quarta-feira, maio 02, 2007

Etanol provoca mudanças na produção de carnes

A grande preocupação que existe atualmente sobre o avanço do etanol sobre outras culturas deve ser evitada, pois o que ocorre é que as terras remanescentes aumentam de produtividade, conforme nos mostra a reportagem abaixo publicado pelo jornal Valor Econômico de 3 de abril:

FEBRE DO ETANOL ESTIMULA CONFINAMENTO

O avanço do plantio de cana-de-açúcar por conta da febre do etanol, especialmente no Estado de São Paulo, levou os pecuaristas a investirem mais no confinamento de gado de corte. De acordo com estimativa da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), o número de animais confinados, que no ano passado aumentou 17%, para 1,77 milhão de cabeças, deve chegar este ano a 2,5 milhões de animais.

"O avanço da cana-de-açúcar tem se dado basicamente sobre áreas de pecuária, e muitos pecuaristas estão preferindo arrendar parte das terras para usineiros e fazer a terminação [engorda do gado adulto] em confinamento", afirma Fábio Dias, diretor executivo da Assocon. Dias observa que, mesmo com a expansão, o confinamento de gado no país ainda é pouco representativo: apenas 5% dos animais abatidos no país passam pelo processo de engorda fora dos pastos. "Historicamente, os pecuaristas se utilizam do confinamento durante a fase de entressafra, entre setembro e dezembro, quando o clima seco provoca piora nos pastos", observa.

Conforme a entidade, confinamento de animais tende a aumentar fora do período de entressafra, mas essa expansão pode ser limitada pelo aumento nos custos da ração. "Os preços dos grãos subiram de 30% a 50% neste ano e houve reajuste na ração. Os custos ficaram mais altos e obviamente isso terá reflexo nos preços da carne bovina vendida pelos frigoríficos", diz. Na última sexta-feira, o preço médio da arroba do boi gordo negociado à vista estava estável a R$ 55,18, de acordo com o indicador Esalq/BM&F.

Recentemente o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), as indústrias do setor têm buscado mudar a formulação de produtos, mas ainda assim haverá reajuste nos preços. Por ano, o gado de corte brasileiro consome em média 1,56 milhão de toneladas de ração, enquanto o gado leiteiro consome 4,07 milhões de toneladas.

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