quarta-feira, novembro 26, 2008

Petrolíferas atacam no etanol?

Duas notícias publicadas recentemete mostram o interesse da Petrobras e da BP no etanol brasileiro. A BPque já possui uma unidade de biocombustíveis e atua em parceria com grupos nacionais no setor mostra seu interesse pelo etanol em reportagem do JB Online de 25 de novembro e também agora parece, segundo notícia da Agência Estado de 24 de novembro, que a Petrobras está com sérios interesses no setor:

PETROBRAS DEFINE ESTE ANO SE COMPRARÁ USINAS DE ETANOL

O presidente da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec Pinto, reiterou hoje que a revisão do planejamento estratégico da estatal deverá incluir a possibilidade de a companhia adquirir usinas existentes de etanol no País e aproveitar oportunidades que poderão surgir a partir da queda nos preços dos ativos, provocada pela crise financeira global. "Nós propusemos participar da compra de usinas existentes, mas não queremos tumultuar o mercado, tudo dependerá da revisão do planejamento estratégico da empresa, previsto para dezembro", disse.

De acordo com o executivo, a crise não alterou o programa da companhia que prevê a construção de 20 unidades produtoras novas (Green Field) que deverão ser instaladas preferencialmente na região Centro-Oeste do País, onde a companhia pretende também instalar um alcoolduto. Até agora, apenas um projeto saiu do papel, o da usina Itarumã, em Goiás, que será construído em parceria com a japonesa Mitsui, com investimentos previstos de US$ 227 milhões para a produção de 200 milhões de litros a partir de 2010. Os contratos de EPC (Engineering, Procurement and Construction) deverão ser assinados no início de 2009.

Segundo ele, o etanol continuará competitivo, mesmo com a queda das cotações do barril de petróleo. "O etanol é competitivo com o barril até US$ 40", disse ele. Conforme o presidente da Petrobras Biocombustível, o escopo do projeto de instalação de novas usinas não sofreu alterações e continuará com enfoque na produção de etanol para a exportação, sendo que a viabilização do empreendimento contará com a participação da iniciativa privada (majoritária), além de um parceiro internacional. "Os atores internacionais têm pressa em introduzir o etanol em sua matriz energética e o principal motivador disso é o Protocolo de Kyoto", argumenta. Neste sentido, ele acredita que o Brasil é o país que terá maiores condições de atender à demanda e, por isso, a idéia é que as usinas sejam instaladas já com a garantia de demanda externa e com contratos de longo prazo. "Foi o que aconteceu na parceria com a Mitsui, que garantiu o mercado", explicou.

A Petrobras já possui uma meta de exportação de 4,75 bilhões de litros de etanol até 2012 e por isso, segundo Alan Kardec Pinto, a intenção é tirar o restante dos 19 projetos de usinas do papel até o próximo ano. Da mesma forma, até 2011, a empresa espera que já esteja concluída a primeira etapa do alcoolduto que irá entre Uberaba (MG) e São Paulo para escoar a produção destes empreendimentos, a partir do Porto de São Sebastião (SP) ou do Rio de Janeiro. Tão logo sejam fechados os projetos de usinas no Estado de Goiás, a empresa pretende instalar a segunda etapa do projeto, entre Uberaba e Senador Canedo (GO), o que levaria mais um ano.

Outro ponto observado pela Petrobras na instalação de usinas de etanol é a possibilidade de comercialização de energia gerada a partir do processamento da cana-de-açúcar. A Usina Itarumã deverá gerar 50 megawatts (MW) de energia, dos quais um terço será consumido internamente e o resto poderá ser comercializado. Kardec Pinto não revelou o valor dos recursos que serão aplicados pela companhia nos projetos, que também serão avaliados na revisão do planejamento estratégico da companhia.

PARA BP, ETANOL É OPORTUNIDADE

Um dos maiores grupos petroquímicos do mundo, a britânica BP, aposta no etanol de cana-de-açúcar como uma alternativa sustentável de biocombustível e como oportunidade de negócios para sua estratégia corporativa.

A vice-presidente de Políticas Corporativas e Comunicações da BP, Anne Ruth Herkes, declarou que ´a BP decidiu apostar no etanol, porque enxerga uma excelente oportunidade de negócios nesse produto e entende que a produção deve ser muito bem feita, em linha com as melhores práticas de trabalho e produtividade´. E completou que ´ao investir na Tropical Bioenergia e na cana-de-açúcar, a BP reconhece a eficiência energética e a sustentabilidade ambiental da produção de etanol de cana, que não compete com alimentos´.

Ao se referir a alguns estudos contrários ao uso do etanol, a representante da BP esclareceu que após revisar esses trabalhos a companhia acredita que são inconclusivos e que existem diversos estudos muito bem fundamentados que mostram o oposto. ´O objetivo da BP no setor de bioenergia é incentivar os melhores biocombustíveis´, concluiu. Herkes esclareceu que a BP, além do etanol no Brasil, também investe em outras iniciativas para a produção de biocombustíveis.

Szwarc destacou que ´o futuro da indústria no Brasil, a exemplo dos demais segmentos da economia, não está imune às dificuldades do curto prazo, especialmente quanto à disponibilidade de créditos para financiamento da safra, exportações e estoques. No entanto, ressaltou que em médio e longo prazos as perspectivas são muito positivas para o setor.

´Os fundamentos do mercado continuam sólidos, porque tanto o açúcar como o etanol continuarão a ser consumidos e de modo crescente. O que se observa é uma diminuição na velocidade de expansão da produção, que deverá se ajustar às condições de mercado´, completou.

A companhia foi a única petroleira a fazer uma apresentação no 17º Seminário da Organização Internacional do Açúcar (ISO), realizado em Londres, no qual a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) também participou .

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