadas mais de 15 indústrias. Houve também preocupação com a infra-estrutura de distribuição. Elas foram pioneiras no transporte a granel, sistema capaz de carregar gigantescas quantidades a custos mais baixos, enquanto a maioria dos concorrentes insistiu em usar os tradicionais latões. Uma das cartadas mais recentes e decisivas foi a instalação de um terminal portuário no Japão no fim dos anos 90, que abriu o mercado asiático para o Brasil.
A ironia é que o sucesso colocou a in dústria brasileira diante de uma questão -- o que fazer para manter o crescimento. Com pouco espaço para ganhar fatias dos concorrentes, a alternativa é vender mais para os mesmos clientes. Existem dois grandes desafios nessa empreitada. O primeiro é atender às novas exigências dos consumidores. O mercado cresceu com a exportação de suco concentrado, mas cada vez mais gente em todo o mundo prefere o suco natural, considerado mais nutritivo. Os fabricantes precisam se reestruturar para essa nova realidade. Igualmente importante será garantir a matéria-prima. Os laranjais têm perdido espaço para outras culturas, como a da cana-de-açúcar, e sofrido com o avanço das pragas naturais. "Desde 1990, a área plantada caiu 21%", diz Mendes, da Agra FNP. "Houve um aumento de 70% na produtividade, mas chegará o momento em que o setor terá de ampliar a cultura para garantir a matéria-prima."
2 comentários:
Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Até mais.
Marcelo Pierossi achei seu blog pelo Google, muito bom, parabéns. Estou procurando entender um pouco sobre suco de laranja. Gostaria de abrir um pequeno negócio, penso em comprar suco de laranja concentrado, reembalá-lo em quantidades menores e vender para restaurantes próprios de empresas e comércio, esta foi minha primeira idéia, pois não conheço nada sobre o ramo. Marcelo, talvez você possa me dar alguma ajuda no sentido de orientar-me quais maquinas são necessárias para este negócio, fornecedores, ações de venda, mercado etc.
Postar um comentário